O mercado financeiro seguiu, na segunda etapa do dia, digerindo a surpresa inflacionária nos Estados Unidos. Ainda que os investidores tenham se antecipado nas últimas sessões, o que deixou a reação hoje menos intensa, certos mercados viram espaço para reforço de apostas. Foi o caso dos Treasuries. No começo da tarde, a curva embutia 51% de chance de elevação de 100 pontos-base pelo Federal Reserve no fim do mês, aposta que subiu a 75% no fim da tarde. Em alta, o rendimento da T-note de 2 anos superou o do T-bond de 30 anos. Tal movimento na renda fixa ocorreu na esteira da divulgação do Livro Bege do Fed. O documento, que serve de base para as decisões de política monetária, mostrou que as regionais do BC americano seguiram relatando pressões inflacionárias, em meio a um mercado de trabalho apertado e salários em alta. O sumário mostrou ainda que há dúvidas quanto à demanda futura. Neste ambiente, depois de muito vaivém, as bolsas americanas e a brasileira se firmaram em queda nos últimos minutos da sessão. Dow Jones teve queda de 0,67%, S&P 500 cedeu 0,45% e Nasdaq recuou 0,15%. O Ibovespa caiu ao menor nível do ano, com fechamento em 97.881,16 pontos (-0,40%), acumulando perda de 6,62% em 2022. No câmbio, o real teve espaço para recomposição das perdas recentes, ainda que o movimento tenha perdido força nas horas finais do pregão. O dólar terminou cotado em R$ 5,4058 (-0,61%). Nos juros futuros, por sua vez, os vencimentos curtos subiram e os mais longos apresentaram viés de queda, à medida que os agentes desse mercado seguiram as tendências externas. As votações dos destaques e o início da análise do segundo turno da PEC dos Benefícios foram monitoradas e assimiladas sem sustos, uma vez que não trouxe despesas adicionais.
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MERCADOS INTERNACIONAIS
O Livro Bege, publicado nesta tarde pelo Federal Reserve (Fed), ilustrou temores com as pressões inflacionárias, em quadro também de desaceleração econômica e receio de recessão. O documento se somou ao índice de preços ao consumidor (CPI) mais forte que o esperado para junho nos EUA, que saiu mais cedo. Com as preocupações sobre a trajetória dos preços se intensificando, o monitoramento do CME Group passou nesta tarde a ver como mais provável uma alta de 100 pontos-base nos juros na reunião do Fed neste mês, o que segundo Raphael Bostic, do Fed de Atlanta, não está descartado. Nos mercados, o quadro em geral foi de volatilidade, com fechamento negativo nas bolsas de Nova York e os juros dos Treasuries sem sinal único. O índice DXY do dólar chegou a subir logo após o CPI, mas fechou com recuo modesto, após ganhos recentes, enquanto o petróleo avançou sem impulso, depois de chegar a cair com o dado de inflação dos EUA, em meio a riscos para a demanda.
Nesta tarde, o Banco Central do Canadá (BoC) decidiu elevar a taxa básica de juros do país em 100 pontos-base, a 2,50%. O CIBC comenta que a alta foi a maior entre os países do G7 no ciclo atual e superou a maioria das expectativas (de 75 pontos-base). A elevação foi a maior desde 1998 no país e prosseguirá. Para a Capital Economics, a postura hawkish do BC canadense sugere que o juro pode atingir 3,0%, apesar de riscos negativos para a economia. Já o ING foi além e avaliou que a postura do BoC eleva pressão para o Fed fazer o mesmo.
No monitoramento do CME Group, a chance de uma alta de 100 pontos-base pelo Fed neste mês estava ontem em 7,6%. O CPI, porém, superou as expectativas em junho, com o maior salto anual desde 1981 (+9,1%) e inflação disseminada. Vários analistas consideraram que o dado reforçava apostas de alta de 75 pontos-base pelo BC americano no fim deste mês, mas alguns, como o Citi e o Credit Suisse, não descartavam elevação de 100 pontos-base. No fim desta tarde, o CME Group apontava para 75,0% de chance de uma alta de 100 pontos-base, e de 25,0% por uma elevação de 75 pontos em 27 de julho.
Raphael Bostic foi questionado por repórteres sobre a possibilidade de uma alta de 1 ponto porcentual e não a descartou, citando a trajetória da inflação e deixando a questão em aberto. Sem se comprometer com um nível, Tom Barkin, do Fed de Richmond, disse nesta tarde que o foco do BC dos EUA agora deve ser o controle da inflação, não o crescimento, e defendeu postura "resoluta" dos dirigentes nessa frente. Barkin admitiu que existe risco de recessão no curto prazo no país, nesse contexto.
O Livro Bege, sumário de opiniões que embasa as decisões de política monetária, também lançou luz sobre a questão dos preços, que "subiram substancialmente em todos os distritos" e em "todos os estágios de consumo". Com alta forte nos preços, há relatos de perda de fôlego na demanda, com a atividade econômica expandindo em ritmo "modesto desde meados de maio", segundo o documento.
Para o BMO Capital, o passo do BoC pode de fato ter aberto a porta para uma ação similar do Fed neste mês, mas os fundamentos da inflação subjacente nos EUA é que devem orientar a decisão. Com banqueiros centrais pelo mundo lutando com os mesmos fatores que puxam os preços, energia, alimentos e moradia, o BMO diz que é razoável avaliar que pode haver elevação de 100 pontos-base, "diante do balanços de riscos".
Nos mercados, a reação às novidades do dia veio com bastante volatilidade. Nas bolsas, houve quadro misto em parte do pregão, mas fechamento em queda: o índice Dow Jones recuou 0,67%, a 30.772,79 pontos, o S&P 500 caiu 0,45%, a 3.801,78 pontos, e o Nasdaq teve baixa de 0,15%, a 11.247,58 pontos.
Entre os Treasuries, o juro da T-note de 2 anos, mais sensível à política monetária, subia a 3,127%, o da T-note de 10 anos recuava a 2,912% e o do T-bond de 30 anos tinha baixa a 3,071%. No fim da tarde em Nova York. Os retornos dos bônus de 2 e 10 anos seguiam, portanto, firmemente invertidos, prenúncio para alguns analistas de recessão à frente no país.
O índice DXY, que mede o dólar ante uma cesta de moedas fortes, recuou 0,11%, a 107,957 pontos. No horário citado, o dólar subia a 137,37 ienes, o euro avançava a US$ 1,0056 e a libra tinha alta a US$ 1,1893, esta quase estável. Na Argentina, o dólar paralelo ("dólar blue") bateu recorde histórico hoje, 283 pesos. O mercado continua avaliar com atenção os passos do governo, após troca no Ministério da Economia, com a dívida oficial em pesos em foco. No câmbio oficial, o dólar subia a 127,8936 pesos, no horário citado.
Entre as commodities, o petróleo WTI para agosto fechou em alta de 0,48%, em US$ 96,30 o barril, na Nymex, e o Brent para setembro subiu 0,08%, a US$ 99,57 o barril, na ICE. Os contratos do óleo também mostraram bastante volatilidade, oscilando após relatório semanal do Departamento de Energia (DoE) mostrar alta forte, contrariando a previsão de queda.(Gabriel Bueno da Costa - [email protected])
BOLSA
Em dia majoritariamente negativo no exterior, com o apetite por risco cerceado pelo avanço da inflação nos Estados Unidos, o Ibovespa parecia a caminho de manter a linha dos 98 mil pontos pela terceira sessão, sem se distanciar da faixa de 98,2 a 98,4 mil em boa parte da tarde, entre leves ganhos e perdas. Ao fim, a referência da B3 cedeu um pouco mais, em baixa de 0,40%, aos 97.881,16 pontos, entre mínima de 97.402,99 e máxima de 98.928,24 pontos, saindo de abertura aos 98.257,94. Agora abaixo dos 98 mil, foi a menor marca de fechamento no ano, e também a mais baixa desde os 97.866,81 do encerramento de 4 de novembro de 2020.
Com o vencimento de opções sobre o Ibovespa, o giro financeiro foi a R$ 35,8 bilhões nesta quarta-feira. Na semana, o índice cede 2,40% e, no mês, perde 0,67% - no ano, o recuo é de 6,62%. Entre o fechamento de segunda e o desta quarta-feira, a variação da referência da B3, agora negativa, corresponde a 331 pontos.
"Os mercados acabaram se firmando no negativo, e o Ibovespa se inclinou também, após ter oscilado entre altas e baixas ao longo do dia. Recessão nos Estados Unidos tem sido o grande tema, e o dado de inflação foi o grande destaque da sessão, com um movimento generalizado de alta nos preços (ao consumidor). Um relatório de inflação de forma geral ruim, que aumenta as apostas de Fed mais agressivo já na reunião de julho", diz Jennie Li, estrategista de ações da XP.
Na ponta do Ibovespa, destaque para Ambev (+5,66%), Carrefour Brasil (+3,29%) e Natura (+2,93%), com 3R Petroleum (-5,55%), Qualicorp (-4,40%) e Rede D´Or (-4,31%) no lado oposto. A sessão também foi negativa para os grandes bancos (Bradesco PN -2,28%, mínima do dia no fechamento; Santander -1,55%), e ao fim positivo para Petrobras (ON +0,43%, PN +0,07%), mesmo com o Brent abaixo dos US$ 100 por barril desde ontem. O dia foi de leve baixa para Vale ON (-0,34%) e de alguma recuperação para a siderurgia, com CSN ON (+0,91%) à frente.
O foco dos mercados globais nesta quarta-feira esteve no índice de inflação ao consumidor nos EUA em junho, com nova leitura acima do esperado - e a maior taxa anual desde novembro de 1981. O resultado reforça a perspectiva de que o Federal Reserve precisará elevar os juros de forma ainda mais agressiva até o fim do ano para enfrentar a resiliente inflação, apesar dos sinais de desaceleração econômica.
"A inflação ao consumidor nos EUA atingiu 9,1% em junho, no acumulado em 12 meses. O núcleo, que exclui preços de alimentação e energia (considerados itens voláteis), mostrou alta de 0,7% (no mês) e de 5,9% em 12 meses. O dado reforça a postura 'hawkish' do Federal Reserve. Coloca 'lenha na fogueira' para elevação do ritmo (de aumento) dos juros em setembro, para 100 pontos-base. Aí que mora o risco, se eventualmente os juros nos EUA encerrarão 2022 muito acima dos 4% já precificados", observa Camila Abdelmalack, economista-chefe da Veedha Investimentos.
"Os dados de inflação nos EUA reforçam a expectativa por uma alta de 0,75 ponto porcentual agora em julho. O próprio presidente americano tem dito que inflação é o desafio mais urgente deles, o que é também o discurso do Federal Reserve, mesmo que signifique a atividade ir para baixo. O mercado de trabalho americano está extremamente aquecido, há espaço para pesarem a mão contra a inflação, com juros mais altos", diz Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos.
"Dados inflacionários piores do que o esperado ancoram as expectativas por taxas de juros ainda mais apertadas. Um aumento de 75 pontos-base na próxima reunião já estava dado pelo Fed. E agora há a possibilidade de que tal aumento se repita também sem setembro. Mas o aumento de 100 pontos-base na taxa de juros do Canadá, em grau inesperado, pode mexer no 'forward guidance' dos demais BCs, com muita incerteza ainda sobre a inflação, mês após mês", ressalva Victor Hugo Israel, especialista em renda variável da Blue3.
Assim, nesta tarde, o mercado já embutia 69,0% de probabilidade do Federal Reserve elevar os juros em 100 pontos-base na decisão do próximo dia 27, em comparação a 31,0%, dos que se posicionam para alta de 75 p.b. na mesma reunião. No final da manhã, havia equilíbrio nas apostas: 51,1% e 48,9%, respectivamente, conforme os dados da ferramenta de monitoramento do CME Group.
O aumento "surpreendente" de 100 p.b. na taxa básica de juros pelo Banco Central do Canadá pode pressionar o Fed a "seguir o exemplo", avalia o banco ING. Apesar disso, o banco holandês mantém a previsão de 75 p.b. para a decisão de 27 de julho, do BC americano.
Por sua vez, a consultoria Capital Economics observa que a decisão do BC canadense de aumentar a taxa básica de juros para 2,5% ao ano - o primeiro movimento desta magnitude desde agosto de 1998 - teve como objetivo "adiantar o caminho para taxas de juros mais altas", em vez de alcançar um valor final para o juro do país. Embora a autoridade monetária do Canadá tenha dito que "continua a julgar que as taxas de juros precisarão subir ainda mais", diz a Capital Economics, não forneceu nenhuma atualização sobre onde espera que a taxa básica termine.
Na agenda brasileira, os dados do varejo também surpreenderam negativamente. "As vendas no varejo ampliado variaram 0,2% m/m e -0,7% a/a, bem abaixo da nossa estimativa (+2,2% a/a)", aponta em nota a Terra Investimentos. "Já o varejo restrito - excluindo 'autos e peças' e 'material de construção' - variou 0,1% m/m e -0,2% a/a, também abaixo da nossa estimativa (+2,9% a/a)", acrescenta a casa. (Luís Eduardo Leal - [email protected])
17:27
Índice Bovespa Pontos Var. %
Último 97881.16 -0.39691
Máxima 98928.24 +0.67
Mínima 97402.99 -0.88
Volume (R$ Bilhões) 3.58B
Volume (US$ Bilhões) 6.63B
17:30
Índ. Bovespa Futuro INDICE BOVESPA Var. %
Último 98890 -0.78258
Máxima 100015 +0.35
Mínima 98360 -1.31
CÂMBIO
Depois de dois pregões seguidos de alta firme, em que acumulou valorização de 3,25%, o dólar encerrou a sessão desta quarta-feira (13) em leve baixa, no patamar de R$ 5,40. O refresco para o real veio na esteira da perda de fôlego da moeda americana lá fora, a despeito de o índice de inflação ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) nos EUA em junho ter vindo acima do esperado, ensejando até apostas de que o Federal Reserve possa acelerar o passo e subir a taxa básica em 100 pontos-base.
Operadores e analistas atribuem a escorregada do dólar no exterior, sobretudo antes divisas emergentes, a ajustes de posições e realização de lucros. O mercado já teria embutido nos últimos dias a perspectiva de aceleração inflacionária e agora estaria apenas aparando excessos. Além disso, o dia mais ameno para commodities, após o tombo recente, teria favorecido divisas emergentes. Por aqui, houve relatos de fluxo positivo, com exportadores aproveitando a escalada recente da moeda para internalizar recursos.
O CPI subiu 1,3% em junho, acima da mediana de Projeções Broadcast (1,1%). O núcleo, que exclui preços voláteis como energia e alimentos, subiu 0,7%, além das expectativas (0,5%). Na comparação anual, o índice saltou para 9,1%, também acima do esperado, e atingiu o maior nível desde novembro de 2021. O núcleo registrou avanço de 5,9%, superando previsão de alta de 5,7%.
Logo após a divulgação do CPI, pela manhã, o dólar chegou a ensaiar nova alta e ultrapassou a barreira de R$ 5,45, correndo até a máxima de R$ 5,4663 (0,50%). Mas a febre compradora logo amainou e a moeda voltou a recuar, tocando mínima a R$ 5,3635 no início da tarde. Com uma diminuição das perdas na última hora do pregão, acompanhando o comportamento da moeda americana no exterior, o dólar à vista fechou a R$ 5,4058, em baixa de 0,61%. A divisa ainda acumula ganhos de 2,62% na semana e de 3,27% no mês.
"A percepção é que o mercado já havia se antecipado a um número ruim do CPI e hoje está fazendo um ajuste para baixo no dólar. Está realizando no fato. É simples volatilidade", afirma e economista-chefe do Banco Ourinvest, Fernanda Consorte.
Referência do comportamento do dólar frente a uma cesta de seis divisas fortes, o índice DXY correu entre mínima aos 107,477 pontos e máxima, logo após a divulgação do CPI, aos 108,583 pontos. No fim do dia, rodava no limiar dos 108,000 pontos. Pela manhã, o euro chegou a ser negociado pontualmente abaixo da paridade com o dólar.
À tarde, o presidente do Fed de Richmond, Tom Barkin, disse que o CPI de junho pede uma postura mais forte contra a inflação e alertou que vê riscos de recessão nos EUA. O presidente do Fed de Atlanta, Rafael Bostic, afirmou que a inflação mais elevada pode fazer os dirigentes do BC americano considerarem uma alta de 100 pontos-base em sua reunião de política monetária neste mês. Monitoramento do CME Group mostra que o mercado embute mais de 70% de chance de que o Fed eleve a taxa em 100 pontos-base.
Para o economista-chefe da Western Asset, Adauto Lima, o CPI, além de ter vindo acima do esperado, mostra que a economia americana enfrenta um processo inflacionário mais amplo e disseminado. Dada à liquidação de ativos de risco e à escalada do dólar nos últimos dias, Lima observa que o mercado aparentemente já incorporou a perspectiva de alta mais forte dos juros pelo Fed e consequente desaceleração da economia - o que ajudaria a explicar o alívio, ainda que modesto, do dólar hoje.
"O dólar se fortaleceu muito nos últimos dias com essa percepção de que a política monetária do EUA será mais forte que a de outros blocos", afirma Lima, acrescentando que as commodities caíram diante da possibilidade de recessão e os problemas na economia chinesa.
O Livro Bege, que serve de base para as decisões do Fed, revelou que vários dos 12 distritos em que o BC americano está presente relataram desaceleração da demanda desde meados de maio. Empresários em cinco distritos mostraram preocupações com "risco crescente" de que a economia americana entre em recessão. Apesar disso, houve também relatos de pressões inflacionárias.
Além do fortalecimento do dólar no exterior e da queda das commodities, o real teria sofrido nos últimos tempos com a piora da percepção de risco fiscal em razão da PEC dos Benefícios, aprovada ontem em primeiro turno na Câmara e em processo final de votação na Casa hoje.
Para o economista-chefe da Western, em uma perspectiva de longo prazo, o real está em nível muito depreciado tendo em vista os fundamentos e o nível da taxa de juros. No curto prazo, contudo, há fatores que podem levar a nova rodada de depreciação, como queda adicional das commodities e eventuais derrapadas no campo fiscal e político. "A moeda já está muito fraca para se apostar em novas depreciações. Precisamos fazer muita coisa errada. Não que a gente não possa fazer, mas nesse nível o dólar já está bem estressado", afirma. (Antonio Perez - [email protected])
17:30
Dólar (spot e futuro) Último Var. % Máxima Mínima
Dólar Comercial (AE) 5.40580 -0.6122 5.46630 5.36350
Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0
DOLAR COMERCIAL FUTURO 5431.500 -0.64935 5493.000 5389.000
DOLAR COMERCIAL FUTURO 5511.645 06/07
JUROS
Após percorrem o dia sem firmar tendência, alternado altas e baixas moderadas, os juros futuros fecharam a sessão regular com leve avanço no trecho curto e estável nos longos, tendo, mais uma vez o exterior como parâmetro central. A inflação ao consumidor nos Estados Unidos acima do esperado elevou as apostas num aperto monetário agressivo pelo Federal Reserve, reforçando os temores de recessão, como aponta a dilatação do diferencial entre as taxas das T-Notes de 2 e 10 anos, com a curva destes vértices hoje ainda mais invertida. O dólar se enfraqueceu ante a maioria das moedas, voltando, no Brasil, a R$ 5,40. As vendas do varejo restrito ficaram abaixo do esperado, mas sem grande efeito nos negócios, enquanto, em Brasília, a tramitação da PEC dos Benefícios, cujo texto-base foi aprovado ontem em primeiro turno pela Câmara, avançou nesta quarta-feira.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 fechou em 13,875%, de 13,851% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2024 passou de 13,702% para 13,77%. O DI para janeiro de 2025 ficou em 13,075%, de 13,04% ontem no ajuste. O DI para janeiro de 2027 fechou em 12,92%, de 12,91% ontem no ajuste.
Os mercados como um todo giraram em torno da surpresa com o índice de inflação ao consumidor (CPI, em inglês) norte-americano em junho, que subiu 1,3% ante maio, acima da mediana estimada de 1,1%. Na comparação anual, saltou 9,1%, maior taxa desde novembro de 1981, ante consenso de 8,8%. O núcleo avançou 0,7% (consenso de 0,5%). Ainda que em boa medida o indicador tenha sido pressionado por preços de energia, a abertura do dado mostra que quase nada desacelerou em relação a maio, endossando as avaliações de vários membros do Federal Reserve de que será necessária outra dose de alta de 75 pontos-base.
Pelo acompanhamento do CME Group, no mercado, porém, esta aposta à tarde se já tornava minoritária, dada a chance de 75% de um aumento de 100 pontos na reunião de julho. Esta foi a opção do Banco Central do Canadá, que hoje decidiu elevar a taxa de juros de 1,5% a 2,5% ao ano.
Para o banco ING, o Fed terá o ônus de ter de frear a demanda por meio de taxas de juros mais altas. "Mas ao atrasar sua resposta e agora ter que mover a política mais rápido e mais fundo em território restritivo, há claramente o medo de uma recessão. O Fed aceitou que o crescimento mais fraco é o preço a se pagar para controlar a inflação", avaliam os profissionais.
No fim da tarde, a taxa da T-Note e 2 anos estava em 3,12%, contra 2,90% do yield da de 10 anos. O dólar tinha queda generalizada, fechando por aqui a R$ 5,4058, enquanto as commodities tiveram um dia misto.
De todo modo, a curva local se mantém bastante elevada, em boa medida pelo cenário para as contas públicas. "Por mais que o exterior possa ser desinflacionário, fica a espada fiscal sobre a nossa cabeça. É difícil ver uma melhora mais consistente da curva", comentou a economista-chefe da MAG Investimentos, Patricia Pereira.
Segundo Pereira, o risco fiscal advindo da PEC dos Benefícios já foi absorvido pelo mercado, que hoje ficou aguardando o fim da tramitação na Câmara. No fim da tarde, estava em andamento a votação em segundo turno. A proposta, que contempla aumento do Auxílio Brasil para R$ 600, zeragem da fila do programa, vale-caminhoneiro, vale gás, entre outras benesses, terá impacto fiscal de R$ 41,25 bilhões que extrapolam o teto de gastos.
Vale destacar que o Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União (MP-TCU) soou um alerta vermelho relação à proposta que o governo quer aprovar a apenas três meses das eleições. O subprocurador-geral do MP-TCU, Lucas Rocha Furtado, entrou com um pedido de medida cautelar sob a alegação de que "a emenda proposta é flagrantemente inconstitucional" e que pode, inclusive, levar à impugnação de mandato eletivo.
Na agenda, as vendas do varejo em maio, com variação de apenas 0,1%, vieram bastante aquém do esperado (mediana de +0,9%) no conceito restrito, ainda que seis das oito atividades tenham registrado avanço. No ampliado, "subiram" 0,2%, ante consenso de 0,1%. Em termos de atividade, a sinalização veio na contramão da Pesquisa Mensal de Serviços (PMS), ontem, que apontou crescimento dos serviços acima da mediana das expectativas. Ambas, no entanto, pouco alteraram a percepção de que o ritmo de atividade deve cair a partir do segundo semestre, na medida em que o impacto da política monetária vá agindo sobre a economia. (Denise Abarca - [email protected])
17:30
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