Os ativos domésticos perderam fôlego ao longo desta quarta-feira, à medida que o investidor segue monitorando o noticiário vindo de Brasília. Não que o resultado final da PEC desagrade. Ao contrário: o cenário para a proposta acabou ficando o menos danoso possível para as contas públicas. Tendo em vista que era inevitável um impacto fiscal menor que R$ 168 bilhões para que o governo eleito entregue suas promessas, tudo o que o mercado queria era ver as excepcionalidades circunscritas a um só ano. Mas passada essa fase, agora os agentes esperam novos ministros da área econômica, que podem ser divulgados já amanhã cedo pelo presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva. Faltam 30 pastas a serem preenchidas na Esplanada, com postos-chave como Planejamento e Indústria ainda vagos. O mercado vive também a expectativa de formação do segundo escalão do Ministério da Fazenda, com cargos como a Secretaria do Tesouro Nacional ainda em aberto. Neste ambiente incerto, a Bolsa brasileira chegou até a flertar com os 108 mil pontos na máxima da sessão, mas terminou o dia aos 107.433,14 pontos, em valorização mais contida, de 0,53%. Os juros futuros cederam, ainda que longe da grande queima de prêmios de anteontem e ontem. Nesses níveis, os vértices intermediários e longos encerraram no piso desde 9 de dezembro, enquanto o DI para janeiro de 2024 fechou no nível mais baixo em mais de um mês, mais precisamente desde 14 de novembro. E o dólar à vista até tentou mais cedo, mas não conseguiu fechar abaixo dos R$ 5,20. A cotação final da moeda americana foi de R$ 5,2030 (-0,07%). No exterior, o dia foi de alta substancial das bolsas. O gatilho foi a confiança do consumidor nos Estados Unidos se mostrando mais forte que o esperado por analistas, o que afastaria a chance de uma desaceleração forte da economia americana. O Dow Jones subiu 1,60%, o S&P 500 ganhou 1,49% e o Nasdaq avançou 1,54%. Nos mercados de câmbio e de títulos públicos, a turbulência causada pela inesperada mudança de postura por parte do Banco do Japão (BoJ) teve parte dos seus efeitos revertidos, com os rendimentos dos Treasuries operando em queda e o iene sofrendo alguma depreciação ante o dólar.
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•CÂMBIO
•JUROS
•MERCADOS INTERNACIONAIS
BOLSA
O Ibovespa emendou terceiro ganho diário, mas sem repetir o ritmo visto nas duas sessões anteriores, em que havia subido 2,03% e 1,83%, respectivamente, ontem e anteontem. Nesta quarta-feira, a referência da B3 fechou em alta de 0,53%, aos 107.433,14, entre mínima de 106.065,73 e máxima de 107.991,07 pontos na sessão, em que saiu de abertura aos 106.865,92 pontos. O giro ficou em R$ 27,1 bilhões. Na semana, o Ibovespa sobe 4,45%, mas ainda cede 4,49% no mês - o ganho semanal, contudo, já recolocava ontem o índice no azul em 2022, acumulando alta de 2,49% no ano, até esta quarta-feira. O nível de fechamento foi o maior desde o último dia 9, então aos 107.519,56 pontos.
Após ter sustentado boa recuperação desde a última segunda-feira mesmo quando o sinal de Nova York não ajudava, o Ibovespa tirou o pé na sessão desta quarta-feira, em que a Câmara dos Deputados ainda avaliava, em primeiro turno, os destaques à PEC da Transição, entre os quais o do partido Novo, que tentava manter, na Constituição, a âncora fiscal, e foi rejeitado nesta tarde. Concluída a votação em primeiro turno, a expectativa passou ao segundo turno na Câmara, concluído no fim da tarde, e à votação final de alterações - como o prazo de vigência reduzido, de dois para um ano -, que precisam passar de novo pelo Senado.
"Antes de se falar em Bolsa, é preciso olhar o DI, em nível alto, refletindo ainda expectativa quanto ao fiscal no próximo governo, sobre qual será o custo para financiar as iniciativas, as propostas. As declarações da equipe, inclusive as feitas por Haddad, têm sido ponderadas, mas há uma distância, ainda a conferir, para o que de fato será feito", diz Felipe Cima, operador de renda variável da Manchester Investimentos.
"Há espaço para a Bolsa subir? Sim, os ativos brasileiros estão baratos. Mas o que está barato pode ficar ainda mais, a depender do que vier a acontecer. Se a tendência é de baixa, pode haver ainda repiques até que se encontre um fundo", acrescenta.
De acordo com análise gráfica de Fábio Perina, do Itaú BBA, os suportes para o Ibovespa estão em 104.000 e 101.600 pontos. "Se perdido, abrirá caminho para seguir em direção à mínima do ano, em 95.200 pontos", acrescenta. Por outro lado, "o Ibovespa passou a resistência inicial em 105.500 pontos e a próxima região a ser superada é 108.600 - patamar que mantém o índice em tendência de baixa no curto prazo", ressalva o analista. "Caso consiga, o índice estenderá o movimento de recuperação em direção a 110.700 e 113.800 pontos", acrescenta.
"A semana tem sido positiva, mas, além da situação fiscal (no plano doméstico), há questões ainda com relação à China sobre a Covid. Houve afrouxamento das restrições contra o vírus, mas ainda há incerteza com relação a empresas que têm exposição à demanda chinesa, em meio ao avanço da doença por lá. O ambiente ainda é de volatilidade nos mercados globais" diz Gustavo Neves, especialista em renda variável da Blue3.
Hoje, a valorização do petróleo e do minério de ferro favoreceu dia positivo para Petrobras (ON +2,64%, na máxima da sessão no fechamento; PN +2,17%) e Vale (ON +0,57%) que, junto com os bancos (Bradesco PN +0,82%, Itaú PN +0,41%), contribuíram para o Ibovespa operar no positivo, aponta Leandro De Checchi, analista da Clear Corretora. "Na contramão, ficaram as ações de Magazine Luiza (-7,45%), que recuaram mais forte, junto das ações de frigoríficos (Minerva -2,31%, JBS -2,08%)", acrescenta.
Na ponta negativa do Ibovespa, além de Magalu, Minerva e JBS, destaque também para MRV (-3,08%), Alpargatas (-3,70%) e Arezzo (-2,17%). No lado oposto, IRB (+24,69%), após a empresa ter obtido lucro líquido em outubro; SulAmérica (+6,33%), Hapvida (+4,49%), Rede D´Or (+4,48%) e Totvs (+3,99%). "O IRB tem enfrentado cenário bem desafiador desde as fraudes descobertas no balanço, mas em outubro divulgou lucro, em reversão de prejuízos anteriores", diz José Daronco, analista da Suno Research.
"No exterior, há uma melhora de expectativa quanto à inflação global. Aqui, o Ibovespa engatou a terceira alta, de olho na PEC da Transição com prazo menor. A atenção segue concentrada na formação da equipe econômica, especialmente com relação aos futuros secretários na Fazenda", diz Bruno Madruga, sócio e head de renda variável da Monte Bravo Investimentos, destacando a alta dos grandes bancos na sessão, pelo peso que têm no Ibovespa e por ser um dos segmentos considerados preferenciais pelos investidores em dias de entrada de fluxo estrangeiro na Bolsa. Por outro lado, "mais um dia de liquidez baixa, como costuma ser em fim de ano", acrescenta Madruga. (Luís Eduardo Leal - [email protected])
18:27
Índice Bovespa Pontos Var. %
Último 107433.14 0.53248
Máxima 107991.07 +1.05
Mínima 106065.73 -0.75
Volume (R$ Bilhões) 2.70B
Volume (US$ Bilhões) 5.20B
18:29
Índ. Bovespa Futuro INDICE BOVESPA Var. %
Último 109400 0.07318
Máxima 109805 +0.44
Mínima 107780 -1.41
CÂMBIO
Após a queda de 1,93% ontem, em meio à redução dos prêmios de risco diante da costura política para redução do prazo da PEC da Transição de um para dois anos, o dólar apresentou oscilações mais modestas ao longo da sessão desta quarta-feira, 21. A divisa até ensaiou uma queda mais firme nas primeiras horas de negócios, quando registrou mínima a R$ 5,1601, com relatos de entrada de fluxo financeiro e comercial. Mas a febre vendedora amainou e, após passar a tarde rodando entre R$ 5,19 e R$ 5,20, a moeda encerrou o dia em ligeira baixa (-0,07%), cotada a R$ 5,2030 - menor valor de fechamento desde 1° de dezembro (R$ 5,1971).
Segundo operadores, depois do forte desmonte de posições defensivas no mercado de câmbio futuro por estrangeiros e fundos locais ontem, investidores preferiram adotar uma postura mais cautelosa à espera do fim da tramitação da PEC da Transição. Principal termômetro do apetite por negócios, o contrato de dólar futuro para janeiro, que ontem movimentou mais de US$ 17 bilhões, girou hoje cerca de US$ 12 bilhões.
Lá fora, o índice DXY - que mede o desempenho do dólar frente a seis divisas fortes - trabalhou em leve alta, na casa dos 104,100 pontos. A moeda americana teve comportamento misto em relação a divisas emergentes e de exportadores de commodities. Depois de brilhar ontem, o real teve hoje desempenho modesto perto de seus principais pares, como peso chileno e rand sul-africano, que ganharam mais terreno ante o dólar.
"O que mexeu efetivamente com o câmbio hoje foi a questão interna. O dólar ficou rodando à tarde perto de R$ 5,20, esperando que a Câmara confirme a redução do prazo de validade da PEC para um ano", afirma o economista-chefe da Frente Corretora, Fabrizio Velloni, ressaltando que uma PEC mais enxuta que o texto original abriu espaço para redução dos prêmios de risco.
Dados da Warren Renascença mostram que ontem os investidores estrangeiros e os fundos locais aumentaram as posições vendidas em dólar futuro em 46.800 contratos (US$ 2,34 bilhões) e 24.420 contratos (US$ 1,22 bilhão), respectivamente. Na prática, isso significa que venderam dólar futuro, assumindo posições em que teoricamente apostam na queda da moeda americana.
À tarde, a Câmara dos Deputados retomou a votação da PEC dos Transição, aprovada ontem em primeiro turno. Houve rejeição ao destaque do Partido Novo que propunha que a âncora fiscal fosse inscrita na Constituição. Permaneceu a versão prevendo que o governo envie até agosto de 2023 um projeto de lei complementar com nova regra para a área fiscal. Com o pregão já fechado, a Câmara aprovou o texto-base da PEC em segundo turno, com 331 votos a favor e 163 contra. A proposta segue agora para o Senado.
No campo político, o presidente diplomado Luiz Inácio Lula da Silva anunciou que vai falar amanhã, às 9h30, no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), sede do governo de transição. A expectativa é que possa haver anúncio de nomes de futuros ministros. O futuro presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante, confirmou hoje que os ex-ministros de governos petistas Nelson Barbosa e Tereza Campello vão compor a diretoria do banco de fomento a partir de janeiro.
"O mercado está esperando alguma coisa nova para voltar a se mexer. Ontem, teve um grande fluxo estrangeiro bem especulativo que pode sair na próxima semana, quando haverá mais remessas de fim de ano para o exterior", afirma o analista de câmbio da corretora Ourominas, Elson Gusmão. "Em janeiro, com aprovação final da PEC e sem a pressão das remessas, o estrangeiro pode voltar. O dólar pode bater os R$ 5,10 no começo do ano que vem".
A pressão de saída de recursos típica de fim de ano já foi detectada nos dados do fluxo cambial na semana passada (de 12 a 16), divulgados hoje pelo Banco Central. O saldo foi negativo em US$ 2,901 bilhões no período, graças a saída de US$ 2,943 bilhões pelo canal financeiro. Houve entrada de US$ 43 milhões via comércio exterior nesse período.
Em relatório, o Banco Original prevê que o dólar encerre 2023 em R$ 5,50, com moeda americana forte lá fora no ano que vem e dúvidas sobre as contas públicas internas. "Sobre a parcela doméstica, a credibilidade do novo arcabouço fiscal será crucial; a princípio, dado o conteúdo e a sinalização trazida pela PEC da Transição, nós elevamos o risco Brasil contido em nossas projeções", afirmam economistas do banco. (Antonio Perez - [email protected])
18:29
Dólar (spot e futuro) Último Var. % Máxima Mínima
Dólar Comercial (AE) 5.20300 -0.0691 5.22030 5.16010
Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0
DOLAR COMERCIAL FUTURO 5209.000 0.0192 5228.000 5167.000
DOLAR COMERCIAL FUTURO 5231.000 -0.7871 5231.000 5231.000
JUROS
Os juros futuros deram sequência ao movimento de ontem, ainda devolvendo prêmios a partir da expectativa em torno da PEC da Transição, aprovada em segundo turno pela Câmara só no fim da tarde. A confirmação de redução do prazo de dois para um ano, na aprovação em primeiro turno, e a percepção de que a "novela" se aproxima do fim estimularam o ajuste em baixa num dia em que o exterior também ajudou. Os retornos dos Treasuries caíram, assim como o dólar ante moedas emergentes, incluindo o real.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2024 fechou em 13,75%, de 13,80% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2025 caiu de 13,34% para 13,25%. A do DI para janeiro de 2027 terminou em 13,10%, de 13,18% ontem.
Nesses níveis, os vértices intermediários e longos encerraram no piso desde 9 de dezembro, enquanto o DI para janeiro de 2024 fechou no patamar mais baixo em mais de um mês, mais precisamente desde 14 de novembro.
As taxas estiveram em baixa desde manhã, mas o ritmo oscilou conforme o noticiário de Brasília. Com a redução do prazo da PEC em certa medida precificada ao longo da sessão de ontem, o mercado criou expectativa em torno do destaque apresentado pelo Partido Novo, que pretendia manter a constitucionalidade da âncora fiscal, motivo pelo qual a sessão da Câmara nesta terça-feira foi encerrada antes da apreciação em segundo turno. "Se a âncora estivesse dentro da PEC, forçaria um rito de negociação mais amplo, abrangente, com maior segurança do que por lei complementar", disse o economista da MAG Investimentos Felipe Rodrigo de Oliveira.
Porém, o destaque foi rejeitado nesta tarde, por 366 votos a 130, no que foi considerada uma vitória do governo eleito. Depois disso, o fôlego de queda das taxas arrefeceu, também em linha com a perda de ímpeto no alívio nos juros dos Treasuries.
Cassio Andrade Xavier, gestor de renda fixa da Sicredi Asset, afirma que a curva vinha muito pressionada pela percepção negativa de que "qualquer coisa" em termos de ameaça fiscal poderia passar no Congresso, "mas parece que não será bem assim". "A PEC não é boa, mas estamos nos distanciando do que se esperava inicialmente em termos de impacto fiscal", disse.
A PEC amplia o teto de gastos em R$ 145 bilhões para acomodar despesas com o Bolsa Família e permite R$ 23 bilhões em despesas fora da regra fiscal para investimentos, por um ano. Permite ainda outras exceções ao teto, que elevam o impacto fiscal a R$ 193,7 bilhões, segundo cálculos do Tesouro Nacional. No fim da tarde, o texto foi aprovado em segundo turno pela Câmara e terá de ser apreciado novamente pelo Senado, o que pode ocorrer ainda hoje.
Outro fator que vinha gerando tensão nas últimas semanas era a perspectiva de atuação de Aloizio Mercadante à frente do BNDES, especialmente o risco de alteração na taxa de juros negociada nos empréstimos, o que poderia retirar potência da política monetária mais restritiva contra a inflação. Porém, ele assegurou hoje que não está nos planos do novo governo de resgatar a TJLP, sigla da taxa de juros que servia de base dos financiamentos de longo prazo do banco durante os governos petistas. "Não há espaço para a volta da TJLP, ninguém discute isso", garantiu, assim como disse que a intenção do futuro governo não será trazer de volta o "BNDES do passado".
As declarações trouxeram algum alívio, mas não chegaram a animar os investidores. "A história não começa tão mal, mas não há nada a comemorar ainda. Se ele falasse algo ruim faria preço, mas as linhas sobre como será efetivamente a atuação do banco seguem indefinidas", disse Xavier, explicando que o futuro presidente do banco pode até ter dito "como não vai ser" mas ainda falta dizer "como vai ser".
Com o atraso na votação da PEC em dois turnos na Câmara, a expectativa dos demais nomes que vão compor o governo, e mais especificamente os da equipe econômica, foi transferida para amanhã. O presidente diplomado Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fará um pronunciamento às 9h30 e deve anunciar a maior parte dos ministros. (Denise Abarca - [email protected])
MERCADOS INTERNACIONAIS
A confiança do consumidor nos Estados Unidos se mostrando mais forte que o esperado por analistas impulsionou as ações em Nova York, na medida em que mostrou que, apesar dos riscos de uma recessão, os gastos devem apresentar alguma resiliência no país. Cenário parecido ocorreu na Europa, com bolsas em alta após a divulgação de indicadores da economia alemã com avanços acima do antecipado. Nos mercados de câmbio e de títulos públicos, a turbulência causada pela inesperada mudança de postura por parte do Banco do Japão (BoJ, na sigla em inglês) teve parte dos seus efeitos revertidos, com os rendimentos dos Treasuries operando em queda e o iene sofrendo alguma depreciação ante o dólar. Já o petróleo avançou mais de 2%, em dia marcado pelo recuo acima do esperado nos estoques semanas dos EUA.
O índice de confiança do consumidor americano subiu de 101,4 em novembro para 108,3 em dezembro, segundo o Conference Board. O resultado veio acima da expectativa de analistas consultados pelo The Wall Street Journal, que previam 101,2. Para o Citi, o aumento no índice de confiança do Conference Board segue uma tendência semelhante ao índice de sentimento do consumidor da Universidade de Michigan em dezembro, já que o cenário macro sugere que as medidas de confiança provavelmente chegaram ao fundo do poço e podem aumentar um pouco mais no futuro próximo. Ainda hoje, pesquisa do instituto alemão Gfk apontou que o índice de confiança do consumidor na maior economia europeia subirá de -40,1 pontos em dezembro para -37,8 pontos em janeiro. O resultado ficou acima da previsão de analistas, que previam avanço do indicador a -38 pontos.
Para Edward Moya, analista da Oanda, as ações dos EUA subiram após a recuperação da confiança do consumidor e com os fortes ganhos de Nike e da FedEx. Os papéis da gigante de entregas avançaram 3,45% após a empresa publicar seus resultados e uma redução de custos. Já a Nike subiu 12,19%, depois de indicar que seus estoques estão melhorando e suas perspectivas daqui para frente são bastante otimistas. "Os resultados da China estão indo na direção certa, pois começou a reabertura", aponta Moya. Neste cenário, nos índices, Dow Jones subiu 0,28%, aos 33.376,48 pontos, S&P 500 avançou 1,49%, aos 3.878,40 pontos, e Nasdaq teve alta de 1,54%, aos 10.709,37 pontos. Na Europa, cenário semelhante, com o CAC40 subindo 2,01% em Paris e o FTSE 100 avançando 1,72% em Londres.
Para a Capital Economics, embora um conjunto mais forte de números de confiança do consumidor nos EUA possa ter impulsionado as ações hoje, os padrões do S&P 500 em dezembro até agora se parecem muito com os de 2022 em geral, com um ressurgimento dos rendimentos do TIPS (títulos atrelados à inflação) pressionando os preços das ações. Setores pesados de tecnologia da informação, consumo discricionário e serviços de comunicação estão caindo mais do que a maioria, indica. Esperamos alguma fraqueza adicional nas ações até a primavera (do Hemisfério Norte) de 2023, à medida que uma leve recessão nos EUA ocorre juntamente com recessões mais profundas em algumas outras partes do mundo", projeta a consultoria. "Em vez de ver uma desaceleração prolongada nas ações de tecnologia continuar a arrastar o S&P 500 geral para baixo, esperamos que uma recuperação sustentada se materialize a partir de então, à medida que a economia global vira a esquina. Nossa previsão para o final de 2023 de 4.200 pontos para o índice está aproximadamente 8% acima de seu nível atual", conclui.
Hoje, os rendimentos dos Treasuries recuaram. Ao final da tarde, o juro da T-note de 2 anos caia a 4,223%, o da de 10 anos recuava a 3,677% e o do T-bond de 30 anos tinha baixa a 3,732%. Sobre o grande tema da semana para o mercado de títulos públicos, o ministro de Revitalização Econômica do Japão, Goto Shigeyuki, disse que a decisão do BoJ de estender a banda do seu instrumento de controle da curva de juros não representa uma "saída da estratégia de relaxamento monetário", e tem como objetivo "difundir os efeitos de suas medidas de forma mais eficiente". A fala reflete comentários do presidente do BoJ, Haruhiko Kuroda, em coletiva de imprensa após a decisão de ontem.
Ao fim da tarde, o dólar avançava a 132,24 ienes, recuperando apenas uma pequena parte das perdas de ontem. Já a libra recuava a US$ 1,2093, e o euro tinha queda a US$ 1,0616. O DXY fechou em alta de 0,19%, a 104,162 pontos. Já o rublo russo atingiu hoje o menor nível ante o dólar em cerca de sete meses, uma vez que o salto nos preços do petróleo e gás que ajudou a proteger o país das sanções ocidentais em meio à guerra na Ucrânia vem perdendo efeito. Apenas nesta semana, o rublo acumula perdas de quase 9% frente ao dólar.
O petróleo teve impulso hoje após o Departamento de Energia (DoE, na sigla em inglês) dos EUA informar que houve uma queda (5,895 milhões de barris) maior que o mercado esperava (300 mil) nos estoques no país. O WTI para fevereiro de 2023 fechou com ganho de 2,70% (US$ 2,06), a US$ 78,29 o barril, enquanto o Brent para o mesmo mês, fechou em alta de 2,76% (US$ 2,21), a US$ 82,20.
No cenário da guerra, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov disse nesta quarta-feira que Moscou não vê chance de negociações de paz entre Rússia e Ucrânia. Ao ser perguntado sobre a reação do governo russo à visita do presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, a Washington, Peskov disse que novas entregas de armas pelo Ocidente para Kiev "levam a um agravamento do conflito" com a Ucrânia. O líder ucraniano se reuniu com o presidente Joe Biden neste tarde e deverá discursar no Congresso americano ainda hoje, em sua primeira viagem oficial ao exterior desde o começo do conflito. (Matheus Andrade - [email protected])