A etapa da tarde foi de desvalorização adicional dos ativos de risco mundo afora. O gatilho seguiu sendo os temores referentes a um processo de recessão global, realimentados hoje por nova rodada de restrições contra a covid-19 na China e pela perspectiva do agravamento das interrupções de fornecimento de gás à Europa pela Rússia. Só que este medo quanto à desaceleração e até encolhimento da atividade econômica é agravado pela inflação bastante enraizada no planeta, dado que os bancos centrais seguem ajustando suas políticas monetárias em direção a um nível restritivo. Esses fatores formaram o cenário ideal para a aversão generalizada. Notícias pontuais acabaram agravando as perdas dos mercados. No segmento de tecnologia, destaque das baixas de Nova York hoje (queda de 2,26% do Nasdaq), o peso da desistência de Elon Musk da compra do Twitter derrubou a ação da rede social (-11,30%) e da empresa do bilionário, a Tesla (-6,55%). Internamente, a cena política inspira cuidados. De um lado, há natural cautela antes da votação, prevista para amanhã, da PEC dos Benefícios na Câmara, sob o fantasma de que a proposta pode vir a incluir novas surpresas fiscais. De outro, em menor grau, o assassinato de um dirigente petista por um apoiador do presidente Jair Bolsonaro, no sábado, deu sinal de que a campanha eleitoral pode ser mais dura e violenta do que os agentes precificavam. Neste ambiente, o Ibovespa operou todo o dia no vermelho e, no pior momento, chegou a perder o suporte dos 98 mil pontos (97.854,22 pontos na mínima). No encerramento, o índice marcava 98.212,46 pontos (-2,07%). O dólar acompanhou a valorização externa e subiu 1,96% no segmento à vista, aos R$ 5,3710. O câmbio contaminou os juros futuros, fazendo com que os vértices de prazo mais curto mirassem os 14% e os intermediários e longos superassem os 13%. As taxas são as mais altas em mais de seis anos.
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MERCADOS INTERNACIONAIS
As bolsas de Nova York começaram a semana em queda, de mais de 2% no caso do Nasdaq. Os riscos de maior perda de fôlego na economia global, ilustrados mais cedo em dado da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), estiveram em foco, bem como a inflação persistente. Investidores ainda se posicionavam para o início da temporada de balanços. As ações do Twitter despencaram 11,30%, no primeiro pregão após Elon Musk anunciar na sexta-feira que desistiria da compra da rede social, o que deve levar a uma disputa na Justiça americana. Entre os Treasuries, a cautela apoiou a compra dos bônus, com queda nos retornos, e no câmbio o índice DXY, que mede o dólar ante uma cesta de moedas fortes, voltou a avançar. O quadro pressionou ainda o petróleo, mas houve redução de perdas antes do fechamento dos contratos, que terminaram sem sinal único.
O levantamento de indicadores antecedentes da OCDE foi o mais recente sinal de perda de impulso do crescimento na economia do mundo. Nos países desse grupo, continuava a haver perda de fôlego em junho, inclusive nos Estados Unidos e na zona do euro. A inflação elevada é apontada como parte importante da equação, com perspectiva também de perda de impulso na indústria da China nessa pesquisa.
Hoje, notícias sobre novas ondas de casos na potência asiática pesaram no humor dos investidores, bem como a presença de uma subvariante da covid-19 bastante contagiosa em Xangai. As novidades chegaram mais cedo a levar para baixo com mais força o petróleo, mas houve ainda tempo para redução nas perdas no mercado da commodity, com o Brent inclusive exibindo ganho modesto: o WTI para agosto fechou em baixa de 0,67%, a US$ 104,09 o barril, na Nymex, e o Brent para setembro subiu 0,08%, a US$ 107,10 o barril, na ICE.
Nos EUA, o Goldman Sachs cortou sua estimativa para o avanço do Produto Interno Bruto (PIB) no segundo trimestre, a 0,7%. O banco diz que viu detalhes mais fracos no relatório da balança comercial mais recente do país. Há também expectativas pelo índice de preços ao consumidor (CPI) dos EUA, que sai nesta quarta-feira, e pelo início da temporada de balanços trimestrais nesta semana.
Nas bolsas de Nova York, o índice Dow Jones fechou em queda de 0,52%, em 31.173,84 pontos, o S&P 500 recuou 1,15%, a 3.854,43 pontos, e o Nasdaq caiu 2,26%, a 11.372,60 pontos. Papéis ligados ao consumo e dos setores de energia e financeiro estiveram entre as maiores baixas.
No mercado de Treasuries, o temor de recessão apoiou a compra dos bônus. O BMO Capital destacava ainda aceleração no movimento de inversão da curva, com as dos retornos das T-notes de 2 e 10 anos exibindo quadro que, para alguns analistas, sinaliza risco de recessão à frente nos EUA. No fim da tarde em Nova York, o juro da T-note de 2 anos caía a 3,073%, o da T-note de 10 anos recuava a 2,990% e o do T-bond de 30 anos, a 3,172%.
No câmbio, o dólar foi apoiado pela cautela e também pela perspectiva de mais altas de juros, corroborada por declarações recentes do Fed, como hoje por James Bullard (St. Louis), que argumentou por uma alta de 75 pontos-base na próxima reunião. No horário citado, o dólar subia a 137,43 ienes, o euro recuava a US$ 1,0043 e a libra tinha baixa a US$ 1,1888. O índice DXY subiu 0,95%, a 108,021 pontos.
Hoje, o iene renovou mínimas desde setembro de 1998, enquanto o euro atingiu os menos níveis desde dezembro de 2002. Alguns analistas ponderavam sobre a paridade entre euro e dólar mais próxima, com temores sobre fornecimento de gás na zona da moeda comum (leia mais na nota publicada às 13h10). O grupo de ministros de Finanças da zona do euro (Eurogrupo), por sua vez, firmou hoje posição por uma política fiscal que evite alimentar a demanda, a fim de conter a inflação.
O dólar ainda subia a 127,3980 pesos argentinos, mas no mercado paralelo o chamado 'dólar blue' recuava a 268 pesos, segundo a imprensa local. Investidores avaliavam declarações de mais cedo da ministra da Economia, Silvina Batakis, que disse que o governo cumprirá o acordo com o FMI, além de avaliar que o peso está em nível adequado. Analistas viram a declaração sobre o Fundo como aspecto positivo, mas cobravam mais detalhes das medidas almejadas pela administração Alberto Fernández para responder à crise atual. (Gabriel Bueno da Costa - [email protected])
BOLSA
Nestas últimas duas sessões, negativas, o Ibovespa devolveu a recuperação observada nas duas anteriores, desfazendo movimento que o havia alçado dos 98 aos 100 mil pontos na semana passada, marca mantida na sexta mesmo com baixa do índice. Hoje, a referência da B3 retrocedeu aos 98.212,46 pontos, em queda de 2,07% no fechamento, a mais aguda em porcentual desde 17 de junho (-2,90%). Entre máxima aos 100.282,06, da abertura, e mínima aos 97.854,22 pontos, o índice chegou a ceder mais de 2,4 mil pontos, voltando no encerramento a acumular perdas no mês (-0,33%), que elevam as do ano a 6,31%. Muito fraco, o giro foi de R$ 16,5 bilhões na sessão.
A aversão a risco nesta abertura de semana se estendeu da Ásia à Europa e aos Estados Unidos, afetando também emergentes como o Brasil, em dia de apreciação do dólar frente a referências como euro, iene e libra, que compõem, com outras moedas, a cesta do índice DXY. Aqui, a moeda americana foi negociada a R$ 5,3755 na máxima do dia, à tarde, e ao fim mostrava ganho de 1,96%, aos R$ 5,3710 no fechamento.
'O cenário ainda é de muita cautela, que deve se estender pela semana. O Ibovespa renovou mínimas ao longo da tarde, acomodando-se abaixo dos 98 mil pontos com os temores sobre novos lockdowns na China, bem como sobre a inflação e o risco de recessão nos Estados Unidos. O dólar foi a R$ 5,37 na máxima do dia, em alta de 2%', diz Davi Lelis, economista e sócio da Valor Investimentos. 'A discussão, hoje, não é mais sobre se haverá ou não recessão nos Estados Unidos, mas quando acontecerá e em que intensidade', acrescenta.
Em meio às dificuldades na Europa e ao processo de elevação de juros nos Estados Unidos, analistas apontam alto risco de que o euro caia para a paridade, ou mesmo abaixo do dólar, com a perspectiva de agravamento das interrupções no fornecimento de gás europeu resultantes da invasão da Ucrânia pela Rússia. Os temores em torno do fornecimento de energia na Europa se intensificaram no fim de semana depois de o ministro de Finanças da França, Bruno Le Maire, ter dito que o governo está se preparando para um corte total do fornecimento de gás russo.
Por sua vez, o petróleo foi pressionado abaixo em parte do dia, em sessão na qual as commodities também refletiram temores sobre a demanda chinesa, ainda às voltas com surto de subvariantes da covid-19 - em um quadro de atividade já enfraquecido para a economia global, exposta ainda a pressões inflacionárias.
Na B3, o índice de materiais básicos fechou o dia em baixa de 2,07%, semelhante à queda do índice de consumo (-1,94%), com exposição à economia doméstica. Entre as blue chips, destaque para a queda de 3,41% em Vale ON, com Petrobras (ON -0,06%, PN -0,49%) mostrando perdas discretas no fim do dia, com o fechamento sem sinal único para o petróleo. Entre os grandes bancos, as perdas ficaram entre 1,52% (Bradesco ON) e 2,01% (Bradesco PN).
Apenas oito ações do Ibovespa conseguiram se descolar da correção vista na sessão, com Telefônica Brasil (+0,80%), PetroRio (+0,74%), Assaí (+0,46%), Magazine Luiza (+0,38%), JBS (+0,19%) e Suzano (+0,15%) à frente. Na ponta oposta, destaque para Gol (-11,79%), Méliuz (-8,00%), Azul (-7,55%) e B3 (-5,86%).
No noticiário do dia, o índice de indicadores antecedentes composto da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) continua a mostrar perda do impulso no crescimento econômico na maioria das grandes economias do grupo, informou a OCDE nesta segunda-feira. Na leitura mais recente, recuou de 99,69 em maio para 99,51 em junho.
Aqui, o governo trabalha até o momento com a inclusão, a partir de agosto, de cerca de 2 milhões a mais de novas famílias no programa Auxílio Brasil. Com o aumento, o número de famílias contempladas pelo programa social pode subir para um patamar próximo de 20,15 milhões, segundo apurou o Estadão/Broadcast. O texto da PEC Kamikaze, que amplia e cria novos benefícios sociais, estabelece o início do pagamento da parcela adicional de R$ 200 em 1º de agosto. Uma folha extra em julho não poderá ser rodada, apesar da expectativa de aliados do governo.
'Após mais uma semana marcada pela volatilidade e incerteza, investidores começaram a segunda-feira já de olho na quarta - dia em que será divulgado o resultado da inflação ao consumidor referente a junho nos Estados Unidos', observa Rachel de Sá, chefe de economia da Rico Investimentos. 'A alta de preços está no epicentro dos movimentos de mercados nos últimos meses, com todos os olhos voltados para o desfecho do processo de alta de juros na economia americana, e no resto do mundo. Se muito forte, pode acabar mergulhando os Estados Unidos em uma recessão; se muito fraco, a inflação reduz o poder de compra e aumenta a incerteza', acrescenta.
'A temporada de balanços está próxima. Tem início nesta semana nos EUA, e na próxima, aqui no Brasil, o que pode trazer mais informações para o investidor dosar o apetite a risco', aponta Leandro De Checchi, analista da Clear Corretora. (Luís Eduardo Leal - [email protected])
17:27
Índice Bovespa Pontos Var. %
Último 98212.46 -2.0705
Máxima 100282.06 -0.01
Mínima 97854.22 -2.43
Volume (R$ Bilhões) 1.64B
Volume (US$ Bilhões) 3.08B
17:31
Índ. Bovespa Futuro INDICE BOVESPA Var. %
Último 99205 -2.16952
Máxima 100715 -0.68
Mínima 98950 -2.42
CÂMBIO
O dólar inicia a semana no mercado doméstico em alta firme, voltando a superar a barreira de R$ 5,35, em meio a uma onda de fortalecimento global da moeda americana e ao tombo dos preços das commodities. Novos lockdowns na China para combater surto de variante do coronavírus e problemas de fornecimento de gás russo à Europa reavivaram os temores de recessão global que haviam arrefecido nos dois últimos pregões da semana passada, com anúncio de estímulos econômicos do governo chinês e geração expressiva de empregos nos EUA em junho.
O risco de novos problemas nas cadeias de produção em razão da política chinesa de 'covid zero', com eventuais impactos recessivos e inflacionários, jogam mais incerteza sobre a atividade global no momento em que os bancos centrais desenvolvidos, em especial o Federal Reserve, sobem juros para combater à inflação. Dirigentes do BC americano já acenaram com nova alta da taxa de juros em 75 pontos-base neste mês e migração da política monetária ao campo restritivo. Por ora, descartam a possibilidade de recessão e apostam em pouso suave da economia americana. Na quarta-feira (13), sai o índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) de junho, que pode ajudar a calibrar as expectativas.
Os ventos externos negativos se dão em um momento delicado do quadro doméstico. Após terem incorporado aos preços dos ativos a expansão de gastos extrateto na PEC dos Benefícios, que deve ser aprovada pela Câmara nesta semana, investidores se deparam com aumento das tensões políticas, após assassinato de militante petista neste fim de semana por um apoiador do presidente Jair Bolsonaro. Segundo apurou o Broadcast, o governo deseja incluir dois milhões a mais de famílias no programa Auxílio Brasil, que teve seu valor elevado de R$ 400 para R$ 600 pela PEC dos Benefícios, também apelidada de PEC Kamikaze.
Em meio à conjunção de aversão ao risco vinda do exterior e cautela local, o dólar já abriu em forte alta, acima de R$ 5,30, e superou o nível de R$ 5,35 ainda pela manhã. A máxima da sessão se deu no meio da tarde, a R$ 5,3755, na esteira ao tombo de mais de 2% do Ibovespa e da aceleração dos ganhos da moeda americana no exterior. No fim do dia, o dólar era cotado a R$ 5,3710, alta de 1,96%, o que leva os ganhos acumulados em julho para 2,60%. O giro com o contrato de dólar futuro para agosto, principal termômetro do apetite por negócios, foi novamente reduzido (abaixo de US$ 10 bilhões), o que mostra mercado na defensiva e aumenta a volatilidade da taxa de câmbio.
'O que está puxando mais o dólar é o ambiente externo. A maioria das divisas emergentes estão perdendo bastante hoje. Mas os problemas internos, como o fiscal e o aumento da tensão política, ajudam a pressionar a moeda', afirma o operador Hideaki Iha, da Fair Corretora, para quem a queda de 1,44% do dólar na sexta-feira foi exagerada, apesar da recuperação dos preços das commodities na semana passada. 'O quadro ainda é muito complicado aqui e lá fora. Se não aparecer algo novo que dê alívio, esse dólar pode chegar a R$ 5,50.'
Termômetro do desempenho dólar frente a seis divisas fortes, o índice DXY chegou a superar os 108,200 pontos, no maior nível desde o início de 2022, sobretudo em razão do recuo de cerca de 1% euro e do iene. É grande a possibilidade de o euro cair até a paridade com o dólar, em meio aos riscos de interrupção do fluxo de gás da Rússia à Europa. O ministro das Finanças da França, Bruno Le Maire, disse que o governo está se preparando para um corte total de fornecimento de gás russo. Já o iene, que está no menor nível em relação ao dólar em quase 24 anos, sofre com a política monetária frouxa do Banco do Japão.
'Vivemos uma coleção de fatores negativos e o mercado não consegue engatar uma recuperação. Enquanto estiver azedo lá fora, não tem como a gente ter um alívio no dólar', afirma o economista-chefe da Infinity Asset, Jason Vieira, citando a possibilidade de novos bloqueios na China e o eventual impacto econômico do fechamento do gasoduto Nordstream, que leva gás da Rússia à Europa.
Segundo Vieira, as oscilações dos últimos dias mostram o mercado ainda trabalhando sobre o binômio recessão e inflação. Dados positivos como a forte geração de empregos nos EUA em junho, divulgada na sexta-feira, amenizam a preocupação com a atividade. Por outro lado, abrem a porta para que o Fed aperte ainda mais a política monetária. 'O payroll forte na semana passada já leva dirigentes do Fed a adotar o discurso de que uma alta de 75 pontos-base [na taxa de juros] não será danosa à economia. E isso joga o dólar para cima em nível global', afirma Vieira, acrescentando que a deterioração das expectativas econômicas, como vista hoje, leva uma ala do mercado a ver possibilidade de que o Fed não seja tão duro.
Tido como mais conservador entre os dirigentes do BC americano, o presidente da distrital de St. Louis, James Bullard, afirmou hoje que a forte geração de emprego nos EUA em junho mostra que a economia está sólida e que pode suportar mais altas da taxa de juros. 'Agora temos muita inflação, mas a questão é: podemos voltar (a inflação) a 2% sem atrapalhar a economia? Acho que podemos', afirmou Bullard. (Antonio Perez - [email protected])
17:31
Dólar (spot e futuro) Último Var. % Máxima Mínima
Dólar Comercial (AE) 5.37100 1.9552 5.37550 5.29950
Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0
DOLAR COMERCIAL FUTURO 5402.000 2.1172 5407.000 5330.000
DOLAR COMERCIAL FUTURO 5519.000 06/07
JUROS
Os juros futuros deram continuidade ao movimento de alta registrado na sexta-feira, o que levou as principais taxas a fecharem no maior nível em mais de seis anos, com algumas delas rompendo 14%. O temor de recessão global alimentado pelos sinais das economias dos Estados Unidos, Europa e China trouxe sell off para os ativos de risco. Internamente, há desconforto com a questão política, depois que o assassinato de um militante do PT por um apoiador do presidente Jair Bolsonaro fez crescer a percepção de risco de polarização na disputa eleitoral.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 encerrou a 13,88%, de 13,785% no ajuste de sexta-feira, e a maior desde os 13,89% de 8/4/2016. O DI para janeiro de 2024 fechou com taxa de 13,90%, ante 13,631% no ajuste anterior, e na máxima desde os 14% também em 8/4/2016. Os vencimentos dos trechos intermediários e longos igualmente voltaram aos níveis de seis anos atrás. A taxa do DI para janeiro de 2025 terminou a 13,22%, de 12,96% ontem, e a do DI para janeiro de 2027, em 13,08%, de 12,845% na sexta-feira.
As taxas renovaram máximas em vários momentos do dia, sendo as últimas já faltando poucos minutos para o encerramento da sessão regular, acompanhando a escalada do dólar a R$ 5,37, enquanto o petróleo zerava as perdas. O temor de recessão, mesmo sendo em tese um evento desinflacionário para a economia, elevou os prêmios da curva em função do movimento de fuga para ativos de segurança, como o dólar e títulos do Tesouro americano, colocando as taxas aqui numa direção oposta à da curva americana. 'Mas está todo mundo mais ou menos olhando para o mesmo lado', afirmou o estrategista da Tullett Prebon Vinicius Alves.
Aos receios sobre o efeito do aperto monetário do Federal Reserve na economia dos Estados Unidos, hoje juntaram-se o aumento dos lockdowns na China em função da expansão de casos de covid-19 e o risco de corte de fornecimento de gás russo para a Europa. Nesse cenário de corte, o UBS estima queda de 4 pontos porcentuais no PIB da região. 'As já elevadas pressões estagflacionárias piorariam consideravelmente', disseram os economistas do banco, citando ainda que a relação euro/dólar, hoje praticamente na paridade, poderia ir a 0,90.
Vários dirigentes do Federal Reserve hoje voltaram a defender uma postura firme da autoridade monetária contra a inflação, entre eles o super hawkish presidente da distrital do Fed de St. Louis, James Bullard.
No Brasil, o diretor de Política Econômica do Banco Central, Diogo Guillen, comentou que um aperto monetário global tem criado um debate sobre a perda do canal do câmbio na política monetária, já que se trata de um preço relativo que responde ao diferencial de juros. Em contrapartida, afirmou que esse aperto global também leva a uma abertura do hiato do produto do mundo. Ele participou, pela manhã, de evento virtual organizado pelo banco Credit Suisse.
Ainda que não represente exatamente novidade para o mercado, Vinicius Alves, da Tullett, destacou como relevante o detalhamento do diretor sobre a estratégia do Copom de sinalizar Selic terminal mais alta do que o Boletim Focus por um tempo mais prolongado significativamente contracionista, dando a ideia de que os cortes da Selic não começarão tão cedo. 'Então, é uma curva mais elevada do que o Focus em todo o horizonte', disse Guillen, acrescentando que a intenção do Copom foi explicar a sua estratégia, sem fornecer um forward guidance. 'É algo relevante para entender esse flattening entre as taxas curtas e as da barriga da curva', afirmou Alves.
Na seara política, a morte do militante do PT Marcelo Arruda, assassinado a tiros por Jorge José da Rocha Guaranho, apoiador de Bolsonaro, no sábado, ganhou repercussão, indicando um pouco do que pode ser a campanha eleitoral em 2022. Não deixa de ser um sinal de alerta, mas no que toca ao pleito o mercado está mais sensível às propostas fiscais das principais candidaturas.
Até porque sabe-se que o próximo governo pode herdar uma bomba deixada pelas medidas de desoneração adotadas recentemente se forem prorrogadas para além de 2022. O governo nega que isso possa acontecer, mas o mercado vê como difícil a reversão das benesses, o que seria um problema porque não há respaldo de receitas recorrentes para se esticar os prazos.
De todo modo, os agentes torcem para um desfecho rápido da tramitação da PEC dos Benefícios, cuja previsão é de votação no plenário da Câmara amanhã. A oposição, no entanto, trabalha para adiar por 20 dias a votação. (Denise Abarca - [email protected])
17:30
Operação Último
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