A instabilidade deu o tom na sessão desta quarta-feira, à medida que o mercado se equilibra entre os dados de inflação nos Estados Unidos e as apostas derivadas a partir deles. Enquanto as surpresas com os preços ao consumidor prescreveram cautela nos próximos passos do Federal Reserve, os preços ao produtor em linha com o consenso conseguiram acalmar aquelas apostas mais intensas. Tanto que a precificação de uma alta de 1 ponto porcentual na semana que vem passou dos 34%, ontem, para 24% hoje. Mesmo assim, a percepção de fundo ainda é de uma taxa alta por mais tempo nos EUA. E foi nesta gangorra que o investidor operou hoje. Tanto que, na meia hora final, as bolsas de Nova York saíram do vermelho e se firmaram no azul até o fechamento. O Nasdaq teve alta mais intensa (+0,74%), ao passo que S&P 500 (+0,34%) e Dow Jones (+0,10%) tiveram avanço mais comedido. Até o meio da tarde, a Bolsa andou bastante alinhada com Nova York, mas acabou cedendo à pressão de venda, em um dia marcado também pelo vencimento de opções sobre o índice. O Ibovespa terminou o dia aos 110.546,67 pontos, recuo de 0,22%. Os ajustes finos também ocorreram nas taxas de juros, com as vendas do varejo abaixo do esperado sem força para intensificar apostas para a Selic. No câmbio, o dólar apresentou oscilações modestas na sessão. A variação entre a mínima e a máxima foi de apenas 4 centavos e a moeda americana repercutiu contra o real o sinal visto com os pares mais fortes. O dólar à vista encerrou o dia cotado a R$ 5,1782 (-0,18%).
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MERCADOS INTERNACIONAIS
Apesar de o índice de preços ao produtor (PPI) dos Estados Unidos ter vindo em linha com a previsão do mercado e ter dado certo fôlego às bolsas de Nova York durante a sessão, ao mesmo tempo em que pressionou o dólar, a perspectiva majoritária do mercado ainda é por um Federal Reserve (Fed) hawkish e uma alta de 75 pontos-base na semana que vem. Dessa forma, a ponta curta da curva dos rendimentos dos Treasuries subiu, assim como algumas commodities, como o petróleo, apesar dos estoques de óleo dos EUA terem subido e a Agência Internacional de Energia (AIE) ter cortado projeção da demanda chinesa. Enquanto isso, a Fitch diminuiu a estimativa para expansão do Produto Interno Bruto (PIB) chinês e previu recessão nos EUA, Reino Unido e zona do euro.
O PPI americano caiu 0,1% em agosto ante julho, em linha com a previsão de analistas. Já o núcleo, que exclui itens voláteis como alimentos e energia, avançou 0,4% na comparação mensal de agosto, quando o previsto era 0,3%. Para a High Frequency Economics (HFE), os dados não devem mudar os planos do Fed. A consultoria prevê que a autoridade monetária subirá juros em 75 pontos-base na semana que vem. O Citi, por sua vez, destaca que não está claro até que ponto o ritmo mais lento da inflação do PPI será repassado para os preços no varejo. "De qualquer forma, o relatório deve tranquilizar as autoridades do Fed de que a inflação - embora alta - não está se acelerando inesperadamente e, na margem, defende a manutenção de uma alta de 75 pontos-base em setembro, em vez de subir para 100 pontos-base", diz o banco.
Após a divulgação dos dados, as bolsas de Nova York subiram, e, apesar de oscilarem em uma sessão volátil, acabaram fechando em alta. "Testemunhamos movimentos violentos no mercado ontem, quando reavaliamos as expectativas do Fed e de risco econômico", disse Megan Horneman, diretora de investimentos da Verdence Capital Advisors, ao The Wall Street Journal. "Hoje estamos absorvendo um dia tão destrutivo". No fechamento, o Dow Jones subiu 0,10%, a 31.135,09, o S&P 500 ganhou 0,34%, a 3.946,01,e o Nasdaq teve alta de 0,74%, a 11.719,68 pontos. Já os Treasuries subiram na ponta curta, enquanto ainda persiste a expectativa por um Fed agressivo. No fim da tarde em Nova York, o juro da T-note de 2 anos tinha alta a 3,792%, o da T-note de 10 anos caía a 3,413% e o do T-bond de 30 anos recuava a 3,466%.
O índice DXY, em reação ao PPI, caiu. Além disso, para a Convera, o dólar norte-americano teve seu rali esfriado por relatos de que o Japão pode estar se aproximando de intervir em apoio ao iene, moeda com pior desempenho do ano entre economias desenvolvidas. De acordo com a Reuters, o ministro das Finanças do Japão, Shunichi Suzuki, reiterou que o governo não descarta qualquer possibilidade para conter a recente desvalorização do iene. "Estamos falando em tomar todas as opções disponíveis, então é correto pensar assim", disse Suzuki. O DXY baixou 0,14%, a 109,658 pontos. No fim da tarde em Nova York, o dólar caía a 143,17 ienes, o euro apreciava a US$ 0,9975 e a libra subia a US$ 1,1537.
O arrefecimento da moeda americana impulsionou o petróleo, que fechou em alta. Na New York Mercantile Exchange (Nymex), o barril do petróleo WTI com entrega para outubro subiu 1,31% (US$ 1,17), a US$ 88,48, e o do Brent para novembro avançou 1,0% (US$ 0,93), a US$ 94,10, na Intercontinental Exchange (ICE). Ao longo do dia, no entanto, os contratos futuros chegaram a perder força após relatório do DoE mostrar que os estoques americanos tiveram alta de 2,442 milhões de barris, na semana encerrada em 09 de setembro. Além disso, a AIE revisou para baixo sua projeção para a demanda chinesa por petróleo em 2022 em 400 mil barris por dia (bpd), a 15 milhões de bpd, 420 mil bpd a menos do que no ano anterior.
Ainda sobre a economia chinesa, a Fitch Ratings diminuiu a estimativa para expansão do PIB chinês em 2022, de 3,7% a 2,8%, e em 2023, de 5,3% a 4,5%. Além disso, a agência de risco revisou para baixo a projeção de avanço da atividade econômica nos EUA e zona do euro. "Tivemos uma tempestade perfeita para a economia global nos últimos meses, com a crise do gás na Europa, uma forte aceleração nos aumentos das taxas de juros e uma queda cada vez maior no mercado imobiliário na China”, disse Brian Coulton, economista-chefe. [Letícia Simionato - [email protected]]
BOLSA
A leitura sobre o índice de preços ao produtor (PPI) nos Estados Unidos em agosto, divulgada no dia seguinte à decepção causada pela inflação ao consumidor no mesmo mês, não foi o suficiente para estabilizar o apetite por ações nesta quarta-feira, aqui e no exterior. Mais cedo, os índices de Nova York chegaram a esboçar uma reação parcial, devolvida ao longo da tarde. Na B3, o Ibovespa, que ontem havia mostrado desempenho superior à queda livre vista em NY, onde as perdas chegaram a superar 5% (Nasdaq) no fechamento, manteve-se ainda contido neste "dia seguinte", em margem de variação relativamente estreita, entre mínima de 110.118,13 e máxima de 111.504,47 em sessão de vencimento de opções sobre o índice.
Ao final, o Ibovespa mostrava perda de 0,22%, aos 110.546,67 pontos, com giro financeiro a R$ 39,9 bilhões, relativamente moderado para um dia de vencimento de opções sobre o índice. Na semana, a referência da B3 cai 1,56%, limitando os ganhos do mês a 0,93% e os do ano a 5,46%.
"Foi um típico dia de ressaca, ainda refletindo a leitura acima do consenso para a inflação ao consumidor nos Estados Unidos, ontem. O mercado ainda digeriu hoje um dado que reforça o sinal 'hawkish', que já vinha da comunicação do Federal Reserve no simpósio de Jackson Hole, semanas atrás", diz Felipe Moura, analista da Finacap.
"Com a perspectiva de que os juros possam subir até 100 pontos-base agora em setembro, nos Estados Unidos, e incerteza sobre o que virá a seguir, na reunião de novembro, o cenário de 'hard landing' volta a ganhar força. É difícil, numa economia grande como a americana, evitar que isso aconteça com o grau ainda exigido de ajuste na política monetária para controlar a inflação", acrescenta.
Após o índice de preços ao consumidor (CPI) americano surpreender em agosto, foi a vez, hoje, de a inflação no Reino Unido mostrar força no mês, ainda que em desaceleração ante o resultado de julho e ter vindo, como o PPI americano, em linha com as expectativas para o mês.
"Ontem foi um dia de massacre, considerado o pior desde 2020 em Nova York. Voltou com muita força a ideia do 'rali do urso', de que na verdade estamos em um mercado de baixa, com inflação pior do que se imaginava - e o Fed precisará elevar muito mais os juros", diz Paulo Gala, economista-chefe do Banco Master, destacando, no dia de ontem, o forte ajuste não só nas curvas de juros mas também, em grau mais moderado, nos preços de commodities como o petróleo.
"Houve banho de sangue no mercado de títulos americanos, as taxas de juros subiram muito. Dependendo do 'duration' dos títulos públicos nas carteiras, há na média uma queda acumulada de 10% a 15% no ano (nos preços). Há mais de 30 anos não acontecia algo assim. Não só há uma queda forte nas bolsas, como no mercado de títulos públicos também, claramente em 'bear market' com essa explosão de taxas de juros", acrescenta Gala.
Apesar da cautela como pano de fundo para os negócios neste meio de semana, o petróleo teve alguma recuperação, com o Brent de volta à casa de US$ 94 por barril, tendo chegado a US$ 95,80 na máxima do dia. Assim, Petrobras (ON +1,23%, PN +1,53%) conseguiu se descolar do tom negativo que predominou nas outras blue chips, especialmente no segmento de mineração (Vale ON -1,83%) e siderurgia (Gerdau PN -3,72%, CSN ON -3,91%). Os grandes bancos ao fim tiveram desempenho majoritariamente negativo, mas em ajuste moderado (BB ON +0,10%, Itaú PN -0,37%, Bradesco ON -0,56%).
Na ponta do Ibovespa, Petz (+6,53%), Iguatemi (+5,57%), PetroRio (+5,11%), Cogna (+4,03%) e Natura (+3,72%). No lado oposto, IRB (-5,60%), Magazine Luiza (-4,89%), CSN (-3,91%), Gerdau (-3,72%) e Via (-3,55%).
Destaque da agenda doméstica desta quarta-feira, as vendas do comércio varejista caíram 0,8% em julho ante junho, na série com ajuste sazonal, informou pela manhã o IBGE. O resultado contrariou a mediana das estimativas do mercado financeiro, positiva em 0,2%, no Projeções Broadcast: o intervalo ia de queda de 1,0% a alta de 2,2%.
Para o Itaú, as vendas do varejo devem desacelerar nos próximos meses devido à diminuição da renda disponível e ao maior impacto do aperto da política monetária, mas o banco pondera, em nota, que os segmentos sensíveis à renda podem ser mais resilientes, em razão do aumento do Auxílio Brasil.
"O dado do varejo veio bem mais fraco na margem: das 10 categorias, nove tiveram queda. A única categoria que subiu foi a de combustíveis - com preços mais baratos, as pessoas consumiram mais. O que mostra que estamos passando por uma desaceleração de consumo, com queda em setores como os de automóveis e construção civil, refletindo o crédito mais caro por conta dos juros", diz Victor Candido, economista-chefe da RPS Capital.
"Mais importante na leitura de hoje foi mostrar a tendência de desaceleração no consumo de bens na economia, enquanto o consumo de serviços tem aumentado muito, em recuperação natural (após a pandemia)", acrescenta. (Luís Eduardo Leal - [email protected])
17:27
Índice Bovespa Pontos Var. %
Último 110546.67 -0.2232
Máxima 111504.47 +0.64
Mínima 110118.13 -0.61
Volume (R$ Bilhões) 3.99B
Volume (US$ Bilhões) 7.71B
17:30
Índ. Bovespa Futuro INDICE BOVESPA Var. %
Último 111675 -0.07606
Máxima 112560 +0.72
Mínima 111080 -0.61
CÂMBIO
Após avançar 1,77% ontem, na esteira da liquidação de ativos de risco provocada pelo susto com a inflação ao consumidor nos EUA em agosto, o dólar apresentou oscilações modestas na sessão desta quarta-feira (14). Com variação de apenas cerca de quatro centavos entre a mínima (R$ 5,1510) e a máxima (R$ 5,1980), a divisa acabou encerrando o dia cotada a R$ 5,1782, em baixa de 0,18%. Na semana, apresenta valorização de 0,59%.
Segundo operadores, o pregão foi marcado por cautela e ajustes finos de posições. A falta de apetite por negócios se refletiu no giro reduzido do contrato futuro de dólar para outubro, de menos de US$ 10 bilhões. Sem surpresas com o índice de inflação ao produtor (PPI, na sigla em inglês) dos EUA em agosto, não houve mudanças relevantes na perspectiva para o ritmo e a magnitude da alta de juros pelo Federal Reserve - principal norteador do comportamento da moeda americana tanto lá fora quanto no mercado doméstico, uma vez que a corrida eleitoral tem sido deixada em segundo plano.
Continuam majoritárias as expectativas de que o BC americano vai anunciar uma alta de 75 pontos-base na taxa básica - hoje na faixa entre 2,25% e 2,50% - na semana que vem (dia 21). Uma ala do mercado aventa a possibilidade de elevação de 100 pontos-base, dada a resistência e a disseminação da inflação. Os ativos parecem já terem incorporado a possibilidade Fed Funds acima de 4% no fim deste ano.
O PPI dos Estados Unidos caiu 0,1% em agosto ante julho, em linha com o esperado. O núcleo do índice - que exclui itens voláteis como alimentos e energia - avançou 0,4%, acima do das expectativas (0,3%), mas sem provocar marolas no mercado. No acumulado de 12 meses encerrados no mês passado, o PPI saltou 8,7%, enquanto o núcleo subiu 5,6%.
"O mercado está bem mais tranquilo hoje. O PPI saiu de manhã dentro das expectativas e o dólar está escorregando um pouco lá fora. Acredito que a taxa [de câmbio] vai seguir com suporte em R$ 5,10 e resistência em R$ 5,21 nesse compasso de espera pelo Fed", afirma analista de câmbio da corretora Ourominas, Elson Gusmão.
No exterior, o índice DXY - que mede o desempenho do dólar frente a uma cesta de seis divisas fortes - trabalhou em leve baixa ao longo do dia, mas se manteve em níveis elevados, acima da linha dos 109,000 pontos. O euro apresentou leve alta enquanto o iene subiu mais de 1% em meio à possibilidade de que o Bando do Japão (BoJ) possa intervir para dar sustentação à sua moeda. O dólar caiu na comparação com a maioria de divisas emergentes e de países exportadores de commodities. Em relação a pares latino-americanos do real, subiu ante o peso chileno e recuou na comparação com o peso mexicano.
Para o economista-chefe da JF Trust, Eduardo Velho, a perspectiva é de um dólar mais forte globalmente, o que vai respingar nas moedas emergentes. A tese de que a inflação americana teria feito pico no segundo trimestre caiu por terra com a divulgação do CPI de agosto ontem - e o que se avizinha é um aperto monetário mais forte nos EUA, com alta de juros e redução mais rápida do balanço patrimonial do BC americano.
"O Fed vai ter que priorizar o aperto monetário porque a inflação está alta e disseminada. O resultado vai ser um dólar mais forte e resultados piores das companhias abertas americanas, o que vai provocar correção nos mercados acionários", afirma Velho, ressaltando que deve haver redução de fluxo de recursos para emergentes.
Como a piora do ambiente para ativos de risco e a alta global do dólar tendem a manter o real na berlinda, haverá menos espaço para que o Banco Central brasileiro reduza os juros ao longo de 2023, argumenta o economista da JF Trust. "Aumentou a percepção de que o juro brasileiro vai ter que ficar na casa de dois dígitos no ano que vem. O BC teria até que dar alta adicional de 0,25 ponto porcentual neste mês, para reforçar a sinalização de que vai defender sua moeda e porque as expectativas de inflação ainda estão acima da meta", afirma.
Dados do fluxo cambial divulgados hoje à tarde pelo Banco Central mostram que falta de apetite dos estrangeiros por ativos locais. Em setembro, até o dia 9, o fluxo foi negativo em US$ 2,259 bilhões - resultado de saída de US$ 2,619 bilhões pelo canal financeiro e entrada de apenas US$ 360 milhões via comércio exterior no período. Na semana passada (de 5 a 9 de setembro), o fluxo total foi negativo em US$ 2,680 bilhões, com saída tanto no canal financeiro (US$ 1,725 bilhão) quanto no comercial (US$ 955 milhões). (Antonio Perez - [email protected])
17:30
Dólar (spot e futuro) Último Var. % Máxima Mínima
Dólar Comercial (AE) 5.17820 -0.1793 5.19800 5.15100
Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0
DOLAR COMERCIAL 5195.000 -0.24962 5221.500 5174.000
DOLAR COMERCIAL FUTURO 5230.000 13/09
JUROS
Os juros futuros fecharam a sessão em níveis próximos aos dos ajustes de ontem, com viés de baixa nos vencimentos curtos e alta moderada nos longos, configurando algum aumento de inclinação à curva. O mercado esteve de ressaca do movimento da véspera, quando as taxas subiram com força em reação à inflação ao consumidor americano, hoje sem vetores fortes para conduzir os negócios. As vendas do varejo abaixo do esperado não alteraram a percepção sobre a Selic no curto prazo e a inflação ao produtor nos Estados Unidos, mesmo com núcleo levemente acima do consenso, também não trouxe danos adicionais aos ativos.
O volume, no geral, foi fraco e a oscilação das taxas, limitada. A do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2024 encerrou em 13,12%, de 13,14% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2025 passou de 11,90% para 11,92%. O DI para janeiro de 2027 terminou com taxa de 11,62%, de 11,54%.
O desenho da curva reflete essencialmente as expectativas para a política monetária aqui e no exterior, sendo que lá fora o processo ainda está começando. Brasil e Estados Unidos têm na próxima quarta-feira reuniões de política monetária. Enquanto por aqui, a expectativa majoritária é de que a Selic seja mantida em 13,75%, por lá a aposta central é de que a taxa, hoje entre 2,25% e 2,50%, seja elevada em 75 pontos-base e ainda com um longo caminho a trilhar, podendo superar 4% no fim do processo. Nos dois casos, as apostas alternativas são de uma postura mais conservadora dos bancos centrais, de ajuste residual de 25 pontos-base pelo Copom e de 100 pontos pelo Federal Reserve.
Para a economista-chefe da MAG Investimentos, Patricia Pereira, houve um certo exagero na reação dos ativos ao índice de preços ao consumidor (CPI, em inglês) e o mercado hoje vive uma espécie de "indigestão". "O PPI (índice de preços ao produtor) não teve tanta surpresa, mas também não conseguiu gerar grande correção", disse. O PPI caiu 0,1% em agosto, como previsto, com o núcleo subindo 0,4%, ante consenso de 0,3%. Os yields dos Treasuries de longo prazo estiveram comportados, mas os curtos avançaram, com a taxa da T-Note de dois anos próxima de 3,8% no fim da tarde.
No Brasil, o único destaque da agenda foi a Pesquisa Mensal de Comércio (PMC), que trouxe retração de 0,8% nas vendas no conceito restrito e de 0,7% no ampliado, em julho, na margem. Os resultados contrariaram a mediana das estimativas, de alta de 0,2% em ambos os casos, mas não foram capazes de alterar o quadro de apostas para a Selic. Ontem, ao contrário, a Pesquisa Mensal de Serviços (PMS), também de julho, havia surpreendido positivamente. A leitura é de que no pós-pandemia, com reforço dos estímulos fiscais, o setor de serviços tem sido privilegiado em detrimento ao consumo de bens, com timing diferente de recuperação.
Para a CM Capital, como o resultado do mês de julho ainda não abrange o aumento no valor do Auxílio Brasil, este fator político constitui um vetor positivo para os próximos resultados. "Porém, conforme expresso pelo Banco Central na última ata do Copom, a instituição aguarda uma queda no nível de atividade doméstico, em função da trajetória altista da taxa básica de juros próximos meses", afirmaram os profissionais.
Patricia Pereira, da MAG, acredita que os economistas têm tido mais dificuldade em acertar os ajustes de sazonalidade dos indicadores de atividade no pós-pandemia e com o fator adicional da ampliação dos benefícios fiscais. Esse quadro, mas principalmente o foco do noticiário no Brasil nas eleições, tem concentrado a atenção do mercado local no exterior. "O Brasil está vivendo da política, com a tese de segundo turno se consolidando, dado o crescimento marginal das candidaturas de Ciro Gomes e Simone Tebet. Por isso, vemos mais a influência lá de fora", disse. (Denise Abarca - [email protected])
17:30
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