Ao final de 2022, a indefinição do comando da Petrobras, em dia marcado pela confirmação do ministério do presidente diplomado, Luiz Inácio Lula da Silva, resgatou preocupações dos investidores. Se até esta manhã reagiam positivamente aos acenos do futuro ministro da Fazenda, Fernando Haddad, de aproximação a um tom fiscalista, redução do déficit e revisão de desonerações, à tarde voltaram a descontar, principalmente das ações da estatal, a incerteza sobre política de preços. O recuo da ação empurrou o Ibovespa para baixo, apesar da alta da Vale, e o índice fechou aos 109.734,60 pontos, com -0,46%. No câmbio, a cautela reaproximou o dólar de R$ 5,30, com ganho de 0,47% (R$ 5,28 no fechamento), após a moeda descer abaixo dos R$ 5,20 no começo do dia em meio à disputa pela Ptax de dezembro, referência para contratos futuros de dólar e balanços corporativos. Já os juros futuros devolveram prêmios ao longo da sessão com foco nas falas de Haddad sobre o fiscal, mas terminaram em alta com a questão dos combustíveis. Ambos os temas marcaram os últimos 12 meses, incluindo eleição, além da guerra na Ucrânia. Ao término do período, o Ibovespa ainda fechou em alta, de 4,69% ante uma queda em 2021, e o dólar, no negativo (-5,31%), enquanto as taxas futuras subiram em bloco em parte do ano, fazendo com que a curva permanecesse com inclinação negativa. O diferencial entre os contratos de 2023 e 2027 caiu a 106 pontos-base, de 120 pontos no encerramento de 2021. No exterior, as bolsas de Nova York recuperaram parte das perdas de ontem, apesar das pressões causadas pelas perspectivas de dificuldades na reabertura da China. O Dow Jones subiu 1,05%, o S&P 500, 1,75% e o Nasdaq, 2,59%. Mas recessão e juros globais elevados seguem no pano de fundo e elas devem fechar 2022 com perdas importantes conforme as parciais até esta quinta-feira (até -33% no caso do índice de tecnologia).
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•CÂMBIO
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•MERCADOS INTERNACIONAIS
BOLSA
A fraqueza dos papéis da Petrobras, em meio à indefinição em torno do comando da estatal e a sinais de mudança na política de preços dos combustíveis, impediu que o Ibovespa acompanhasse os ganhos firmes das bolsas em Nova York na sessão desta quinta-feira, 29. Após passar a amanhã com sinal predominante de alta, o principal índice da B3 migrou para terreno negativo à tarde, abaixo dos 110 mil pontos, à medida que absorvia informações vindas de Brasília, onde o presidente diplomado, Luiz Inácio Lula da Silva, anunciou os nomes que restavam para compor seu ministério, com a emedebista Simone Tebet no Planejamento. A despeito de acenos do futuro ministro da Fazenda, Fernando Haddad, à austeridade fiscal, a cautela com o futuro das contas públicas ainda permeia os negócios.
Entre máxima aos 111.177,53 pontos, pela manhã, e mínima aos 109.560,31 pontos, o Ibovespa encerrou a última sessão de 2022 em queda de 0,46%, aos 109.734,60 mil pontos, com volume negociado reduzido (R$ 24,5 bilhões). Entre as blue chips, Petrobras PN e ON recuaram 1,21% e 1,61%, respectivamente, em dia de baixa das cotações internacionais do Petróleo. O contrato do Brent para março - referência para a estatal - recuou 0,63%, a US$ 83,46 o barril. As ações da Vale chegaram a esboçar alta superior a 1%, mas perderam fôlego e fecharam o dia em baixa de 0,12%. Os bancos também experimentaram uma troca de sinal no fim do dia: Bradesco ON (-0,44%) e Itaú PN (-0,20%)
Com o recuo de 0,46% hoje, o índice fecha dezembro com perdas de 2,45%. Apesar do tropeço neste mês, o Ibovespa - que havia encerrado 2021 em baixa de 11,93% - termina 2022 com ganhos de 4,69%, desgarrando-se do tombo dos mercados acionários sem Nova York, abalados pela alta de juros nos Estados Unidos. Em 2002, o índice registrou máxima de fechamento aos 121628,22 pontos, em 5 de março, e mínima aos 95,266,94, em 15 de julho.
Analista de investimentos da Mirae Asset, Pedro Galdi lembra que o giro foi bem reduzido hoje, o que tornou o comportamento do Ibovespa mais suscetível a operações pontuais para zeragem de carteiras em fim de ano. "Lula apresentou os ministros, mas o presidente da Petrobras ficou para depois, o que prejudicou os papéis da empresa e pressionou o Ibovespa. Existe o medo de ingerência nos preços de combustíveis lá na frente", diz Galdi, ressaltando, contudo, que o índice caiu menos que seus pares em Nova York no mês e terminou o ano com saldo positivo, apesar do ambiente externo de pouco apetite ao risco.
À tarde, o futuro ministro de Minas e Energia, senador Alexandre Silveira (PSD-MG), disse que a escolha do presidente da Petrobras "fica para segundo momento, inclusive por causa da Lei das Estatais". Nos últimos dias, o nome mais cotado para comandar a petroleira é o do senador petista Jean Paul Prates (RN). Também foi colocado na mesa o nome da ex-diretora geral da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) Magda Chambriard.
Silveira afirmou que "com certeza haverá" revisão da política de preço de paridade de importação e que não está descartada a possibilidade de nova desoneração dos combustíveis. A isenção de PIS/Cofins para gasolina, diesel e gás se encerra no dia 31 de dezembro.
Já o presidente Lula garantiu que a queda dos preços dos combustíveis "vai acontecer a partir do momento" em que for montada a diretoria da Petrobras, o que "ainda leva tempo", em razão da legislação que rege a gestão das estatais.
"Dizer que pode reduzir o preço do combustível com a nova diretoria sem contar com que acontece com o petróleo, isso significa implementar medidas em detrimento a Petrobras. Isso não é bom", avalia um especialista em renda variável que pede o anonimato, acrescentando que as palavras vão na direção contrária da sinalização de comprometimento fiscal do futuro ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que pregaria o fim da desoneração.
Parte da alta do Ibovespa pela manhã foi atribuída justamente ao tom mais fiscalista de Haddad, que prometeu apresentar um novo arcabouço fiscal, em substituição ao teto de gastos, junto com um programa de avaliação e revisão de políticas públicas, entre as renúncias, subsídios e incentivos fiscais, como informou o Estadão/Broadcast.
"Haddad sinalizou uma gestão mais responsável do ponto de vista fiscal, o que trouxe uma boa expectativa para os agentes do mercado. O que preocupou e causou desconforto foram declarações de Lula à tarde sobre a Petrobras e a mudança da política de preços dos combustíveis", afirma o especialista em renda variável Gustavo Neves, da Blue3 Investimentos. (Antonio Perez - [email protected], com Maria Regina Silva)
18:27
Índice Bovespa Pontos Var. %
Último 109734.60 -0.45548
Máxima 111177.53 +0.85
Mínima 109560.31 -0.61
Volume (R$ Bilhões) 2.45B
Volume (US$ Bilhões) 4.70B
18:27
Índ. Bovespa Futuro INDICE BOVESPA Var. %
Último 111165 -0.90921
Máxima 112855 +0.60
Mínima 110885 -1.16
CÂMBIO
Depois de se manter alinhado ao exterior em queda durante toda a manhã, na etapa vespertina, motivado por cautela local e alguma movimentação mais técnica, o dólar se fortaleceu ante o real. Encerrou a última sessão de 2022 em alta de 0,47%, cotado a R$ 5,2800 no segmento à vista. No acumulado da semana, a valorização chegou a 2,20%. No ano, entretanto, houve recuo de 5,31%.
A virada de sinal coincidiu com o anúncio - e algumas declarações - dos nomes restantes para compor o ministério do novo governo e também após o fechamento da Ptax. A taxa encerrou o dia cotada a R$ 5,2177, em baixa de 1,06% em relação ao fechamento da véspera (R$ 5,2736). Em dezembro, o referencial usado para liquidação de contratos futuros e elaboração de balanços corporativos caiu 1,44%. Já em 2022, a taxa recuou 6,50%.
Na avaliação de Camila Abdelmalack, economista da Veedha Investimentos, a inversão refletiu cautela dos investidores pela incerteza do momento de transição de governos e que, em dia de liquidez reduzida, acentuou as oscilações. Na máxima, nesta tarde, o dólar spot chegou a bater R$ 5,3040. "Mas não foi nenhum nome específico, uma vez que já está claro para o mercado que o primeiro escalão está servindo para acomodação política, que é exigida nesse jogo", lembrou.
Na avaliação de Simone Pasianotto, economista-chefe da Reag Investimentos, o mercado repercutiu de alguma forma o número de ministérios (37) que passarão a existir a partir de 2023 com o governo do presidente diplomado Luiz Inácio Lula da Silva.
Por outro lado, Pasianotto complementa que seguem no radar do mercado as decisões da futura equipe econômica do governo, com destaque para as conversas que dizem respeito à prorrogação da desoneração dos impostos federais sobre combustíveis. Ela lembra que o futuro ministro da Fazenda, Fernando Haddad, já sinalizou que o novo governo terá maior preocupação fiscal, principalmente no primeiro trimestre.
Piter Carvalho, economista da Valor Investimentos, ressaltou que, do ponto de vista técnico, como hoje é último dia de negociação do ano, algumas empresas ainda estão enviando recursos para o exterior, seja para pagar dividendos ou fechar o balanço de 2022. "Então, é normal essa saída que acaba contribuindo também com alguma volatilidade".
Do ponto de vista externo, muito embora o dólar tenha operado mais fraco que moedas fortes e boa parte de divisas emergentes pares do real, há implícita uma preocupação com as medidas de flexibilização da política covid zero por Pequim. "A preocupação do mercado ainda é a economia da China. Hoje o país declarou processo de reabertura econômica com flexibilização das medidas sanitárias, mas ainda o mercado teme novos surtos de covid na economia chinesa e esse 'stop and go' que temos acompanhado no curto prazo", afirma economista-chefe da Reag Investimentos.
Nos Estados Unidos, complementa ela, o dólar teve queda frente a divisas fortes e os índices de ações tiveram alta, principalmente após divulgações de dados do mercado de trabalho americano. Os pedidos de auxílio-desemprego naquele país subiram 9 mil na semana passada, a 225 mil, segundo o Departamento do Trabalho, vindo pouco acima do previsto por analistas ouvidos pelo The Wall Street Journal (223 mil). "Na semana anterior foram 216 mil, o que começa a sinalizar alguma fraqueza no mercado de trabalho norte-americano".
Piter Carvalho complementa que o mercado enxerga isso (o enfraquecimento do mercado de trabalho) de forma positiva, acreditando que, com isso, o Federal Reserve (Fed) possa parar de subir os juros em algum momento próximo. (Simone Cavalcanti - [email protected])
18:27
Dólar (spot e futuro) Último Var. % Máxima Mínima
Dólar Comercial (AE) 5.28000 0.4738 5.30400 5.18960
Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0
DOLAR COMERCIAL FUTURO 5218.000 -1.0055 5266.500 5194.500
DOLAR COMERCIAL FUTURO 5322.000 0.32991 5337.500 5225.000
JUROS
Os juros futuros encerraram a última sessão de 2022 sem direção definida. Por um lado, o investidor recebeu bem declarações de cunho fiscalista do próximo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que sinalizou com revisão de desonerações e prometeu um déficit primário menor do que os R$ 220 bilhões previstos no Orçamento de 2023. Por outro, falas do governo eleito sobre a política de preços de combustíveis estressaram os mercados locais como um todo, fazendo com que os juros subissem pontualmente. Operadores lembraram, contudo, que o dia é de liquidez minguada, o que superdimensiona movimentos tanto de alta quanto de baixa.
O contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2024 passou de 13,433% ontem para 13,450% hoje. O janeiro 2025 foi de 12,711% para 12,695%. O janeiro 2027 recuou de 12,673% para 12,605%. E o janeiro 2029 cedeu de 12,733% a 12,660%.
Em termos de liquidez, os contratos acabaram exibindo volumes um pouco mais robustos que a segunda-feira, 26, marcada pelo feriado externo, mas ainda assim baixa para uma quinta-feira. O giro de negócios foi, respectivamente, de 430,4 mil contratos, 436,4 mil contratos, 135,5 mil contratos e 68,7 mil contratos.
O ano marcado pelo ajuste forte dos juros no exterior, pela inflação resiliente decorrente da guerra na Ucrânia e pelo crônico problema fiscal do País foi também de alta das taxas no mercado doméstico. Os retornos subiram em bloco em parte do ano, fazendo com que a curva permanecesse com inclinação negativa. O diferencial entre os contratos de 2023 e 2027 passou de 120 pontos-base no fim de 2021 para 106 pontos-base agora.
Desde ontem o mercado de juros reagia com alívio nos prêmios às falas de Haddad ao jornal O Globo e ao desenlace das negociações do governo que toma posse no domingo. "Apesar das grandes preocupações com os rumos econômicos a partir do próximo ano, a presença de alguns nomes no governo alimenta a expectativa de contraponto às agendas desenvolvimentistas, como são os casos de Simone Tebet no Planejamento e Geraldo Alckmin no MDIC. De todo modo, o início efetivo do governo deve fornecer embasamento para movimentos mais firmes [no mercado]", escreveu o economista e sócio da Tendências Silvio Campos Neto, em nota.
Neste sentido, o mercado observou com atenção as promessas do futuro ministro da Fazenda. Ele disse que vai rever, logo nos três primeiros meses de 2023, as desonerações e benefícios dados pelo governo Bolsonaro sem base técnica e com objetivos eleitorais. O objetivo será fechar o ano que vem com déficit primário menor do que os R$ 220 bilhões previstos no Orçamento.
Haddad pretende ir além para conseguir o equilíbrio fiscal. A ideia, segundo apurou a repórter Adriana Fernandes, é apresentar um novo arcabouço junto com um programa de avaliação de políticas públicas, entre elas renúncias, subsídios e incentivos fiscais. O petista pretende trabalhar em parceria com Simone Tebet no programa de revisão de gastos, o chamado "spending review".
Aliás, Haddad e Tebet atuaram hoje para, mais uma vez, afastar os rumores de divergência entre eles. Ao ser confirmada ministra do Planejamento, a senadora do MDB de Mato Grosso do Sul convidou Haddad para ser fotografado junto a ela e o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT). "Tanto Haddad quanto Simone devem se esforçar para não deixar os conflitos vazarem para fora, mas vai ser algo que teremos de acompanhar de perto", disse o ex-ministro da Fazenda, Maílson da Nóbrega, ao Broadcast. "O Haddad tem se esforçado para demonstrar que não é radical, tem acenado para o mercado", acrescentou Maílson.
Para além da escolha de nomes para o novo governo, o mercado de juros acompanhou declarações de âmbito econômico de membros da próxima gestão. Segundo dois operadores, causou bastante ruído nas mesas - não apenas de juros como também em câmbio e, principalmente, ações - falas do futuro ministro de Minas e Energia, senador Alexandre Silveira (PSD-MG). Ele confirmou que haverá revisão do Preço de Paridade de Importação (PPI), adotado pela Petrobras a partir do governo Michel Temer, em 2016. "PPI tem de ser visto com olhos do novo governo", disse.
Silveira também não descartou uma nova rodada de desoneração de combustíveis. "Vamos conversar em janeiro com mais segurança sobre a política de médio e longo prazo, com muito critério temos que olhar transição e questão dos combustíveis", disse o futuro ministro. "Nada está descartado", completou. A não prorrogação da medida pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) foi um fator secundário na queima de prêmios do DI na sessão de ontem.
Os agentes do mercado de juros monitoraram ainda a agenda de indicadores do dia. No campo da inflação, o IGP-M desacelerou de 0,56% em novembro a 0,45% em dezembro, taxa bem menor que a mediana de 0,58% do Projeções Broadcast. No âmbito fiscal, o setor público consolidado (Governo Central, Estados, municípios e estatais, com exceção de Petrobras e Eletrobras) teve déficit primário de R$ 20,089 bilhões, o pior resultado nominal para o mês desde 2016 (R$ 39,141 bilhões), conforme a série histórica iniciada em dezembro de 2001. Também se mostrou mais negativo que o consenso de analistas (-R$ 16,000 bilhões).
Em 12 meses até novembro, as contas do setor público registraram superávit primário de R$ 137,930 bilhões em 12 meses, segundo o Banco Central (BC). As contas consolidadas estão no azul em 12 meses há um ano, desde novembro de 2021. Em relatório, o diretor de Pesquisa Macroeconômica para a América Latina, Alberto Ramos, e o economista do Goldman Sachs Santiago Tellez projetaram que os déficits primários voltarão em 2023 e que a dinâmica da dívida bruta retomará trajetória ascendente.
"Em geral, colocar a dinâmica da dívida em uma tendência estrutural de declínio sustentado e construir amortecedores fiscais continuam sendo os principais desafios macro enfrentados pelos poderes Executivo e Legislativo nos próximos anos, em nossa opinião", disseram. (Mateus Fagundes - [email protected])
MERCADOS INTERNACIONAIS
As bolsas de Nova York recuperaram parte das perdas da última sessão, apesar das pressões causadas pelas perspectivas de dificuldades na reabertura da China. O relaxamento da postura do país com relação à covid-19 segue um dos grandes temas para os investidores, uma vez que as medidas podem ter reflexo em uma série de áreas, incluindo os preços das commodities, e, por consequência, a inflação. Hoje, o petróleo fechou em baixa, observando o avanço da doença na China e também um avanço inesperado nos estoques americanos. O movimento ocorreu apesar do câmbio, que teve o dólar se desvalorizando ante outras moedas. Já os rendimentos dos Treasuries ficaram sem sinal único.
A União Europeia (UE) está avaliando a reversão de Pequim em seus rígidos controles "covid zero", mas se absteve nesta quinta-feira de seguir imediatamente a Itália, país-membro, ao exigir testes de coronavírus para passageiros de companhias aéreas provenientes da China. As autoridades de saúde do bloco de 27 países europeus prometeram continuar as negociações na busca de uma abordagem em comum para as regras de viagem. No entanto, o braço executivo da UE disse que a variante do Ômicron BF.7, hoje predominante na China, já estava circulando na Europa e que sua ameaça não cresceu significativamente.
Índice que melhor performou em 2022, o britânico FTSE100 pode se beneficiar no próximo ano com a reabertura econômica da China, analisa o Swissquote Bank. Com a retirada de restrições da política "covid zero", o mercado espera uma intensificação da demanda global, principalmente sobre o setor de energia. "O FTSE100 é altamente baseado em energia e minérios, o que fez o índice performar tão bem em 2022. BP e Shell cresceram mais de 40% e algumas dessas empresas negociam em dólar. Se a reabertura chinesa trouxer outro salto na inflação e na energia, o FTSE pode abrigar os investidores", observa Ipek Ozkardeskaya, analista sênior do Swissquote Bank. Hoje, o FTSE 100 subiu 0,21%. As principais bolsas europeias tiveram alta, como o DAX, que subiu 1,05% em Frankfurt e o CAC 40, que avançou 0,97% em Paris.
Em Nova York, Dow Jones subiu 1,05%, aos 33.220,80 pontos, S&P 500 avançou 1,75%, aos 3.849,28 pontos e Nasdaq teve alta de 2,59%, aos 10.478,09 pontos. Apesar da recuperação na sessão atual, as preocupações com o cenário macroeconômico persistem para as empresas americanas. O CEO do Goldman Sachs, David Solomon, informou em uma mensagem de fim de ano aos seus funcionários que uma nova rodada de demissões será revelada nas próximas semanas. Em sua mensagem, Solomon afirmou que "há uma variedade de fatores que afetam o cenário de negócios, incluindo o aperto das condições monetárias que estão desacelerando a atividade econômica. Para nossa equipe de liderança, o foco é preparar o banco para enfrentar esses ventos contrários." Pessoas a par do assunto disseram à Bloomberg que o Goldman pode eliminar até 8% de sua força de trabalho, aproximadamente 4.000 empregos, para conter uma queda no lucro e na receita.
Na renda fica, em uma sessão marcada pela baixa liquidez já às vésperas das comemorações de ano novo, o retorno da T-note de 2 anos subia a 4,377% neste fim de tarde, enquanto o da T-note de 10 anos caía a 3,829% e o do T-bond de 30 anos recuava a 3,917%. No câmbio, ao final da tarde, o euro avançava a US$ 1,0671, a libra tinha alta a US$ 1,2068 e o dólar recuava a 132,96 ienes. O DXY teve queda de 0,60%.
Já os estoques de petróleo nos Estados Unidos tiveram alta de 718 mil barris, a 418,952 milhões de barris, na semana encerrada em 23 de dezembro, informou hoje o Departamento de Energia (DoE, na sigla em inglês) do país. Analistas consultados pelo The Wall Street Journal esperavam queda de 700 mil barris. O petróleo WTI para fevereiro fechou em baixa de 0,71% (US$ 0,56), a US$ 78,40 o barril, na New York Mercantile Exchange (Nymex), e o Brent para março, contrato agora mais líquido, fechou em queda de 0,63% (US$ 0,53), a US$ 83,46 o barril, na Intercontinental Exchange (ICE). (Matheus Andrade - [email protected])