Com o foco na sinalização dos próximos passos da política monetária brasileira a ser divulgada logo mais, as taxas dos DIs intermediários e longos tiveram sessão em queda firme. Por mais que se colocasse na mesa há alguns dias a possibilidade de indicar o fim do ciclo de aperto, hoje dominou a percepção de que o Banco Central seguirá como bom guardião da moeda - mirando "ao redor da meta de inflação" de 2023. Por esse motivo, pode apontar para a necessidade de haver mais uma alta da Selic em setembro. Isso justifica a redução de prêmios nos juros mais longos, ao passo que a melhora de humor no ambiente externo consolidou o movimento na curva local. Analistas começaram a desconsiderar a probabilidade de a China voltar com uma resposta militar mesmo após a visita da presidente da Câmara de Representantes dos EUA, Nancy Pelosi, a Taiwan. As bolsas subiram em Nova York, dando sustentação para o Ibovespa encerrar nos 103.774,68 pontos, em alta de 0,40%. O clima positivo se manteve ainda diante de novos comentários duros de integrantes do Federal Reserve (Fed) sobre a necessidade de alçar os juros para nível mais elevado. A ponta curta da curva de rendimentos dos Treasuries avançou, assim como o dólar. A valorização da divisa americana, por sua vez, pressionou commodities, como o petróleo, que recuou pouco mais de 3%, em sessão marcada pela indicação de maior oferta pela Opep+. Já frente ao real, o dólar à vista encerrou estável, cotado a R$ 5,2780 (-0,02%).
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JUROS
A quarta-feira de decisão de política monetária no Brasil foi de juros em queda firme a partir dos vencimentos intermediários refletindo, em boa medida, a expectativa com o comunicado do Copom. Não pela decisão em si, mas sim pela sinalização futura sobre a Selic. O ambiente externo contribuiu via recuo expressivo dos preços do petróleo e certo alívio após a presidente da Câmara dos Representantes, Nancy Pelosi, já ter deixado Taiwan, por enquanto sem consequências geopolíticas imediatas de grande magnitude, e encorajou a exposição ao risco, mesmo com o avanço da aposta de alta de 75 pontos-base pelo Federal Reserve. O mercado teria sido ainda influenciado por ajustes no segmento de NTN-B, com investidores aparando excessos de pessimismo sobre a inflação implícita nos papéis de longo prazo.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 fechou estável ante o ajuste de ontem, em 13,79%, e a do DI para janeiro de 2024 caiu de 13,31% para 13,275%. O DI para janeiro de 2025 encerrou com taxa de 12,51%, de 12,674% ontem, e a do DI para janeiro de 2027, de 12,635% para 12,48%.
As taxas percorreram a manhã entre a estabilidade e viés de baixa, mas à tarde se firmaram em queda, amparada no reforço dos ajustes pré-Copom enquanto o dólar passava a cair - depois zerou o recuo - e os preços do petróleo aprofundavam as perdas. A alta de 0,50 ponto porcentual no juro básico hoje, para 13,75%, é dada como certa e, na curva de juros, está precificada ainda uma elevação de menor magnitude, de 0,25 ponto para a reunião de setembro. A grande expectativa é pela indicação do comunicado sobre o que vem depois.
A economista-chefe da MAG Investimentos, Patricia Pereira, explica que cresceu no mercado a percepção de que os diretores vão sinalizar que o ciclo continua com uma dose mais branda ou, ao menos, vão deixar a porta aberta, sem dar a entender que o processo já terminou. "A ideia de que o Copom se manterá vigilante ajuda a desinclinar hoje a curva", afirmou.
No raciocínio do mercado, a ideia de continuidade faz sentido na medida em que as expectativas de inflação seguem acima das metas e o arcabouço fiscal se enfraqueceu, apesar de o ciclo de aperto já estar em processo bastante avançado. No exterior, há dúvidas quanto aos próximos passos de bancos centrais como o Banco Central Europeu (BCE) e o Federal Reserve, motivo pelo qual o Copom poderia evitar de se comprometer com uma sinalização clara de que as altas da Selic chegaram ao fim.
Nesta quarta, o monitoramento do CME Group já mostra um quadro dividido entre as apostas de 50 e 75 pontos-base de aumento no juro americano para a reunião do Federal Reserve de setembro. Por outro lado, a presidente do Fed de São Francisco, Mary Daly, disse hoje que, neste momento, considera uma alta de 50 pontos-base "razoável" para a próxima decisão monetária, em setembro, diante dos dados disponíveis no momento, mas indicou que pode defender 75 pontos se a inflação se mostrar resistente.
Nos aspectos mais técnicos, além de desmonte de operações de inclinação por causa do Copom, os ajustes no mercado secundário de NTN-B acabaram influenciando também o DI. Segundo o estrategista-chefe da Necton Investimentos, Felipe Beckel, as taxas de inflação implícita dos papéis longos estavam extremamente elevadas. "O exagero nas implícitas longas faz com que mercado opte por pré em detrimento às NTN-B", comentou. (Denise Abarca - [email protected])
17:26
Operação Último
CDB Prefixado dias (%a.a) 13.61
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CDI Over (%a.a) 13.15
Over Selic (%a.a) 13.15
MERCADOS INTERNACIONAIS
A saída da presidente da Câmara de Representantes dos EUA, Nancy Pelosi, de Taiwan trouxe alívio aos mercados acionários hoje. Em Nova York, as bolsas subiram, após divulgação de indicadores e mesmo diante de comentários de dirigentes do Federal Reserve (Fed), que recentemente adotaram uma postura mais hawkish. Neste cenário, a ponta curta da curva de rendimentos dos Treasuries avançou, assim como o índice DXY. A valorização da divisa americana, por sua vez, pressionou as commodities, como o petróleo. Os contratos futuros do óleo caíram hoje após a Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+) decidir aumentar sua oferta em 100 mil barris por dia (bpd) no mês de setembro e diante do aumento dos estoques da commodity e seus derivados nos EUA.
A China alertou as companhias aéreas que operam na Ásia para evitar voar em áreas ao redor de Taiwan, onde realizou exercícios militares em resposta à visita de Pelosi, que deixou a ilha hoje afirmando que ela e outros membros do Congresso americano em sua delegação mostraram que não vão abandonar seus compromissos com a ilha. "As sanções comerciais introduzidas pela China a Taiwan em retaliação à visita de Pelosi são de pequeno alcance, em vez de esforços sérios para forçar Taipé a mudar de rumo. A China está limitada pela pressão econômica que pode exercer, a menos que esteja disposta a sofrer algum custo econômico. Até agora não parece", analisa a Capital Economics.
Além da saída de Pelosi, em Wall Street, as bolsas de Nova York foram influenciadas por indicadores econômicos. O índice de gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) composto dos Estados Unidos, medido pela S&P Global, recuou a 47,7 na leitura final de julho, em território de contração (abaixo de 50), enquanto o PMI de serviços caiu a 47,3 em julho, mas ficou acima da previsão de 47,0 dos analistas. Já as encomendas à indústria cresceram 2,0% em junho ante maio, acima da previsão de alta de 1,2%. "As ações dos EUA subiram após uma dose constante de ganhos e dados econômicos impressionantes. Os dados econômicos, em geral, ficaram acima do esperado, já que a parte de serviços da economia parece estar se estabilizando e as pressões sobre os preços estão melhorando", analisa o economista da Oanda Edward Moya. O índice Dow Jones fechou em alta de 1,29%, a 32.812,50 pontos, o S&P 500 subiu 1,56%, a 4.155,1 pontos, e o Nasdaq avançou 2,59%, a 12.668,16 pontos. Papéis da Moderna saltaram 15,97%, após o balanço trimestral agradar o mercado.
Também no radar, estiveram comentários de dirigentes do Fed. O presidente da distrital do Fed em St. Louis, James Bullard, disse hoje que ainda espera ver os juros básicos do país atingir 3,75% a 4% este ano. Já o dirigente da distrital de Richmond, Tom Barkin, demonstrou otimismo de que a inflação perderá fôlego nos Estados Unidos, mas notou que isso não deve ocorrer "de imediato". Presidente do Fed de Minneapolis, Neel Kashkari, por sua vez, ressaltou a importância para a instituição neste momento de conter a inflação. Segundo ele, mesmo com uma eventual recessão, o foco do Fed continuará a ser controlar a trajetória dos preços. Nesse quadro, ele disse é "muito improvável" um corte de juros já em 2023.
Diante desse cenário mais hawkish, a curva de rendimentos dos Treasuries se ajustou. No fim da tarde em Nova York, o juro da T-note de 2 anos avançava a 3,069%, o da T-note de 10 anos tinha baixa a 2,713% e o do T-bond de 30 anos caía a 2,942%. A probabilidade de uma nova alta de 0,75 ponto porcentual pelo Fed em setembro passou a ser estimada em 43,5%, de 41% ontem, de acordo com o CME Group, enquanto a chance de um aumento de 0,50 ponto porcentual baixou de 59% para 56,5%.
O índice DXY, que mede o dólar ante uma cesta de moedas fortes, subiu. "O dólar americano foi impulsionado por comentários agressivos de autoridades do Fed. As observações foram consistentes com novos aumentos de juros no curto prazo e atenuaram as conversas sobre cortes de juros a partir do próximo ano", observa a Western Union. O dólar avançava a 133,97 ienes, o euro recuava a US$ 1,0172 e a libra caía a US$ 1,2152. Já o índice DXY subiu 0,25%, a 106,506 pontos.
Entre as commodities, o petróleo fechou em queda, em uma sessão marcada pela volatilidade. Os contratos chegaram a subir, após a Opep+ decidir aumentar sua oferta em 100 mil barris por dia (bpd) no mês de setembro. No entanto, o movimento não se sustentou, e o óleo passou a cair, diante do aumento dos estoques da commodity e seus derivados nos EUA. Para Noah Barrett, analista na Janus Henderson Investors, os EUA provavelmente esperavam um aumento maior da produção, especialmente após a recente viagem do presidente Joe Biden ao Oriente Médio. "Em termos de gerenciamento geral de oferta/demanda, a decisão da Opep+ é lógica. Ainda há uma grande incerteza sobre a demanda de petróleo na metade deste ano, motivada por questões em torno da demanda chinesa e do potencial para uma recessão americana ou mesmo global", destacou Barret.
Na New York Mercantile Exchange (Nymex), o barril do petróleo WTI para setembro fechou em queda de 3,98% (US$ 3,76), a US$ 90,66, por barril. Enquanto o do Brent caiu 3,74% (US$ 3,76), a US$ 96,78 por barril.
BOLSA
O Ibovespa andou menos do que os mercados do exterior nesta quarta-feira de Copom, após ter se descolado ontem da cautela global suscitada pela visita de Nancy Pelosi, presidente da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, à Taiwan, recebida como afronta pelas autoridades da China, que iniciaram manobras militares em resposta. Após ter subido mais de 1% ontem, o índice da B3 avançou apenas 0,40%, a 103.774,68 pontos, enquanto os ganhos em Nova York chegaram hoje a 2,59% (Nasdaq) e nos principais mercados da Europa a 1,03% (Frankfurt).
Na B3, os ganhos em bancos (Santander +1,58%, Bradesco PN também +1,58%), em dia de Copom e na véspera do balanço do Bradesco, foram o contraponto positivo à devolução de Vale (ON -3,89%, mínima do dia no fechamento) e das siderúrgicas (Gerdau PN -4,06%, Gerdau Metalúrgica -4,32%) que haviam impulsionado o Ibovespa ontem, na contramão do exterior. Na ponta do Ibovespa, destaque hoje para Locaweb (+11,90%), Via (+11,49%), Natura (+11,17%) e Cielo (+9,73%), com Gerdau Metalúrgica, Gerdau PN, Vale ON e Bradespar (-2,90%) no lado oposto.
"O grande destaque de hoje na Bolsa foi a queda das empresas de materiais básicos. O dia já começou com Vale bastante fraca, assim como o setor de siderurgia, apesar de resultados bons, como os da Gerdau. Mas o mercado não gostou de a empresa não ter aumentado dividendos, que seria uma possibilidade. Assim o setor já abriu fraco, por inteiro", diz Luiz Adriano Martinez, portfólio manager da Kilima Asset. "E no decorrer do dia o petróleo passou a enfraquecer e Petrobras veio também junto", acrescenta o gestor.
Ao fim do dia, Petrobras ON (-0,55%) e PN (+0,15%) ficaram sem sinal único, com perdas no petróleo que se aproximaram de 4% na sessão, com ambas as referências (Brent e WTI) abaixo de US$ 100 por barril, após dados mostrarem aumento dos estoques da commodity e de derivados nos EUA, no dia em que a Opep+ decidiu elevar a oferta em 100 mil barris/dia para o mês de setembro, em movimento que já havia sido antecipado pela imprensa internacional - o aumento da oferta foi considerado leve.
Entre a mínima e a máxima do dia, o Ibovespa oscilou pouco, cerca de mil pontos, dos 102.822,02 aos 103.878,29, saindo de abertura aos 103.361,89. Voltando a se acomodar após alguns dias de moderada recuperação, o giro financeiro esteve limitado hoje a R$ 22,3 bilhões. Na semana e no mês, o Ibovespa avança 0,59%, restringindo a perda do ano a 1,00%. Foi a segunda alta consecutiva para a referência da B3, permanecendo desde ontem no maior nível de fechamento desde 10 de junho.
"Os mercados lá fora tiveram um pouco de estresse ontem, mas nada tão dramático como chegou a se imaginar. E os comentários de autoridades do Fed fizeram mais preço [do que a própria tensão sobre a China]", diz Paulo Gala, economista-chefe do Banco Master.
"Para o Copom de hoje, o aumento de meio ponto já está dado, é o 'call' de todo mundo. A grande pergunta é se a Selic vai parar em 13,75%, ou se haverá sinalização de que pode chegar a 14% ou 14,25% [ao ano]", acrescenta o economista. Ele observa também que o BC pode optar por não dar sinal algum no comunicado quanto ao fim do ciclo de elevação dos juros, deixando a "porta aberta".
Pesquisa realizada pela BGC Liquidez com 168 'players' institucionais, entre os dias 2 e 3 (ontem e hoje), aponta que 92% esperam aumento de 50 pontos-base na Selic esta noite, enquanto uma parcela de 7%, correspondente apenas a gestores e traders, aposta em elevação menor, de apenas 25 pontos-base. Com relação ao comunicado, 45% esperam como cenário-base que o BC sinalize hoje um aumento para a reunião seguinte, de menor magnitude, "mas com risco de até interromper o ciclo".
Por sua vez, a interrupção do ciclo é a aposta de 29% dos ouvidos no levantamento, como cenário-base, embora com risco de que um aumento residual seja possível. Na mesma pesquisa, 14% aguardam manutenção de ritmo para a reunião seguinte do Copom, no comunicado desta noite, enquanto 13% acreditam que o comitê não deve sinalizar nada nesta quarta-feira.
"A expectativa mediana para a Selic terminal de 2022 está em 14% versus 13,75% da pesquisa anterior. Para a Selic 2023, a mediana subiu de 11% para 11,50%", acrescenta a pesquisa da BGC Liquidez, acrescentando que os cortes devem começar no segundo trimestre de 2023.
"Com o aumento de meio ponto esperado para esta noite, a Selic irá a 13,75% ao ano, uma das taxas de juros mais altas do mundo, atrás apenas de Argentina e Turquia", observa Piter Carvalho, economista-chefe da Valor Investimentos, acrescentando que o BC deve deixar a "porta aberta" para novos ajustes, seguindo o exemplo do Federal Reserve, que tem condicionado movimentos futuros sobre os juros à evolução dos dados econômicos.
"Nos juros, o mercado veio hoje numa tendência de fechamento forte da curva, tirando prêmios dos vértices médios e longos, com fechamento menor nos curtos. O mercado já se comporta hoje em linha com um aumento esperado de 50 pontos-base [na Selic] à noite, e com o Copom sinalizando que provavelmente pode fazer um ajuste adicional, mas que o ciclo [de alta] não deve se estender muito", diz Luciano Costa, economista-chefe e sócio da Monte Bravo Investimentos. "Isso faz com que o mercado tire prêmios, que estavam bastante grandes na curva", acrescenta.
Para a reunião seguinte do Copom, Costa vê mensagem sobre possibilidade de nova alta no encontro de setembro, mas "não tão condicional" como fez nos últimos comunicados ao dizer que provavelmente o ajuste iria ocorrer. "Vai deixar [hoje] um pouco mais condicional à evolução dos dados. Provavelmente vai falar em ajuste de menor magnitude ou eventualmente pausa do ciclo, o que justifica o movimento na curva de juros visto desde ontem no mercado, e que hoje se intensificou." (Luís Eduardo Leal - [email protected])
17:27
Índice Bovespa Pontos Var. %
Último 103774.68 0.39955
Máxima 103878.29 +0.50
Mínima 102822.02 -0.52
Volume (R$ Bilhões) 2.22B
Volume (US$ Bilhões) 4.21B
17:29
Índ. Bovespa Futuro INDICE BOVESPA Var. %
Último 104355 0.11512
Máxima 104400 +0.16
Mínima 103235 -0.96
CÂMBIO
O dólar encerrou a sessão desta quarta-feira (3) praticamente estável, na casa de R$ 5,27, em um pregão marcado por instabilidade e trocas de sinal, com investidores digerindo dados da economia americana e declarações de dirigentes do Federal Reserve (Fed, o Banco Central dos EUA). Por aqui, o mercado dá como certo que o Copom vai anunciar hoje à noite elevação da taxa Selic em 0,50 ponto porcentual, para 13,75% ao ano. A dúvida é se o BC deixará a porta aberta para alta adicional dos juros em setembro.
Pela manhã, o dólar até ensaiou uma arrancada ao romper o patamar de R$ 5,30, em sintonia com o fortalecimento da moeda americana lá fora, na esteira de declarações do presidente do Fed de St. Louis, James Bullard. Tido como integrante mais conservador do BC americano, Bullard afirmou que ainda espera ver a taxa básica de juros no país - hoje na faixa entre 2,25% e 2,50% - atingir de 3,75% a 4%. "Prefiro que os aumentos de juros sejam antecipados", afirmou Bullard.
Além disso, o índice ISM de gerente de compras (PMI, na sigla em inglês) de Serviços nos EUA em julho e as encomendas à indústria em junho vieram acima do esperado - o que, em tese, mostra resiliência da atividade e autoriza do Fed a se concentrar no combate à inflação. As tensões geopolíticas desencadeadas pela visita (encerrada hoje) da presidente da Câmara dos Representantes do EUA, Nancy Pelosi, a Taiwan continuam no radar, embora tenham tido mens influência nos negócios hoje.
A maré virou no início da tarde à medida que o dólar reduzia os ganhos frente a outras moedas fortes e passava a recuar em relação a divisas emergentes pares do real, como o peso mexicano e o rand sul-africano. Esse movimento se dava em meio à desaceleração da alta dos retornos dos Treasuries e aprofundamento das perdas do petróleo, que rompeu o piso de US$ 100 o barril.
Ao discurso duro de Bullard se contrapôs um tom mais ameno da presidente do Federal Reserve de São Francisco, Mary Daily, para quem uma alta de 50 pontos-base dos Fed Funds em setembro é uma hipótese "razoável" em razão dos indicadores disponíveis no momento. Daily não descartou, contudo, a possibilidade de nova elevação de 75 pontos-base.
Após oscilar entre os terrenos positivos e negativo na última hora de negócios, o dólar encerrou a sessão a R$ 5,2780 (-0,02%), com mínima a R$ 5,2456 e máxima a R$ 5,3163. Depois de cair 5,90% na semana passada, a divisa já acumula alta de 2% nos três primeiros pregões desta semana. No ano, as perdas são de 5,34%. O pregão foi de liquidez reduzida, com o contrato futuro de dólar para setembro - principal termômetro do apetite por negócios - movimentando por volta de US$ 10 bilhões.
Segundo a economista-chefe do Banco Ourinvest, Fernanda Consorte, os mercados ainda refletem certa preocupação com as tensões entre China e Estados Unidos, enquanto assimilam as declarações de dirigentes do Fed. "O mercado continua operando de olho no alcance do aperto da política monetária nos Estados Unidos. Tem também certa cautela com a decisão do Copom. Embora seja esperada uma alta de 0,50 ponto, há dúvida sobre o tom do comunicado", diz Consorte, acrescentando que o início da campanha presidencial pode adicionar volatilidade à taxa de câmbio.
Para a equipe do BTG, o Fed não terá "espaço para abaixar o tom hawkish e permanecerá com a preocupação com a estabilidade dos preços". A previsão da casa é de que a taxa básica americana encerre 2022 no intervalo entre 3,5% e 3,75% - o que favorece o dólar globalmente e, por tabela, sugere manutenção das moedas emergentes, como o real, em níveis depreciados.
Em seu cenário base, que traz taxa Selic a 14% no fim deste ano, os estrategistas do banco veem taxa de câmbio a R$ 4,80 em dezembro. Eles observam, contudo, que o "quadro global e fiscal doméstico neste momento" é compatível com dólar no patamar de R$ 5,20. "Nosso modelo alternativo de alta frequência nos mostra que o patamar atual (R$ 5,25) deve permanecer ao menos até meados do mês de setembro, quando esperamos movimento de depreciação do real devido à nova decisão do Fomc e à proximidade do pleito eleitoral no Brasil", afirma a equipe do BTG. (Antonio Perez - [email protected])
17:29
Dólar (spot e futuro) Último Var. % Máxima Mínima
Dólar Comercial (AE) 5.27800 -0.0227 5.31630 5.24560
Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0
DOLAR COMERCIAL FUTURO 5327.000 0.07515 5358.500 5287.500
DOLAR COMERCIAL 5362.852 27/07