Os juros futuros e o dólar aceleraram, à tarde, a queima de prêmios acumulados na virada do ano, à medida que o investidor segue de olho no noticiário vindo de Brasília. Com a cena política menos tensa, em meio à dura resposta dos Poderes aos atos golpistas de domingo, o foco se deslocou para a promessa de anúncio do ajuste fiscal do governo esta semana. Cresce a aposta de reversão em desonerações, como as da gasolina e do etanol, para vitaminar os cofres públicos. Neste ambiente, falas da ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, garantindo o rigor com gastos e a sinergia com o chefe da Fazenda, Fernando Haddad, agradaram adicionalmente. Assim, os juros futuros caíram mais de 15 pontos-base na maioria dos vértices. O contrato de janeiro de 2025, com taxa de 12,53% no encerramento, passou a exibir recuo em 2023, acompanhando os vencimentos médios e longos, que ontem haviam zerado a alta no ano. No câmbio, a moeda americana desceu à mínima no segmento à vista de R$ 5,1632 na etapa da tarde. Ao fim da sessão, estava cotada a R$ 5,1810 (-0,40%). Na Bolsa, depois de um dia mais morno, o ímpeto do rali de recuperação ganhou força na última hora da sessão. Destaque para valorização da Petrobras (ON +1,28% e PN +0,79%), na esteira do fechamento positivo do petróleo - esse ainda reagindo à reabertura da China. No fim do pregão, o Ibovespa estava em 112.517,08 pontos, valorização de 1,53%. No exterior, há grande expectativa pelos números do índice de preços ao consumidor medido pelo CPI, que saem amanhã cedo. A aposta é de que eles reforcem a visão de moderação da inflação dos Estados Unidos, chancelando uma postura monetária menos incisiva do Federal Reserve. Os três principais índices de Nova York subiram (Dow Jones +0,80%, S&P 500 +1,28% e Nasdaq +1,76%) ao passo que as T-notes cederam forte (a de 2 anos para 4,220% e a de 10 anos, para 3,534%).
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JUROS
Após uma manhã de troca de sinais, os juros futuros se firmaram em baixa e renovaram mínimas no fim da tarde desta quarta-feira, 11, com queda de mais de 20 pontos entre os contratos intermediários e longos. Esse movimento se deu em meio ao recuo do dólar e à declaração da ministra do Planejamento, Simone Tebet, de que tanto ela quanto o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, serão "rigorosos sobre como gastar". No exterior, as taxas dos Treasuries de 10 e 30 anos também recuaram, com investidores à espera da divulgação, amanhã, do índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) em dezembro, que pode confirmar a tendência de arrefecimento da inflação nos EUA.
Apesar de promessa de novos atos golpistas, analistas consideram que não há risco de ruptura político-institucional ou paralisação do governo. Investidores trabalham em compasso de espera pelo anúncio de medidas econômicas por Haddad nesta semana, que devem abranger a volta dos tributos federais sobre a gasolina e o etanol a partir de março. O ministro da Fazenda já prometeu redução do déficit de R$ 220 bilhões que consta no Orçamento deste ano, sobretudo com recomposição de receitas por meio do fim de subsídios e desonerações.
Entre os curtos, DI para janeiro de 2024 fechou a 13,525%, de 13,599% no ajuste de ontem. DI para janeiro de 2025 desceu de 12,691% para 12,53%, passando a apresentar queda em 2022. No miolo e na parte longa da curva, mais ligados à percepção de risco, a queima de prêmios foi maior. DI para janeiro de 2027 caiu de 12,502% para 12,265%, e DI para janeiro de 2029, de 12,605% para 12,34%.
"A curva de juros experimentou um alívio com redução do ruído político e de riscos fiscais, porque o governo parece mais alinhado e está se comunicando de forma melhor com o mercado", afirma o especialista da Valor Investimentos Felipe Leão. "Os juros futuros devolvem parte da gordura incorporada no aguardo das medidas econômicas que deverão ser divulgadas nesta semana", diz o diretor de produtos de câmbio da Venice Investimentos, André Rolha.
Nas mesas de operação comenta-se que parte da baixa expressiva das taxas locais nas últimas sessões se deve também a questões técnicas. Além de leilões pequenos do Tesouro Nacional, há uma onda de zeragem de posições de investidores locais, que haviam turbinado as taxas diante dos ruídos e sinais negativos do ponto de vista fiscal na primeira semana de governo, como o discurso de posse de Lula e falas de ministros.
"Se o ajuste fiscal do governo for crível, tende a ser gatilho para puxar os juros futuros curtos para uma faixa abaixo de 13% nos próximos dias. Na ponta longa, o movimento ainda favorece a queda", afirma o economista-chefe da JF Trust, Eduardo Velho, que vê sinais de aumento de entrada de recursos estrangeiros no mercado local.
Além do "voto de confiança" do mercado a Haddad, que contribui para queda do dólar e, por tabela, dos juros futuros, os ativos locais se beneficiam da "perspectiva de desaceleração de alta de juros nos EUA e recuperação da demanda chinesa", observa Velho.
Para sócio e CIO da Armor Capital, Alfredo Menezes, "está claro" que o investidor estrangeiro começou a alocar em países emergentes. "México e Brasil estão se beneficiando desse fluxo, fortalecendo a moeda e derrubando curva de juros mais longa", afirma Menezes, no Twitter.
Pela manhã, o IBGE informou que as vendas do comércio varejista caíram 0,6% em novembro ante outubro, na série com ajuste sazonal, pior que a mediana de Projeções Broadcast (-0,3%). Na comparação com novembro de 2021, sem ajuste sazonal, as vendas do varejo tiveram alta de 1,5% em novembro, inferior a mediana das projeções (+2,00%). Na avaliação do Credit Suisse, o resultado das vendas no varejo reflete a diluição dos estímulos fiscais concedidos pelo governo ao longo de 2022 e os efeitos do aperto monetário conduzido pelo Banco Central.
Tanto o resultado do varejo quanto a divulgação, ontem à noite, de carta aberta do Banco Central para explicar o estouro da meta de inflação em 2022 tiveram impacto marginal na formação das taxas futuras ao longo da sessão. (Antonio Perez - [email protected])
CÂMBIO
O dólar à vista caiu 0,40% ante o real, a R$ 5,1810. Foi a segunda baixa consecutiva da moeda americana no fechamento, após queda de 1,06% ontem. Hoje, a divisa brasileira acompanhou a valorização dos pares emergentes, em um dia de fortalecimento das commodities no mercado internacional. A melhora da percepção de risco político e fiscal no Brasil após os atos golpistas do último domingo, 8, sustenta a retirada dos prêmios sobre os ativos brasileiros, segundo agentes de mercado.
Em meio a declarações da ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet (MDB), em defesa da responsabilidade fiscal, a moeda americana chegou a tocar a mínima de R$ 5,1632 (-0,75%), a menor taxa intradia desde 26 de dezembro (R$ 5,1570). Durante o anúncio de secretários da pasta, Tebet afirmou que tanto ela quanto o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), serão "rigorosos sobre como gastar". Investidores esperam que o ex-prefeito de São Paulo anuncie esta semana o seu plano de ajuste fiscal.
O economista-chefe da Nova Futura Investimentos, Nicolas Borsoi, afirma que a resposta dos Poderes aos atos golpistas do último domingo, o repúdio generalizado das principais lideranças políticas ao movimento e a expectativa pelo anúncio das medidas econômicas do governo reduziram o risco fiscal e político. "Essa melhora de percepção abriu espaço para o nosso mercado se 'reconectar' à dinâmica externa, em um ambiente global que é muito construtivo para o Brasil", afirma.
Nesse cenário, o real acompanhou as principais moedas emergentes, que apreciaram durante o dia com a valorização das commodities no mercado internacional, ainda devido à reabertura da economia chinesa. O petróleo fechou o dia em alta, com aumentos de 3,05% no futuro do WTI para fevereiro, a US$ 77,41 o barril, e de 3,21% no contrato do Brent para março, a US$ 82,67 o barril. Às 18h06, o dólar cedia 0,69% ante o peso mexicano, caía 0,39% em relação ao peso chileno e perdia 0,38% ante o rande da África do Sul.
Para o operador de câmbio da Fair Corretora Hideaki Iha, o aumento dos preços de commodities e a melhora do noticiário político explicam o fortalecimento do real hoje, em um dia de agenda de indicadores fraca. O fluxo cambial reportado pelo Banco Central - negativo em US$ 977 milhões até 6 de janeiro - não foi suficiente para enfraquecer o real, diante da percepção de baixo impacto dos protestos do último domingo sobre o apetite dos investidores estrangeiros, afirma.
"O fluxo cambial não é bom, mas o estrangeiro continua entrando na B3, que era o termômetro para ver o quanto pesaram os atos do domingo", explica o operador. Hoje, a Bolsa brasileira divulgou ingresso de R$ 400,392 milhões em capital estrangeiro na segunda-feira, 9.
O dólar operou em torno da estabilidade globalmente, enquanto os mercados aguardam a divulgação dos dados de inflação (CPI) dos Estados Unidos amanhã para calibrar as expectativas de desaceleração do aperto monetário no país. Ao longo do dia, o índice DXY, que mede o desempenho da divisa americana em relação a uma cesta de seis moedas fortes, oscilou entre queda de 0,12% e alta de 0,24%. Às 18 horas, subia 0,03%, aos 103.269 pontos.
Durante a tarde, repercutiu entre os agentes de mercado a entrevista exclusiva da presidente do Federal Reserve (Fed) de Boston, Susan Collins, que afirmou ser a favor de uma desaceleração do ritmo de aumento dos juros a 25 pontos-base na próxima reunião do BC americano. A ferramenta de monitoramento do CME Group com base na precificação dos juros dos Estados Unidos aponta uma chance de 77,21% de um aperto dessa magnitude em 1º de fevereiro, ante 69,67% uma semana antes. (Cícero Cotrim - [email protected])
18:32
Dólar (spot e futuro) Último Var. % Máxima Mínima
Dólar Comercial (AE) 5.18100 -0.4037 5.23400 5.16320
Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0
DOLAR COMERCIAL FUTURO 5180.500 -0.81371 5255.500 5180.500
DOLAR COMERCIAL FUTURO 5258.282 21/12
BOLSA
Na véspera de divulgação de nova leitura sobre a inflação ao consumidor nos Estados Unidos, os índices de Nova York mantiveram curso positivo na sessão - destaque para o Nasdaq, mais sensível aos juros, em alta de 1,76% no fechamento -, o Ibovespa acompanhou o exterior favorável e emendou o sexto ganho diário, acentuando as máximas do dia em direção ao fechamento, em alta de 1,53%, aos 112.517,08 pontos, agora no maior nível de encerramento desde 14 de novembro (113.161,28).
Nesta quarta-feira, a referência da B3 oscilou entre mínima de 110.752,00 e máxima de 112.552,12, saindo de abertura aos 110.816,14 pontos. O giro financeiro foi de R$ 30,5 bilhões na sessão. Na semana, o Ibovespa acumula ganho de 3,26%, colocando o do ano, nestas oito primeiras sessões, em 2,54%. Assim, recuperou nas últimas seis sessões, positivas, o correspondente a 8.351,34 pontos ante o fechamento do dia 3, então aos 104.165,74 pontos.
Em pontos e extensão, a série atual supera agora a de cinco ganhos entre os últimos dias 19 e 23, antes do Natal, quando o Ibovespa avançou 6.841,87 pontos. Em extensão, a sequência deste começo de janeiro é a mais longa desde os sete avanços entre os dias 2 e 10 de agosto passado.
Hoje, o índice retomou os 112 mil às 17h38, então a 112.058,35, e chegou, no melhor momento, aos 112.552,12 pontos, às 17h41, a superar pontualmente o desempenho do Nasdaq na sessão, com ganhos fortes do setor financeiro (destaque para Santander +2,81% no fechamento) e recuperação no segmento de energia após as perdas do dia anterior (hoje, Eletrobras ON +4,52%, PNB +4,08%; Copel +4,70%, máxima do dia no encerramento).
"O mercado seguiu a tendência positiva das bolsas internacionais, ainda na esteira da reabertura da China e da melhora de indicadores macroeconômicos, nos Estados Unidos e na Europa, com grande expectativa para a inflação americana, na leitura que será divulgada amanhã", diz Rodrigo Moliterno, head de renda variável da Veedha Investimentos. Aqui, "os juros futuros vêm fechando, o que mostra expectativa mais favorável para a nossa economia", acrescenta Moliterno, citando a espera do mercado local para o anúncio de medidas pelo Ministério da Fazenda, possivelmente até sexta-feira, para recomposição orçamentária do caixa do governo.
No plano doméstico, "há expectativa um pouco mais favorável para as contas públicas, com os sinais de que a desoneração dos combustíveis deve acabar, o que ajuda pelo lado da arrecadação. Por enquanto, ainda não se espera corte de gastos, mas sim um compromisso claro com a redução do déficit em relação à indicação inicial para o ano, especialmente pelo lado de reonerações e receitas extraordinárias", diz Felipe Cima, operador de renda variável da Manchester Investimentos, acrescentando que, conforme se espera, uma recuperação da economia da China em 2023, e da demanda por commodities, tende a contribuir aqui, via agro e outras matérias-primas, não só para as exportações mas também para a arrecadação.
Em Brasília, ao anunciar o secretariado do Planejamento nesta quarta-feira, a ministra Simone Tebet afirmou que tanto ela como o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, serão "rigorosos sobre como gastar", o que contribuiu para firmar o viés positivo do Ibovespa à tarde, ainda que em passo um pouco afastado do de Nova York, após o bom avanço do índice da B3 na sessão anterior - na semana, o Ibovespa (+3,26%) supera tanto Dow Jones (+1,02%) como S&P 500 (+1,91%), mas não o Nasdaq (+3,43%) no intervalo.
"As bolsas americanas aceleraram a alta nessa tarde, diante de resultados corporativos positivos referentes a empresas do setor de tecnologia e financeiro - marcando os primeiros sinais da temporada de resultados do último trimestre de 2022", observa Rachel de Sá, chefe de economia da Rico Investimentos, destacando também, na B3, o efeito da fala de Tebet, que reiterou a "importância da responsabilidade fiscal".
A economia e as primeiras decisões do governo - ainda a serem apresentadas - permanecem como ponto focal dos investidores, após a resposta "sem dissonâncias" dos Três Poderes aos ataques do último domingo em Brasília, aponta Cima, da Manchester. Novos protestos de radicais insatisfeitos com o resultado da eleição de outubro foram convocados, no País, para a noite desta quarta-feira, em outra mobilização pela internet. Tanto o governo como o Judiciário prometem endurecer a resposta aos extremistas, caso novas violências ocorram.
Hoje, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que o Ministério de Minas e Energia reportou indícios de vandalismo e sabotagem em três torres de transmissão de energia, no Paraná e em Rondônia, entre a noite de domingo (8) e a madrugada de segunda-feira (9). Após terem fechado o dia anterior em baixa quando os indícios vieram a público, as ações do setor elétrico tiveram hoje recuperação.
Na ponta do Ibovespa nesta quarta-feira, 3R Petroleum (+13,64%) e Minerva (+7,73%) - esta favorecida por elevação da recomendação para o papel, pelo JPMorgan, de neutra para "overweight" -, ao lado de PetroRio (+7,76%) e Raízen (+6,87%). No lado oposto, BRF (-6,62%) - após o JPMorgan rebaixar a recomendação para o papel, de compra para neutro, e o preço-alvo, de R$ 54 para R$ 26 -, à frente de Locaweb (-3,93%), Banco Pan (-3,28%), Ambev (-1,72%) e Petz (-1,69%) na sessão.
"A Bolsa continua com grau de desconto muito alto, com indicadores Preço/Lucro ainda próximos a patamares de 2008, 2009. E a contenção rápida do governo, evitando que a crise evoluísse, também ajuda nessa recuperação: ninguém quer uma crise institucional, e aparentemente isso não vai acontecer", diz Charo Alves, especialista da Valor Investimentos, destacando também a reabertura do mercado chinês, que contribui para "tracionar" os preços das commodities.
Ainda assim, mesmo com os ganhos no petróleo superando a marca de 3% nesta tarde, as ações de Petrobras hesitaram, chegando a oscilar para o negativo em boa parte do dia, mas ganharam impulso perto do fim e fecharam em alta de 1,28% (ON) e 0,79% (PN). Embora o minério de ferro tenha subido hoje 1,21%,em Dalian, e 3,13%, em Qingdao, ambas na China, Vale (ON -0,35%) não acompanhou o ritmo, após as ações do setor de mineração e aço terem avançado bem no dia anterior. Hoje, as siderúrgicas, na maioria, firmaram-se em alta perto do fechamento, com destaque para Gerdau (PN +1,01%). Os grandes bancos, por sua vez, mantiveram o sinal positivo ao longo do dia, com destaque ainda para Santander (+2,81%) no fechamento.
"Amanhã (quinta-feira), a expectativa estará concentrada no CPI (índice de preços ao consumidor nos EUA), de que se espera uma nova desaceleração no ritmo de alta, que corroboraria um aumento menor, de 25 pontos-base, conforme espera o mercado, para a taxa de juros do Federal Reserve (na reunião de fevereiro)", diz Dennis Esteves, especialista em renda variável da Blue3, ressalvando que, caso a leitura de amanhã sobre a inflação americana venha a decepcionar, pode trazer volatilidade aos negócios. (Luís Eduardo Leal - [email protected])
18:27
Índice Bovespa Pontos Var. %
Último 112517.08 1.5344
Máxima 112552.12 +1.57
Mínima 110752.00 -0.06
Volume (R$ Bilhões) 3.04B
Volume (US$ Bilhões) 5.85B
18:33
Índ. Bovespa Futuro INDICE BOVESPA Var. %
Último 114000 1.85847
Máxima 114185 +2.02
Mínima 111765 -0.14
MERCADOS INTERNACIONAIS
As bolsas de Nova York conseguiram manter o fôlego nesta quarta-feira, enquanto os juros dos Treasuries e o dólar arrefeceram no exterior. Investidores operaram na expectativa pela divulgação do índice de preços ao consumidor (CPI) dos Estados Unidos amanhã. A perspectiva majoritária do mercado é de que os dados mostrarão uma desaceleração da inflação americana, o que, consequentemente, pode levar o Federal Reserve (Fed) a diminuir o ritmo de altas de juros - o que também vem sendo sinalizado por membros do BC americano. Entre as commodities, o petróleo fechou no positivo, ainda reagindo à reabertura da China.
O Mizuho diz esperar um relatório de CPI "suave" que provavelmente favorecerá o sentimento de alta do mercado até a próxima reunião do Fed. "Está ficando mais claro que a inflação atingiu o pico e estamos mais perto do fim do ciclo de aumento de juros do que as pessoas pensavam que estaríamos", disse Jamie Cox, sócio-gerente do Harris Financial Group, ao The Wall Street Journal. "É por isso que os mercados estão respirando aliviados", acrescentou. Hoje, a presidente da distrital de Boston do BC americano, Susan Collins, afirmou ser a favor de um aumento de 25 pontos-base na taxa de juros, na próxima reunião. Em entrevista exclusiva ao The New York Times, a banqueira central ponderou que tanto 25 pontos-base (pb) quanto 50 pb seriam razoáveis.
Segundo a mediana dos 28 analistas consultados pelo Projeções Broadcast, o CPI deve ter ficado estável em dezembro, na comparação com novembro, representando uma leve desaceleração, após a alta de 0,1% em novembro. Já o núcleo do CPI, que exclui itens voláteis como alimentos e energia, deve exibir crescimento mensal de 0,3% em dezembro, depois de alta menor, de 0,2%, registrada em novembro.
"As ações dos EUA estão subindo, já que o otimismo permanece intacto de que um relatório de inflação continuará mostrando que as tendências de desinflação permanecem em vigor. Alguns traders se sentem confiantes de que teremos um pouso suave ou uma recessão não muito ruim", analisa o analista Edward Moya, da Oanda.
Dessa forma, o índice Dow Jones subiu 0,80%, a 33.973,01 pontos; o S&P 500 teve alta de 1,28%, a 3.969,61 pontos; e o Nasdaq avançou 1,76%, a 10.931,67 pontos. No fim da tarde em Nova York, o retorno da T-note de 2 anos caía a 4,220%, o da T-note de 10 anos recuava a 3,534%, e o da T-bond de 30 anos diminuía a 3,662%.
No câmbio, o índice DXY, que mede a moeda americana ante uma cesta de seis rivais fortes, fechou a sessão com recuo de 0,05%, a 103,188 pontos. Perto do fechamento das bolsas de Nova York, o euro subia a US$ 1,0758 e a libra, a US$ 1,2151, enquanto o dólar avançava a 132,43 ienes.
O Goldman Sachs avalia que a falta de um "desafiador" claro para o domínio do dólar é uma das principais razões pelas quais deve-se esperar fases de valorização renovada do dólar nos próximos meses. Na China, o Ministério do Comércio e o BC chinês emitiram um comunicado com o objetivo de incentivar as instituições financeiras do país a "expandir o uso transfronteiriço do yuan a fim de promover a facilitação do comércio e do investimento".
Ainda na Ásia, a reabertura da China continua fornecendo suporte ao petróleo. Os contratos futuros fecharam em alta reagindo a expectativas de uma demanda maior da segunda maior economia do mundo. Em segundo plano, investidores monitoraram dados de estoques do óleo dos Estados Unidos, que vieram bem acima do esperado. Segundo análise da Capital Economics, os resultados do Departamento de Energia (DoE) indicam a maior alta de petróleo desde fevereiro de 2021.
Para Moya, da Oanda, traders de energia ignoraram o relatório do DoE. "As paralisações das refinarias eram amplamente conhecidas, mas o avanço de 18,96 milhões [de barris nos estoques de petróleo] foi muito maior do que todas as expectativas. O clima desfavorável na Costa Oeste prejudicou parte da demanda por gasolina na semana passada, enquanto a demanda por destilados melhorou", destacou. Na New York Mercantile Exchange (Nymex), o petróleo WTI para fevereiro de 2023 fechou em alta de 3,05% (US$ 2,29), a US$ 77,41 o barril, enquanto o Brent para março, negociado na Intercontinental Exchange (ICE),subiu 3,21% (US$ 2,57), a US$ 82,67 o barril.
Segundo o The Wall Street Journal, os Estados Unidos e países aliados estão preparando uma nova rodada de sanções contra a indústria petrolífera da Rússia, com o objetivo de restringir os preços de venda das exportações russas de produtos refinados.(Letícia Simionato - [email protected])