MERCADO MIRA JURO NOS EUA ACIMA DE 4% NO FIM DO ANO E ATIVOS DE RISCO TÊM LIQUIDAÇÃO

Blog, Cenário

A inflação ao consumidor dos Estados Unidos acima do consenso seguiu penalizando os mercados ao longo da tarde desta terça-feira, arrastando para baixo os preços dos ativos de risco. Houve surpresas tanto no índice cheio (0,1% na margem) quanto nos núcleos (0,6%), e os agentes desfizeram as apostas, vitaminadas desde a quarta-feira passada, de que haveria um processo de desinflação mais consolidada em curso nos EUA. Assim, houve ampliação das apostas em uma postura mais dura do Federal Reserve. O monitoramento da CME mostra que, para setembro, as chances de uma elevação em 0,50 ponto porcentual foram zeradas e os investidores se dividem entre 0,75 ponto (66%) e 1 ponto (34%). Só que o efeito vai ainda mais além: para o encerramento do ano, as apostas agora são amplamente majoritárias (85%) de uma taxa igual ou maior que 4%. Ontem, para efeito de comparação, elas somavam pouco mais de 25%. Tal cenário, a uma semana do início da reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc), causou uma reprecificação nos ativos mundo afora. O juro da T-note de 2 anos subiu cerca de 20 pontos, para a casa de 3,75%. As bolsas de Nova York entraram em modo 'risk-off', nas maiores quedas porcentuais diárias desde 11 de junho de 2020, com tombos de 5,16% (Nasdaq), 4,32% (S&P 500) e 3,94% (Dow Jones). E o DXY saltou a 109,85 pontos, chegando ao fim da tarde perto das máximas. Os ativos domésticos espelharam o comportamento externo, ainda que em intensidades diferentes. Na curva de juros brasileira, o dado americano e o volume de serviços forte de julho não chegaram a alterar o quadro de apostas para o Copom da próxima semana, mas ajudaram a inibir aquelas de corte da Selic em 2023. Na Bolsa, o índice Ibovespa perdeu a linha dos 111 mil pontos, encerrando o dia aos 110.793,96 pontos (-2,30%). Somente duas ações que compõem o indicador subiram - BB Seguridade (+0,67%) e MRV (+0,90%). Por fim, no câmbio, o dólar à vista subiu quase 10 centavos e terminou o dia a R$ 5,1875, com valorização de 1,77%.

•MERCADOS INTERNACIONAIS

•JUROS

•BOLSA

•CÂMBIO

MERCADOS INTERNACIONAIS

A alta inesperada na inflação ao consumidor dos Estados Unidos derrubou os mercados internacionais nesta sessão. Com a perspectiva de alta de juros mais agressiva pelo Federal Reserve (Fed) na próxima semana, seja de 75 ou 100 pontos-base, as bolsas caíram entre 4% e 5% e tiveram a maior queda em 27 meses, enquanto os juros na ponta curta dos Treasuries subiram. O retorno do T-bond de 30 anos, porém, teve leve baixa, após leilão com demanda acima da média. Para além da decisão de setembro, as apostas para taxa de Fed Funds acima de 4% na reunião de dezembro passaram a ser majoritárias, mostra o CME Group. Em meio à fuga de risco nas negociações, o dólar se fortaleceu ante rivais e o índice DXY avançou mais de 1%, o que levou o petróleo a fechar no vermelho.

Em agosto, o CPI dos EUA registrou alta de 0,1%, ante expectativa de recuo da mesma amplitude, conforme previsão de analistas consultados pelo Projeções Broadcast. Sem a esperada deflação, que não é vista desde maio de 2020, os mercados ajustaram suas posições em relação ao Fed.

Na última reunião do ano, em 14 de dezembro, as apostas para taxa de juros básicos acima de 4% subiram de 23,5% de chance ontem para 84,8% no fim desta tarde, de acordo com monitoramento do CME Group. Dessas, 40,8% são para juros entre 4,0% e 4,25%; 34,8% para faixa de 4,25% a 4,5%; e 9,2% para o intervalo de 4,5% a 4,75%.

Para a próxima quarta-feira, 21, o consenso entre analistas é de aumento de 75 pontos-base pelo banco central norte-americano. No mercado, a probabilidade para tal elevação é de 66%, , seguida de 34% de chance para 100 pontos-base. Casas de projeção, como Capital Economics e Pantheon Macroeconomics, descartam tal possibilidade.

"O Fed efetivamente se encurralou e precisa seguir com um aperto mais agressivo para continuar restabelecendo a credibilidade da fuga da inflação", avalia o BMO Capital Markets. O banco canadense diz que o foco único do presidente da instituição, Jerome Powell, em estabilizar os preços não está definindo apenas a agenda do Fed. "Mas um sentimento comparável está em ação no Banco Central Europeu (BCE), Banco da Inglaterra (BoE), Banco de Reserva da Austrália (RBA) e Banco do Canadá (BoC) - uma realidade que amplia os riscos de errar a medida", afirmao BMO, em nota. "Quanto maior o [juro] terminal, maior o risco de recessão."

É com base nesta preocupação que o BMO antecipa uma inversão ainda mais profunda entre os retornos das T-notes de 2 e 10 anos. Hoje, porém, os juros de ambas as notas tiveram comportamento único: no fim da tarde em Nova York, o rendimento da T-note de 2 anos subia a 3,741% e o da T-note de 10 anos avançava a 3,414%. Já o do T-bond de 30 anos caía a 3,494, após perder forças com o resultado do leilão de US$ 18 bilhões com retorno de 3,511% e demanda acima da média, na análise do banco canadense.

Mais sensíveis ao comportamento do mercado de títulos, os setores de comunicação e tecnologia lideraram a queda do S&P 500. O índice perdeu 4,32%, a 3.932,69 pontos, enquanto o Dow Jones caiu 3,94%, a 31.104,97 pontos e o Nasdaq perdeu 5,16%, a 11.633,57 pontos. Os três índices registraram a maior queda porcentual desde 11 de junho de 2020.

Entre moedas, o índice DXY subiu 1,37%, a 109,815 pontos. Na marcação, o dólar subia a 144,48 ienes, o euro caía a US$ 0,9976 e a libra tinha alta a US$ 1,1500. "Se de fato a inflação dos EUA atingiu o pico, talvez o dólar também o tenha atingido, já que a queda dos preços pode sinalizar um ritmo mais lento de aumento das taxas do Fed no final do ano e possivelmente um pico mais baixo nas taxas de empréstimo", diz o analista da Conversa, Joe Manimbo. "Por outro lado, a inflação mais alta do que o esperado provavelmente sacudiria os mercados e estimularia uma fuga para a segurança do dólar."

Com a força da divisa norte-americana, o petróleo encerrou o dia no vermelho. Na New York Mercantile Exchange (Nymex), o barril do WTI para outubro teve baixa de 0,53% (-US$ 0,47), a US$ 87,31, e o do Brent para novembro cedeu 0,88% (-US$ 0,83) na Intercontinental Exchange (ICE), a US$ 93,17. (Ilana Cardial - [email protected])

JUROS

Os juros futuros avançaram com força nesta terça-feira, com os principais contratos fechando com taxas nos maiores (ou perto dos) níveis do mês. O cenário externo, via surpresa negativa da inflação ao consumidor nos Estados Unidos, foi determinante na trajetória da curva, afetando sobretudo os vencimentos longos, que acompanharam a reação dos Treasuries. A contribuição local para o movimento veio do volume de serviços em julho acima do consenso e do leilão e Notas do Tesouro Nacional - Série B (NTN-B) com lote elevado em termos de risco (DV01) para o mercado. Os eventos do dia não chegaram a alterar o quadro de apostas para o Copom da próxima semana, mas ajudaram a inibir apostas em corte da Selic em 2023.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2024 fechou em 13,145%, maior patamar desde os 13,17% do último dia 29 de agosto, de 12,99% ontem no ajuste. A do DI para janeiro de 2025 subiu de 11,72% para 11,90%. O DI para janeiro de 2027 encerrou com taxa de 11,55%, pico desde os 11,57% em 31 de agosto, de 11,32% ontem. A taxa do DI para janeiro de 2029, de 11,66%, no mês só não foi maior do que a do dia 1º (11,72%). Com os longos mais pressionados do que os curtos, a curva ganhou inclinação. O diferencial entre os vértices de janeiro de 2029 e janeiro de 2024, que ontem era de -156 pontos-base, hoje fechou em -148 pontos.

Ao contrário de ontem, o volume foi robusto refletindo o ajuste de posições exigido pelo exterior. O índice de preços ao consumidor (CPI, em inglês) norte-americano em agosto subiu 0,1%, na contramão da mediana (-0,1%) das estimativas. Além da decepção com o índice cheio, a alta de 0,6% do núcleo veio muito acima da esperada (+0,3%), o que foi um choque para os agentes. Na comparação anual, o índice cheio ficou em 8,3%, desacelerando ante julho 8,5%, mas o núcleo avançou de 6,1% para 6,3%.

Felipe Sichel, sócio e economista-chefe do Banco Modal, afirma que a composição do índice cheio revela uma queda concentrada em commodities energéticas. "A leitura do CPI subjacente é negativa qualitativa e quantitativamente. Ressaltamos que os riscos para a inflação subjacente são altistas e decorrem do mercado de trabalho que permanece extremamente apertado", disse.

Os dados tornaram piso as apostas de que o Federal Reserve vai elevar o juro em 75 pontos-base em setembro e colocaram na mesa a possibilidade de uma aceleração no ritmo de aperto para 100 pontos. Além disso, boa parte do mercado passou a trabalhar com a ideia de que o orçamento total deve ser de no mínimo 4% no fim do ciclo. Na curva americana, o efeito foi mais forte nas nos papéis curtos, com o yield da T-Note de dois anos indo a 3,75%, mas a taxa de dez anos também avançou, rompendo 3,40% no fim do dia. Ao mesmo tempo, a necessidade de aperto voltou a alimentar o temor de recessão na economia americana.

Como o Copom se antecipou e está prestes a já finalizar o processo de aperto da Selic, o CPI não alterou o cenário de expectativas para setembro, com a aposta de manutenção do nível de 13,75% mantendo-se majoritária ante a opção de aumento residual de 0,25 ponto. Porém, como a possibilidade de um Fed mais "hawkish" traz risco de estreitamento de liquidez e implicações para o câmbio doméstico, o mercado recolheu um pouco as fichas para cortes da Selic no ano que vem, uma vez que o CPI também reforça a mensagem do Banco Central de que a Selic pode ficar mais tempo inalterada do que o mercado espera.

O gestor de renda fixa da Sicredi Asset, Cassio Andrade Xavier, diz que mesmo antes da divulgação do CPI o mercado já tinha um "viés tomador" na abertura com a leitura da Pesquisa Mensal de Serviços (PMS). O volume de serviços em julho teve expansão de 1,1% ante julho, muito acima do 0,6% esperado. "Não muda a expectativa de curto prazo, mas o mercado já queria tomar DI a partir de 2023, daí saiu o CPI e foi horroroso", disse.

Os juros estiveram ainda sob o jugo do leilão do Tesouro, que ofertou 2 milhões de NTN-B, absorvidas integralmente. Para se ter ideia, o DV01 foi de US$ 1,21 milhão, de US$ 508 mil na operação da semana passada, segundo a Necton Investimentos.

Nas mesas de renda fixa, a oferta chamou a atenção num dia em que a curva já estava bem pressionada pela aversão ao risco externa. Para um profissional que qualificou como "estranha" a postura do Tesouro, a explicação pode estar num conjunto de fatores envolvendo os vencimentos pesados de títulos nos últimos meses - dia 1º haverá vencimento de quase R$ 106 bilhões em LTN -, que jogo liquidez no mercado e o rebalanceamento das carteiras dos fundos IMA-B na próxima sexta-feira (15). "Com o DI janeiro de 2025 abaixo de 12%, parece que o Tesouro tem interesse em emitir. A demanda está saudável", afirmou. (Denise Abarca - [email protected])

17:26

 Operação   Último 

CDB Prefixado 30 dias (%a.a) 13.72

Capital de Giro (%a.a) 6.76

Hot Money (%a.m) 0.63

CDI Over (%a.a) 13.65

Over Selic (%a.a) 13.65

BOLSA

Em linha com a aversão global a risco que se impôs após a surpreendente leitura sobre a inflação nos Estados Unidos em agosto, em alta de 0,1% quando se esperava uma leve deflação no mês, o Ibovespa sacudiu menos do que os índices de Nova York, onde as perdas chegaram a superar 5% no fechamento (Nasdaq -5,16%).

Na B3, vindo de três altas, o índice caiu hoje 2,30%, a 110.793,96 pontos, entre mínima de 110.521,95 e máxima de 113.400,22, saindo de abertura aos 113.398,09 pontos. Apesar da aversão a risco em véspera de vencimento de opções sobre o Ibovespa, o giro ficou em R$ 25,4 bilhões, acomodado na sessão. Na semana, a referência da B3 cede 1,34%, mas avança 1,16% no mês e 5,70% no ano.

"O volume que se desenhou na sessão parece mostrar um mercado em modo de espera aqui, ainda mostrando resiliência em vista do estágio bem mais avançado no ciclo de elevação de juros quando comparado ao exterior. Mesmo setores com exposição a juros, como os de consumo e construção, tiveram ajustes relativamente discretos na sessão", diz Naio Ino, gestor de renda variável da Western Asset.

"Lá fora, com o CPI de agosto, a expectativa de aumento de 75 pontos-base na taxa de juros dos Estados Unidos virou piso para setembro, com parte do mercado se posicionando agora para aumento de 100 pontos-base nesta reunião. E a incerteza se estende a novembro, com expectativa de que a alta de 75 pontos venha a se repetir."

Na B3, as perdas se distribuíram por ações e setores, com poucos nomes do Ibovespa conseguindo escapar à correção. No fechamento do dia, apenas MRV (+0,90%) e BB Seguridade (+0,67%) mostravam desempenho positivo na sessão. Na ponta oposta, Hapvida (-6,71%), Natura (-6,49%), Qualicorp (-6,15%) e BRF (-5,77%). Entre as blue chips, Petrobras (ON -2,86%, PN -2,94%) esteve entre as maiores perdedoras, assim como as siderúrgicas (CSN ON -4,78%, Usiminas PNA -4,10%), à frente de Vale (ON -2,71%) e dos grandes bancos (BB ON -1,49%).

"Os ativos de risco foram afetados de forma generalizada pelo ajuste, para cima, na curva de juros desde o exterior. A taxa de juros terminal nos Estados Unidos está indo agora para a faixa de 4,25%-4,50% nas projeções de mercado, o que afetou hoje em Nova York especialmente as ações dos setores de tecnologia e consumo", diz Naio.

"A perda no Ibovespa foi até ok quando se compara ao que foi visto lá, onde a taxa de juros ainda não alcançou um platô, ao contrário daqui, onde pode ainda vir um aumento marginal da Selic em setembro, de pouco efeito ao se considerar o nível em que a taxa já está. A discussão, no Brasil, é sobre quando os juros começarão a ser cortados, apesar do recente alerta do BC para os que estavam muito entusiasmados", acrescenta o gestor da Western Asset.

"Ainda mais importante do que a leitura sobe o índice 'cheio', o núcleo da inflação nos Estados Unidos veio bem acima do que era esperado para agosto. A inflação está ainda generalizada, praticamente, e o que veio pra baixo foi o preço dos combustíveis, em linha com a queda que se vê nas cotações internacionais do petróleo. A parte de alimentação, de serviços principalmente, e a habitação, tudo indo muito pra cima ainda, sem nenhum indicativo de folga na inflação (americana)", observa Raone Costa, economista-chefe da Alphatree Capital.

"O núcleo (do CPI), que exclui preços de energia e alimentos, veio acima do esperado em ambas as leituras: alta de 0,6% e 6,3% ante expectativa de 0,3% e 6,1% na comparação mensal e anual", respectivamente, aponta William Castro Alves, estrategista-chefe da Avenue Securities. "O dado reforça os comentários recentes dos dirigentes do Fed de que há muito trabalho a ser feito no sentido de controlar a inflação", acrescenta.

"A leitura sobre a inflação acumulada em 12 meses nos Estados Unidos foi de 8,3% em agosto, quando se esperava desaceleração para um patamar próximo de 8,0%. Na margem, não houve a deflação esperada, de 0,1%, apesar da deflação de 10,60% no preço da gasolina", diz Camila Abdelmalack, economista-chefe da Veedha Investimentos, destacando também aceleração em alguns grupos importantes dentro do CPI, como o gás (+3,5%, na margem) e serviços (+0,6%), entre outros "preços com ritmo considerado ainda preocupante".

"O mercado vinha numa recuperação de curto prazo, encampando narrativa de que o Fed conseguiria fazer um pouso suave, na medida em que os índices de inflação estavam cedendo, e cederiam ainda mais, sem que se precisasse subir muito mais a taxa de juros", diz Daniel Miraglia, economista-chefe do Integral Group.

"O cenário de inflação persistente reforça o discurso do Fed, de um cenário de juros elevados por mais tempo", o que "favorece a alta do dólar e penaliza os ativos de risco" com os investidores em busca de segurança, aponta Leandro De Checchi, analista da Clear Corretora. "O mercado deve seguir atento à divulgação de mais dados de inflação amanhã (14), nos EUA, e na zona do euro na sexta-feira (16), que devem nortear a tomada de risco e o ritmo durante a semana", acrescenta o analista. (Luís Eduardo Leal - [email protected])

17:27

 Índice Bovespa   Pontos   Var. % 

Último 110793.96 -2.30374

Máxima 113400.22 -0.01

Mínima 110521.95 -2.54

Volume (R$ Bilhões) 2.53B

Volume (US$ Bilhões) 4.89B

17:27

 Índ. Bovespa Futuro   INDICE BOVESPA   Var. % 

Último 111825 -2.45551

Máxima 115340 +0.61

Mínima 111550 -2.70

CÂMBIO

Após três pregões consecutivos de queda firme, em que apresentou desvalorização de 2,68% e chegou a romper o piso de R$ 5,10 no fechamento, o dólar subiu com intensidade na sessão desta terça-feira (13), em sintonia com a onda de fortalecimento da moeda americana tanto em relação a divisas fortes quanto emergentes.

A corrida global ao dólar foi deflagrada pela decepção com a leitura do índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) dos EUA em agosto. Com o CPI acima do esperado, a tese de que a inflação americana já tinha atingindo seu pico e passaria a arrefecer, responsável pela recuperação recente dos ativos de risco, caiu por terra. Tanto que uma ala do mercado passou até a especular com a possibilidade de alta de 100 pontos-base na taxa de juros americana pelo Federal Reserve na semana que vem (21).

Em Nova York, as bolsas entraram em rota descendente, com perdas superiores a 4% no fim da tarde. O retorno da T-note de 2 anos, mais ligado às expectativas para o ciclo de aperto monetário nos EUA, avançou mais de 3%, tocando 3,787% na máxima. Termômetro do comportamento da moeda americana frente a pares fortes, o índice DXY voltou a se aproximar dos 110,000 pontos, com máxima acima dos 109,800 pontos em meio a ganhos de mais de 1% do dólar frente ao euro, iene e libra esterlina.

Afora uma pequena queda na abertura dos negócios, antes da divulgação do CPI, o dólar à vista operou em alta firme durante todo o pregão, chegando a superar o teto de R$ 5,20 ainda pela manhã, quanto registrou máxima a R$ 5,2085. A moeda se afastou das máximas no início da tarde e, mesmo com deterioração dos índices acionários em Nova York e mínimas do Ibovespa na segunda etapa, não teve fôlego para tocar novamente R$ 5,20.

No fim da sessão, a divisa era cotada a R$ 5,1875, em alta de 1,77%. O contrato de dólar futuro para outubro, principal termômetro do apetite por negócios, teve giro forte, acima de US$ 15 bilhões. O real, que costuma apanhar mais que seus pares em episódios de aversão ao risco, desta vez não ficou na lanterninha. Peso chileno e rand sul-africano amargaram perdas mais fortes.

"Antes do CPI, o ambiente era positivo. A leitura foi ruim, com núcleo elevado e muita pressão em preços de serviços, que tem maior indexação. O mercado está incorporando um cenário em que o Fed terá muito mais trabalho para frente para segurar a inflação", afirma a economista-chefe da B.Side Investimentos, Helena Veronese, que acredita em nova elevação de 75 pontos-base nos Fed Funds neste mês. "O real deve continuar a perder valor muito mais pelo cenário externo complicado, com possível alta mais forte de juros nos EUA, do que por conta das eleições."

Em vez de apresentar deflação de 0,1, como apontava mediana de Projeções Broadcast, o CPI subiu 0,1% em agosto. Na comparação anual, houve alta de 8,3% ante previsão de 8%. Causou ainda mais desconforto o núcleo (que exclui energia e alimentos), com variação de 0,6% em agosto, bem acima das expectativas (0,3%). No ano, houve avanço de 6,3%, aceleração em relação a julho e também além do esperado (6,1%).

O economista-chefe do Integral Group, Daniel Miraglia, observa que os ativos de risco experimentaram nos últimos dias uma recuperação de curto prazo dentro de um 'bear market', amparada na narrativa de que o Fed conseguira controlar a inflação sem provocar retração econômica. Outro ponto que dava fôlego a apetite ao risco era a alta das commodities, em meio à aposta de que a China estava prestes a acabar com a política de "covid-zero".

"A narrativa era que os índices de inflação nos EUA estavam cedendo e iam ceder muito mais que o esperado à frente. O Fed não precisaria subir muito os juros e haveria um pouso suave da economia americana", afirma Miraglia, para quem essa rodada de depreciação dos ativos de risco já era esperada. "Vamos ter até o fim do ano um processo monetário mais restritivo, com juro nominal nos EUA por volta de 4%, porque a inflação ainda é muito elevada."

Miraglia ressalta que, além de elevar a taxa de juros, o Fed vai acelerar o processo de redução de seu balanço de ativos ao longo dos próximos meses, o que, na prática, significa retirar liquidez do mercado. Embora possa haver recuperação esporádicas dos ativos de risco, a tendência é de uma dólar cada vez mais forte globalmente e de inversão da curva de juros americana, movimento que costuma prenunciar recessões. "Vamos ter um processo recessivo nos EUA, que pode começar ainda neste ano", afirma o economista. (Antonio Perez - [email protected])

17:27

 Dólar (spot e futuro)   Último   Var. %   Máxima   Mínima 

Dólar Comercial (AE) 5.18750 1.7676 5.20850 5.07900

Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0    

DOLAR COMERCIAL 5209.000 1.77804 5233.500 5103.000

DOLAR COMERCIAL FUTURO 5230.000 0.7513 5230.000 5230.000

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