CAUTELA PRÉ-FED, BALANÇOS E DÚVIDAS COM CRESCIMENTO PÕEM BOLSAS GLOBAIS NO NEGATIVO

Blog, Cenário

Os mercados acionários ao redor do planeta tiveram queda nesta terça-feira, pressionados por uma onda de cautela que tomou os agentes. Ao menos três fatores levaram a tal movimento. O primeiro deles foi a tendência a menor risco nesta véspera de decisão de política monetária nos Estados Unidos. Embora o consenso seja de que o Federal Reserve mantenha o passo atual do aperto - ou seja, ajuste de 75 pontos-base -, há dúvidas quanto ao tom que o presidente da instituição, Jerome Powell, adotará na coletiva de imprensa amanhã à tarde. Em segundo lugar, a pressão veio do noticiário corporativo, nesta temporada de balanços que traz resultados mistos. O lucro da General Motors (-3,42%), por exemplo, veio mais baixo do que o projetado, ao passo que a Coca-Cola (+1,64%) superou as estimativas. A revisão de 'guidance' do Walmart (-7,60%) por causa da inflação alta, anunciada ontem à noite, seguiu penalizando as ações da companhia hoje. Houve ainda expectativa também com balanços que saíram após o fechamento de Nova York - em particular, Alphabet (-2,56%) e Microsoft (-2,68%). Por fim, os temores de crescimento voltaram a aparecer diante de dúvidas quanto ao fornecimento de energia da Rússia à Europa e aos efeitos da escalada global de juros. Neste ambiente, os principais índices de Nova York tiveram queda, liderada pelo Nasdaq (-1,87%). No Brasil, o Ibovespa não conseguiu se manter acima dos 100 mil pontos, a despeito da alta dos papéis de Petrobras (ON +1,44% e PN +1,01%). O índice terminou em 99.771,69 pontos (-0,50%). Nos demais mercados domésticos, os juros futuros deixaram de lado a tendência de queda da manhã - em razão do IPCA-15 abaixo do consenso - e fecharam em alta nos vencimentos curtos e médios, na esteira de movimentos técnicos relacionados às NTN-Bs. Por sua vez, o dólar à vista contrariou a tendência externa e caiu aos R$ 5,3492 (-0,38%), no fechamento, diante da continuidade do desmonte de posições defensivas no mercado futuro, iniciado ontem.

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•BOLSA

•CÂMBIO

•JUROS

MERCADOS INTERNACIONAIS

As bolsas de Nova York fecharam em queda, após serem pressionadas com indicadores piores do que o esperado da economia americana e balanços trimestrais fracos, ao longo da sessão. Em meio a uma maior busca por ativos de segurança, os rendimentos dos Treasuries caíram em grande parte da sessão, e o índice DXY do dólar subiu, também favorecido pela queda do euro diante do crescente risco de racionamento de energia na Europa. Entre as commodities, os contratos futuros de petróleo fecharam em queda, prejudicados pela notícia de que Washington liberará mais uma rodada de reservas da commodity. Enquanto o mercado está na expectativa pela decisão de política monetária do Federal Reserve (Fed) amanhã, o Fundo Monetário Internacional (FMI) enfatizou hoje que a subida de juros vai pesar no desempenho da atividade global, causando uma desaceleração em 2023.

O economista da Oanda, Edward Moya, destaca, em relatório enviado a clientes, que as ações dos Estados Unidos caíram depois que perspectivas corporativas sombrias fez parecer que essa atual onda de preocupações com o crescimento levaria a economia rapidamente a uma recessão. "O apetite ao risco está lutando aqui, já que os preços do gás na Europa estão subindo rapidamente, as multinacionais estão reclamando de um ambiente macro preocupante e a confiança do consumidor despenca", destaca, em relatório enviado a clientes. Papéis da Coca-cola e McDonald´s subiram 1,35% e 2,58%, respectivamente, após divulgação dos resultados trimestrais, enquanto a General Motors perdeu 3,42%. Walmart despencou 7,61%, após revisar ontem para baixo as projeções de lucros para o ano fiscal de 2023, à medida que a escalada da inflação nos Estados Unidos contém o ímpeto de consumidores. Além disso, a divulgação de dados de confiança e vendas de moradias dos EUA, que vieram piores do que o esperado, também impactou o sentimento de risco. O Dow Jones caiu 0,71%, 31.761,54, o S&P 500 recuou 1,15%, a 3.921,05 e o Nasdaq, 1,87%, a 11.562,57.

A busca pela renda fixa foi beneficiada, enquanto predomina a cautela nos mercados acionários. Os juros dos Treasuries ampliaram queda após leilão de US$ 46 bilhões em T-notes de 5 anos, migrando para o quadro misto depois. Segundo o BMO Capital Markets, a operação teve yield de 2,860% e demanda acima da média. No fim da tarde em Nova York, o juro da T-note de 2 anos subia a 3,040%, o da T-note de 10 anos caía a 2,802% e o do T-bond de 30 anos operava estável a 3,030%. O dólar, também considerado um ativo de segurança, se valorizou hoje. O índice DXY foi impulsionado sobretudo pelo enfraquecimento do euro. A moeda comum é penalizada pelo crescente risco de racionamento de energia na Europa, depois que a Rússia anunciou mais cortes no fornecimento de gás natural. De acordo com a Western Union, a chave para o dólar será se o Fed compartilha uma visão de mercado predominante de que o banco central poderia encenar uma dramática reviravolta política e reduzir as taxas no próximo ano, caso a economia desacelere acentuadamente. O índice DXY, que mede a variação da divisa americana ante seis rivais fortes, fechou em alta de 0,66%, a 107,189 pontos. Entre outras moedas, a libra cedia a US$ 1,2027 e o dólar avançava a 136,79 ienes.

Os países da União Europeia (UE) fecharam nesta terça-feira um acordo diluído para reduzir seu consumo de gás natural nos próximos oito meses, numa tentativa de proteger a economia do bloco de uma possível interrupção do fornecimento de gás da Rússia. A comissária da UE para energia, Kadri Simson, afirmou que o plano acertado nesta terça-feira será importante para garantir a segurança energética do bloco.

Entre as commodities, os contratos futuros de petróleo fecharam em queda após uma sessão marcada por volatilidade. Além dos dados macroeconômicos negativos nos Estados Unidos, o óleo foi penalizado pela notícia de os Estados Unidos irão vender mais 20 milhões de barris de sua reserva estratégica de petróleo, anunciou a Casa Branca nesta terça-feira. A medida integra um acordo já informado anteriormente pelo presidente Joe Biden. Na Comex, divisão de metais da New York Mercantile Exchange (Nymex), o barril do WTI para setembro encerrou em baixa de 1,78%, ou US$ 1,72, a US$ 94,98, enquanto o do Brent para outubro cedeu 0,73%, ou US$ 0,73, a US$ 99,46, na Intercontinental Exchange (ICE).

Um dia antes da decisão de política monetária do Fed, o FMI cortou a projeção de alta do Produto Interno Bruto (PIB) global de 3,6% para 3,2%, em seu último relatório de Perspectiva Econômica Mundial. O economista-chefe da instituição, Pierre-Olivier Gourinchas, ainda disse que o aperto monetário sincronizado em vários países ao redor do globo é "historicamente sem precedentes". A subida de juros, afirmou, vai pesar no desempenho da atividade global, causando uma desaceleração em 2023, mas atrasá-la pode levar a mais desafios à frente. [Letícia Simionato [email protected]]

BOLSA

Acompanhando a cautela externa, o Ibovespa acomodou-se abaixo dos 100 mil pontos após ter recuperado em encerramento, ontem, a linha dos seis dígitos pela primeira vez desde o último dia 8. Hoje, véspera de decisão sobre juros nos Estados Unidos, os investidores seguiram tomando o pulso da atividade econômica americana por meio dos resultados trimestrais das empresas, com atenção especial para o que as companhias esperam à frente, como no alerta sobre lucros da varejista Walmart, com corte de projeções para o ano.

A empresa "emitiu novo alerta sobre desempenho no segundo trimestre, frisando que o aumento recente dos custos de energia e alimentação está pesando sobre o poder de compra do consumidor americano", observa em nota a Terra Investimentos, acrescentando que a varejista reduziu o 'guidance' para os resultados nos próximos quatro trimestres.

Assim, em dia de perdas que chegaram a 1,87% (Nasdaq) em Nova York, o Ibovespa fechou em baixa de 0,50%, a 99.771,69 pontos, entre mínima de 99.364,79 e máxima de 100.753,40, saindo de abertura a 100.269,85 pontos. O giro financeiro permaneceu enfraquecido nesta véspera de deliberação do Federal Reserve, a R$ 17,5 bilhões. Na semana, o Ibovespa avança 0,86% e, no mês, 1,25%, ainda cedendo 4,82% em 2022.

"Tivemos mais dados ruins de atividade nos Estados Unidos, hoje também sobre a confiança do consumidor [do Conference Board], o que reforça a visão sobre recessão. A curva americana coloca os juros dos Estados Unidos em 3,5% na virada do ano e corte a partir da metade de 2023. Se houver um pivô no discurso do Fed [em direção a uma moderação de tom, menos 'hawkish'], amanhã, pode estimular o apetite por risco", diz Paulo Gala, economista-chefe do Banco Master.

Aqui, a semana reserva também, além dos números trimestrais da Vale, o balanço da Petrobras após o fechamento da quinta-feira, e as ações da estatal, apesar de chegarem a perder fôlego no meio da tarde, contribuíram hoje para moderar a queda do Ibovespa, em sessão amplamente negativa para as ações e os setores de maior liquidez e peso no índice. Ao fim, Petrobras ON e PN, em dia negativo para as cotações da commodity, mostravam alta de 1,44% e 1,01%, respectivamente, enquanto Vale ON cedeu 0,18%, limitando a perda em direção ao fechamento da sessão. A retração entre os grandes bancos também foi moderada ao fim, restrita a 0,69% (Bradesco PN), com BB ON em alta de 0,34% no fechamento.

A ponta de ganhos do Ibovespa foi ocupada por JBS (+2,97%) e IRB (+1,59%), logo à frente de Petrobras ON (+1,44%) e de Positivo (+1,42%), enquanto Qualicorp (-8,10%), Magazine Luiza (-6,45%) e Via (-6,35%) puxaram a fila das maiores perdas na sessão, com as preocupações emitidas pela Walmart nos Estados Unidos operando como uma 'proxy' do que pode estar por vir para o setor de varejo em várias outras economias, aponta a Terra Investimentos.

"Há aversão global a risco com a perspectiva de recessão, e naturalmente busca por proteção, o que se reflete na volatilidade do Ibovespa. Ficou em segundo plano a leitura, até favorável, sobre o IPCA-15", diz Felipe Graciano, especialista em renda variável da Blue3.

Embora com poucos efeitos para a sessão, a relativa descompressão observada no IPCA-15 de julho, considerado uma prévia da inflação oficial para o mês, foi uma boa notícia doméstica. O índice teve leve alta de 0,13% em julho, a menor variação mensal desde junho de 2020, observa Gustavo Sung, economista-chefe da Suno Research. Contudo, no acumulado de 12 meses, a inflação ainda é alta, a 11,39%.

"No caso de transportes, tivemos uma queda mais significativa. Se olharmos os subitens, houve redução de 5,01% no preço da gasolina, 8,16% no do etanol e de 1,83% no gás veicular. Na parte de energia, com a redução de ICMS em várias regiões, os preços registraram uma variação negativa de 4,61%", aponta Sung. Ele ressalva que o índice de difusão permanece acima de 67%, o que mostra, por outro lado, que a inflação segue disseminada. (Luís Eduardo Leal - [email protected])

17:32

 Índice Bovespa   Pontos   Var. % 

Último 99771.69 -0.49682

Máxima 100753.40 +0.48

Mínima 99364.79 -0.90

Volume (R$ Bilhões) 1.74B

Volume (US$ Bilhões) 3.26B

17:38

 Índ. Bovespa Futuro   INDICE BOVESPA   Var. % 

Último 100530 -0.55888

Máxima 101430 +0.33

Mínima 100015 -1.07

Volta

CÂMBIO

Após muita instabilidade e trocas de sinal, o dólar à vista se firmou em queda na última hora de negócios e encerrou a sessão desta terça-feira (26) abaixo da linha de R$ 5,35. Lá fora, o dia foi marcado por sinal predominante de alta da moeda americana tanto em relação a divisas fortes quanto emergentes, dada a postura cautelosa de investidores na véspera da decisão de política monetária do Federal Reserve (Fed, o Banco Central americano). Por aqui, a alta de 0,13% do IPCA-15 em julho, levemente abaixo das expectativas, não chegou a ter papel relevante na formação da taxa de câmbio.

A resistência do real hoje foi atribuída especialmente à continuidade de desmonte de posições defensivas no mercado futuro, em meio a sinais de recuperação dos preços do minério de ferro, que fechou em alta de 8,61% em Qingdao, na China, e de commodities agrícolas. Já estariam em curso ajustes e movimentações de tesourarias para a formação da última Ptax de julho, na sexta-feira (29). Uma pista dessa movimentação é o aumento do giro com o contrato de dólar futuro para agosto, que superou US$ 15 bilhões hoje.

Com variação de cerca de seis centavos entre a mínima (R$ 5,3360) e a máxima a (R$ 5,3929), o dólar à vista encerrou o dia cotado a R$ 5,3492, em baixa de 0,38%, após ter recuado 2,35% ontem. Os ganhos acumulados em julho, que no pregão de sexta-feira superavam 5%, agora são de 2,19%.

No exterior, o índice DXY - termômetro do desempenho do dólar frente a uma cesta de seis divisas fortes - operou em alta firme durante todo o dia, acima da linha dos 107,000 pontos, sobretudo graças ao avanço de cerca de 1% em relação ao euro, castigado pela crise no setor de energia, na esteira de redução de fornecimento do gás russo. Entre divisas emergentes, o dólar caiu apenas frente ao peso chileno, favorecido pelo programa de intervenção cambial do Banco Central do Chile e pela recuperação dos preços do cobre.

A expectativa majoritária é que o BC americano anuncie amanhã nova alta da taxa básica em 75 pontos-base, a despeito de sinais de perda de fôlego da economia americana. O Fundo Monetário Internacional (FMI) cortou a previsão de crescimento global neste ano de 3,6% para 3,2% e alertou para "uma série" de risco de baixa, como a guerra na Ucrânia, a perda de fôlego da China e o aperto monetário nos países centrais para conter a inflação.

Para o head da Tesouraria do Travelex Bank, Marcos Weigt, o Fed deve, em seu comunicado, dar mais atenção à inflação, que está muito longe da meta de 2%, do que ao crescimento econômico, apesar dos temores de desaceleração mais forte da atividade. De outro lado, o mercado deve passar a dar mais peso daqui para frente a indicadores de atividade que aos índices de preços nos EUA.

"Para o mercado melhorar e ter mais apetite ao risco, é preciso de venham dados mais fortes nos EUA e na China", diz Weigt. "Na minha cabeça, a inflação já foi assimilada e não vai fazer mais tanto preço. O mercado vai olhar mais para o crescimento".

Nos EUA, saíram indicadores desanimadores hoje. As vendas de moradias novas caíram 8,1% em junho na comparação com maio. O índice de confiança do Consumidor recuou de 98,4 em junho para 95,7 em julho, informou o Conference Board, enquanto analistas esperava baixa mais tímida, a 97,0.

O tesoureiro do Travelex observa que o ambiente é de muita incerteza e faz com que o mercado opere de olho no curto prazo, ao sabor dos indicadores do dia. A escalada da moeda do início de junho para cá foi muito grande, da casa de R$ 4,70 para perto de R$ 5,50, com investidores montando posições compradas em meio à percepção de piora do risco fiscal e fortalecimento do dólar lá fora. Observa-se agora uma reversão parcial desse movimento, com realização de lucros ou zeragem de posições para evitar perdas.

"É muito difícil ficar comprado em dólar com os juros altos. Mas pode não ficar vendido. As correções para baixo tem sido muito fortes. Basta um sinal de melhora para desmonte de posições, como vimos ontem", afirma Weigt. "Se não houver surpresas, o dólar pode continuar caindo e buscar os R$ 5,25."

O Citi divulgou hoje revisão de sua expectativa para a taxa de câmbio no fim deste ano de R$ 5,25 para R$ 5,42. Segundo o banco, o ambiente global tem piorado significativamente as perspectivas para a moeda brasileira. O fortalecimento da moeda americana no exterior, aliado com preocupações com potencial recessão nos EUA, tem prejudicado os preços das commodities nas últimas semanas, observa o Citi. "Domesticamente, incertezas ligadas à política fiscal podem aumentar à medida que nos aproximamos da eleição presidencial", afirma o banco, em relatório. (Antonio Perez - [email protected])

17:38

 Dólar (spot e futuro)   Último   Var. %   Máxima   Mínima 

Dólar Comercial (AE) 5.34920 -0.3818 5.39290 5.33600

Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0    

DOLAR COMERCIAL FUTURO 5351.000 -0.26095 5399.000 5341.000

DOLAR COMERCIAL FUTURO 5408.500 -0.35741 5424.000 5400.000

JUROS

O mercado de juros não sustentou a queda uniforme que a curva vinha apresentando pela manhã. As taxas curtas acabaram fechando a sessão regular com viés de alta e as longas zeraram o recuo, em meio à volatilidade imposta por aumento da cautela no exterior e fatores técnicos relacionados ao mercado de NTN-B. O IPCA-15 abaixo do consenso teve efeito maior na primeira parte dos negócios. Com a leitura dos preços de abertura ainda insatisfatória, o indicador não foi suficiente para amparar o recuo das taxas até o fim do dia. Do exterior, a influência veio principalmente da curva americana, que ficou com inclinação ainda mais negativa nesta terça-feira. Outro destaque foi o leilão de NTN-B do Tesouro, considerado bem sucedido após operações frustradas recentemente.

As principais taxas fecharam nas máximas do dia, com exceção do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2027, que ficou em 13,115%, de 13,14% ontem no ajuste. O DI para janeiro de 2023 terminou com taxa de 13,885% (13,841% ontem no ajuste) e a do DI para janeiro de 2024, com taxa de 13,78%, de 13,737%. O DI para janeiro de 2025 encerrou com taxa de 13,195%, de 13,18%.

Pela manhã, as taxas estavam em queda pelo terceiro dia consecutivo, alimentada pelas reações ao resultado do IPCA-15 e com os Treasuries em baixa, que continuaram dando suporte ao movimento de correção da alta considerada por alguns players como exagerada na semana passada. "O 'headline' bom escondeu uma abertura ainda pressionada", comentou a economista-chefe da MAG Investimentos, Patricia Pereira, que reconhece no entanto que há sinais incipientes de melhora vindos dos preços industriais. "Há pontos de alívio a serem destacados, mas no todo temos uma inflação ainda muito ligada ao setor de serviços."

O IPCA-15 saiu de 0,69% em junho para 0,13% em julho, ante mediana das estimativas de 0,16%. O movimento foi puxado pela queda dos preços administrados, em função da deflação de preços de combustíveis e energia, que se sabe artificial, pois será devolvida após o fim das desonerações. Outro ponto de atenção foram bens industriais, que também perderam força, mas por outro lado livres e serviços subjacentes, considerados mais inerciais, surpreenderam negativamente.

"O qualitativo do IPCA segue ruim, mas com indicativos de menor pressão de demanda", disse o gestor de renda fixa da Sicredi Asset Cássio Andrade Xavier, que viu o movimento da curva pela manhã mais ligado ao exterior. "Temos um 'fit' bom da curva local e nos EUA", afirmou, destacando sobretudo o comportamento do yield da T-Note de dois anos, pressionado para cima em função das apostas para a política monetária do Federal Reserve.

Dados fracos da economia americana divulgados mais cedo corroboraram a ideia de manutenção da dose de aperto 75 pontos-base do juro na decisão do banco central americano amanhã. Já a ponta longa dos Treasuries recuou, ampliando o spread negativo ante a ponta curta em várias medidas de inclinação, prenunciando pessimismo para a atividade.

O economista-chefe do Fundo Monetário Internacional (FMI), Pierre-Olivier Gourinchas, afirmou hoje que um pouso suave nos Estados Unidos será "muito difícil". A maior economia do mundo deve ter, na sua visão, uma "caminho estreito" adiante, sendo que um pequeno choque pode incliná-la à recessão.

Na parte mais técnica do mercado, a desaceleração do IPCA-15 mais forte do que o consenso de mercado pautou a espera pela nova projeção da Anbima para o índice fechado do mês, que vai balizar a atualização do Valor Nominal dos títulos indexados pelo IPCA, as NTN-B, a partir de amanhã. A nova estimativa será divulgada ainda hoje.

Vale lembrar que o mercado secundário de NTN-B vêm há dias sob pressão vendedora nos prazos mais curtos em função do carrego negativo que os papéis vêm apresentando, por sua vez decorrente das expectativas de deflação para o mês. Antes do IPCA-15, a projeção da Anbima para o IPCA fechado era de -0,63%. Para suavizar as perdas do papel, o mercado normalmente monta posições tomadas em DI.

O Tesouro fez hoje oferta primária do papel, em leilão considerado bem-sucedido. "Foi uma emissão significativa após operações decepcionantes", comentou Xavier. Do lote de 1,4 milhão de títulos, foram vendidos 1.291.050, com risco para o mercado (DV01) mais de 300% acima dos leilões anteriores. É o último leilão de NTN-B antes do período de hiato dos dealers. (Denise Abarca - [email protected])

17:36

 Operação   Último 

CDB Prefixado dias (%a.a) 13.49

Capital de Giro (%a.a) 6.76

Hot Money (%a.m) 0.63

CDI Over (%a.a) 13.15

Over Selic (%a.a) 13.15

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