ATIVOS LOCAIS SE APEGAM EM TRANSIÇÃO, DEIXAM EXTERIOR DE LADO E TÊM GANHOS NA SEMANA

Blog, Cenário

Se a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva para a Presidência, no último domingo, prometia ajustes em queda para os mercados domésticos, o que se viu foi exatamente o oposto ao longo de quase toda a semana, incluindo esta sexta-feira. Afinal, os temores sobre mais gastos fiscais e intervenção na economia foram amainados pelo início do processo de transição sem sinais de ruptura institucional, o que era outra preocupação importante dos investidores. E ainda que os protestos que fecharam estradas desde segunda pudessem gerar preocupações em relação aos efeitos na economia e à troca de poder, o fato de já estarem se enfraquecendo e de não contarem com o apoio de autoridades e de entidades civis organizadas fez o mercado deixar de fora dos preços tais acontecimentos. É claro que a ansiedade por nomes que irão compor a equipe econômica e para saber qual será o tamanho do espaço fiscal para acomodar promessas de campanha continua presente, mas sem obstruir o otimismo com o andamento das negociações em Brasília e com a melhora de percepção do País por parte dos estrangeiros. Tudo isso somado, nem foi preciso da ajuda externa, ainda que hoje os ativos internacionais tenham se portado de maneira positiva, para garantir ganhos semanais ao real e à Bolsa, bem como queda dos prêmios na curva de juros. E nesta sexta-feira, quase tudo conspirou a favor da tomada de risco. Lá fora, além de os investidores começarem a trabalhar com uma redução do ritmo de aperto monetário pelo Fed, mesmo com o mercado de trabalho dos EUA ainda forte, a possibilidade de a China aliviar sua política de covid zero fez as commodities dispararem, o que também contribuiu para a melhora do câmbio e o avanço das bolsas. Nesse ambiente, o dólar teve queda diária de 1,24% ante o real, a R$ 5,0622, acumulando desvalorização de quase 5% nesta semana. Ao mesmo tempo, o Ibovespa, que terminou aos 118.155,46 pontos, ganhou 1,08% hoje e 3,16% desde a sexta-feira passada. Neste caso, o tombo das ações da Petrobras, em meio à possibilidade de suspensão de dividendos, foi compensado pela disparada de quase 8% das ações da Vale, em reação ao avanço do minério de ferro com o noticiário chinês. Os juros futuros, por sua vez, recuaram, a despeito dos sinais mistos dos Treasuries. Até porque, em Nova York, o fechamento positivo não veio sem alguma volatilidade no começo do dia, depois do payroll forte. Mas a alta do petróleo e a assimilação de sinais vindos de dirigentes do Fed prevaleceu, ainda que S&P 500, Dow Jones e Nasdaq tenham acumulado perdas no cômputo semanal.

•CÂMBIO

•BOLSA

•JUROS

•MERCADOS INTERNACIONAIS

CÂMBIO

O dólar voltou a apresentar forte queda no mercado doméstico de câmbio na sessão desta sexta-feira (4), em meio a relatos de entrada de fluxo externo para ativos domésticos. Segundo analistas, à consolidação de uma transição de governo sem rupturas, com esvaziamento dos protestos pró-Bolsonaro, somaram-se hoje a baixa global da moeda americana e a valorização das commodities diante de sinais de que a China vai relaxar a política de covid zero. Dados do mercado de trabalho americano mistos ratificam perspectiva de diminuição do ritmo de alta de juros nos EUA em dezembro, embora se espere taxa terminal mais elevada em razão de declarações do chairman do Federal Reserve, Jerome Powell, na quarta-feira (2), após comunicado do BC americano.

Em baixa desde a abertura dos negócios, o dólar registrou máxima a R$ 5,1132 (-0,25%) pela manhã, com pressão compradora momentânea após a divulgação do relatório de emprego nos EUA (payroll). Rapidamente, porém, a divisa voltou a apresentar queda superior a 1% e, à tarde, desceu até mínima de R$ 5,0205 (-2,05%). No fim da sessão, o dólar recuava 1,24%, a R$ 5,0622 - menor valor de fechamento deste 29 de agosto (R$ 5,0334). Com isso, a moeda encerra a primeira semana após a vitória do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na corrida presidencial com baixa acumulada de 4,49%.

No exterior, o índice DXY - termômetro do comportamento do dólar frente a uma cesta de seis divisas fortes - caiu quase 2% e rompeu o piso dos 111,000 pontos, com mínima aos 110,715 pontos, em meio a perdas de 2% da moeda americana frente o euro. O dólar caiu em bloco frente a divisas emergentes e de exportadores de commodities. O real, que costuma liderar o pelotão em dias de apetite ao risco, hoje apresentou ganhos inferiores a pares como rand sul-africano e peso chileno. Em contraposição ao dólar, as commodities metálicas, como minério e cobre, e as cotações do petróleo dispararam. O barril tipo Brent para janeiro fechou em alta de 4,12%, a US$ 98,57 o barril.

"O mercado se animou com essa história de que a China vai flexibilizar controles. Os preços estavam bastante deprimidos na parte de commodities com a política monetária restritiva nos países desenvolvidos, especialmente nos EUA, e a economia chinesa fraca", afirma o economista-chefe da Western Asset, Adauto Lima, ressaltando que ainda existem uma "incerteza grade" sobre a atividade na China. "O payroll não chegou a ter grande influência nos preços. O mercado de trabalho americano está se ajustando devagar e o Fed ainda tem que elevar os juros. O que domina hoje é a questão das commodities, que influencia muito o comportamento da nossa moeda".

Pela manhã, o payroll revelou que houve criação líquida de 261 mil vagas de emprego nos EUA no mês passado, acima da mediana de Projeções Broadcast (215 mil). Em contrapartida, a taxa de desemprego subiu de 3,5% em setembro para 3,7% em outubro, superando as estimativas dos analistas (3,6%).

"Os dados dos emprego americano vieram em linha. O que trouxe alívio hoje foi redução parcial da política de covid zero na China", afirma a economista Cristiane Quartaroli, do Banco Ourinvest, acrescentando que, no âmbito doméstico, o fim do período eleitoral ajudou o real a se sobressair ao longo da semana, mas que ainda há muitas incertezas sobre a condução da política econômica no futuro governo.

A equipe de transição para o governo Lula, comandada pelo vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin, negocia um meio de atender às promessa de campanha, como manutenção do Auxílio Brasil (que voltará a se chamar Bolsa Família) no valor de R$ 600 a partir do ano que vem e um aumento real para o salário mínimo. Na mesa estão duas opões: a aprovação de uma Proposta de Emenda à Constituição, a chamada PEC de Transição, ou uso de crédito extraordinário. A presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, disse no início da tarde que a equipe de transição ainda não tem cálculos da área técnica sobre o valor que seria contemplado na PEC.

Fontes ouvidas pelo Broadcast afirmam que ministros do Tribunal de Contas da União (TCU) vêm precedente para que o uso de crédito extraordinário para cobrir o Auxílio Brasil de R$ 600 em 2023 e despesas de outros programas que já estão em curso e que não têm verbas previstas no Orçamento do ano que vem. Hoje à tarde, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG) defendeu a abertura de crédito extraordinário (fora do teto de gastos) via Medida Provisória como melhor alternativa para contemplar os gastos prometidos em 2023.

Para Lima, da Western Asset, o ambiente político ainda é de muito ruído e pouca informação concreta, dado que não saiu o nome de quem comandará o ministério da Fazenda no futuro governo Lula. Há dúvidas também sobre qual será o tamanho do espaço de gastos fora do teto em eventual PEC ou via crédito extraordinário. "O mercado estava com medo de risco de não aceitação do resultado e houve uma alívio com o fato de que vai haver uma transição e o Congresso deve apoiar na largada. Mas ainda existem muitas dúvidas sobre o que vai ser o próximo governo", diz. (Antonio Perez - [email protected])

17:27

 Dólar (spot e futuro)   Último   Var. %   Máxima   Mínima 

Dólar Comercial (AE) 5.06220 -1.2408 5.11320 5.02050

Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0    

DOLAR COMERCIAL FUTURO 5094.000 -0.97201 5140.000 5045.500

DOLAR COMERCIAL FUTURO 5175.217      

BOLSA

A semana pós-eleitoral foi de ganho de 3,16% do Ibovespa, com o investidor, em maior medida, assimilando o processo de transição de governo no Brasil, sem deixar de lado o passo da política monetária dos países desenvolvidos e o desenrolar da atividade econômica na China. O índice saiu da casa de 114 mil pontos no fechamento da sexta-feira passada para os 118.155,46 pontos (+1,08%) no encerramento dos negócios hoje - tendo, inclusive, batido os 120 mil pontos na máxima desta sexta-feira. Os níveis de fechamento e intradiário foram os maiores desde 21 de outubro.

Os ativos domésticos refletiram nesta semana o bom humor do investidor, especialmente externo, com o desfecho do processo eleitoral no Brasil. A despeito das manifestações em rodovias e da demora em quase dois dias pelo reconhecimento da derrota por parte do presidente Jair Bolsonaro, o mercado recebeu bem os primeiros sinais do governo eleito de Luiz Inácio Lula da Silva.

O economista-chefe de Mercados Emergentes da Capital Economics, William Jackson, apontou duas razões para este rali, classificado por ele como "surpreendentemente positivo". São elas: a indicação do vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin (PSB), para comandar a transição política e a sinalização de uma aliança entre o novo governo e partidos centristas.

Para ele, esse combo sugere que o terceiro governo Lula adotará uma política centrista. O economista da Capital vê também chance de debate das reformas administrativa e tributária, no âmbito das negociações sobre a questão fiscal do País em 2023, tendo em vista a promessa de ampliar os gastos sociais com o novo Bolsa Família, de R$ 600, e o ganho real do salário mínimo.

Desta forma, a tendência é que o mercado acionário doméstico trabalhe com máxima atenção na política na próxima semana. Passadas as férias na Bahia, Lula retoma atividades na segunda-feira, dia em que faz reunião em São Paulo com aliados políticos. É esperado que o presidente eleito vá a Brasília na terça-feira, para seguir com a costura do novo governo.

"Ainda não sabemos quem será o ministro da área econômica. Rumores recentes sugerem que Lula pode optar por uma nomeação política (por exemplo, Fernando Haddad, do PT, que concorreu à presidência em 2018) em vez de alguns dos nomes mais estabelecidos e 'market friendly' mencionados anteriormente (por exemplo, ex-presidente do BC e ex-ministro da Fazenda, Henrique Meirelles). Se isso for verdade, o governo Lula teria mais trabalho a fazer para manter os investidores a bordo", ponderou William Jackson, da Capital, em relatório enviado a clientes hoje.

Esta visão um pouco mais cautelosa foi observada também no Termômetro Broadcast Bolsa desta semana. Entre os participantes, a expectativa de alta para o Ibovespa, que é historicamente majoritária na pesquisa, teve forte desaceleração ante a semana passada, de 44,44% para 27,27%. Assim, a maioria agora, de 54,55%, acredita em variação neutra, de 22,22% no último levantamento. A previsão de queda caiu de 33,33% para 18,18%.

No acumulado desta semana, das 92 ações componentes do Ibovespa, 79 subiram. E na ponta negativa, a liderança foi da Petrobras (ON -11,38% e PN -13,11% na semana e -5,23% e -5,51% no dia), numa espécie de 'lado B' do resultado eleitoral. Esse recuo aparou os ganhos do índice hoje. "No assunto referente a preços de combustíveis, e tarifas públicas em geral, o próprio mercado se encarregou de dar seu prognóstico, rebaixando drasticamente as ações da Petrobras", comentou, em carta de estratégias da Rio Bravo, o senior advisor da corretora e ex-presidente do Banco Central, Gustavo Franco.

Hoje, especificamente, pesa sobre a companhia o pedido do Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União pela suspensão de pagamentos de dividendos pela estatal, o que fez ontem a ação ter alta firme.

O subprocurador-geral do MP-TCU, Lucas Furtado, sugeriu, em representação à Corte, a "imediata suspensão" da distribuição dos R$ 43,68 bilhões em dividendos até decisão de mérito da Corte. Ele argumenta que a medida pode comprometer o plano estratégico da companhia. Em coletiva, o diretor Financeiro e de Relações com o Investidor da Petrobras, Rodrigo Araújo, defendeu que a estatal não vem fazendo "nada de diferente" do que foi feito ano passado.

Importante mencionar também a subida forte da Vale ON no dia (+7,59%) e na semana (+7,12%). A aposta do investidor é que a China relaxe a política de covid-zero, o que teria efeito sobre a atividade econômica doméstica lá, que mostrou, esta semana, sinais de desaceleração.

Ainda no exterior, a semana foi de queda nas bolsas de Nova York (Nasdaq -5,65% e S&P 500 -3,35%), em meio ao aperto monetário em curso nos Estados Unidos. O Federal Reserve (Fed, o BC dos EUA) aumentou o juro para a faixa de 3,75%-4,00%, seguido de mensagem considerada hawkish do presidente da instituição, Jerome Powell. (Mateus Fagundes - [email protected])

17:27

 Índice Bovespa   Pontos   Var. % 

Último 118155.46 1.07711

Máxima 120039.37 +2.69

Mínima 116904.14 +0.01

Volume (R$ Bilhões) 4.50B

Volume (US$ Bilhões) 8.95B

17:27

 Índ. Bovespa Futuro   INDICE BOVESPA   Var. % 

Último 119640 1.00464

Máxima 121600 +2.66

Mínima 119245 +0.67

JUROS

A semana pós-segundo turno terminou com juros em queda em toda a extensão da curva, tanto em relação aos ajustes de ontem quanto em comparação aos níveis da última sexta-feira. A redução nos prêmios se deu pela melhora da percepção de risco político advinda do processo eleitoral e clima mais ameno no exterior. Apesar das incertezas fiscais e da ansiedade por nomes da nova equipe econômica, a semana se encerra com alívio nas chances de contestação do resultado das urnas, dispersão dos bloqueios e protestos nas rodovias e andamento célere do processo de transição, focado na busca de recursos para cumprir promessas de campanha. Lá fora, notícias positivas da China e o payroll nos EUA absorvido sem traumas deram suporte para o rali dos ativos locais. Na semana, as taxas longas caíram em ritmo mais forte que as demais e a curva perdeu inclinação.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2024 fechou em 12,940%, de 12,973% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2025 caiu de 11,76% para 11,72%. A do DI para janeiro de 2027 encerrou em 11,46%, de 11,51%. No balanço da semana, o alívio foi de 2, 10 e 19 pontos-base, respectivamente.

O desenho da curva esteve hoje inserido no contexto geral de apetite por Brasil, que derrubou o dólar para perto de R$ 5 e levou a Bolsa, nas máximas dos dia, aos 120 mil pontos. Mais do que fatores específicos desta sexta-feira, profissionais atribuem o fechamento das taxas à percepção de que as tensões do pós-eleição estão se dissipando e há um certa boa vontade do mercado com o próximo governo. "Essa entrada forte do investidor em Brasil desde as eleições ninguém esperava, mesmo sem saber quem será o ministro da Fazenda", afirmou o economista-chefe da Frente Corretora, Fabrizio Velloni.

Com exceção da reação negativa limitada à primeira parte da sessão na segunda-feira, no geral os mercados vêm digerindo bem durante a semana a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), vista como capaz de, por exemplo, atrair o capital externo represado pelas tensões diplomáticas geradas durante o governo Bolsonaro.

"A visão deles [investidores estrangeiros] agora é mais amigável em relação à perspectiva de investimentos no Brasil", declarou sócio-fundador da SPX Capital, Rogério Xavier, em fórum da Bradesco Asset Management. O gestor lembrou que, imediatamente após o resultado da eleição, Alemanha e Noruega anunciaram a intenção de liberar recursos do fundo de apoio financeiro à preservação da Amazônia.

Xavier disse ainda acreditar que Lula vai indicar um ministro da Fazenda com credibilidade para ganhar a confiança dos investidores ao mesmo tempo em que busca o "waiver" para cumprir promessas de campanha. "Estou convicto de que o ministro da Fazenda vai ser uma pessoa de quem o mercado vai gostar", disse.

Porém, como não há "segurança absoluta" dos nomes, ele diz preferir ficar protegido da inflação. "Quando chegarmos ao final de 2023, vamos dizer que aplicar na renda fixa foi melhor investimento", disse o gestor.

Enquanto isso, o mercado monitora as discussões sobre o Orçamento de 2023 e hoje se ampliou a possibilidade de que a autorização para gastos acima do teto venha por meio de abertura de crédito extraordinário e não via Proposta de Emenda à Constituição (PEC). Segundo fontes ouvidas pelo Broadcast, ministros do Tribunal de Contas da União (TCU) vêm precedente para essa opção para cobrir o Auxílio Brasil de R$ 600 em 2023 e despesas de outros programas. A questão é que a PEC aumenta a dependência do Centrão e do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), mas é considerada o melhor caminho por alguns técnicos por poder ser aprovada ainda neste ano, o que faria Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tomar posse já com as despesas previstas.

Na sua Carta Mensal, o Banco Inter destaca justamente que, no cenário de incerteza fiscal, os juros devem permanecer elevados até que se possa fazer uma melhor avaliação do impacto das medidas tanto na inflação, via estímulo da demanda, como no prêmio de risco, que pode afetar a taxa de juro neutra da economia. "Apesar da queda do dólar nos primeiros dias de novembro, as taxas de juros permanecem em patamar elevado, indicando inflação implícita acima de 6% e juros reais também próximos de 6%, refletindo ainda o risco fiscal", diz o documento, assinado pela economista-chefe Rafaela Vitória.

No exterior, a perspectiva de que a China possa reduzir sua política de covid-zero animou os mercados, aliviando temores de recessão global num momento de aperto monetário coordenado dos bancos centrais. Ainda, houve leitura benigna do payroll norte-americano de outubro, mesmo com geração de vagas acima do esperado reforçando a mensagem hawksih ontem do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell. "Ao destrinchar o relatório de emprego, há pontos positivos. Boa parte das contratações veio de serviços ligados a turismo e não diretamente da indústria, o que mostra já algum efeito do aperto de juros", diz Velloni, segundo o qual, porém, Powell tem de manter o discurso duro contra o risco de inflação tal qual o Copom. (Denise Abarca - [email protected])

08:25

 Operação   Último 

CDB Prefixado 31 dias (%a.a) 13.66

Capital de Giro (%a.a) 6.76

Hot Money (%a.m) 0.63

CDI Over (%a.a) 13.65

Over Selic (%a.a) 13.65

MERCADOS INTERNACIONAIS

Depois de operar com volatilidade ao longo do dia, Wall Street conseguiu fechar a sessão no azul, mas acumulou perdas ao longo da semana. Investidores digerem o resultado mais forte que o esperado no payroll, relatório de empregos dos Estados Unidos, e reajustam expectativas para o Federal Reserve (Fed). Dirigentes da instituição já começam a sugerir que pode haver uma desaceleração no ritmo de altas de juros, o que deu forças às apostas de aumento de 50 pontos-base (pb) pelo Fed em dezembro, mostra monitoramento do CME Group. Os juros dos Treasuries ficaram sem sinal único, enquanto o dólar se desvalorizou ante rivais. Assim, o petróleo fechou em alta de 5% e o cobre saltou 7%, também de olho na possível flexibilização de restrições contra a covid-19 na China.

Na leitura da Oxford Economics, o resultado do payroll, divulgado mais cedo, aumenta os riscos de que o Fed aperte sua política monetária mais que o antecipado. A força do mercado de trabalho dá certa cobertura ao banco central norte-americano, diz a consultoria, "mas a demanda por trabalhadores precisa aliviar em breve ou o caminho para um 'pouso suave' se torna cada vez mais apertado". Os EUA criaram 261 mil empregos em outubro, conforme dados oficiais, acima da mediana de 215 mil, registrada pelo Projeções Broadcast.

Também para a Stifel, o payroll mais forte que o previsto de hoje perpetua a noção de que o mercado de trabalho continua sólido no país. "Isso não apenas permite que o Fed continue hiperfocado em conter a inflação, mas também acompanhado de uma taxa de desemprego nos níveis mais baixos em quase cinco décadas, reforça a fala do presidente do Fed, Jerome Powell, de que ainda há trabalho para fazer feito", afirma, em relatório. Para a consultoria, as métricas apresentadas não representam o "nível significativo de destruição de trabalho" necessário para sugerir um ajuste mais cedo nas políticas do BC norte-americano.

Apesar das falas de analistas, porém, os presidentes da distrital de Boston, Susan Collins, e de Richmond, Thomas Barkin, sugeriram ser possível adotar um ritmo mais lento no ciclo de alta de juros. Collins, que tem poder de voto nas decisões deste ano, disse em entrevista ao Wall Street Journal que "todas as opções deveriam estar na mesa" para a reunião de dezembro, "incluindo 75 pontos-base e, certamente, 25 pontos-base". Já Barkin, que não tem direito ao voto, afirmou estar pronto para agir de modo mais defensivo em sua política e ter um período mais longo de aumentos, com possível ponto mais alto que o previsto ao fim do ciclo.

No monitoramento do CME Group, no fim da tarde em Nova York, a aposta majoritária era de elevação de 50 pb na última reunião deste ano, com 61,5% de probabilidade - contra 51,5% ontem. Para 75 pb, a chance é de 38,5% - ante 42,2% ontem. Na marcação, os juros dos Treasuries operavam sem sinal único: o retorno da T-note de 2 anos caía a 4,687%, o da T-note de 10 anos subia a 4,170% e o do T-bond de 30 anos tinha alta a 4,266. Na semana, porém, todos eles acumularam avanço.

Entre os ativos de risco, dando continuidade ao fechamento positivo na Ásia e Europa, Wall Street fechou no azul. O Dow Jones ganhou 1,26%, a 32.403,22 pontos, o S&P 500 registrou alta de 1,36%, a 3.770,55 pontos, e o Nasdaq subiu 1,28%, a 10.475,25 pontos. Na comparação semanal, entretanto, as perdas foram de 1,40%, 3,35% e 5,65%, respectivamente. Destaque para ações do setor financeiro, como Goldman Sachs (+2,59%) e JPMorgan (+2,74%), que tiveram ganhos.

Para além das avaliações e especulações sobre posicionamento do Fed, os mercados internacionais monitoraram notícias de que o governo chinês estaria trabalhando para aliviar as medidas de sua política zero-covid. Apesar de autoridades negarem, a Bloomberg reportou, segundo fontes, o plano do governo chinês de encerrar a suspensão de voos por conta da covid-19. Paralelamente, o Financial Times informou que o país asiático poderia abrir suas fronteiras para Hong Kong no início de 2023. Os mercados têm acompanhado a questão de perto, como mostra reportagem especial publicada às 10h29. Considerado porto seguro de investidores, o dólar perdeu forças ante rivais neste cenário, enquanto diferentes commodities viram seus preços saltar.

O índice DXY caiu 1,81% na sessão e subiu 0,11% na semana, a 110,877 pontos. No horário citado, o dólar recuava a 146,61 ienes, o euro subia a US$0,9964 e a libra avançava a US$ 1,1379. Já no petróleo, o WTI para dezembro fechou em alta de 5,04% (US$ 4,44), a US$ 92,61 o barril, na New York Mercantile Exchange (Nymex), enquanto o Brent para janeiro de 2023 subiu 4,12% (US$ 3,90), a US$ 98,57 o barril, na Intercontinental Exchange (ICE). Na semana, os avanços foram de 5,36% e 5,12%, respectivamente. No radar, também esteve a reafirmação do G7 de que deve finalizar as negociações quanto ao teto para o preço do petróleo nas próximas semanas.

Entre metais, na Comex, divisão de metais da Nymex, o cobre para dezembro saltou 7,57% hoje e 7,51% na semana, a US$ 3,6865 por libra-peso. Enquanto o ouro para o mesmo mês subiu 2,80% hoje, a US$ 1.676,60 por onça-troy, com ganho semanal de 1,93%. (Ilana Cardial - [email protected])

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