DEZEMBRO COMEÇA COM CAUTELA NOS MERCADOS LOCAIS, ENQUANTO EXTERIOR ESPERA PAYROLL

Blog, Cenário

As dúvidas em relação à política fiscal e a demora na montagem dos ministérios pelo presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foram os gatilhos para a cautela que se impôs na maioria dos ativos domésticos, causando a realização de lucros nos DIs e na Bolsa. Com a negociação da PEC da Transição ainda sem muito avanço, o mercado esperava pelo menos as alguma definição do alto escalão da Esplanada para esta semana, mas não é o que vai ocorrer. O anúncio da escolha, tida como certa, de Fernando Haddad para a Fazenda esbarrou em compromissos do petista em São Paulo, que o fizeram voltar ontem de Brasília. A CCJ do Senado, onde o PT espera já definir o texto da PEC, só terá reunião semana que vem. E com o terceiro jogo do Brasil amanhã, o calendário fica mais espremido ainda. O decisão do STF em considerar a "revisão da vida toda" do INSS é monitorada, com o impacto bilionário ainda sendo calculado. Assim, os DIs subiram mais de 10 pontos nos vértices médios e longos e o Ibovespa cedeu aos 110.925,60 pontos, desvalorização de 1,39%. Pesou na Bolsa o desempenho de Petrobras (ON -3,75% e PN -4,01%), reagindo mal ao Plano Estratégico de 2023-2027. Esse mau humor local só não chegou ao dólar, que cedeu a R$ 5,1971 (-0,09%) no segmento à vista. Lá fora, a moeda americana mergulhou, assim como os Treasuries, enquanto o mercado dobrou a aposta em uma postura mais dovish do Federal Reserve após o presidente da instituição, Jerome Powell, sinalizar intensidade menor de elevação de juros em dezembro. As bolsas de Nova York, contudo, operaram em compasso de espera pelo relatório de emprego (payroll) de novembro, que será divulgado amanhã. Caíram os índices Dow Jones (-0,56%) e S&P 500 (-0,09%), e o Nasdaq teve elevação tímida (+0,13%).

•JUROS

•BOLSA

•MERCADOS INTERNACIONAIS

•CÂMBIO

JUROS

O mercado de juros começou dezembro corrigindo parte da queda acumulada nas últimas três sessões e as taxas estiveram em alta durante todo o dia. Sem avanço nas negociações da PEC da Transição e mantido o suspense sobre quem será o ministro da Fazenda do governo Lula, os investidores partiram para a realização de lucros. À tarde, sem a pressão do leilão do Tesouro que teve risco maior para o mercado, o avanço perdeu um pouco de força, também diante da aceleração da queda do rendimento dos Treasuries.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2024 encerrou em 13,980% (regular) e 13,975% (estendida), de 13,916% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2025 subiu de 13,03% para 13,13% (regular) e 13,12% (estendida). O DI para janeiro de 2027 terminou em 12,75% (regular) e 12,72% (estendida), de 12,65%.

Após as taxas encerrarem a semana passada em alta, a curva vinha devolvendo prêmios desde segunda-feira, com alguns vértices de longo prazo tendo fechado quase 100 pontos-base. O alívio esteve amparado na expectativa dos agentes de desidratação da PEC da Transição, diante dos sinais do Congresso de que considera excessivo o valor de R$ 198 bilhões de gastos a serem excepcionalizados da regra do teto a partir de 2023 e ainda mais sendo por quatro anos. Informações nos bastidores de que as lideranças da Câmara e do Senado vão defender um prazo de dois anos favoreceram o ajuste em baixa, assim como a perspectiva de que o valor caia para algo em torno de R$ 150 bilhões, considerado neutro do ponto de vista da expansão fiscal.

Nesta quinta-feira, o noticiário da PEC em banho-maria - as discussões na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado só começarão na próxima semana - abriu espaço para uma realização de lucros nos principais vértices. Até porque o nome do ministro da Fazenda - outro tema ao qual o mercado está bastante sensível - também só deve sair na semana que vem. Favorito para comandar a equipe econômica, o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad disse que não há previsão de anúncio de ministros nesta semana. Questionado sobre se vai, de fato, será o ministro da Fazenda, reiterou que a decisão cabe a Lula.

A correção das taxas, porém, perdeu ímpeto na segunda etapa, depois da realização do leilão de prefixados do Tesouro e com os retornos dos Treasuries atingindo as mínimas do dia. A taxa da T-Note de dez anos caiu a 3,50%, de 3,66% ontem no fim do dia. No câmbio, o dólar desceu a até R$ 5,1643, embora no fechamento, quando o mercado de juros já estava na sessão estendida, tenha devolvido quase toda a queda para fechar em R$ 5,1971 (-0,09%).

Na gestão da dívida, nestes primeiros leilões do mês, o Tesouro vendeu integralmente a oferta de 3 milhões de LTN, o dobro do lote da semana passada, quando a curva de juros estava bastante pressionada. Dobrou ainda o volume das NTN-F de 300 mil para 600 mil, tendo colocado hoje efetivamente 575 mil. O risco em DV01 ficou em US$ 588 mil, ante US$ 218 mil na semana passada, segundo a Necton Investimentos, que informou ainda que as taxas saíram todas abaixo do consenso de mercado.

Os estrategistas do BTG Pactual veem papéis pós-fixados como o melhor risco e retorno para o momento, diante da discussão de retomada de ciclo de juros, e afirmam seguir com alocação estrutural e tática nesta posição. Para os prefixados, a avaliação é de que "há prêmio de inflação nos vencimentos entre 2024 e 2025, com taxas em níveis atrativos, mas balanço de risco ainda inclinado para taxas elevadas por mais tempo".

No fim da tarde, o mercado avaliava eventuais impactos da decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de validar a tese da revisão da vida toda para aposentadorias do INSS, aprovada por 6 votos a 5. A revisão beneficiará pessoas que tinham salários superiores antes de 1994, mas a maioria dos beneficiários não se encaixa nesse grupo. De acordo com a equipe econômica, no entanto, a revisão pode implicar em gastos na ordem de R$ 360 bilhões em 15 anos. Esse cálculo é criticado por especialistas do Instituto de Estudos Previdenciários (Ieprev) e Instituto Brasileiro de Direito Previdenciário (IBDP), que consideram o valor superestimado.

Na agenda do dia, o destaque foi o PIB do terceiro trimestre, que subiu 0,4% na margem, abaixo da indicação da mediana das estimativas (0,6%), mas sem impacto na curva. Os números do PIB, porém, apontaram um espaço de R$ 148 bilhões para elevar as despesas, na PEC da Transição, sem que represente uma expansão de gastos em 2023. Esse valor será um balizador para as negociações da proposta. (Denise Abarca - [email protected])

BOLSA

Após avanços de 1,42% e de 1,96% nas duas últimas sessões de novembro, o Ibovespa fez pausa neste começo de mês, em baixa de 1,39%, a 110.925,60 pontos, refletindo, desde cedo, leitura abaixo do esperado para o PIB do terceiro trimestre, que vem no momento em que os investidores ainda manifestam cautela sobre as contas públicas a partir do próximo ano, enquanto aguardam a tramitação da PEC da Transição pelo Congresso. Na mínima, a referência da B3 foi a 110.547,84 saindo de máxima a 112.478,76, quase igual à abertura (112.478,68). O giro ficou em R$ 31,2 bilhões nesta quinta-feira. Na semana, o Ibovespa sobe 1,79%, com ganho a 5,82% no ano.

Apesar de o petróleo ter se mantido em alta em boa parte da sessão - embora sem sinal único no fechamento -, o dia foi de correção para as ações da Petrobras (ON -3,75%, na mínima do dia no encerramento; PN -4,01%), que vinham de ganhos nas sessões anteriores. Assim como Vale, que virou perto do fim e subiu hoje 0,55% (ON). Até ontem, tanto Petrobras como Vale reagiam, positivamente, à expectativa de afrouxamento das medidas associadas à política de covid-zero na China. Divulgado na noite de quarta-feira, "parece que o plano de investimento da Petrobras não agradou", diz Luiz Roberto Monteiro, operador da mesa institucional da Renascença.

A primeira sessão de dezembro também foi majoritariamente negativa para as ações de grandes bancos, outro segmento de peso no índice, com perdas que chegaram a 2,47% (Bradesco ON) no fechamento, à exceção de Santander (Unit +0,14%). Na ponta do Ibovespa, destaque para as altas de BB Seguridade (+2,33%), Embraer (+2,29%) e PetroRio (+1,80%). No lado oposto, Magazine Luiza (-9,09%), BRF (-9,02%) e Alpargatas (-6,99%).

A expansão do PIB no terceiro trimestre, de 0,4% na comparação com os três meses anteriores, ficou abaixo da estimativa de consenso no Projeções Broadcast, de alta de 0,6%, mas o resultado foi matizado por revisões em resultados anteriores.

"O resultado veio abaixo do esperado, mas havia muita incerteza por conta da revisão que o IBGE faria na série histórica. Com a revisão para cima de 2020 e a reponderação do PIB, tivemos também ajuste para cima no número de 2021, que subiu de 4,6% para 5,0%, e alterações nas variações do PIB no primeiro semestre de 2022", aponta em nota João Savignon, economista da Kínitro. "Na comparação com o nível pré-pandemia (4T19), apenas as indústrias extrativas e a administração pública seguem abaixo", acrescenta o economista.

No entanto, com a expectativa por um desempenho econômico ainda mais fraco no último trimestre do ano, talvez até negativo na margem, os investidores, que já vinham atentos a questões como relação dívida/PIB e arrecadação, ante a demanda por gastos públicos acima do teto nos próximos anos, voltaram a pisar no breque do apetite por risco nesta primeira sessão de dezembro.

"Para o último trimestre, a perspectiva é de um arrefecimento da atividade diante dos efeitos da elevação dos juros e um certo esgotamento dos benefícios da reabertura da economia", observa em nota Gustavo Sung, economista-chefe da Suno Research. Ele acrescenta que se espera também, em 2023, "um crescimento menos robusto das principais economias globais frente a elevação dos juros, inflação e os problemas no setor de energia, somados a uma desaceleração da China", combinação de fatores que tende a afetar o Brasil.

Lá fora, o índice de inflação ao consumidor nos Estados Unidos preferido do Federal Reserve, o PCE, também divulgado nesta manhã, veio em linha com o esperado, mas a leitura favorável acabou sendo ofuscada por indicadores fracos sobre a atividade industrial e dos investimentos em construção no país, o que inclinou os índices de ações em Nova York para o negativo na sessão, aponta Dennis Esteves, especialista em renda variável da Blue3. Ao final, exceção para o Nasdaq, que obteve leve alta de 0,13% no fechamento desta quinta-feira.

"Aqui, acompanhamos o sinal negativo do exterior, com cautela motivada ainda pela falta de anúncios sobre a equipe econômica do próximo governo e a dúvida quanto ao tamanho do 'rombo' na PEC da Transição", o que justifica a "posição defensiva dos investidores", acrescenta Esteves. (Luís Eduardo Leal - [email protected], com Maria Regina Silva)

18:32

 Índice Bovespa   Pontos   Var. % 

Último 110925.60 -1.3872

Máxima 112478.76 -0.01

Mínima 110547.84 -1.72

Volume (R$ Bilhões) 3.11B

Volume (US$ Bilhões) 6.00B

18:33

 Índ. Bovespa Futuro   INDICE BOVESPA   Var. % 

Último 111575 -1.32655

Máxima 112665 -0.36

Mínima 110920 -1.91

MERCADOS INTERNACIONAIS

Dólar e os juros dos Treasuries seguiram recuando nesta tarde, ainda seguindo o discurso de ontem do presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, que apontou uma desaceleração na alta de juros nos Estados Unidos, consolidando a perspectivas de uma elevação de 50 pontos base nas taxas em dezembro. Já as bolsas de Nova York foram pressionadas por uma série de indicadores da economia americana, especialmente os índices de gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês), e terminaram o dia sem sinal único. A grande expectativa ficou com a publicação do payroll dos Estados Unidos amanhã, que deverá dar indicações sobre os próximos passos da política monetária no país. Ficou no radar ainda a situação chinesa, com sinalizações de que a política de covid zero poderá ser afrouxada, o que impulso ainda a commodities, incluindo o petróleo.

Nos EUA, o PMI da indústria elaborado pelo Instituto para Gestão da Oferta (ISM, na sigla em inglês), recuou de 50,2 em outubro a 49,0 em novembro. Analistas ouvidos pelo The Wall Street Journal previam queda um pouco maior, a 49,8. O mesmo indicador elaborado pela S&P Global apontou queda de 50,4 em outubro para 47,7 em novembro. Na visão de Edward Moya, analista da Oanda, as ações em Nova York não conseguiram manter os ganhos anteriores, já que Wall Street digeriu uma série de dados econômicos. "Tem sido um bom rali, mas ninguém quer ser agressivamente otimista para o payroll", aponta. A economia americana criou 200 mil postos de trabalho em novembro, de acordo com a mediana das projeções de 26 economistas ouvidos pelo Projeções Broadcast. Se confirmado, o resultado representará uma desaceleração ante o número de outubro, mas a ritmo insuficiente para alterar a percepção de um mercado de trabalho apertado nos EUA.

Para Moya, o discurso de Powell ontem foi uma boa notícia para ativos de risco, pois ele se concentrou na queda da inflação e no fato de a economia estar indo bem. "Os riscos de aperto excessivo fazem com que muitos esperem que o Fed encerre seu ciclo de aperto no início do ano que vem e isso continuará se o mercado de trabalho diminuir rapidamente", observa. Além disso, anteriormente, os investidores procuravam sinais para comprar ações após relatos de que a China estava se preparando para divulgar novas diretrizes para covid-19. "A China está longe de estar disposta a relaxar completamente suas diretrizes, mas essas próximas etapas podem ajudar a acabar com os protestos", diz o analista. Em Nova York, Dow Jones fechou em baixa de 0,56%, aos 34.396,53 pontos, S&P 500 caiu 0,08%, aos 4.076,79 pontos, e o Nasdaq avançou 0,13%, aos 11.482,45 pontos. Já na Europa, a maioria das bolsas fechou em alta, incluindo avanço de 0,65% do DAX em Frankfurt e alta de 0,31% do FTSE MIB em Milão.

No câmbio, a Convera destaca que o início fraco do dólar em dezembro segue os comentários de Powell, que reformulou amplamente uma perspectiva para a política que os mercados já precificaram. "A inflação ainda muito quente tem o Fed no caminho para aumentar ainda mais as taxas. Mas o ritmo dos aumentos pode diminuir ainda neste mês, quando o Fed emitir sua decisão política final do ano", avalia. O destaque foi o iene, que se valorizou perto de 2% ante o dólar depois que Naoki Tamura, do Banco do Japão (BoJ), afirmou à Bloomberg que o país deve conduzir uma revisão das políticas monetária e de inflação "em breve, ou um pouco mais tarde". Tamura é o primeiro membro do conselho a abertamente discutir a possibilidade de mudança, o que, para observadores do BoJ, já é um prenúncio para novos movimentos. No final da tarde, o dólar caia a 135,25 ienes, o euro se valorizava a US$ 1,0528 e a libra tinha alta a 1,2246. Já o DXY recuou 1,15%. Os rendimentos dos Treasuries também recuaram, e ao fim da sessão, a T-note de 2 anos tinha baixa a 4,231%, a de 10 anos caía a 3,507% e o T-bond de 30 anos tinha queda a 3,608%.

O petróleo não teve direção única após ganhos fortes da sessão anterior. A commodity foi apoiada pelo recuo do dólar, com atenção também para a perspectiva de potencial relaxamento nas regras mais rígidas da China para conter a covid-19. Já na Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep+) a Oxford Economics acredita o grupo de produtores deve considerar cortes maiores na produção, para apoiar os preços. A consultoria avalia, contudo, que a Opep+ deve manter a política atual, deixando eventuais mudanças para 2023. O WTI para janeiro fechou em alta de 0,83% (US$ 0,67), em US$ 81,22 o barril, na New York Mercantile Exchange (Nymex), e o Brent para fevereiro recuou 0,10% (US$ 0,09), a US$ 86,88 o barril, na Intercontinental Exchange (ICE). (Matheus Andraede - [email protected])

CÂMBIO

A cautela com o ambiente fiscal doméstico e ajustes no mercado futuro de câmbio impediram que o real se beneficiasse de forma ampla da onda de enfraquecimento da moeda americana no exterior, após dados fracos de atividade e arrefecimento da inflação nos EUA reforçarem a aposta em aperto monetário menor pelo Federal Reserve. Também teria contribuído para limitar o fôlego do real o tombo do Ibovespa, em meio ao resultado abaixo do esperado do PIB brasileiro no terceiro trimestre.

Com oscilação de cerca cinco centavos entre a máxima (R$ 5,2176) e a mínima (R$ 5,1643), o dólar à vista encerrou a primeira sessão de dezembro em baixa de apenas 0,09%, cotado a R$ 5,1971. Apesar da oscilação modesta, a moeda marcou o quarto pregão consecutivo de queda. Na semana, a divisa acumula desvalorização de 3,94% e se situa abaixo de R$ 5,20, após fechar na sexta-feira passada na linha de R$ 5,41.

Operadores ressaltam que a venda de US$ 2 bilhões em leilão de linha de venda com compromisso de recompra pelo Banco Central contribuiu para aumentar a liquidez no mercado spot e, provavelmente, atendeu à demanda típica de fim de anos para remessas de recursos. No mercado futuro, o contrato de dólar para dezembro operou em alta a maior parte do dia, em aparente movimento de realização de lucros e recomposição de posições defensivas.

Para o CIO da Alphatree Capital, Rodrigo Jolig, o mercado local experimenta um "dia de ressaca" hoje, após o rali de ontem em meio a um forte apetite ao risco no exterior, na esteira de declarações do presidente do BC americano, Jerome Powell.

"Havia medo de que Powell viesse com uma retórica mais forte. A meu ver, ele não mudou muito, mas o mercado teve a interpretação de que o discurso não foi tão duro. O real apreciou bastante e hoje está sem força, com o Ibovespa devolvendo parte da valorização de ontem", diz Jolig, ressaltando que os ativos locais tiveram bom desempenho até aqui nesta semana, apesar das preocupações com as incertezas fiscais domésticas e a expectativa sobre quem será o futuro ministro da Fazenda.

Lá fora, o índice DXY - termômetro do comportamento do dólar frente a uma cesta de seis divisas fortes - caiu mais de 1%, e furou a linha dos 105 mil pontos, com perdas de quase 2% da moeda americana frente ao iene e baixa ao redor de 1% em relação ao euro.

Ao aceno de alta menor dos juros em dezembro feito pelo presidente do Fed ontem se somaram hoje indicadores que sugerem desaceleração da economia e da inflação nos EUA, o que aumenta a expectativa para a divulgação, amanhã, do relatório de emprego (payroll) americano em novembro. Pela manhã, o Departamento do Comércio americano informou que núcleo do índice de preços de gastos com consumo (PCE) americano - que exclui itens voláteis como alimentos e energia - subiu 0,2% em outubro, abaixo do esperado (+0,3%).

Para o economista-chefe da Western Asset, Adauto Lima, apesar de o real ter se beneficiado em parte ontem do ambiente externo positivo, a formação da taxa de câmbio é muito mais influenciada por questões domésticas. Lima ressalta que o real já se valorizava ontem antes da fala de Powell diante da perspectiva de desidratação da PEC da Transição, após informação de que o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP), teria dito ao presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva que, do jeito que está, a PEC não passa no Congresso. A proposta prevê gastos extrateto de R$ 198 bilhões e retirada do Bolsa Família da regra do teto por quatro anos.

"É claro que uma fala de Powell mexe com preços no mundo inteiro. Mas o que mexe mais aqui é o fiscal. Mesmo se a PEC for reduzida para R$ 150 bilhões, teremos expansão fiscal e estímulo à demanda em uma economia ainda aquecida, o que aumenta o risco inflacionário", diz Lima, ressaltando que o país vai sair de um cenário de superávit primário de 1% do PIB neste ano para déficit por volta de 1,5% em 2023. "E isso tudo sem nenhuma regra fiscal para ancorar de controlar a trajetória da dívida. Isso bate no câmbio e principalmente nos juro futuros como aumento de risco".

Entre os indicadores do dia, o IBGE informou que o PIB brasileiro subiu 0,4% no terceiro trimestre em relação ao segundo, abaixo da mediana da pesquisa Projeções Broadcast (+0,6%). Em relação ao terceiro trimestre de 2021, houve avanço de 3,6%, em linha com o esperado. À tarde, o Banco Central divulgou que o fluxo cambial foi negativo em US$ 1,609 bilhão na semana passada (de 21 a 25 de novembro), com saída líquida de US$ 49 milhões do canal financeiro e de US$ 1,560 bilhão via comércio exterior. Mesmo assim, em novembro (até o dia 25) o fluxo ainda é positivo em US$ 2,232 bilhões, com entrada líquida de US$ 2,121 bilhões pelo canal financeiro. (Antonio Perez - [email protected])

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