O destaque dos mercados locais na tarde desta quarta-feira foi a queda forte da Bolsa, que, em alguns momentos, superou o recuo porcentual do Nasdaq, índice mais penalizado na liquidação em Nova York hoje. O índice brasileiro baixou aos 113.580,09 pontos (-2,22%), voltando ao nível visto em 26 de outubro, cinco dias antes do segundo turno da eleição presidencial. Há cautela com o desenlace da questão fiscal em 2023, o que também afetou os demais ativos locais, mas o noticiário corporativo pesou ainda mais. O trio de blue chips Vale, Petrobras e, principalmente, Bradesco arrastou para baixo o Ibovespa. As ações ON da mineradora cederam 1,22%, refletindo certa aversão a risco. As ON da petroleira perderam 1,86% e as PN, -1,65%, com pressão adicional vinda do petróleo no mercado externo. E o Bradesco, com mergulho de 16,01% (ON) e 17,38% (PN), foi penalizado pelo balanço que gerou incômodo por causa do aumento da inadimplência. De todo modo, somente 18 dos 92 papéis que compõem o Ibovespa subiram, na esteira da cautela externa. Os resultados que saem das urnas nos Estados Unidos mostram que a maioria republicana na Câmara será menos folgada do que o esperado, o que, por exemplo, pode impedir agendas de desregulamentação de setores, algo que o mercado estava precificando nos últimos dias. Há também impasse no Senado, casa em que, se os democratas ganharem, podem equilibrar as forças em pacotes fiscais, por exemplo. Assim, o Nasdaq cedeu 2,48%, o S&P 500 perdeu 2,08% e o Dow Jones recuou 1,95%. O índice DXY, que mede o dólar contra moedas fortes, subiu aos 110,549 pontos (+0,83%), o que puxou a moeda aqui no Brasil. O dólar à vista subiu aos R$ 5,1821 (+0,74%). No câmbio local, há também certa cautela com a solução que o governo eleito dará para financiar a retomada do Bolsa Família. Hoje ficou acertado que será mesmo via PEC, mas os valores ainda não estão fechados. Fala-se de recursos entre R$ 150 bilhões e R$ 175 bilhões extrateto em 2023. De olho em dados de inflação aqui (IPCA) e nos EUA (CPI) amanhã, os juros tiveram leve tendência de alta.
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BOLSA
O Ibovespa seguiu em renovação de mínimas do meio para o fim da tarde desta quarta-feira, mostrando no encerramento do dia correção um pouco menor do que a do índice de pior desempenho em Nova York na sessão, o Nasdaq, que cedeu 2,48%. Petrobras e Vale, que contribuíam mais cedo para dar algum suporte ao índice da B3, acentuaram correção neste fim de tarde, com as ON e PN da petrolífera em queda, respectivamente, de 1,86% e 1,65%, e a ON da mineradora em baixa de 1,22% no fechamento. As perdas em Bradesco (ON e PN) superaram 16% na sessão, movidas pela decepção do mercado com o balanço trimestral do banco.
Dessa forma, após ter defendido mais cedo a linha dos 115 mil pontos, o Ibovespa fechou em queda de 2,22%, aos 113.580,09 pontos, bem mais perto da mínima (113.109,53), renovada até quase o fechamento, do que da máxima (116.182,73) da sessão, vindo de abertura aos 116.153,42. Reforçado, o giro financeiro desta quarta-feira foi a R$ 48,1 bilhões. Na semana, o Ibovespa cede 3,87%, colocando as perdas do mês a 2,12% - no ano, o índice avança 8,35%.
As ações de Petrobras, que mais cedo se contrapunham ao sinal negativo do petróleo e do próprio Ibovespa, também acabaram por se firmar em baixa, assim como Vale. Mas as perdas do dia foram puxadas mesmo pela forte correção entre os grandes bancos, após o balanço trimestral do Bradesco (ON -16,01%, PN -17,38%), afetando agudamente outros grandes nomes do setor, como Itaú (PN -4,80%) e Santander (Unit -5,96%).
Na ponta perdedora do Ibovespa nesta quarta-feira, além do Bradesco, destaque também para Qualicorp (-15,60%), Americanas (-8,44%), Positivo (-7,17%) e Santander (-5,96%). No lado oposto, Petz (+8,82%), Gerdau (+4,66%), Totvs (+4,02%), TIM (+3,47%) e BB Seguridade (+2,93%).
“O resultado do Bradesco ficou bem abaixo do que o mercado esperava. As blue chips Petro e Vale também caíram, em dia de correção lá fora para o petróleo. Vale vinha de uma sequência de altas nos últimos dias, e apesar de o minério estar aos poucos se recuperando, tem corrigido. No quadro mais amplo, os investidores seguem monitorando as negociações para o orçamento extrateto pela equipe de transição, o principal ponto de atenção do mercado nesse momento”, diz Romero de Oliveira, head de renda variável da Valor Investimentos.
Assim, o Ibovespa deu continuidade nesta quarta-feira a padrão mais volátil, que sucede reação inicial positiva ao desfecho da eleição, no último dia 30. Após o ganho de 1,31% na sessão de 31 de outubro e uma abertura de mês também positiva, com alta de 0,77% em 1º de novembro, desde a retomada dos negócios, na sequência posterior ao feriado de Finados, o Ibovespa tem apenas alternado ganhos e perdas, em padrão sem quebras nessas últimas cinco sessões.
Dessa forma, com o fechamento de hoje, de volta à casa dos 113 mil pontos, o Ibovespa aparece agora abaixo do nível de encerramento de 28 de outubro, antes da definição do segundo turno, então aos 114,5 mil pontos.
Ontem, em situação oposta à vista hoje, Bolsa e dólar haviam mantido a correlação de preferência, com a primeira em alta e o segundo em baixa. Hoje, a situação se inverteu, com a Bolsa em renovação contínua de mínimas do meio para o fim da tarde e o dólar, na máxima do dia, tendo se reaproximado da marca de R$ 5,20. Na terça-feira, a divulgação de nomes de economistas mais ao centro, para a composição da equipe de transição, tinha contribuído para que o mercado mostrasse mais confiança, após os relatos, na abertura da semana, de que Henrique Meirelles pode não ir para a Fazenda, observa Rodrigo Marcatti, economista e CEO da Veedha Investimentos.
Nesta quarta-feira, "o dólar acompanhou a movimentação dos pares internacionais e se valorizou frente ao real, demonstrando novamente demanda pela moeda americana abaixo dos R$ 5,15", aponta Leandro De Checchi, analista da Clear Corretora. "Isso reflete de alguma forma a aversão a risco às vésperas da divulgação do IPCA e do CPI, o índice de inflação ao consumidor nos Estados Unidos, que devem trazer bastante volatilidade e pautar o rumo dos mercados na sessão de amanhã", acrescenta. No fechamento de hoje, o dólar à vista mostrava alta de 0,74%, a R$ 5,1821.
Em Nova York, a aversão a risco que prevaleceu ao longo do dia se relaciona também às eleições de meio de mandato, realizadas ontem nos Estados Unidos. "O resultado das eleições de meio de mandato traz incertezas. A composição do Congresso terá relação direta com a facilidade com que o atual presidente, Joe Biden, governará durante a segunda metade do mandato", observa Antonio Sanches, analista da Rico Investimentos. (Luís Eduardo Leal - [email protected])
18:21
Índice Bovespa Pontos Var. %
Último 113580.09 -2.22129
Máxima 116182.73 +0.02
Mínima 113109.53 -2.63
Volume (R$ Bilhões) 4.81B
Volume (US$ Bilhões) 9.32B
18:27
Índ. Bovespa Futuro INDICE BOVESPA Var. %
Último 115100 -2.30446
Máxima 117405 -0.35
Mínima 114260 -3.02
MERCADOS INTERNACIONAIS
As perspectivas para o resultado da eleição de meio de mandato nos Estados Unidos ganharam destaque hoje, na medida em que as dúvidas sobre o controle do Congresso persistiram, com a disputa pelo Senado em aberto. No caso da Câmara dos Representantes, as projeções indicam que os republicanos voltarão a ter maioria na Casa, ainda que ela seja menor do que a esperada com base nas pesquisas. Neste cenário, as bolsas de Nova York recuaram, em dia que conta também com o prosseguimento da crise que vem derrubando ações ligadas a criptoativos. Outros recuos de destaque foram de petroleiras, que caíram seguindo a cotação do óleo no mercado internacional. Além de uma alta nos estoques americanos, o petróleo foi pressionado por um dólar fortalecido. A moeda americana se valorizou de olho nas eleições e aguardando a publicação nesta quinta-feira do índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) americano de outubro. Neste contexto, os rendimentos dos Treasuries operaram sem sinal único.
O BMO Markets aponta que os detalhes da eleição continuam a chegar, mas com os resultados completos desconhecidos até 6 de dezembro, já que a disputa na Geórgia exige um segundo turno. Por enquanto, o impulso de alta para o mercado de ações foi reduzido, inclusive por um sentimento promovido pelo drama no espaço das cripto, avalia. Em suma, a "quarta-feira ofereceu muito para refletir, mas nada para fazer", resume.
Hoje, candidatos republicanos à Câmara dos Representantes dos EUA venceram disputas nos estados de Nova York e Wisconsin e ganharam assentos para o partido que antes eram ocupados por democratas. Com isso, o número de viradas a favor dos republicanos chegou a 11, contra apenas quatro dos democratas. Para a LPL Markets, a principal conclusão dos resultados das eleições até agora é provavelmente um governo misto. A avaliação é de que continua a ser vista como uma configuração favorável ao mercado em geral. "Ainda há contas a serem feitas em algumas disputas importantes, mas ainda é muito provável que os republicanos assumam a Câmara", lembra. Historicamente, um congresso republicano sob um presidente democrata tem sido o ambiente mais forte para as ações, mas um congresso dividido (sob um presidente de qualquer um dos partidos) também vê retornos acima da média, aponta a LPL.
A queda de ativos ligados a criptos seguiu depois que uma crise de liquidez para o FTX levou à venda para um dos principais concorrentes, a Binance. Para Edward Moya, analista da Oanda, "as criptomoedas estão sob intensa pressão, pois os riscos de contágio permanecem elevados devido à crise de liquidez do FTX". Segundo ele, "ninguém quer tocar em nada que tenha laços com FTX e isso é uma notícia preocupante". O Bitcoin recuou mais de 10%, enquanto as ações de Robinhood (-13,76%) e Coinbase (-9,54%) despencaram. Já entre as petroleiras, Occidental Petroleum (-9,22%), Chevron (-4,00%) e ExxonMobil (-4,47%) tiveram relevantes baixas. Por outro lado, em dia marcado pelo anúncio da demissão de cerca de 13% da sua força de trabalho, a Meta teve alta de 5,18%. Por fim, o Dow Jones fechou em baixa de 1,95%, aos 32.514,27 pontos, S&P 500 teve queda de 2,08%, aos 3.748,67 pontos, aos pontos e Nasdaq recuou 2,48%, aos 10.353,18% pontos.
No petróleo, os estoques nos EUA tiveram alta de 3,9 milhões de barris na última semana. Analistas consultados pelo The Wall Street Journal esperavam queda de 200 mil barris. Para a Capital Economics, a demanda deve começar a desacelerar nos próximos meses, com preços altos e uma economia mais fraca. O WTI para dezembro fechou em queda de 3,46% (US$ 3,08), a US$ 85,83 o barril, enquanto o Brent para janeiro de 2023 caiu 2,84% (US$ 2,71), a US$ 92,65.
A força do dólar também pressionou a commodity, cotada na moeda americana. Observando a eleição, a Convera avalia que um governo dividido não ofereceria muito para a alta do dólar, já que a perspectiva de menos estímulo fiscal pode significar menos combustível para o crescimento da economia e talvez um pico mais baixo nas taxas de juros dos EUA. À medida que a atenção sobre a política se dissipa, ela iluminará os holofotes para o CPI amanhã, lembra. O CPI deve ter avançado 0,6% em outubro ante setembro, de acordo com a mediana de analistas consultados pelo Projeções Broadcast. Na leitura anual, a expectativa dos analistas é de avanço de 7,9%. Neste cenário, no fim da tarde, o euro se desvalorizava a US$ 1,0013 e a libra caia a US$ 1,1347. O índice DXY fechou em alta de 0,83%, aos 110,549 pontos.
No caso dos rendimentos dos Treasuries, o cenário foi de baixas. Ao fim da tarde, o juro da T-note de 2 anos recuava a 4,617%, o da de 10 anos tinha baixa a 4,119% e o do T-bond de 30 anos recuava a 4,267%. Hoje, o Departamento do Tesouro dos Estados Unidos informou que ofertou US$ 35 bilhões em T-notes de 10 anos, com retorno máximo de 4,140%. A demanda ficou abaixo da média. (Matheus Andrade - [email protected])
CÂMBIO
Após um início de tarde volátil, em que chegou a operar pontualmente em queda e registrou mínima a R$ 5,1378, o dólar se firmou em terreno positivo nas duas últimas horas de negócios, em meio a uma onda de aversão ao risco no exterior. À espera da divulgação, amanhã, do índice de inflação ao consumidor (CPI) americano em outubro e de olho nas eleições parlamentares de meio de mandato nos EUA, investidores abandonaram as bolsas e buscaram refúgio na moeda americana.
Termômetro do comportamento do dólar frente a uma cesta de seis divisas fortes, o índice DXY renovou máxima à tarde, superando 110,600 pontos, na esteira da frustração com a expectativa de uma vitória expressiva do Partido Republicano nas eleições. Divisas emergentes e de países exportadores de commodities também aprofundaram as perdas, abaladas por preocupações com a demanda chinesa após arrefecimento da inflação na China. O contrato do tipo Brent para janeiro, referência para a Petrobras, fechou em baixa de 2,84%, a US$ 92,65 o barril, com a notícia de avanço inesperado dos estoques de petróleo nos EUA.
Por aqui, o dólar, que operava no início da tarde ao redor de R$ 5,15, foi galgando degraus até chegar ao patamar de R$ 5,18, aproximando-se da máxima de R$ 5,1980, pela manhã. No fim da sessão, a divisa era cotada a R$ 5,1821, em alta de 0,74%. Com isso, a moeda passa a acumular valorização de 2,37% nos três primeiros pregões desta semana.
"O dólar estava praticamente no zero a zero, mas houve uma piora significativa das Bolsas em Nova York, trazendo um sentimento de aversão ao risco no fim da tarde que enfraqueceu o real", afirma o sócio e head de câmbio da Nexgen Capital, Felipe Izac. "O mercado está na defensiva com a expectativa de que o CPI nos Estados Unidos possa vir forte amanhã".
Operadores ressaltam que a liquidez foi reduzida. O contrato de dólar futuro para dezembro, principal referência para o apetite por negócios, apresento giro fraco, ao redor de US$ 11 bilhões. A falta da disposição para montagem de posições estaria ligada à cautela diante das expectativas em torno magnitude dos gastos extrateto na PEC da Transição e dos nomes que vão compor e equipe econômica no futuro governo de Luiz Inácio Lula da Silva.
Após rumores de que o governo eleito poderia garantir os recursos para cumprir promessas de campanha via crédito extraordinário, o líder do PT na Câmara, Reginaldo Lopes, disse que Lula tem preferência por uma emenda à Constituição. O presidente eleito fez um périplo hoje por Brasília para se encontrar com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e do Supremo Tribunal Federal, Rosa Weber.
Depois de visitar a sede do governo de transição em Brasília, o senador Humberto Costa (PT-PE) confirmou que a PEC da transição deve abranger entre R$ 150 bilhões e R$ 175 bilhões. Após encontro com Lula, Pacheco disse ter reafirmado ao presidente eleito que o Congresso vai trabalhar para garantir recursos para manutenção do Auxílio Brasil em R$ 600, aumento real do salário mínimo e programas sociais para pessoas de baixa renda. O senador Omar Aziz (PSD-AM), que esteve no encontro entre Pacheco e Lula, disse que os valores giram entre R$ 170 bilhões e R$ 175 bilhões, "se não houver emenda". Um grupo de líderes de partidos afirmou que o Congresso aceitaria sem resistência uma PEC no valor de R$ 80 bilhões.
Izac, da Nexgen Capital, observa que o mercado trabalha em compasso de espera pelo detalhamento da PEC da Transição e de sinais sobre a futura equipe ministerial. O quadro é binário. Nomes mais técnicos para o time da economia e comedimento no pedido de 'waiver' na PEC de Transição (sinais fortes de comprometimento com responsabilidade fiscal) abririam espaço para uma queda mais forte do dólar, rumo ao piso de R$ 5,00. De outro lado, nomes políticos para a equipe econômica e gastos extrateto elevados e prejudicais à trajetória da dívida pública devem levar a uma depreciação do real.
"O mercado sabia que um 'waiver' seria necessário qualquer que fosse o resultado da eleição. A dúvida é o tamanho e a qualidade dos gastos", afirma Izac. "Tirando esse risco político, o dólar pode cair. O Brasil é o queridinho entre os emergentes, com juro real e nominal elevado".
O economista-chefe da Ativa Investimentos, Étore Sanchez, observa que houve um aumento da volatilidade da taxa de câmbio nos últimos dias. "Grande parte da explicação para isso é da falta de definição do rumo econômico que o novo governo Lula tomará, sendo que a equipe de transição escolhida não ajuda em diminuir essa incerteza", afirma, em relatório, Sanchez, que vê o dólar encerrando o ano em R$ 5,25 "Em relação aos pares, nosso modelo ainda indica que o real está com um prêmio positivo".
O Banco Central informou hoje que o fluxo cambial neste mês (até o dia 4) foi negativo em US$ 1,549 bilhão, com saídas líquidas de US$ 392 milhões pelo canal financeiro e de US$ 1,156 bilhão via comércio exterior. Em outubro, o fluxo cambial total foi positivo em US$ 1,549 bilhão. No acumulado do ano (até 4 de novembro), as entradas líquidas somam US$ 17,041 bilhões. (Antonio Perez - [email protected])
18:27
Dólar (spot e futuro) Último Var. % Máxima Mínima
Dólar Comercial (AE) 5.18210 0.7407 5.19800 5.13780
Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0
DOLAR COMERCIAL FUTURO 5214.000 0.7731 5220.500 5156.000
DOLAR COMERCIAL FUTURO 5202.283
JUROS
Os juros futuros fecharam a quarta-feira perto da estabilidade até os vértices intermediários e em leve alta na ponta longa, refletindo o compasso de espera por eventos no Brasil e nos Estados Unidos, que limitou a dinâmica do mercado ao longo de toda a sessão. Mais até do que pelo IPCA amanhã, há grande expectativa pelo índice de inflação ao consumidor (CPI, em inglês) americano, dado o potencial de ajustar as apostas para a política monetária do Federal Reserve. Por aqui, a PEC da Transição que vai acomodar os gastos extrateto em 2023 ainda em discussão e a espera pelos nomes da equipe econômica ajudaram a travar o mercado.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2024 encerrou em 13,05%(regular) e 13,07% (estendida), de 13,05% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2025 passou de 11,99% para 12,02% (regular) e 12,05% (estendida). A do DI para janeiro de 2027 terminou em 11,90% (regular) e 11,95% (estendida), de 11,85% ontem.
Ainda que o volume de modo geral hoje tenha sido pouco abaixo do padrão recente, as taxas longas completaram três sessões seguidas de avanço. A curva dos Treasuries bem comportada, com yields estáveis ante os níveis de ontem, e o petróleo em queda não foram suficientes para puxar uma correção da alta dos DIs nos últimos dias, em meio às tensões domésticas.
O estrategista-chefe do Banco Mizuho, Luciano Rostagno, lembra que o DI para janeiro de 2026 fechou na sexta em 11,52% e hoje superou 11,80%. "Questões internas não têm autorizado a redução nos prêmios de risco", disse, referindo-se às discussões sobre o Orçamento de 2023 e incertezas sobre quem vai comandar a economia na gestão Lula.
Lula esteve reunido hoje com os presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) e com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). Na pauta, interesses de ambos os lados: as negociações da PEC da Transição e as eleições internas do Congresso. Nos últimos dias, diferentes valores para acomodar as despesas com as promessas de campanha de Lula em 2023 têm circulado e, desde ontem, o mercado vem trabalhando mais fortemente com a possibilidade de R$ 175 bilhões, aventado hoje também pelo senador Omar Aziz (PSD-AM), que foi indicado pelo PSD para fazer parte da equipe de transição e participou da reunião. "Acho que em torno de R$ 170, R$ 175 bilhões [o valor] dessa PEC, se não houver emenda ou coisa parecida", disse.
No Relatório de Gestão, profissionais da Quantitas Asset afirmam que um número próximo a R$ 175 bilhões seria suficiente para cobrir boa parte do que o PT pretende para o primeiro ano. "No entanto, não só a magnitude desse gasto extra será relevante, como a regra fiscal que vai vigorar no lugar do teto de gastos. Por isso, torna-se urgente a indicação de um novo Ministro da Fazenda e assessores, para que seja possível vislumbrar se uma nova regra tem chances reais de servir bem ao propósito de ancorar os gastos futuros e dar alguma previsibilidade para o endividamento", disseram.
A questão fiscal é vista como um dos principais condicionantes a determinar o período que a Selic deve permanecer em 13,75%, assim como as perspectivas para o juro nos Estados Unidos. O ex-presidente do Banco Central Persio Arida, membro da equipe de transição, disse considerar difícil que um aumento da taxa dos Fed Funds ao nível de 5,0% seja suficiente para debelar a inflação por lá. "Se eu tiver razão e imaginar que os Fed Funds têm de ir para ordem de 6,0% para combater a inflação, é ruim para o Brasil", comentou.
Rostagno, do Mizuho, afirma que a percepção é de que as pressões inflacionárias nos Estados Unidos estão perdendo força, mas é necessário aguardar para ver se o CPI amanhã confirma essa avaliação. "Por enquanto, a curva aponta alta de 55 pontos-base, de alta de juro, para o Fomc de dezembro, com taxa terminal de 5,08%", disse.
Pesquisa do Projeções Broadcast aponta que a mediana das expectativas para o CPI de outubro, amanhã, é de 0,6% para o dado cheio e de 0,5% para o núcleo. As taxas em 12 meses devem ficar em 7,9% e 6,5% respectivamente. Em setembro, eram de 8,2% e 6,6%.
No Brasil, a agenda da quinta-feira traz o IPCA também de outubro, e a mediana das estimativas é de 0,49%, após deflação de 0,29% em setembro. Nesta quarta-feira, foi divulgada a Pesquisa Mensal de Comércio (PMC) com vendas superando o consenso das previsões, mas sem efeito relevante sobre os DIs. As do varejo restrito subiram 1,1% em setembro ante agosto (mediana de 0,2%), perto do teto das estimativas (1,4%). No varejo ampliado, houve expansão de 1,5%, mais que o dobro do que apontava a mediana de 0,7%. (Denise Abarca - [email protected])
08:27
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