FED REFORÇA RALI EXTERNO, BOLSA FLERTA COM 120 MIL PONTOS E DÓLAR CAI A R$ 5,14

Blog, Cenário

A corrida para ativos de risco no exterior ganhou nova tração na hora final do último pregão da semana. A razão para o otimismo veio de declarações do presidente da distrital de Chicago do Federal Reserve, Charles Evans. Com poder de voto no Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc) no ano que vem, o dirigente destacou que a instituição precisará subir juros ainda mais e manter isso "por algum tempo". Até aí, em linha com o consenso do Fed. Só que Evans foi além e disse que a inflação deve "desacelerar significativamente em 2023". Esse trecho de seu discurso serviu como senha para o mercado dobrar a aposta em um abrandamento do aperto monetário, o que, mais cedo, foi defendido pela presidente do Fed São Francisco, Mary Daly, com poder de voto em 2024 no Fomc. Com apoio adicional de balanços melhores do que o esperado, o índice Dow Jones subiu 2,47% hoje e 4,89% na semana; o S&P 500 saltou, respectivamente, 2,37% e 4,74%; e o Nasdaq avançou 2,31% e 5,22%. O juro da T-note de 2 anos recuou cerca de 3 pontos-base. E o DXY teve queda diária de 0,77% e semanal de 1,15%, também em meio a relatos de intervenção do Banco do Japão para conter o derretimento do iene. Aqui no Brasil, o rali teve suporte ainda de uma aposta do mercado de acirramento da disputa eleitoral, uma vez que algumas pesquisas têm mostrado empate técnico no limite da margem de erro entre Luiz Inácio Lula da Silva e Jair Bolsonaro. Dada a propensão desse último a debater privatizações, Petrobras foi o destaque da semana não só pelo avanço forte ante sexta-feira passada (ON +11,87% e PN +12,87%) como também pelo peso da petroleira no índice. Hoje, os papéis ON subiram 3,41% e os PN, 3,43%. O Ibovespa encerrou hoje aos 119.928,79 pontos, alta diária de 2,35%, ganho semanal de 7,01% e maior pontuação de fechamento desde 4 de abril. O dólar venceu o piso de R$ 5,15, terminando o dia aos R$ 5,1480 no segmento à vista (queda de 1,33% na sessão e 3,28% na semana). Já a curva de juros buscou uma tendência e, dado o horário de fechamento da sessão regular (16h), pegou pouco do 'efeito Evans'. Na semana pré-Copom, as taxas caíram em bloco, mas como os vértices longos caíram mais, houve desinclinação.

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•BOLSA

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MERCADOS INTERNACIONAIS

O Federal Reserve (Fed) manteve nesta sexta-feira a promessa de agir para conter a inflação, mas alguns dirigentes, como Mary Daly (São Francisco) e Charles Evans (Chicago), deram alguns sinais de que o aperto monetário pode não ser tão agressivo quanto esperava parte do mercado. As avaliações sobre o banco central americano levaram as bolsas de Nova York a fechar em alta forte, com ações reagindo também a balanços corporativos. No câmbio, o índice DXY do dólar recuou, enquanto entre os Treasuries o sinal foi misto, porém com queda nos retornos dos bônus de vencimento mais curto, mais sensíveis à política monetária. A baixa do dólar colaborou para fazer o petróleo inverter o sinal de mais cedo e subir, diante dos sinais do Fed e com notícias do próprio setor igualmente em foco.

Mary Daly reafirmou o combate à inflação e disse que o Fed terá de elevar mais os juros e deixá-los nesse nível por um tempo, a fim de garantir a vitória nessa empreitada. A presidente da distrital de São Francisco do Fed também falou, contudo, que o BC americano deve evitar um aperto excessivo para não prejudicar desnecessariamente a economia, e também disse que o ritmo das altas deve ser desacelerado adiante. Já o presidente do Fed de Chicago, Charles Evans, também falou em subir mais os juros para derrotar a inflação, mas também projetou desaceleração "significativa" dela em 2023.

No monitoramento do CME Group, no fim desta tarde continuava a ser amplamente majoritária (94,5%) a chance de uma alta de juros de 75 pontos-base no dia 2 de novembro. Para a decisão seguinte, de 14 de dezembro, porém, uma alta de 50 pontos-base aparecia como o desfecho mais provável (51,8%), seguido por outra elevação de 75 pontos-base (já levando em conta que a alta de novembro seja mesmo do nível amplamente esperado). Ontem, as chances para dezembro estavam em 24,2% e 75,4%, respectivamente, ou seja, houve uma ampliação clara na chance de que a alta de dezembro seja menor, nesse monitoramento.

Entre os juros dos Treasuries, o de vencimento mais curto, mais sensível à política monetária, foi para baixo, mas o sinal não foi único. No fim da tarde em Nova York, o retorno da T-note de 2 anos caía a 4,491%, o da T-note de 10 anos operava estável, em 4,228% e o do T-bond de 30 anos tinha alta a 4,333%. O BMO considerava, porém, que o quadro de hoje não refletia uma inflexão na postura do BC americano, mas "provavelmente ilustrava desconforto com o ritmo recente do avanço dos juros dos Treasuries". Para o banco de investimento, diante da incerteza sobre os próximos indicadores, "nada na comunicação de hoje impede o Fed de elevar em 75 pontos-base em dezembro ou subir os juros acima de 5% no próximo ano".

No mercado cambial, houve recuo do índice DXY, que mede o dólar ante uma cesta de moedas fortes. Com isso a libra avançou, após chegar a cair em parte do dia, depois de um dado pior que o esperado de vendas no varejo do Reino Unido (de 1,4% em setembro ante agosto, ante previsão de recuo de 0,5%) e com as incertezas na política local também no radar. Já no sábado local, o Nikkei reportava que o Japão intervinha no câmbio para apoiar o iene, que renovou mínimas desde 1990 nesta semana. No horário citado, o dólar caía a 147,45 ienes, o euro subia a US$ 0,9864 e a libra avançava a US$ 1,1302. O DXY registrou queda de 0,77%, a 112,012 pontos, com baixa de 1,15% na semana.

Já nas bolsas americanas, os índices renovaram várias máximas à tarde, com os sinais do Fed e balanços. Entre ações em foco, American Express caiu 1,61% e Verizon recuou 4,51%, depois de publicarem resultados. Entre os setores do S&P 500, tecnologia, financeiro e papéis ligados ao consumo se saíam bem. Amazon subiu 3,53%, Apple teve ganho de 2,71 e Boeing, de 1,57%. O Dow Jones fechou em alta de 2,47%, em 31.082,56 pontos, o S&P 500 subiu 2,37%, a 3.752,75 pontos, e o Nasdaq avançou 2,31%, a 10.859,72 pontos. Na comparação semanal, os índices registraram ganhos de 4,89%, 4,74% e 5,22%.

O setor de energia também se saiu bem, apoiado pelos ganhos do petróleo. O contrato do WTI para dezembro subiu 0,64%, a US$ 85,05 o barril, na Nymex, e o Brent para o mesmo mês avançou 1,21%, a US$ 93,50 o barril, na ICE. O recuo do dólar ajudou e, segundo a Oanda, também as sinalizações do Fed. Entre as notícias do setor, a Arábia Saudita e a China informavam que pretendiam cooperar para manter a estabilidade do mercado de petróleo.

BOLSA

Com forte desempenho das estatais Petrobras e Banco do Brasil ao longo da semana, nas asas da redução do 'gap' entre os candidatos Lula e Bolsonaro nas pesquisas de intenção de voto, e também com humor externo em geral mais favorável, que contribui para atração de fluxo estrangeiro para um emergente que tem mostrado bons fundamentos e descontos, o Ibovespa fechou hoje em alta de 2,35%, aos 119.928,79 pontos, em recuperação de quase 8 mil pontos frente ao nível em que havia encerrado a sexta-feira passada, então aos 112 mil. O giro financeiro hoje, em sessão com vencimento de opções sobre ações, foi reforçado a R$ 40,9 bilhões.

Na semana, o Ibovespa avançou 7,01%, após acumular perda de 3,70% no intervalo anterior. Foi o melhor desempenho semanal da referência da B3 desde o começo de novembro de 2020, quando havia subido 7,42% na primeira semana daquele mês. Na máxima de hoje, foi aos 120.751,55 pontos, em alta de 3,06%, atingindo o maior nível intradia desde 5 de abril (121.628,22), o qual corresponde à máxima do ano. Nesta sexta-feira, a mínima do dia (116.735,71) não ficou muito distante do nível da abertura (117.170,19 pontos). No mês, o Ibovespa sobe 8,99% e, no ano, 14,41%.

No exterior, sinais do Federal Reserve de que o ritmo de elevação da taxa de juros de referência americana pode desacelerar para meio ponto porcentual na última reunião do ano, em dezembro, deu fôlego aos ativos de risco neste fechamento de semana, alavancando os três principais índices acionários de Nova York nesta sexta-feira (Dow Jones +2,47%, S&P 500 +2,37%, Nasdaq +2,31%). O ganho de dinamismo lá fora deu estímulo adicional ao Ibovespa, que fechou a semana de forma invicta, com cinco ganhos diários seguidos. Foi o maior nível de fechamento para o índice desde 4 de abril, então aos 121.279,51 pontos.

O apetite por compras na B3 apareceu ainda na segunda-feira (+1,38%) mas se acentuou em direção ao fechamento da sessão seguinte, terça (+1,87%), quando o mercado começou a precificar sinais de encurtamento da distância entre os candidatos Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL) na disputa presidencial. O movimento deu fôlego a papéis de estatais, como Petrobras (hoje, ON +3,41%, PN +3,43%) e Banco do Brasil (ON +2,48% nesta sexta-feira), mas a semana foi bem positiva também para outros carros-chefes da B3, como Vale (ON +6,16% no período) e Itaú (PN +8,41 no intervalo), entre outras. Na semana, Petrobras ON e PN subiram, respectivamente, 11,87% e 12,87%, e Banco do Brasil ON, 14,10%. Hoje, Vale ON subiu 2,93% e Itaú PN, 3,33%.

Com uma eleição que parece a caminho de ser decidida dentro da margem de erro, observam analistas, o sinal externo é fundamental para orientar os negócios. "Para novembro, já está bem precificada a alta de 75 pontos-base para a taxa de juros do Fed , mas agora se vê que pode haver um 'slowdown' (desaceleração) na alta, para meio ponto porcentual, em dezembro. Os juros do Fed podem ir a 5% em fim de ciclo, o que já traz uma desaceleração para a economia, certamente, mas sem um 'hard landing' duro, que resultaria em uma recessão por semestres. O viés do Fed parece ser o de ainda aumentar um pouco, mas parar para ver o efeito sobre a economia, antes de prosseguir com outros aumentos de juros ou decidir se fecha o ciclo. Quem sabe, entre o fim deste ano e o começo de 2023 possamos ver essa pausa", diz César Mikail, gestor de renda variável da Western Asset.

"O interesse do gringos por Brasil prossegue. Entre os emergentes, Brasil e México são mercados líquidos, e aqui oferecemos bons fundamentos e descontos", acrescenta. "A situação de caixa que se tem hoje ainda é semelhante a que se tinha ali, logo depois da crise de 2008. Então, quando se vê oportunidade, as compras ocorrem", conclui.

Na frente eleitoral, o gestor observa que, considerando o resultado agregado das pesquisas mais recentes, há um encurtamento da distância entre Lula e Bolsonaro, tendendo em alguns casos para o empate técnico. "Sem entrar no mérito de nome A ou B, esse gap está fechando. O momento costuma favorecer quem está mostrando um 'trend' (tendência) de alta na chegada. De qualquer forma, impossível prever o resultado. E o que o mercado faz, ao ver o fechamento do gap, é comprar aos poucos ali onde estava 'under' (abaixo), em papéis que tendem a subir (caso ocorra vitória de Bolsonaro), como Petrobras e Banco do Brasil", acrescenta Mikail.

Na ponta do Ibovespa nesta última sessão da semana, destaque para CSN (+6,05%), Soma (+5,48%), Gol (+4,56%) e B3 (+4,36%). No lado oposto, MRV (-7,18%), Cielo (-1,69%) e TIM (-0,95%) - apenas seis papéis da carteira Ibov fecharam o dia no negativo.

Mesmo diante de um ganho semanal do Ibovespa que nesta tarde superava 6%, a expectativa de alta para as ações no curtíssimo prazo teve expressivo avanço no Termômetro Broadcast Bolsa desta sexta-feira. Entre os participantes, 72,73% acreditam que o índice terá desempeno positivo na próxima semana, ante 55,56% na pesquisa anterior. Os que esperam queda são 18,18% e os que veem estabilidade, apenas 9,09%. Na sondagem anterior, eram 22,22% em cada um dos casos. (Luís Eduardo Leal - [email protected])

17:27

 Índice Bovespa   Pontos   Var. % 

Último 119928.79 2.35355

Máxima 120751.55 +3.06

Mínima 116735.71 -0.37

Volume (R$ Bilhões) 4.09B

Volume (US$ Bilhões) 7.87B

17:39

 Índ. Bovespa Futuro   INDICE BOVESPA   Var. % 

Último 122300 2.81631

Máxima 122820 +3.25

Mínima 118290 -0.55

CÂMBIO

Com aprofundamento das perdas ao longo da tarde, em sintonia com o comportamento da moeda americana lá fora, o dólar encerrou a sessão desta sexta-feira (21) em queda de 1,33%, cotado a R$ 5,1480 - menor valor de fechamento desde 22 de setembro e perto da mínima da sessão (R$ 5,1411), registrada na última hora de negócios. Com isso, a divisa termina a semana com perdas de 3,28% e passa a acumular desvalorização de 4,57% em outubro.

Analistas atribuíram a rodada de apreciação do real hoje sobretudo à recuperação dos ativos de risco no exterior, após sinais de que o Federal Reserve (Fed, o Banco Central dos EUA) pode moderar o ritmo de alta de juros a partir de dezembro. Haveria também certa influência do quadro eleitoral no desempenho dos ativos brasileiros, dada a aposta do mercado em chances de reeleição Jair Bolsonaro e, por tabela, de permanência de Paulo Guedes no Ministério da Economia depois de algumas pesquisas apontarem empate técnico entre o presidente e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Afora uma alta na primeira de negócios, também em linha com o exterior, o dólar trabalhou em baixa durante o restante do pregão. A onda vendedora começou sob o impacto de reportagem do "Wall Street Journal", assinada por jornalista visto como "porta-voz" informal do Fed, de que, após uma provável elevação da taxa básica em 75 pontos-base em novembro, o BC americano deve optar por aumento de 50 pontos-base em dezembro.

"A reportagem do Wall Street Journal soou positivamente no mercado global. Dólar chegou a bater na máxima de R$ 5,2770 e logo depois derreteu para bandas mais próximas de R$ 5,17", afirma o diretor de produtos de câmbio da Venice Investimentos, André Rolha, para quem, com o rompimento de R$ 5,15, o dólar pode buscar o nível de R$ 5,10. "Estreitamento entre os candidatos também gera alivio no mercado local beneficiando não só o cambio, mas também o Ibovespa com destaque para Petrobras."

O apetite ao risco no exterior se intensificou à tarde com declarações de dirigentes do BC americano corroborando reportagem do Wall Street Journal. Primeiro, a presidente do Fed de São Francisco, Mary Daly, afirmou que é preciso evitar um aperto "excessivo" da política monetária que prejudique desnecessariamente a economia. Em evento na Universidade de Berkeley, Daly disse que agora é o momento de o Fed "começar a discutir" a redução do ritmo de alta de juros. Em seguida, o presidente do presidente do Federal Reserve (Fed) de Chicago, Charles Evans (que tem direito a voto em 2023), que disse que prevê desaceleração "significativa" da inflação nos Estados Unidos no ano que vem e juros pouco acima de 4,5% no início do próximo ano.

A reação dos mercados foi imediata. As bolsas em Nova York aceleraram os ganhos para a faixa de 2%, enquanto o índice DXY - que mede o desempenho do dólar frente a seis divisas fortes - chegou a furar a linha dos 111,800 pontos. Além da recuperação do euro e da libra, o iene apresentava ganhos de quase a 2% do iene, com rumores de intervenção do Banco do Japão (BoJ). Pela manhã, o iene havia atingido o menor nível em relação à moeda americana em 32 anos.

"No fundo, o Fed não quer os mercados desabem e tenta suavizar um pouco o discurso. Claramente, já existem preocupações com a desaceleração da economia", afirma o economista-chefe da JF Trust, Eduardo Velho, para quem o Fed deve optar por prolongamento do ciclo de aperto, mas em ritmo mais moderado, levando a taxa básica para cerca de 4,5%. "Os mercados se animaram hoje com esses sinais do Fed, mas a inflação americana ainda vai permanecer alta por bastante tempo e podemos ver nossas correções dos ativos de risco."

O economista observa que, antes da moderação do discurso do Fed, o nível de estresse nos mercados já havia diminuído com o abandono do plano de corte de gastos no Reino Unido, seguido pela renúncia da primeira-ministra Luz Truss. Houve também uma recuperação dos preços das commodities, com o petróleo voltando a superar os US$ 90 o barril após a Opep+ anunciar redução da produção anual. Ele pondera, contudo, que a perspectiva é de um dólar globalmente ainda forte, dado que os investidores tendem a manter parte de posições defensivas em meio à perspectiva de recessão na Europa e recrudescimento do conflito na Ucrânia.

"O Brasil pode se diferenciar de outros emergentes, mas é difícil o dólar vir para o patamar de R$ 5,00 antes que haja clareza da política fiscal em 2023, porque os dois candidatos sinalizaram com continuidade dos programas de auxílio", afirma Velho, acrescentando que, mesmo em caso de reeleição de Bolsonaro, é preciso saber qual será a força de Paulo Guedes para conter a demanda por mais gastos. (Antonio Perez - [email protected])

17:39

 Dólar (spot e futuro)   Último   Var. %   Máxima   Mínima 

Dólar Comercial (AE) 5.14800 -1.3321 5.27750 5.14110

Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0    

DOLAR COMERCIAL FUTURO 5173.000 -0.98574 5285.500 5149.500

DOLAR COMERCIAL FUTURO 5190.000 -1.59272 5256.500 5190.000

JUROS

Os juros futuros percorreram a sexta-feira em busca de alguma tendência, oscilando ora com viés de alta, ora com viés de baixa, sem se afastar dos níveis de ontem. No fechamento dos negócios, exibiam sinal moderado de queda, terminando nas mínimas da sessão e captando parcialmente o impacto positivo das declarações dovish de um dirigente do Federal Reserve sobre os demais ativos. A fala, no meio da tarde, pegou o mercado de juros já com a etapa regular encerrada, no momento de definição dos ajustes, mas conseguiu dar algum impulso também à liquidez, que esteve bastante fraca nos últimos dias. No balanço da semana, a curva devolveu prêmios, com um pouco mais de força nos vértices intermediários e longos, configurando leve perda de inclinação.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2024 fechou em 12,83%, de 12,85% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2025 encerrou na mínima de 11,68%, de 11,70% ontem. O DI para janeiro de 2027 terminou com taxa de 11,52% (mínima) de 11,55% ontem.

Durante o dia, apesar da queda generalizada do dólar e dos rendimentos dos Treasuries, e do apetite ao risco visto nas ações, a curva local resistiu à melhora externa calcada na expectativa de que o Federal Reserve possa desacelerar o ritmo de aperto monetário na última reunião do ano. Segundo o Wall Street Journal, dirigentes estão se inclinando deliberadamente à outra alta de 75 pontos-base nos juros, em sua reunião de 1° e 2 de novembro, e devem debater se e como sinalizam planos para aprovar uma alta menor em dezembro. Mas nos DIs a cautela com a área fiscal e com o cenário complexo no exterior estariam inibindo a montagem de posições mais consistentes, acentuada na reta final das eleições e às vésperas da decisão do Copom.

Por volta das 16 horas, o presidente do Fed de Chicago, Charles Evans, membro votante do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc) em 2023, disse prever desaceleração "significativa" da inflação nos Estados Unidos em 2023 e juros pouco acima de 4,5% no início do próximo ano. Afirmou ainda que "nossas projeções não apontam para recessão econômica". Foi a senha para o dólar renovar mínimas abaixo de R$ 5,15 e o Ibovespa avançar aos 120 mil pontos nas máximas. Houve um respingo no mercado de juros, mas essencialmente este é o ativo que tem resistido mais ao impacto da melhora das intenções de voto do presidente Jair Bolsonaro (PL) nas recentes pesquisas eleitorais.

O economista-chefe da Ativa Investimentos, Étore Sanchez, afirma que o DI de curto prazo tende a ficar travado pela expectativa de Selic estável nos próximos meses, enquanto a sensibilidade dos demais trechos está mais sobre os cenários fiscal e externo. "Os vencimentos a partir de 2024 olham para o risco fiscal e também são mais suscetíveis aos juros lá fora", afirma.

Nesse sentido, o alívio nos retornos dos Treasuries hoje pode ter sido apenas um respiro e não uma tendência, diante da conjuntura repleta de incertezas. Na Europa, as perspectivas são sombrias, com crise energética no continente e política no Reino Unido, além da persistência da guerra na Ucrânia.

Outra explicação para a renda fixa estar mais apartada do rali é que a relação risco versus retorno num cenário em que Bolsonaro seja eleito é muito mais atrativa na renda variável. "Parte do crescimento dele nas pesquisas se justifica pelas promessas de gastos sociais, que devem ajudar o crescimento pela transferência de renda. Um fiscal frouxo ajuda no PIB, e por tabela, a Bolsa, mas com isso o juro deve demorar mais a cair", explica um economista. Nesse contexto, o fluxo de estrangeiros para a Bolsa também estaria fortalecendo o real.

A próxima semana é de reta final das eleições, mas também de decisão do Copom. Há consenso em torno da Selic estável em 13,75% e o mercado vai buscar no comunicado sinais sobre o plano de voo do Banco Central. De maneira geral, a expectativa é de que seja mantido também o alerta sobre o risco de retomada da alta. Na avaliação do Itaú Unibanco, o economista-chefe Mario Mesquita diz acreditar que as autoridades reforçarão o tom de cautela, indicando que a discussão sobre eventuais cortes de juros ainda está distante. (Denise Abarca - [email protected])

08:53

 Operação   Último 

CDB Prefixado dias (%a.a) 13.66

Capital de Giro (%a.a) 6.76

Hot Money (%a.m) 0.63

CDI Over (%a.a) 13.65

Over Selic (%a.a) 13.65

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