Pela segunda semana seguida os ativos domésticos sofreram com o mau humor do mercado em relação ao rumo fiscal do novo governo. As dúvidas envolvendo a PEC da Transição estão no centro do mal-estar do investidor, que ainda não consegue extrair um consenso para precificar com exatidão o quanto de gastos extras virão em 2023. Nem os rumores de que o Congresso quer baixar a conta extrateto nem mesmo a sinalização de revisões de gastos feitas pelo vice-presidente eleito Geraldo Alckmin (PSB) conseguiram acalmar os agentes. Há tensão no ar também quanto à escalação da equipe econômica. Diante dos recados do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, de que vai "reagir" se não houver convergência entre as políticas fiscal e social, a curva de juros futuros embutia no encerramento da sessão regular desta sexta-feira chance de alta da Selic nas três próximas reuniões, com alguma flexibilização em meados do ano que vem e a taxa básica encerrando 2023 em 14%. Essa reponderação em relação aos juros acabou contaminando os demais ativos domésticos, penalizados adicionalmente pelas incertezas do cenário como um todo. A Bolsa até tentou entrar na onda do alívio mais cedo, mas terminou aos 108.870,17 pontos, recuo diário de 0,76% e semanal de 3,01%. Hoje o dólar até teve espaço para uma queda (-0,50%, aos R$ 5,3748), mas o cômputo semanal foi de avanço de 0,77%. Lá fora, a semana também foi de relativa cautela. A crise geopolítica em torno da Rússia não cessa e o Federal Reserve tem dado sinais de até diminuir a intensidade de aumento de juros, mas sem deixar de levar as taxas a um terreno contracionista. A T-note de 2 anos subiu 20 pontos na semana, o DXY subiu a 106,93 pontos (ganho diário de 0,22% e semanal de 0,60%) e o índice S&P 500 teve alta pontual hoje (+0,48%), mas queda semanal de 0,69%.
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JUROS
Os juros encerraram a sessão desta sexta-feira, marcada pela volatilidade, em alta, maIs acentuada nos vencimentos curtos. As expectativas em torno do futuro da PEC da Transição e seus riscos para a política fiscal e monetária continuaram orientando os negócios, com os agentes ao longo do dia ora tentando se apegar a sinais de consciência fiscal emitidos pela equipe de transição para estancar a sangria que marcou a semana, ora preocupados com o nome de Fernando Haddad ganhando força para assumir a Fazenda. Pelo desempenho dos DIs curtos, ficou bem claro o recado do Banco Central de que vai "reagir" se não houver convergência entre as políticas fiscal e social, reforçando o viés de desinclinação da curva na semana.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2024 fechou em 14,335% (regular) em 14,375% (estendida), de 14,152% ontem no ajuste. A do DI para janeiro de 2025 subiu de 13,57% para 13,715% (regular) e 13,76% (estendida). O DI para janeiro de 2027 terminou a regular em 13,46% e a estendida em 13,49%, de 13,30% ontem. Nesses níveis, as taxas estão nas máximas desde abril de 2016.
Na semana, os trechos curto e intermediário abriram em torno de 40 pontos e o longo, cerca de 20, configurando o chamado "bear flattening" para a curva. O risco fiscal, que em teoria afeta mais a parte longa, fez estrago nos curtos, com aumento das apostas de que o Copom terá de voltar a subir a Selic antes de iniciar um ciclo de queda.
Em evento da Bloomberg, Campos Neto disse que a definição final sobre o arcabouço fiscal a ser adotado tem o potencial de interferir no cenário para a política monetária, uma vez que a política fiscal serve de "input" para os modelos. Assim, considera importante haver coordenação entre a política monetária e a fiscal neste estágio do ciclo. “Se acreditarmos que a convergência não acontecerá por fiscal, vamos reagir”, adiantou, observando que a população pobre é a mais prejudicada quando as condições são adversas.
"A fala dele foi pragmática. Quanto menos ortodoxo for o fiscal, pior será para a política monetária", disse o diretor de Tesouraria do Banco Fator, Bruno Capusso, destacando que quanto mais tempo a Selic demora para cair, mais se acentua o spread negativo entre os longos e curtos na curva a termo. Para se ter ideia, o diferencial entre os vencimentos de janeiro de 2025 e janeiro de 2029, que era de -15 pontos-base em 1º de novembro, hoje fechou em -27 pontos.
Ao ratificar a percepção que o mercado já vinha amadurecendo, de que vai sobrar para o BC combater eventuais excessos fiscais, a fala de Campos Neto reforçou as apostas de alta da Selic. Segundo apontam cálculos da Greenbay Investimentos, a precificação na curva é de aperto nas próximas três reuniões do Copom, mas agora nas duas primeiras de 2023 já aparecem apostas numa elevação de mais de 25 pontos-base, com Selic chegando a 14,57%. Depois disso, cortes começariam em junho com a curva apontando Selic de 14,00% no fim de 2023.
Parte dessa postura defensiva é atribuída ainda à indefinição sobre o comando da equipe econômica na nova gestão. No meio do dia, a curva deu uma guinada, com as taxas, que caíam desde a abertura, passando a subir repentinamente e o DI para janeiro de 2027 chegando a entrar em leilão. O estopim foi a informação do colunista Lauro Jardim, do Globo, de que Haddad volta do Egito, onde acompanha Lula na COP27, como favorito para assumir a Fazenda. No atual contexto de tensão fiscal, não agrada ao mercado um nome do PT para ocupar o principal cargo da área econômica, frustrando as esperanças em torno de outros que já circularam, em especial o de Henrique Meirelles.
O 'efeito Haddad' acabou se sobrepondo nos DIs ao impacto positivo das declarações de ontem do vice-presidente eleito Geraldo Alckmin (PSB). Diante das cobranças em torno das receitas esperadas pelo novo governo que vão financiar o aumento dos programas sociais a partir do ano que vem previstos na PEC, ele afirmou não haver motivo para "estresse" e que a gestão Lula vai buscar formas de cortar gastos. Citou ainda a possibilidade de uma "ampla revisão de contratos vigentes" do governo e também que vê como prioritária a aprovação da reforma tributária. Ainda, segundo Alckmin, haverá superávit primário e redução da dívida.
As declarações trouxeram alívio nas primeiras horas da manhã, assim como o aumento da percepção de que o Congresso vai limar os excessos da PEC, para torná-la mais ortodoxa. O texto pressupõe gasto de R$ 175 bilhões para o Bolsa Família e de R$ 23 bilhões vindos de receitas extraordinárias a serem contabilizados fora do teto de gastos, mas sem definir um prazo. Deve ser votado no Senado até o dia 30 e seguir para a Câmara. Entre a pressão dos parlamentares para que o "waiver" seja válido só para 2023 e a do novo governo para que seja permanente, a expectativa é de que se chegue a um acordo para cobrir apenas os quatro anos do governo Lula. Além disso, alguns analistas apontam que os R$ 23 bilhões podem cair nas negociações ou até mesmo os R$ 150 por criança até seis anos.
Também é bem vista a ideia da equipe de transição de possivelmente negociar a inclusão no texto de um dispositivo que prevê a reforma do teto de gastos por meio de lei complementar. "A medida pode ser considerada como uma sinalização do governo eleito em prol da previsibilidade da agenda fiscal e econômica. Visa também fazer um aceno ao mercado, após o impacto negativo gerado com a apresentação da minuta da PEC de Transição", avaliam analistas políticos da Warren Renascença. (Denise Abarca - [email protected])
08:38
Operação Último
CDB Prefixado 31 dias (%a.a) 13.66
Capital de Giro (%a.a) 6.76
Hot Money (%a.m) 0.63
CDI Over (%a.a) 13.65
Over Selic (%a.a) 13.65
BOLSA
O Ibovespa devolveu os ganhos que ensaiou nos melhores momentos do dia e emendou a terceira perda consecutiva em quatro sessões na semana, nas quais a retração foi a 3,01% no acumulado até esta sexta-feira, após tombo de 5% no intervalo anterior. Com a baixa de 0,76%, aos 108.870,17 pontos no fechamento da sessão, a referência da B3 eleva a 6,18% o recuo no mês, que limita o avanço do ano a 3,86%. Hoje, em dia de vencimento de opções sobre ações, o índice oscilou entre mínima de 108.511,71 e máxima de 111.584,96, saindo de abertura aos 109.706,43 pontos. O giro financeiro ficou em R$ 33,4 bilhões nesta sexta-feira. Desde ontem, o Ibovespa permanece no menor nível de fechamento desde 29 de setembro.
Hoje, a retração nas ações de Petrobras (ON -1,84%, PN -1,69%) e Vale (ON -2,73%) se impôs ao Ibovespa, que não contou com o sinal único de outro setor de peso, o financeiro, ao longo da tarde. Ao fim, as ações de grandes bancos mostravam leve alta, inferior a 1%, à exceção de BB ON (-0,35%) e de Santander (Unit -0,18%). Na ponta ganhadora do Ibovespa, destaque para São Martinho (+10,26%), Raízen (+4,09%), Qualicorp (+3,44%) e Hapvida (+3,27%), com IRB (-8,64%), Via (-8,30%), Magazine Luiza (-7,08%) e Americanas (-4,86%) no lado oposto.
A expectativa de queda para o Ibovespa continuou crescendo no Termômetro Broadcast Bolsa e atingiu 50,00% do universo de participantes na edição desta sexta-feira. A fatia dos que esperam desempenho negativo vem subindo nas últimas três pesquisas: era de 40,00% na da semana passada e de 18,18% na anterior. Os que esperam alta são 40,00%, mesmo porcentual do último levantamento. A estimativa de estabilidade caiu de 20,00% para 10,00%.
Na tarde desta sexta-feira, o Ibovespa se firmou em terreno negativo, acompanhando perda de fôlego em Nova York (ao final, contudo, em sinal único, positivo) e o prosseguimento da correção no petróleo, com o Brent negociado na casa de US$ 87 por barril e o WTI, de US$ 79, o que pressionou em especial as ações de Petrobras.
Apesar do leve ganho no fechamento desta sexta-feira, a semana foi negativa também para as três referências de Nova York. Mas a distância entre o desempenho de Wall Street e da B3 segue ampla no mês: perdas até aqui de 6,18%, em São Paulo, contra ganhos entre 1,44% (Nasdaq) e 3,09% (Dow Jones) por lá, em novembro. A receita para a distância continua atrelada às dúvidas sobre o comportamento das contas públicas no próximo ano, com o 'waiver' de cerca de R$ 200 bilhões proposto pelo futuro governo na PEC da Transição para cumprir promessas de campanha.
No início da tarde, o relato de que o ex-ministro da Educação e candidato derrotado ao governo de São Paulo, Fernando Haddad, voltou a ganhar força para o ministério da Fazenda chegou a pesar também na curva de juros, com os investidores ainda na defensiva quanto ao sinal da política fiscal no próximo ano. Após o desgaste produzido pelas discussões sobre a PEC da Transição, eventual confirmação de político muito próximo a Lula no comando da Economia seria um abalo a mais para o mercado. Os investidores vão colocando de lado a expectativa inicial por um nome de perfil técnico, mas seguem temendo a alternativa extrema, de alguém que possa vir a favorecer uma guinada populista na condução das contas públicas.
“O mercado acionário tem sido orientado pela PEC da Transição e por sinalizações para a economia, sob a gestão de Lula, para 2023. O estresse ganhou proporção relevante desde a semana passada, com ganhos na casa de 10% para o Ibovespa no ano, logo após a eleição, sendo reduzidos agora para a faixa de 4%, e Bolsa abaixo de 110 mil pontos, nível considerado como uma linha psicológica”, diz Camila Abdelmalack, economista-chefe da Veedha Investimentos. “É um momento de ponderação, com a discussão sobre as contas públicas resultando em aumento dos prêmios de risco”, acrescenta.
“Na abertura de hoje, houve certo alívio, com EWZ, o ETF de Brasil lá fora, subindo 2,5%, o real se valorizando e queda nos juros longos - além da alta do Ibovespa futuro, refletindo também a posição do Geraldo Alckmin (vice eleito), mais fiscalista (do que o futuro governo vem sinalizando)”, aponta Paulo Gala, economista-chefe do Banco Master, destacando também os sinais do Congresso no sentido de enxugamento da PEC ao longo da tramitação da proposta, o que se refletiu no “ralizinho” de ativos brasileiros observado pela manhã. “Mas ainda continuamos num nível de incerteza grande”, ressalva o economista. (Luís Eduardo Leal - [email protected])
18:27
Índice Bovespa Pontos Var. %
Último 108870.17 -0.75897
Máxima 111584.86 +1.72
Mínima 108511.71 -1.09
Volume (R$ Bilhões) 3.34B
Volume (US$ Bilhões) 6.25B
18:34
Índ. Bovespa Futuro INDICE BOVESPA Var. %
Último 109550 -0.36833
Máxima 112480 +2.30
Mínima 109290 -0.60
CÂMBIO
Após dois pregões consecutivos de valorização, em que subiu 1,92% e chegou a tocar R$ 5,50 em máximas intraday, o dólar recuou nesta sexta-feira (18), na contramão do sinal predominante de alta da moeda americana no exterior. Profissionais do mercado atribuem a baixa de hoje a ajustes para correção de exageros recentes, quando investidores promoveram uma "reprecificação" da taxa de câmbio em meio a temores de piora do quadro fiscal e a especulações sobre o perfil da futura equipe econômica.
Esses ajustes teriam como propulsores a possibilidade de desidratação da PEC da Transição no Congresso Nacional, com valor abaixo dos R$ 198 bilhões da minuta original, e fala do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, sobre eventual reação da autoridade monetária à possível degringolada na área fiscal.
Rumores dando conta de que o ex-ministro da Educação Fernando Haddad era bem cotado para o ministério da Economia, negadas pela direção do PT, provocaram solavancos, mas não mudaram o sinal da taxa de câmbio. Ontem, na reta final do pregão, o dólar reduziu bastante o ritmo de alta com a saída do ex-ministro da Fazenda Guido Mantega da equipe de transição de governo.
Em baixa desde a abertura dos negócios, a divisa correu hoje entre margens estreitas, oscilando cerca de sete centavos entre a máxima a R$ 5,3943 (-0,14%) e a mínima a R$ 5,3296 (-1,33%), ambas registradas pela manhã. No fim do dia, o dólar era cotado a R$ 5,3748, em baixa de 0,50%. Apesar do refresco hoje, a moeda encerra a semana em alta de 0,77% e já acumula valorização de 4,04% em novembro. Em 2022, o dólar ainda cai 3,61% frente ao real, que, no conjunto de moedas globais mais relevantes, tem desempenho inferior apenas ao do peso mexicano.
Em evento pela manhã, Campos Neto disse que é "muito difícil para os mercados entender qual será o arcabouço fiscal à frente" e que, dependendo do que for definido, pode haver interferência no cenário do Banco Central. "É importante ter disciplina fiscal e olhar para o social. O Brasil tem o desafio de comunicar que tem disciplina fiscal", afirmou Campos Neto. "Se acreditarmos que convergência não acontecerá por fiscal, vamos reagir".
As declarações de Campos Neto inibem apostas em corte da taxa Selic no primeiro semestre de 2023 - o que, em tese, é favorável ao real, dado que mantém um diferencial de juros interno e externo ainda elevado, mesmo com a continuidade do aperto monetário nos Estados Unidos.
"O mercado está precificando uma piora da dívida pública com essa incerteza com a política fiscal. A PEC da Transição veio com gasto acima do esperado e pode mexer com a trajetória futura da Selic, que vai permanecer em nível elevado por mais tempo", afirma Guilherme Mendes, especialista em renda fixa da Blue 3.
Mendes observa que a moeda americana tem se valorizado frente a outras moedas em razão do aperto monetário nos EUA, que já começa a ter efeitos sob a dinâmica inflacionária por lá. "O Brasil paga um juro real bem alto. Mas quando se olha a relação risco e retorno, os Estados Unidos ficam mais atrativos", afirma Mendes, ressaltando que a "cautela" e o risco fiscal impedem apostas contundentes na moeda brasileira.
Economistas do Citi acreditam que o Congresso vai aprovar a PEC da Transição, mas que deve endurecer as negociações para diminuir o tamanho da flexibilização fiscal proposta, de R$ 198 bilhões (2% do PIB). O Citi projeta que a dívida pública bruta aumente de 75,8% do PIB em 2022 para 81% em 2023. Esse cenário assume que o governo do presidente eleito consiga aprovar um projeto que amplie os gastos públicos em R$ 150 bilhões (1,5% do PIB) em 2023, sem financiamento.
A Warren Renascença observa, em relatório, que o real apresentou "de longe" o pior desempenho entre divisas emergentes em novembro. "Não se pode atribuir isso a uma 'má vontade' do mercado, pois, na semana posterior às eleições, os ativos domésticos tiveram um bom desempenho, sendo que o real chegou a se valorizar para R$ 5,06", afirma a casa, ressaltando que a "depreciação posterior da moeda brasileira foi impulsionada" por movimentos no mercado futuro.
Segundo a Warren Renascença, houve redução de "posições vendidas" em dólar futuro e aumento de "posições compradas" por parte de fundos locais e estrangeiros, em resposta ao aumento dos riscos fiscais do país, refletindo "principalmente stops de posições otimistas e busca por hedge (proteção)". O estoque comprado de investidores não residentes, por exemplo, aumentou de US$ 29,8 bilhões na abertura do último dia 7 para US$ 38,4 bilhões no dia 17. (Antonio Perez - [email protected])
18:32
Dólar (spot e futuro) Último Var. % Máxima Mínima
Dólar Comercial (AE) 5.37480 -0.498 5.39430 5.32960
Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0
DOLAR COMERCIAL FUTURO 5389.000 -1.02847 5409.500 5343.500
DOLAR COMERCIAL FUTURO 5396.500 -0.81786 5396.500 5396.500
MERCADOS INTERNACIONAIS
As perspectivas para o aperto monetário do Federal Reserve (Fed) voltaram a dominar a sessão, em um dia no qual investidores ficaram atentos a indicadores da economia americana e declarações de dirigentes da autoridade. Na próxima semana, a divulgação da ata da última reunião de política monetária do Fed deve ser um dos grandes catalisadores para o mercado, em um período de atividades reduzidas em virtude do feriado de Ação de Graças, na quinta-feira. Hoje, as bolsas de Nova York fecharam em alta, enquanto o dólar e os rendimentos dos Treasuries avançaram. Já o petróleo sofreu forte queda, perto de 3%, com o WTI ficando abaixo de US$ 80. As perspectivas para a demanda chinesa, com economia desacelerada e restrições pela covid-19, pesaram na commodity.
Na visão da Edward Moya, analista da Oanda, os movimentos do mercado de hoje foram pouco inspiradores, pois não houve nada de muito novo. O mercado imobiliário está em recessão depois que as vendas de moradias existentes caiu pelo nono mês consecutivo, destaca. As vendas nos Estados Unidos caíram 5,9% em outubro ante setembro, menos do que projetavam os analistas, que previam queda de 7,2%. Moya avalia que o Fed está unido em aderir ao roteiro hawkish. A presidente da distrital de Boston, Susan Collins, observou que um aumento de 75 pontos-base na taxa em dezembro ainda está em discussão, pois não há evidências claras de que a inflação esteja caindo. Para ela, ainda há trabalho a ser feito pela autoridade. "Apesar dos constantes tons hawkish dos formuladores de políticas desta semana, Wall Street continua convencida de que eles irão girar e provavelmente cortarão as taxas em algum momento por volta do final do próximo ano", afirma o analista.
Neste cenário, o Dow Jones fechou em alta de 0,60%, aos 33.747,14, o S&P 500 avançou 0,48% aos 3.965,48 e o Nasdaq subiu 0,01%, aos 11.146,06 pontos. Já na Europa, o panorama foi de avanços nas bolsas, com DAX subindo 1,16% e CAC 40 ganhando 1,04%. Na renda fixa, os juros dos Treasuries avançaram. No fim da tarde, o rendimento da T-note de 2 anos subia a 4,509% e o do T-bond de 30 anos avançava a 3,917%, enquanto o da T-note de 10 anos tinha alta a 3,814%, que Moya lembra que ainda está muito distante do pico de 4,20% de algumas semanas atrás.
O dólar teve ganho semanal, o primeiro em cinco semanas, no que a Convera afirma que foi graças às autoridades do Fed defendendo taxas de juros mais altas para conter a inflação. Embora ligeiramente mais alto, o dólar continuou a se recuperar um pouco, resultado da moderação da inflação nos EUA em relação aos máximos de várias décadas, avalia. Hoje, o DXY se valorizou 0,22%, enquanto na semana teve alta de 0,60%%. No fim da tarde, o euro recuava a US$ 1,0325 e a libra tinha queda a US$ 1,1884. No caso britânico, a diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva, deu boas-vindas à declaração de outono do país. A dirigente afirmou que o plano orçamentário atinge o "equilíbrio certo entre a responsabilidade fiscal e a proteção do crescimento e das famílias vulneráveis". Durante a crise no governo da ex-primeira-ministra Liz Truss, o FMI havia feito alertas sobre os riscos dos planos de orçamento para a economia, e disse monitorar a situação na altura.
Já o petróleo fechou em forte baixa, terminando uma semana com quedas próximas de 10%. Segundo a Capital Economics, o aumento dos casos de covid-19 levantou preocupações sobre a demanda. "Embora ainda esperemos que o preço do petróleo suba um pouco a partir daqui, com a entrada em vigor de sanções mais rígidas da União Europeia ao petróleo russo em dezembro, os bloqueios persistentes nas principais cidades chinesas são o principal risco negativo para nossa previsão", avalia. O WTI para janeiro fechou em baixa de 1,58% (US$ 1,56), a US$ 80,08 o barril, enquanto o Brent para janeiro de 2023 recuou 2,41% (US$ 2,16), a US$ 87,62 o barril. Na semana, as quedas foram de 9,98% e 8,71%, respectivamente. (Matheus Andrade - [email protected])