DIS DISPARAM, DÓLAR VAI A R$ 5,38 E BOLSA CAI FORTE COM EXPECTATIVA SOBRE PEC

Blog, Cenário

O mercado doméstico adotou cautela mais uma vez nesta quarta-feira, reagindo com apreensão à falta de detalhes e a ruídos envolvendo a PEC da Transição de governo. A expectativa é de que uma proposta seja apresentada daqui a pouco, às 19h, pelo vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin (PSB), ao relator-geral do Orçamento de 2023, senador Marcelo Castro (MDB-PI). Haverá uma coletiva às 20h com os dois, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e o senador eleito Wellington Dias (PT-PI), indicado pelo presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva para liderar as discussões orçamentárias. Mas pouco se tem de detalhamento até o momento. O Bolsa Família deve ficar fora do teto de gastos, mas o período não será determinado. Os valores de gastos extrateto devem ficar na ordem de R$ 175 bilhões, mas isso não estará inscrito na PEC. A expectativa do governo eleito é que, retirando o que já está carimbado para gastos sociais no Orçamento do ano que vem, sobre espaço para retomada de programas como o Minha Casa Minha Vida dentro do teto. Mas como todo o processo dependerá ainda de discussões com o Congresso, o mercado põe no preço as chances de o texto trazer ainda mais incerteza à cena fiscal em 2023. Assim, os juros futuros dispararam em toda a curva, com destaque para o DI janeiro de 2024, que fechou acima dos 14%. O movimento de alta avançou até a sessão estendida, com o janeiro 2027 terminando na máxima (13,155%). O dólar à vista subiu aos R$ 5,3817, valorização de 1,55%. E a Bolsa terminou em 110.243,33 pontos (-2,58%), tendo inclusive perdido o suporte psicológico dos 110 mil pontos durante a sessão. Na decomposição do índice, somente 8 dos 92 papéis subiram. A cena externa também não ajudou na tomada de risco. O mercado externo optou por posição mais conservadora ante a escalada das tensões geopolíticas, após o incidente com mísseis na Polônia. Em Nova York, o S&P 500 caiu 0,83% e o Nasdaq recuou 1,54%.

•JUROS

•CÂMBIO

•BOLSA

•MERCADOS INTERNACIONAIS

JUROS

Durou pouco o alívio nos juros futuros visto na segunda-feira, com o mercado hoje retomando a postura defensiva pelos sinais negativos para a política fiscal do próximo governo. Os agentes não só tiveram de se ajustar novamente ao volume de R$ 175 bilhões para os gastos extra teto esperado para a PEC da Transição, após terem trabalhado com um volume mais baixo na sessão anterior, como se frustraram com a informação de que o texto não trará detalhamento dos valores, o que compromete a previsibilidade com relação à dívida pública nos próximos anos.

Com isso, as taxas tiveram alta firme, na contramão do recuo do rendimento dos Treasuries. Os vencimentos que mais sofreram foram os curtos e os intermediários, com a curva já apontando possibilidade de alta da Selic nas próximas reuniões do Copom e empurrando as chances de início dos cortes para o segundo semestre de 2023.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2024 voltou a rodar acima de 14%, nível não visto desde julho, fechando em 14,08% (regular) e 14,11% (estendida). A do DI para janeiro de 2025 ficou em 13,37% (regular) e 13,44% (estendida), de 13,01% no ajuste anterior. A do DI para janeiro de 2027 subiu de 12,79% para 13,08% (regular) e 13,55% (estendida).

A volta do feriado da Proclamação da República foi traumática para os mercados locais. Na segunda-feira, houve distensão dos prêmios com a informação, trazida pela Bloomberg, de que a equipe de transição estaria trabalhando com valor mais conservador, de R$ 130 bilhões, para a PEC, mas na mesma segunda-feira, à noite, o senador eleito Wellington Dias (PT-PI) mencionou o valor de R$ 175 bilhões para gastos em 2023 fora do teto - R$ 157 bilhões para a parcela de R$ 600 do Bolsa Família e R$ 18 bilhões para um adicional de R$ 150 a beneficiárias do programa social para cada filho de até seis anos. A PEC será entregue hoje ao Senado, às 19h.

Segundo o senador Paulo Rocha (PT-SP), que faz parte do governo de transição, a PEC, porém, não trará nem o valor total nem detalhado. "O detalhamento virá na LOA (Lei Orçamentária Anual). A previsão de valor atrelado à PEC é de R$ 175 bilhões, mas isso não vai aparecer agora", disse.

Isso naturalmente já traria uma realização de lucros, mas os investidores tiveram, ainda, de ajustar sua percepção quanto ao tempo em que os gastos seriam excepcionalizados. O anteprojeto da PEC prevê tal tratamento de forma permanente, atendendo à ideia da nova gestão de colocar o Bolsa Família como política de Estado, não de governo. Na segunda-feira, o ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira, havia defendido que a exceção valesse apenas para 2023.

Por fim, o deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS), no meio da tarde, falou em retomar o programa Minha Casa, Minha Vida em janeiro, mas sem excepcionalizar também este gasto.

Em meio a tantos ruídos, a previsibilidade com relação às contas públicas para os próximos anos vai ficando comprometida, assim como a credibilidade do governo, logo na largada, na medida em que os agentes cobram explicações sobre como a política social será financiada.

A economista-chefe da Veedha Investimentos, Camila Abdelmalack, destaca entre as dúvidas a de como será utilizado o espaço fiscal de R$ 105 bilhões a ser liberado com a retirada do programa da regra do teto. "O mercado começa a precificar como vai ficar a trajetória da dívida pública nesses próximos quatro anos", disse.

"O problema não é R$ 600 do Auxílio Brasil/Bolsa Família que todos entendem como necessário. Mas isso seria R$ 50 bilhões a mais fora do teto e não R$ 175 bilhões", avalia o economista-chefe do BTG Pactual, Mansueto Almeida, ex-secretário do Tesouro. Segundo ele, com a retirada de todo o programa do teto pelos próximos 4 anos a dívida pública, em 2023, crescerá entre 3 a 4 vezes o que cresceu nos últimos 4 anos. "Sem definir a fonte de recursos (de financiamento) do programa, a dívida pública passará a crescer em um ritmo muito forte", afirma, destacando que isso vai assustar os investidores e não vai ajudar na redução da pobreza.

Abdelmalack lembra ainda que a política fiscal expansionista gera uma pressão inflacionária via câmbio e que deve exigir um período prolongado de manutenção da Selic, hoje em 13,75%, em níveis elevados. "O mercado vai deixando de precificar cortes e pode passar até a trabalhar com retomada das altas", comentou.

Esse movimento já está em andamento. De forma mais detalhada, a curva hoje fechou precificando chance de alta de 25 pontos-base da Selic no Copom de dezembro, com a taxa fechando este ano em 13,91%, e também na primeira reunião de 2023, em fevereiro. As expectativas de cortes foram postergadas para a partir de setembro, mas ainda assim de forma tímida, com a curva apontando Selic de 13,70% no fim de 2023. Os cálculos são do Banco Mizuho.

Com o foco totalmente voltado ao fiscal, os DIs deixaram de lado o exterior, em sentido oposto à trajetória firme de queda dos yields dos Treasuries. No fim da tarde, a taxa da T-Note recuava abaixo de 3,70%. (Denise Abarca - [email protected])

08:28

 Operação   Último 

CDB Prefixado 31 dias (%a.a) 13.66

Capital de Giro (%a.a) 6.76

Hot Money (%a.m) 0.63

CDI Over (%a.a) 13.65

Over Selic (%a.a) 13.65

CÂMBIO

Após uma manhã de alta moderada, o dólar à vista arrancou ao longo da tarde desta quarta-feira (16) e se aproximou de R$ 5,40 em meio a especulações sobre o conteúdo da chamada "PEC da Transição", cujo texto deve ser apresentado hoje à noite ao Congresso Nacional. Com máxima a R$ 5,3987 (1,87%), a divisa encerrou o dia cotada a R$ 5,3817, avanço de 1,55% - o que leva a valorização acumulada em novembro a 4,18%.

A escalada da moeda americana se deu em sintonia com o aprofundamento das perdas do Ibovespa, que perdeu a linha dos 110 mil pontos, e o avanço das taxas de juros futuros - um sinal clássico, na fala de um operador, de reversão de apostas remanescentes no "Kit Brasil" que haviam sido montadas por gestores locais após a vitória de Lula no segundo turno da corrida presidencial. Haveria também certo incômodo do investidor estrangeiro, que vem aumentando suas posições defensivas no mercado futuro de câmbio.

Parte da equipe de transição do governo, o senador Paulo Rocha (PT-SP) disse no início da tarde que o texto da PEC da Transição será apresentado hoje, às 18h. Nos minutos finais da sessão, contudo, veio a informação de que a proposta será entregue pelo vice-presidente eleito Geraldo Alckmin ao relator-geral do Orçamento, senador Marcelo Castro (MDB-PI), às 19h. Segundo Rocha, a PEC não traria valores, que seriam detalhados na Lei Orçamentária Anual (LOA). "A previsão de valor atrelado à PEC é de R$ 175 bilhões, mas isso não vai aparecer agora", disse o deputado petista.

Além da indefinição em relação aos valores, há incertezas sobre o período do "waiver" fiscal. Fala-se em retirada de recursos destinados ao Bolsa Família do teto de gastos para os próximos quatro anos ou até definitivamente. Não se sabe também se outros desembolsos e promessas de campanha, como o aumento real do salário mínimo, serão contemplados na proposta.

"Já se sabia que haveria flexibilização do teto para o orçamento de 2023. Mas o novo governo apareceu com uma ideia diferente e o mercado precifica de forma negativa a falta de âncora fiscal", afirma a economista Ariane Benedito, para quem a estratégia da equipe de transição é apresentar uma proposta de PEC mais agressiva para negociar concessões com parlamentares, já prevendo certa desidratação no Congresso. "O mercado está muito sensível e qualquer fala sobre gastos já causa uma indigestão, levando o dólar para cima".

Segundo o deputado Paulo Pimenta (PT-RS), a proposta não deve fixar um prazo para que os recursos ao financiamento do Bolsa Família seja contabilizados fora da regra do teto. "Não vamos propor um ano ou quatro anos", disse Pimenta. "A PEC busca garantir que o Bolsa Família seja tratado como programa de Estado, permanente". Causou rebuliço a fala de Pimenta de que o governo quer retomar o Minha Casa Minha Vida a partir de janeiro, mas o petista esclareceu, em seguida, que não há proposta de retirar gastos com o programa habitacional da regra do teto.

"Existem muitas dúvidas sobre a PEC e é natural que o mercado busque uma postura mais defensiva. Além disso, Alckmin sinalizou que a divulgação de nomes da equipe econômica será mais à frente, o que aumenta a incerteza" afirma o diretor de produtos da Venice Investimentos, André Rolha, ressaltando que, apesar do estresse ao longo da tarde, o dólar respeitou a resistência de R$ 5,40.

Alckmin afirmou hoje que a PEC da Transição tratará do equacionamento do Bolsa Família. Já a "questão da ancoragem fiscal" vai ser debatida "com mais calma e não nesse momento". Lula, disse Alckmin, vai anunciar os nomes para os ministérios "em momento adequado".

Para a economista Ariane Benedito, o investidor local está "mais amargo" que o estrangeiro. Apesar da incerteza fiscal, a perspectiva é que o Brasil ainda apresente bons números de crescimento e arrefecimento da inflação no próximo ano, o que pode atrair recursos externos. Ela trabalha com taxa de câmbio flutuando, por ora, entre o piso de R$ 5,20 e o teto de R$ 5,40, ao sabor das idas e vindas das informações sobre a condução da política fiscal. "Para o fechamento do ano, mantenho meu call de câmbio a R$ 5,40", diz a economista.

Lá fora, o índice DXY - que mede o comportamento do dólar frente a seis divisas fortes - trabalhou a maior parte do dia em baixa, tendo furado o piso de 106,000 pontos na mínima da sessão. Na comparação com divisas emergentes e de países exportadores de commodities, o dólar teve comportamento misto, perdendo valor frente a pares da moeda brasileira, como o peso mexicano e o rand sul-africano. (Antonio Perez - [email protected])

18:29

 Dólar (spot e futuro)   Último   Var. %   Máxima   Mínima 

Dólar Comercial (AE) 5.38170 1.5453 5.39870 5.28930

Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0    

DOLAR COMERCIAL FUTURO 5423.000 1.18481 5423.500 5305.000

DOLAR COMERCIAL FUTURO 5356.000 14/11    

BOLSA

Acompanhando a cautela externa e especialmente a que antecede, no Brasil, o anúncio da PEC da Transição, o Ibovespa interrompeu série de dois ganhos após o tombo da última quinta-feira, quando se curvou ao aumento da percepção de risco fiscal. Hoje, o índice da B3 fechou em baixa de 2,58%, aos 110.243,33 pontos, bem mais perto da mínima (109.512,22) do que da máxima (113.473,39) da sessão, em que saiu de abertura aos 113.166,25 pontos. Reforçado, o giro financeiro foi a R$ 51,2 bilhões nesta quarta-feira de vencimento de opções sobre o índice. Na semana, o Ibovespa perde 1,79% e, no mês, 4,99%, com ganho no ano limitado agora a 5,17%.

A deterioração do Ibovespa começou a ganhar contornos ainda no início da tarde, quando o senador Paulo Rocha (PT-PA) indicou que, no texto que será entregue ao Senado hoje, às 19h, a PEC da Transição apenas excepcionalizará o Bolsa Família - no entanto, sem trazer valores, que serão detalhados na LOA. "Previsão é de valor atrelado à PEC de R$ 175 bilhões, mas isso não vai aparecer", disse. "A PEC não terá prazo, será processo de negociação. Queremos 4 anos", afirmou também Rocha.

De acordo com o deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS), integrante do governo de transição, a proposta não deve fixar prazo para que os recursos que financiam o Bolsa Família, hoje Auxílio Brasil, sejam contabilizados fora da regra do teto de gastos. "Não vamos propor um ano ou quatro anos", disse Pimenta, para quem o programa de distribuição de renda deve ser tratado como uma política de Estado, que não fique suscetível à discussão orçamentária a cada um ou quatro anos. "PEC busca garantir que o Bolsa Família seja tratado como programa de Estado, permanente", afirmou Pimenta, para quem tal política não pode ser controlada pelo teto fiscal.

"O mercado entenderia e receberia bem o Bolsa Família fora do teto, desde que vigorasse apenas em 2023. Qualquer coisa fora disso, seja por prazo determinado ou não, cria um estresse, um ruído que se reflete em prêmios de risco na curva de juros, pela preocupação sobre o fiscal", diz Alexandre Brito, sócio da Finacap Investimentos. Ele ressalva que mesmo com o aumento da percepção de risco fiscal, há espaço para recuperação do Ibovespa, considerando que a exposição do investidor estrangeiro à Bolsa brasileira continua muito abaixo da média histórica e que, nos dois mandatos de Lula, período favorecido pelo ciclo de commodities, houve grande participação do fluxo externo.

"Nosso cenário-base ainda é de um governo pragmático, mesmo considerando os ruídos sobre aumento de gastos, principalmente na área social, o que inclui também habitação popular, com potencial para impacto fiscal. Mas o principal gatilho dependerá, de fato, de quem vier a sentar na cadeira da Fazenda. Houve muita especulação sobre nomes, sem sinal mais concreto. Quanto mais demorar, maior a incerteza: algo ruim mesmo que, ao fim, prevaleça um nome técnico", acrescenta Brito, que espera alguém com perfil político, negociador, com uma retaguarda de técnicos pró-mercado.

"Desde o discurso do Lula na última quinta-feira, criou-se incerteza em relação a questões fiscais, mas o adiamento da apresentação do texto (da PEC) para esta quarta-feira trouxe expectativa de uma negociação adicional, com um pouco mais de consenso sobre o que pode passar no Congresso, uma PEC possivelmente mais restrita, envolvendo somente o auxílio", diz Luciano Costa, economista-chefe e sócio da Monte Bravo Investimentos.

Na última quinta-feira, com a fala de Lula contrária à estabilidade fiscal, o Ibovespa registrou sua maior perda diária (-3,35%) em quase um ano, desde 26 de novembro de 2021 (-3,39%). Depois, na sexta e na segunda-feira seguinte, respectivamente, teve recuperação de 2,26% e 0,81%, antes do ajuste negativo deste pós-feriado da República.

Costa, da Monte Bravo, destaca também a expectativa para a definição de quem será o futuro ocupante do ministério da Fazenda, com preferência do mercado por um nome "razoável" que tenha credenciais para defender uma política de ajuste, que seja fiscalmente "correta do ponto de vista da dinâmica de dívida" para os próximos anos.

No início da tarde desta quarta-feira, a fala do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva na COP27, no Egito, sem novidades, chegou a frustrar expectativa dos que consideravam que ele poderia aproveitar a oportunidade para fazer anúncios, o que não se confirmou.

"Hoje estamos vendo uma queda generalizada na Bolsa. O setor que cai menos, se é que se pode dizer assim, é o de materiais básicos, de novo, e o que está pior é o de dinâmica interna, inclusive o de utilities que tem uma previsibilidade de caixa", aponta Luiz Adriano Martinez, portfólio manager da Kilima Asset. "A explicação para isso é a incerteza fiscal, ainda. Não temos resposta de como é que vai ser o comportamento das contas públicas no próximo governo", ressalta o gestor.

Ante tamanha incerteza, apenas oito ações do Ibovespa conseguiram se descolar da correção desta quarta-feira e fechar o dia em alta, com destaque para Embraer (+9,94%), Bradespar (+2,16%) e CSN Mineração (+2,12%). Na ponta oposta, Hapvida (-10,94%), Americanas (-9,81%), Minerva (-9,27%), IRB (-8,51%), Locaweb (-8,10%) e Magazine Luiza (-8,01%).

O índice de consumo, que reúne ações com exposição à economia doméstica, fechou o dia em queda de 4,67%, enquanto o de materiais básicos, das ações de commodities, cedeu 0,73% na sessão. As ações e setores de maior liquidez e peso no Ibovespa caíram em bloco nesta quarta-feira, com destaque para o setor financeiro, onde as perdas chegaram a 3,16% (Banco do Brasil ON) no fechamento da sessão, à exceção de Bradesco PN (+0,33%). Petrobras ON e PN cederam, respectivamente, 1,11% e 1,99%, com Vale ON em baixa de 1,04%.

"Setores como varejo e aviação são mais sensíveis à oscilação da curva de juros e caem (hoje) com mais intensidade", observa Leandro De Checchi, analista da Clear Corretora. "Apesar de termos um 'valuation' atrativo para o Ibovespa, o que poderia trazer valorização, o mercado segue pouco favorável aos ativos de risco na medida em que o risco fiscal ganha espaço. Com a agenda vazia, o mercado deve seguir atento a mais informações referentes ao equilíbrio fiscal e aos desdobramentos da PEC da Transição para, com isso, pautar a tomada de risco", acrescenta.

"O mercado lá fora também esteve negativo hoje, com as principais bolsas em baixa, nos Estados Unidos e na Europa. O petróleo também cedeu, e o varejo americano já mostra sinais dessa inflação alta por lá. Aqui, os juros futuros subiram mais, o que pode atrair interesse do gringo, o investidor de fora, nessas taxas altas, com a ideia de que o Brasil pode ter realmente um problema fiscal, dado que o novo governo pretende ampliar gastos em um momento de juros altos, em que as economias em todo o mundo não vão bem. Cobra-se então prêmio maior na medida em que o País quer gastar mais. Os R$ 175 bilhões fora do teto já se refletem na curva de juros", diz Piter Carvalho, economista-chefe da Valor Investimentos, que espera uma "desidratação" da PEC aos poucos, de forma a agradar a "gregos e troianos". (Luís Eduardo Leal - [email protected])

18:25

 Índice Bovespa   Pontos   Var. % 

Último 110243.33 -2.57858

Máxima 113473.39 +0.28

Mínima 109512.22 -3.22

Volume (R$ Bilhões) 5.12B

Volume (US$ Bilhões) 9.63B

18:29

 Índ. Bovespa Futuro   INDICE BOVESPA   Var. % 

Último 110650 -4.19913

Máxima 114315 -1.03

Mínima 110365 -4.45

MERCADOS INTERNACIONAIS

Uma sessão cautelosa pressionou ativos de risco, enquanto temores com as tensões geopolítica destacaram os riscos da guerra da Ucrânia para a economia mundial. Apesar da Polônia ter indicado que, provavelmente, as explosões em seu território não tenham sido causadas por mísseis russos, visão que foi confirmada pelos Estados Unidos, os incidentes em um integrante da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) lembraram do potencial de o conflito se espalhar para além da configuração atual. Além disso, o dia foi marcado por sinalizações de que o Federal Reserve (Fed) deverá seguir com seu ciclo de alta de juros para tentar conter a inflação, o que foi endossado por dirigentes da autoridade. Neste cenário, as bolsas de Nova York recuaram, assim como o petróleo, o dólar e os rendimentos longos dos Treasuries.

A porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos Estados Unidos, Adrienne Watson, afirmou que a administração tem "total confiança nas investigações do governo polonês" sobre as explosões próximas à fronteira com a Ucrânia e que não encontraram "nada que contradiga que a explosão provavelmente foi resultado de um míssil ucraniano de defesa". Já presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, disse que foi informado de que o míssil não era ucraniano. Segundo ele, um ataque no território no oeste da Ucrânia coincide com a explosão na Polônia, mas, segundo os militares ucranianos, o projétil explodiu no céu em território ucraniano.

Enquanto isso, na visão de Edward Moya, analista da Oanda, as ações dos EUA caíram após uma rodada decepcionante de balanços, as vendas no varejo superarem as expectativas, o que sugere que a economia pode lidar com mais aumentos de juros, e algumas falas duras de dirigentes do Fed. O presidente da distrital de Nova York, John Williams, afirmou que "restaurar a estabilidade de preço é de importância primordial" para uma economia sustentável e de estabilidade financeira. Enquanto isso, "o impressionante lançamento de dados de vendas no varejo gerou temores de que a economia possa ser um pouco resiliente demais e propensa a mais aumentos das taxas do Fed", avalia Moya. O dado teve um avanço mensal de 1,3%, enquanto a expectativa era por uma elevação de 1,2%.

Já o balanço da Micron arrastou o setor de semicondutores para baixo, pois uma perspectiva de demanda fraca foi acompanhada por uma redução em seu plano de gastos de capital, afirma o analista, que indica que, eventualmente, quando a economia global se recuperar, poderemos ver esse problema de excesso de estoque rapidamente se tornar um problema inflacionário. As ações da Micron caíram 6,70%, seguida pelas quedas de Nvidia (-4,54%) e Intel (-3,84%). Nos índices, o Dow Jones recuou 0,12%, o S&P 500 caiu 0,83% e o Nasdaq teve queda de 1,54%. Na Europa, o cenário também foi de quedas, com o FTSE 100 caindo 0,25% em Londres e o DAX recuando 1,00% em Frankfurt.

Para a Convera, o dólar encontrou algum apoio depois que um míssil atingiu a Polônia e alimentou temores de uma guerra crescente entre a Rússia e a Ucrânia. "As tensões geopolíticas permanecem elevadas e podem ajudar a retardar a queda do dólar induzida por dados", avalia. Já hoje, a moeda acabou recuando ante os principais rivais. Ao final da tarde, o euro subia a US$ 1,0400, a libra avançava a US$ 1,1923, e o índice DXY tinha queda de 0,12%, aos 106,281 pontos. Entre os Treasuries, houve recuos nos juros longos. Ao fim da tarde, o retorno da T-note de 10 anos recuava a 3,681% e o do T-bond de 30 anos tinha baixa a 3,838%. O juro da T-note de 2 anos subia a 4,357%.

O petróleo fechou em queda com o mercado digerindo dados de estoques nos EUA, o aumento das tensões geopolíticas e as perspectivas para a economia mundial nos próximos meses. Permanece no radar dos investidores o afrouxamento nas restrições à covid-19 na China, que alimenta dúvidas quanto às perspectivas para a economia mundial e ao equilíbrio entre oferta e demanda por petróleo. O petróleo WTI para dezembro fechou em baixa de 1,53% (US$ 1,33), a US$ 85,59 o barril, enquanto o Brent para janeiro de 2023 recuou 1,07% (US$ 1,00), a US$ 92,86 o barril. (Matheus Andrade - [email protected])

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