Novembro termina com sensíveis baixas nos preços dos ativos locais, ainda que o alívio hoje e nas últimas sessões tenha aparado as perdas. Com saltos acumulados superiores a 100 pontos-base nos principais contratos, os juros futuros foram o espelho do comportamento geral dos ativos domésticos no mês. Tanto que, quando a curva do DI iniciou um processo de queima de prêmios, o real e a Bolsa foram no mesmo caminho. O pano de fundo de todo o movimento segue sendo o impasse fiscal em 2023, com a equipe do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva tentando nos 30 dias do mês um consenso - em vão - em torno da PEC que estoura o teto de gastos para pagamento de programas sociais. Depois de aliados de Lula mudarem de estratégia e protocolarem o texto com "gordura" a ser queimada, o mercado passou a ver a possibilidade de o Congresso desidratar a proposta tanto em termos financeiros (de R$ 198 bilhões a algo em torno de R$ 150 bilhões) quanto em prazo de vigência dessa exceção (de quatro para um ou dois anos). Aliás, apuração do Broadcast Político hoje de que o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), avisou a Lula que, para o texto passar, será preciso diminuir o tempo de excepcionalização trouxe redução firme dos juros e do dólar. A taxa do DI para janeiro de 2025 terminou a etapa regular em 13,03%, de 13,17% ontem e 11,70% em 31 de outubro. O dólar à vista cedeu 1,63% hoje, a R$ 5,2016, subindo 0,69% no mês. Mais resistente, a Bolsa hoje só se firmou mesmo no positivo - para encerrar em 112.486,01 pontos, na máxima, em alta diária de 1,42% e baixa mensal de 3,06% - com os ventos externos. O presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, confirmou aquilo que os mercados apostaram durante todo o mês: há espaço para que o próximo encontro do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc) decida por uma diminuição da intensidade da elevação de juros, hoje na faixa de 3,75% a 4,00%. Ainda que tenha ponderado que a taxa pode chegar a um nível terminal mais alto do que o projetado em setembro, ele disse acreditar em um "pouso suave" da atividade econômica. Em Novas York, o índice Dow Jones subiu 2,18% hoje e 5,67% no mês; o S&P 500 ganhou 3,09% e 5,38%, respectivamente; e o Nasdaq saltou 4,41% e 4,37%. Ainda lá fora, o mês foi de queda dos preços das commodities, diante de sinais mais intensos de desaceleração na China.
•JUROS
•CÂMBIO
•BOLSA
•MERCADOS INTERNACIONAIS
JUROS
A volatilidade deu o tom aos negócios com juros nesta última sessão de novembro, com os investidores propensos a uma realização de lucros, mas ao tempo dividindo atenções entre as perspectivas para a PEC da Transição e o exterior, onde as apostas numa flexibilização das restrições de mobilidade na China continuaram dando suporte a moedas de países exportadores de commodities, como o real. No fechamento da sessão, prevaleceu o sinal de baixa, após o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), indicar que a PEC, como está, não passa. Houve ainda contribuição do discurso do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, que ao retirar pressão dos Treasuries, respingou por aqui também.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2024 fechou a etapa regular em 13,915% e a estendida em 13,910%, de 13,966% ontem no ajuste. A do DI para janeiro de 2025 caiu de 13,17% para 13,03% (regular e estendida). O DI para janeiro de 2027 terminou com taxa de 12,65% a sessão regular, e a estendida em 12,66%, de 12,87%.
Após alternarem sinal de alta e baixa ao longo do dia, as taxas se firmaram em queda só na última hora de negócios, após o Broadcast Político apurar que Lira teria sinalizado ao presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva que o governo eleito, para garantir a aprovação da PEC, deveria trabalhar pela retirada do Bolsa Família do teto de gastos por um prazo menor do que quatro anos. A assessoria de imprensa do presidente da Câmara, porém, afirmou que a reunião nesta manhã foi "restrita aos dois" e negou que a possível desidratação do texto tenha sido abordada.
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), também se reúne hoje com Lula e deve manifestar a mesma defesa de um enxugamento da validade da PEC. Nos bastidores, lideranças do PT falam em reduzir o prazo de retirada do Bolsa Família do teto de gastos para dois anos.
Para o BTG, a aprovação nos atuais termos - com o "waiver" de quase R$ 200 bilhões de forma permanente - levaria a um crescimento da dívida bruta do governo geral para 105% do PIB até 2030. Neste cenário, o banco vê uma trajetória ascendente de endividamento, sem estabilização nesta década. Os analistas Iana Ferrão e Fabio Serrano notam que o aumento do risco fiscal levaria a um aperto das condições financeiras do País, que resultaria em mais inflação e menos crescimento.
Para o economista-chefe do Banco Modal, Felipe Sichel, os vários "adiamentos" do texto - seja na apresentação ou no início da tramitação - denotam o problema de falta de consenso e aumentam o risco para a aprovação, dado o prazo cada vez mais exíguo. "Não é à toa que já se fala em plano B", disse, referindo-se à possibilidade de edição de medidas provisórias com abertura de crédito extraordinário já em janeiro.
A PEC tem de ser aprovada no Senado e Câmara até 15 de dezembro. Apesar de o texto já reunir o número suficiente de assinaturas, a tramitação só vai começar na semana que vem quando haverá reunião da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).
Mais cedo, o contraponto ao efeito das incertezas da PEC sobre a curva local veio do exterior, em novo dia em que as apostas na redução da política de Covid Zero na China embalaram as commodities e, consequentemente, moedas de países exportadores, como o real. No câmbio, disputas técnicas pela formação da Ptax de fim de mês trouxeram volatilidade pela manhã, mas, passado o fechamento da taxa, o dólar engatou recuo firme para fechar na casa de R$ 5,20, ajudando a curva a fechar.
O alívio nos prêmios na reta final também foi amparado pela virada do rendimento dos Treasuries para baixo, na esteira das declarações de Powell. O mercado se apegou à afirmação de que o momento de moderar ritmo de aumento das taxas de juro pode chegar logo em dezembro. Mas Powell também ponderou que a taxa ao fim do ciclo de aperto monetário poderá ser mais alta que a inicialmente prevista. "A história adverte fortemente contra o afrouxamento prematuro da política. Vamos manter o curso até que o trabalho seja feito", disse. No fim da tarde, a taxa da T-Note de dez anos estava em 3,69%, de 3,75% ontem.
É a terceira sessão seguida de recuo dos DIs, que, no balanço do mês, porém, avançaram. O aumento foi mais forte nos vértices de médio prazo, refletindo tanto a piora do risco fiscal quanto o da retomada do aperto na Selic nos próximos meses.
Na avaliação do Barclays, os juros futuros não devem voltar ao nível observado antes das eleições no curto prazo, mas há espaço para uma retirada de prêmios da curva caso o noticiário fiscal se torne mais positivo. Para o banco, há espaço para um recuo do DI para janeiro de 2025 a cerca de 12,75%. (Denise Abarca - [email protected])
CÂMBIO
Sinais mais fortes de que a PEC da Transição será desidratada no Congresso Nacional e uma melhora do apetite por risco no exterior ao longo da tarde, na esteira de discurso do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, abriram espaço para uma forte onda de apreciação do real que levou o dólar a encerrar a sessão desta quarta-feira, 30, no patamar de R$ 5,20.
Pela manhã, a divisa até ensaiou uma alta modesta, interrompendo a sequência de dois pregões seguidos de queda. Passada a volatilidade gerada pela disputa pela formação da última Ptax de novembro na primeira etapa de negócios, contudo, o dólar perdeu força e adentrou a tarde em baixa moderada, trabalhando ao redor de 5,27. Esse movimento se dava em linha com a tendência predominante de enfraquecimento da moeda americana frente a divisas de exportadores de commodities, ainda sob efeito da possibilidade de que a China relaxe a política de Covid zero.
O dólar renovou sucessivas mínimas a partir de 15h, com a confluência de fatores internos e externos. Por aqui, pesou a informação, apurada pelo Broadcast Político com fontes, de que o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), disse ao presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, em reunião em Brasília, que a proposta original da PEC da Transição - com gastos de R$ 198 bilhões fora do teto e prazo de quatro anos - não passa no Congresso. Assessoria de imprensa de Lira confirmou o encontro com Lula, mas disse que as informações publicadas "não condizem com a verdade".
À redução de percepção de risco fiscal doméstico se somou o tombo da moeda americana frente a divisas fortes e a alta das bolsas em Nova York, após o presidente do Fed confirmar a possibilidade de redução do ritmo de alta da taxa de juros nos Estados Unidos a partir do próximo mês.
Com mínima a R$ 5,1966, registrada nos minutos finais da sessão, a moeda encerrou o dia em baixa de 1,63%, cotada a R$ 5,2016 - menor valor desde o último dia 9 (R$ 5,1821). Com uma sequência de três pregões seguidos de baixa, o dólar agora acumula perdas de 3,86% na semana. Com isso, a divisa termina novembro com ganhos de apenas 0,69%.
"Foi um dia bem volátil com o dólar oscilando cerca de dez centavos entre a máxima e a mínima. O mercado está muito sensível à questão fiscal e a formação do novo governo", afirma o head de câmbio da SN Investimentos, Renan Mazo, que ainda não vê uma tendência clara para a moeda e prevê mais volatilidade ao longo dos próximos dias.
Segundo um economista-chefe de um banco brasileiro, que pediu anonimato, o mercado começa a retomar a tese, que vicejou logo após o primeiro turno das eleições, de que Congresso vai podar as iniciativas mais arrojadas do governo eleito. "Apesar de toda a crítica ao orçamento secreto, o governo vai ter que ceder ao Lira, que manterá um poder de barganha imenso. O Congresso ainda vai tentar manter o protagonismo que ganhou com a falta de iniciativa de Bolsonaro", afirma.
Nas contas do BTG Pactual, a aprovação do texto original PEC da Transição levaria a um crescimento da dívida bruta do governo geral para 105% do PIB. Já propostas alternativas, como a defendida pelo senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), que eleva o teto de forma permanente em R$ 80 bilhões, evitariam a exploração da dívida em relação ao PIB.
No exterior, o índice DXY - que mede o desempenho do dólar frente a uma cesta de seis divisas fortes - afundou à tarde e registrou mínima abaixo da linha dos 106,000 pontos, com perdas fortes em relação ao euro e ao iene.
Em sua fala, Powell afirmou que o BC americano não quer "apertar demais" as condições financeiras porque reduzir a taxa de juro não é algo que a instituição deseja fazer em breve. "Então, é por isso que estamos desacelerando", disse. Ele reconheceu que a atividade perde fôlego e que o mercado de trabalho arrefece, mas reforçou que acredita em um pouso suave da economia americana. "Vemos a inflação melhorar e o mercado de trabalho abrandar, mas não entrar em recessão", reforçou, acrescentando de que a inflação cairá e que esse cenário é "muito plausível".
Mais cedo, dados do relatório ADP mostram que o setor privado dos Estados Unidos criou 127 mil vagas de emprego em novembro, bem abaixo da expectativa dos analistas, de geração de 190 mil postos de trabalho. Foi a maior desaceleração desde janeiro de 2021. Esses dados aumentam a expectativa para a divulgação na sexta-feira, 2, do relatório de emprego (payroll) de novembro.
A especialista em renda fixa da Blue3, Fernanda Bandeira, ressalta que os dados do ADP e as palavras de Powell reforçaram a possibilidade de que o Fed realmente comece a desacelerar o ritmo de alta dos juros nos EUA. "O mercado se animou com Powell. O Fed ainda não está com discurso dovish, mas aumenta o sentimento é de que os juros já não vão subir com tanta intensidade nos EUA", afirma Bandeira. (Antonio Perez - [email protected])
18:32
Dólar (spot e futuro) Último Var. % Máxima Mínima
Dólar Comercial (AE) 5.20160 -1.6264 5.31750 5.19660
Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0
DOLAR COMERCIAL FUTURO 5294.500 0.39822 5316.000 5244.000
DOLAR COMERCIAL FUTURO 5213.500 -1.77108 5348.000 5204.000
BOLSA
O Ibovespa mostrava indecisão quanto ao sinal do dia até o início da fala do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, no meio da tarde, quando então, acompanhando a melhora em Nova York, firmou-se em alta, acentuando os ganhos perto do fechamento. Ao fim, a referência da B3 teve avanço de 1,42%, aos 112.486,01 pontos, em máxima da sessão coincidindo com o fechamento, enquanto, em Nova York, o índice amplo (S&P 500) subiu 3,09% e o de tecnologia (Nasdaq), 4,41%. Assim como o S&P 500, o índice blue chip de Nova York (Dow Jones) também fechou na máxima do dia, em alta de 2,18%.
Na B3, reforçado, o giro foi a R$ 40,2 bilhões nesta sessão de fechamento de novembro, em que o Ibovespa recuou 3,06%, a primeira perda mensal desde o tombo de 11,5% em junho - no mês anterior, outubro, o índice havia avançado 5,45%. Na semana, a referência sobe 3,22%, com ganho a 7,31% no ano. Hoje, oscilou entre mínima de 110.202,25 e a máxima de 112.486,01, do fechamento da sessão, saindo de abertura aos 110.909,69 pontos.
Após encerrar outubro aos 22.462,12 pontos em dólar, com o Ibovespa em alta de 5,45% e a moeda americana em baixa de 4,24% no mês, agora, neste fim de novembro, o índice da B3 está um pouco mais barato na moeda estrangeira, a 21.625,27 pontos, refletindo o avanço de 0,69% para o dólar neste penúltimo mês do ano e a queda de 3,06% acumulada pelo índice de ações.
Nesta quarta-feira, o Ibovespa acompanhou progressivamente a melhora de Nova York, com as três referências de lá começando a renovar máximas da sessão durante os comentários de Powell, o que permitiu que o índice da B3 se firmasse, então, pouco acima dos 111 mil pontos - ao fim, acima dos 112 mil, teve o melhor nível de encerramento desde 14 de novembro, então aos 113.161,28 pontos.
O presidente do Fed observou que a inflação, no momento, está mais espalhada pela economia, não apenas em salários, e que ainda há falta de equilíbrio entre oferta e demanda no mercado de trabalho - na sexta-feira, saem novos dados oficiais sobre o emprego nos Estados Unidos, o payroll de novembro.
Em comentário bem recebido pelos investidores, Powell confirmou a expectativa do mercado de que, em dezembro, pode haver moderação no ritmo de alta dos juros nos Estados Unidos, o que contribuiu para colocar Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq nas máximas da sessão. Por outro lado, Powell apontou que, ao final do ciclo de elevação das taxas, os juros poderão ficar acima do que inicialmente se previa. "Na medida em que precisamos manter as taxas mais altas ou mantê-las mais altas por mais tempo, isso vai estreitar o caminho para um pouso suave", admitiu também o presidente do Fed.
Por aqui, os juros futuros tiveram reação favorável ao relato, do Broadcast Político, de que o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), sinalizou ao presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) que a PEC da Transição, como está, não passa. Por isso, o governo eleito, para garantir a aprovação, deveria trabalhar pela retirada do Bolsa Família do teto de gastos por um prazo menor do que os quatro anos propostos.
“As falas de Lula contrárias à responsabilidade fiscal neutralizaram comportamento do mercado até favorável à sua eleição: naquela primeira semana depois do 30 de outubro, o EWZ (principal ETF de Brasil em Nova York) subiu 7,5%, o real se apreciou e a curva de juros fechou. Depois, vieram as declarações contra o fiscal, que assustaram o mercado e acentuaram demais a atenção sobre os valores e prazos da PEC da Transição. Mais do que ao valor e ao período em que se colocarão gastos fora do teto, o que pesa mais é a falta de parâmetro a partir do momento em que Lula se coloca de forma tão aberta contra a responsabilidade fiscal”, diz Carlos Belchior, estrategista-chefe da G5 Partners.
Tal estresse, contudo, tem sido revertido pela expectativa de que a PEC venha a ser desidratada durante a tramitação no Congresso. Se, no cenário doméstico, cresce a expectativa por PEC menos ambiciosa, no exterior, a confiança na flexibilização das restrições na China relacionadas à política de covid-zero contribuiu, como ontem, para sustentar novo dia de recuperação para as ações de commodities.
As grandes do setor, Petrobras (ON +3,44%; PN +5,04%, na máxima do dia no fechamento) e Vale (ON + 1,50%), com peso no índice, puxaram o Ibovespa para cima, em movimento reforçado no fim do dia pela mudança de sinal dos grandes bancos, ao positivo, com destaque para Itaú (PN +1,01%) e Bradesco (ON +3,15%, máxima do dia no fechamento da sessão). Na ponta do Ibovespa, Locaweb (+7,55%), CVC (+6,12%), Totvs (+5,65%) e Petrobras (PN +5,04%). No lado oposto, BRF (-5,89%), Taesa (-4,06%) e Braskem (-3,63%). (Luís Eduardo Leal - [email protected])
18:32
Índice Bovespa Pontos Var. %
Último 112486.01 1.42134
Máxima 112486.01 +1.42
Mínima 110202.25 -0.64
Volume (R$ Bilhões) 4.02B
Volume (US$ Bilhões) 7.59B
18:33
Índ. Bovespa Futuro INDICE BOVESPA Var. %
Último 113075 1.31261
Máxima 113075 +1.31
Mínima 110590 -0.91
MERCADOS INTERNACIONAIS
Os esperados comentários do presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, nesta tarde tiveram forte impacto nos mercados, especialmente a sinalização de que a autoridade monetária deverá reduzir o ritmo de sua alta de juros já em dezembro. Apesar disso, Powell reforçou que a inflação nos Estados Unidos segue muito alta e que o Fed poderá ter uma taxa final de juros acima do que era esperado em setembro. Ainda assim, as bolsas de Nova York ganharam impulso e fecharam em alta, com destaque para o Nasdaq, que subiu mais de 4%, enquanto o dólar e os rendimentos dos Treasuries foram pressionados. O petróleo teve importantes ganhos, em uma sessão que observa ainda as perspectivas de maior flexibilização das medidas para conter a covid-19 na China.
Na visão da Stifel Economics, os comentários de Powell parecem ter solidificado as expectativas do mercado para um aumento menor de 50 pontos-base nos juros no próximo mês, depois de consecutivas altas de 75 pontos nas taxas. No entanto, dada a falta de redução significativa na inflação com os custos principais ainda bem acima da meta de 2% do Fed, o nível terminal da política monetária provavelmente ficará bem acima da previsão anterior do Comitê de 4,6%, avalia. Powell afirmou ainda acreditar na possibilidade de os EUA fazerem um pouso suave na economia a despeito do processo de aperto monetário. "O desemprego aumenta. Mas não é um pouso forçado. Não é uma recessão severa. Você pode pensar no desemprego subindo, mas não realmente entrando em recessão", avaliou.
A segunda leitura do PIB do terceiro trimestre dos EUA hoje mostrou revisões para cima, mas o crescimento central está desacelerando e apoiando a ideia de que a inflação está pesando nos gastos das empresas e dos consumidores, avalia Edward Moya, analista da Oanda. "Ainda se espera que a economia tenha pontos de dados econômicos enfraquecidos daqui para frente, à medida que o impacto dos aumentos das taxas do Fed começa a ser sentido. Um pouso suave ou uma recessão curta e rasa ainda parecem ser os cenários favoritos de como será 2023", avalia.
Neste cenário, Dow Jones fechou em alta de 2,18%, aos 34.589,77 pontos, S&P 500 subiu 3,09%, aos 4.080,11 e Nasdaq avançou 4,41%, aos 11.468,00 pontos. Em contrapartida, no fim da tarde, na renda fixa, o juro da T-note de 2 anos recuava 4,322%, o da de 10 anos baixava 3,660% e o do T-bond de 30 anos tinha queda a 3,772%.
No câmbio, a Convera aponta que o dólar tem seu maior declínio mensal desde 2010, uma queda de quase 5%. "A moderação da inflação nos EUA fez com que os mercados antecipassem um caminho menos agressivo para as taxas de juros do Fed, cujo rápido aumento neste ano tem sido o molho secreto por trás da alta do dólar para picos de 20 anos", aponta, o que foi reforçado hoje pelos comentários de Powell. Ao final da tarde, o euro avançava a US$ 1,0417 e a libra tinha alta a US$ 1,2072. O DXY fechou em baixa de 0,82%. No mês, houve recuo de 5,09%.
No mercado de petróleo, após protestos contra a política de covid-zero na China, investidores se viram confiantes de possíveis relaxamentos nas restrições, o que levou à expectativa de que a demanda pela commodity possa se recuperar no país. Além disso, hoje, o Departamento de Energia (DoE, na sigla em inglês) dos Estados Unidos indicou que os estoques de petróleo do país caíram 12,581 milhões na semana passada, queda mais acentuada do que a previsão de analistas ouvidos pelo The Wall Street Journal. Na New York Mercantile Exchange (Nymex), o petróleo WTI para janeiro de 2023 fechou em alta de 3,00% (US$ 2,35), a US$ US 80,55 o barril, enquanto o Brent para fevereiro do mesmo ano negociado na Intercontinental Exchange (ICE) fechou em alta de 3,22% (US$ 2,72), a US$ 86,97 o barril. (Matheus Andrade - [email protected])