BOLSA TEM PIOR JUNHO DESDE 2002 EM MEIO A TEMOR COM RECESSÃO GLOBAL E PRESSÃO FISCAL

Blog, Cenário

Os ativos brasileiros sofreram um baque em junho, marcado pelo crescente temor com uma recessão global derivada do aperto monetário em curso e da persistente pressão fiscal nestes meses que antecedem a eleição presidencial. No caso mundial, o cenário de recessão tem ganhado força nas projeções dos economistas, com alertas vindo de todos os lados. Hoje foi a vez do Instituto de Finanças Internacionais (IIF, que reúne os maiores bancos do mundo) alertar que tal possibilidade "está aumentando acentuadamente". Na situação específica dos Estados Unidos, o modelo estatístico da distrital de Atlanta do Federal Reserve apontava chance de contração de 1% do PIB americano no segundo trimestre, o que indicaria recessão já. Internamente, seguem as dúvidas quanto à PEC dos Combustíveis, com a oposição no Senado pressionando mais cedo pela retirada do trecho que menciona estado de emergência. A perspectiva, contudo, ainda é de votação da matéria hoje. Assim, espremida entre esses fatores, a Bolsa teve um mergulho mensal de 11,50%, coroando a pior performance em um junho desde 2002 e o mês de mais perdas desde março de 2020 (-29,90%). Nesta quinta-feira, a baixa foi de 1,08%, mantendo o índice mais longe ainda do nível psicológico dos 100 mil pontos (98.541,95 no fechamento de hoje). No intraday, o dólar até esboçou uma queda, em meio a fatores técnicos como a disputa da última Ptax, mas acabou no mercado à vista com avanço 0,80%, a R$ 5,2348. Com alta de 10,15%, junho foi o mês de maior salto da moeda desde março de 2020. Os juros futuros subiram em bloco ao longo do mês, com saltos na casa de 50 pontos-base. Há também, nos vencimentos de curto prazo, a percepção de que o ciclo de alta da Selic pode se estender um pouco mais e que a taxa permanecerá alta por um tempo mais longo, dadas as dificuldades no processo desinflacionário. Na sessão, contudo, houve um mergulho das taxas, com fatores técnicos como o vencimento de Letras do Tesouro Nacional (LTN) amanhã. Contribuiu ainda a baixa forte dos rendimentos dos Treasuries, neste ambiente de risco para a atividade econômica. As bolsas americanas também tiveram baixa firme no dia e no mês - Nasdaq cedeu 1,33% e 8,71%, respectivamente; S&P 500 perdeu 0,88% e 8,39%; Dow Jones caiu 0,82% e 6,71%. Entre as commodities, o petróleo recuou hoje, após a manutenção do plano de produção pela Organização de Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+) e os pedidos do presidente americano, Joe Biden, para que o Oriente Médio amplie sua exploração.

•BOLSA

•CÂMBIO

•JUROS

•MERCADOS INTERNACIONAIS

BOLSA

O Ibovespa termina o mês, o trimestre e o semestre em tom menor, com junho (-11,50%) ainda pior do que abril (-10,10%), após a leve recuperação observada em maio (+3,22%). Com temores fiscais domésticos acrescidos à incerteza sobre o grau de desaceleração global em meio ao ciclo de aperto monetário (especialmente nos Estados Unidos), a referência da B3 teve o pior mês de junho desde 2002 (-13,39%). Hoje, fechou em baixa de 1,08%, aos 98.541,95 pontos, entre mínima de 97.758,43 e máxima de 99.619,06 pontos, com giro a R$ 27,6 bilhões na sessão. Na semana, cede 0,13%, com recuo de 5,99% neste primeiro semestre.

O índice acumulou perda de 17,88% no segundo trimestre de 2022, o correspondente a 21.457,28 pontos - em 31 de março, antes da correção que viria no mês seguinte, o Ibovespa estava virtualmente aos 120 mil pontos (119.999,23 naquele fechamento). Assim, o trimestre que ora chega ao fim foi o pior desde a queda de 36,86% no intervalo entre janeiro e março de 2020, no começo da pandemia, a mais profunda retração de que se tem registro na Bolsa brasileira, quando superou mesmo declínios bem agudos vistos nas grandes crises de 2008, 1998 e 1995.

No primeiro trimestre de 2022, em dólar, o Ibovespa estava em 25.203,56 pontos - agora está em 18.824,39 pontos, com avanço de 10,15% para o dólar ante o real no mês, vindo o índice da B3 dos 23.429,38 pontos, na moeda americana, no fechamento de maio. De lá para cá, a Bolsa ficou bem amassada, retrocedendo a níveis não vistos desde o começo de novembro de 2020 - desde o último 17 de junho, fechou na casa dos 100 mil pontos apenas nos dias 27 e 28.

A cautela interna com relação à perspectiva fiscal do país se impôs no momento em que o cenário externo se mostra também atribulado pela correção das políticas monetárias em grandes economias, como as de Estados Unidos e zona do euro, por dúvidas sobre a retomada na China e pelo prolongado conflito no leste europeu. A combinação de incertezas, principalmente as relacionadas à economia chinesa e ao conflito na Ucrânia, tem acentuado a volatilidade das commodities, com efeito direto sobre o Ibovespa.

Hoje, o dia negativo para o minério de ferro e o petróleo colocou Vale ON (-2,83%) e Petrobras (ON -1,10%, PN -0,53%) em queda, assim como o setor de siderurgia (CSN ON -6,42%, Usiminas PNA -4,00%, Gerdau PN -3,41%). Além de CSN (-6,42%), CSN Mineração (-6,31%) também ocupou a ponta perdedora do Ibovespa na sessão, ao lado de Via (-8,13%) e JHSF (-5,66%). No lado oposto, Fleury (+16,10%), após anunciar acordo para combinação de negócios com a Hermes Pardini; Hapvida (+3,80%) e Telefônica Brasil (+3,07%). O dia foi desfavorável às ações de grandes bancos, à exceção de BB (ON +0,91%).

“Muita coisa ruim já foi colocada no preço da Bolsa com relação ao fiscal e, partindo do nível que se tem hoje, é provável que o segundo semestre seja melhor. O mercado está ajustado a crescimento em declínio e juros em alta, com o ciclo atual de elevação da taxa do Fed mais rápido do que o visto em outras ocasiões. Resta saber qual será a taxa de juros neutra nos Estados Unidos, isso permanece em aberto”, diz Rodrigo Santin, CIO da Legend. “Daqui para frente, o calendário tende a jogar a favor, na medida em que muito absurdo fiscal já foi cometido, muita coisa já foi para o preço e o balanço de riscos começa a se equilibrar”, acrescenta.

Santin chama atenção para os sinais de que tanto o presidente Jair Bolsonaro como o rival Luiz Inácio Lula da Silva estão agora “no mesmo balaio” com relação a gastos públicos e a compromisso com responsabilidade fiscal. Ele observa também que, com juros mais altos e tendendo a permanecer assim por tempo prolongado, a “seletividade” na escolha de ações passa a ser fundamental, ante o poder de atração da renda fixa. “Quando os juros estão baixos e as empresas são boas, compra-se até com múltiplos muito altos.”

“Estamos em um mercado de baixa tanto para S&P 500 como Ibovespa, ao final de um semestre difícil. Até a metade do semestre, ninguém esperava que o Federal Reserve acelerasse a alta de juros, passando de 0,25 ponto para 0,75 ponto porcentual (no ritmo de elevação), mas a inflação americana surpreendeu para cima e o BC dos Estados Unidos mudou a estratégia. Até então os mercados tinham uma visão mais benigna para a trajetória dos juros”, observa Paulo Gala, economista-chefe do Banco Master, acrescentando que o Ibovespa chegou a subir mais de 20% em dólar no ano, no primeiro trimestre, sendo destaque de alta no mundo. (Luís Eduardo Leal - [email protected])

17:32

 Índice Bovespa   Pontos   Var. % 

Último 98541.95 -1.08373

Máxima 99619.06 -0.00

Mínima 97758.43 -1.87

Volume (R$ Bilhões) 2.76B

Volume (US$ Bilhões) 5.27B

17:41

 Índ. Bovespa Futuro   INDICE BOVESPA   Var. % 

Último 99640 -1.45874

Máxima 100695 -0.42

Mínima 99080 -2.01

CÂMBIO

Após esboçar uma queda pontual ao longo da tarde, o dólar se firmou em terreno positivo na última hora de negócios e encerrou o pregão desta quinta-feira (30), o último de junho, em alta de 0,80%, cotado a R$ 5,2348. Apesar de ter terminado a semana em leve baixa, de 0,34%, a divisa encerrou o mês com valorização de 10,15% - o maior avanço mensal desde março de 2020 (16,03%). Embora tenha permanecido com sinal positivo na maior parte do dia, o dólar oscilou quase dez centavos entre a máxima (R$ 5,2710) e a mínima (R$ 5,1880) - o que sinaliza o mercado ainda em busca de um novo parâmetro para a taxa de câmbio.

Lá fora, o dia foi marcado por aversão ao risco, em meio a temores de recessão global. Investidores abandonaram bolsas e commodities e correram para se abrigar nos Treasuries, cujas taxas tombaram. A T-note de 10 anos, principal ativo do mundo, voltou a trabalhar abaixo de 3%. O índice DXY - que mede o desempenho do dólar frente a seis divisas fortes - trabalhou em queda firme, ao redor dos 104,700 pontos, com perdas maiores ante o euro e o iene. A moeda americana subiu na comparação as divisas emergentes e de exportadores de commodities, com ganhos maiores frente o real.

A aguardada leitura do índice de preços de gastos com consumo (PCE, na sigla em inglês) em maio - medida de inflação preferida pelo Fed - não abalou a perspectiva de nova alta da taxa básica americana em 75 pontos-base. O núcleo, que exclui itens mais voláteis como alimentos e energia, avançou 0,3%, abaixo das expectativas. Na comparação anual, o núcleo desacelerou de 4,9% em abril para 4,7% em maio. As dúvidas são o tamanho da desaceleração da economia americana e, por tabela, global em meio ao processo desinflacionário.

Para o economista-chefe do Banco Fibra, Cristiano Oliveira, o PCE não trouxe grandes novidades, já que um arrefecimento marginal da inflação na ponta já era esperado. Ele chama a atenção para a leitura do mercado de que o aperto monetário conduzido pelo Fed neste ano deve conter a inflação e permitir até um corte de juros nos EUA em 2023.

"A estimativa de juro terminal em 2023 caiu cerca de 30 pontos-base em poucos dias. O mercado talvez esteja adiantando muito essa desaceleração da inflação nos Estados Unidos. As taxas dos Treasuries caíram muito", afirma Oliveira, que vê o tombo do dólar frente a pares fortes hoje como reflexo da perspectiva de perda de fôlego da economia americana.

Oliveira atribui o tombo do real em junho à onda de fortalecimento global da moeda americana no exterior ao longo do mês e à perda de fôlego dos preços das commodities. Ele também observa que Banco Centrais de outros países emergentes também subiram começaram a apertar suas políticas monetárias, aumentando a competição por recursos de investidores estrangeiros.

"Além disso, a relação risco e retorno mudou porque a volatilidade da nossa taxa de câmbio aumentou muito. Outras moedas da região, como o peso chileno, tiveram desempenho melhor no segundo trimestre", afirma o economista do Fibra, acrescentando que há também o peso da questão eleitoral, dado o risco de escalada populista levando em conta o perfil dos dois principais candidatos, o presidente Jair Bolsonaro e o ex-presidente Lula. "Não que esse seja o meu cenário, mas é um risco que está presente para o mercado".

Por aqui, houve a disputa técnica pela última Ptax de junho e a rolagem do vencimento dos contratos futuros de dólar, que adicionou volatilidade aos negócios, segundo operadores. Investidores recompuseram posições defensivas em meio à expectativa para aprovação da PEC dos Combustíveis no Senado, cuja votação está prevista para esta noite. A oposição faz uma ofensiva para tirar do texto o decreto de estado de urgência, que supostamente blindaria o presidente Jair Bolsonaro de sanção pela Lei Eleitoral por aumento de programas sociais.

"Inicialmente, o mercado recebeu bem o texto da PEC dos Combustíveis. Mas o clima ainda é de muita insegurança. Existe essa contestação ao estado de emergência, porque abriria a porta para o governo gastar ainda mais em ano eleitoral. Isso bate no risco-país e no câmbio", afirma a economista Bruna Centeno, da Blue 3. (Antonio Perez - [email protected])

17:41

 Dólar (spot e futuro)   Último   Var. %   Máxima   Mínima 

Dólar Comercial (AE) 5.23480 0.8049 5.27100 5.18800

Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0    

DOLAR COMERCIAL 5237.500 0.9444 5263.500 5211.000

DOLAR COMERCIAL FUTURO 5290.000 1.17625 5314.000 5231.000

JUROS

No aguardo da votação da PEC dos Combustíveis no Senado, prevista para hoje, o mercado de juros olhou para o exterior, acompanhando o fechamento das curvas globais e a queda dos preços das commodities. O dia foi marcado ainda por fatores técnicos relacionados a ajustes típicos de fim de mês e de semestre e a eventos importantes para o mercado de renda fixa de amanhã, entre eles vencimento de Letras do Tesouro Nacional (LTN). O leilão de títulos prefixados bem menor do que o anterior ajudou a abrir espaço para a devolução de prêmios de risco. No balanço do mês, não houve mudança relevante nos níveis de inclinação em geral, porque tanto taxas curtas quanto longas subiram por volta de 50 pontos-base em relação ao fim de maio.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 fechou a sessão regular em 13,785%, de 13,795% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2024 encerrou na mínima de 13,38%, de 13,571% ontem. O DI para janeiro de 2025 encerrou com taxa de 12,715%, de 12,875%. A do DI para janeiro de 2027 caiu de 12,775% para 12,65%.

Num mês marcado pela piora na percepção de risco fiscal e externo das expectativas de inflação para 2023, as taxas subiram em bloco em junho, o que manteve, no geral, os níveis de inclinação da curva vistos no fim do mês passado. O spread entre os DIs para janeiro de 2027 e janeiro de 2024 fechou hoje em -73 pontos, de -76 pontos em 31 de maio.

O gestor de renda fixa da Sicredi Asset, Cassio Andrade Xavier, destaca que hoje as curvas no exterior cederam bem apesar dos indicadores favoráveis da economia da China. Os índices de gerentes de compras (PMI, em inglês) oficiais subiram, cruzando a marca de 50 pontos que marca expansão. "Mas as curvas acabaram fechando com o índice PCE dos EUA, melhor do que o esperado", disse. O núcleo do indicador, que é o índice de preços preferido do Federal Reserve, avançou 0,3% em maio, ante consenso de alta de 0,4%. Em termos anualizados, a taxa caiu de 4,9% para 4,7%, nível ainda muito elevado.

De todo modo, a inflação mais fraca aliviou a pressão nos Treasuries, com o rendimento das taxas das T-notes de 2 e 10 anos caindo mais de 10 pontos-base, voltando a ficar abaixo dos 3%. A curva local acompanhou, influenciada ainda pelo tombo das commodities metálicas e agrícolas e do petróleo, de 3%.

"Os resultados de hoje da inflação dos EUA corroboram movimento ainda lento de desaceleração dos preços, mas importante para 'suavizar' os juros futuros no Brasil e os yields das treasuries no exterior", afirma o economista-chefe da JF Trust, Eduardo Velho.

Xavier, da Sicredi Asset, disse ainda que o mercado esteve à espera da votação da PEC dos Combustíveis, esperada para hoje no Senado. "Fica no radar até que ponto a porta ficará aberta a novas aventuras fiscais", observou. Nesta tarde, partidos de oposição tentaram retirar o estado de emergência do texto, argumentando que tal recurso não encontra respaldo no arcabouço legal vigente. De última hora, no fim da tarde, ainda havia negociação para inclusão de mais uma benesse no texto, um vale-gasolina para taxistas, com impacto fiscal de R$ 2,5 bilhões.

Na agenda do dia, a PNAD Contínua mostrou queda na taxa de desemprego para 9,8% no trimestre até maio, maior que a apontada pelo consenso de mercado (10,2%) e no menor patamar para o período desde 2015, mas que não chegou a fazer preço nas taxas. Do mesmo modo, o Relatório de Inflação (RI) veio relativamente dentro do esperado, também porque em boa medida o principal já havia sido antecipado na semana passada pelo presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e pelo diretor de Política Econômica, Diogo Guillen.

A curva do DI e o mercado secundário de títulos foram adicionalmente influenciados hoje pelos ajustes decorrentes do vencimento de R$ 11 bilhões de LTN, pagamento de R$ 22,3 bilhões em cupons de NTN-F e rebalanceamento dos fundos referenciados em IRF-M, amanhã. Como destacou a Renascença, a indústria geralmente compra o papel 'casado' e zera vendendo DI futuro no call de ajuste.

No leilão de prefixados, o último antes da virada do trimestre, o Tesouro reduziu à metade (5,5 milhões) a oferta de LTN ante a operação da semana passada (10 milhões) e diminuiu de 450 mil para 300 mil o lote de NTN-F. Houve demanda integral pelos dois papéis, com a maioria das taxas abaixo do consenso, segundo a Necton Investimentos. (Denise Abarca - [email protected])

17:40

 Operação   Último 

CDB Prefixado 32 dias (%a.a) 13.15

Capital de Giro (%a.a) 6.76

Hot Money (%a.m) 0.63

CDI Over (%a.a) 13.15

Over Selic (%a.a) 13.15

MERCADOS INTERNACIONAIS

Ao fim do segundo trimestre do ano, a aversão ao risco predomina nos mercados internacionais, com aperto monetário pelo Federal Reserve (Fed) e alta inflação no radar. Mesmo com o índice de preços de gastos com consumo (PCE, na sigla em inglês) abaixo do esperado em maio nos Estados Unidos, modelos apontam para risco de recessão no país e no resto do globo. Ainda, novo indicador do Fed mostrou tensões crescentes no mercado de dívida corporativa. Neste cenário, as bolsas de Nova York caíram, assim como os juros dos Treasuries. Os ativos do petróleo fecharam em queda de 3%, com manutenção de plano pela Organização de Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+) e pedidos do presidente Joe Biden para que o Oriente Médio amplie sua produção da commodity. Depois de ganhos recentes, o dólar se enfraqueceu ante rivais.

O S&P 500 registrou o pior semestre desde 1970, de acordo com o Dow Jones Market Data. "A volatilidade adicionada do último dia de negociação do trimestre é especialmente louca porque muitos investidores estão reequilibrando seus portfólios com ações em recessão", comenta o analista da Oanda Edward Moya. O índice S&P 500 fechou com baixa de 0,88%, a 3.785,38 pontos, o Dow Jones recuou 0,82%, a 30.775,43 pontos, e o Nasdaq caiu 1,33%, a 11.028,74 pontos. No semestre, as quedas foram de 21%, 15% e 30%, de acordo com o Dow Jones Market Data.

As preocupações sobre crescimento econômico seguem nos holofotes. O Fed de Atlanta estimou hoje que o Produto Interno Bruto (PIB) americana sofra contração de 1,0% no segundo trimestre. Na segunda-feira, tal estimativa era de 0,3%. O Instituto de Finanças Internacionais (IIF, na sigla em inglês) se mostrou surpreso com dados recentes dos EUA, "onde uma forte alta nos juros hipotecários está levando o setor imobiliário a uma recessão profunda". A instituição avalia que o risco de recessão global está aumentando "acentuadamente" e diz se preocupar em situações com múltiplos choques, como acontece agora.

Mesmo com o avanço de 0,6% da inflação PCE, na base mensal, foram os gastos com consumo que chamaram a atenção. O indicador subiu 0,2% em maio, abaixo das expectativas de 0,4%. Com a revisão dos gastos de consumo nos primeiros meses do ano, o ING diz ser "claro" que a trajetória da economia americana não parece boa. "Mais aumentos nos juros básicos e o atual aperto no poder de compra significa que as projeções para o crescimento provavelmente serão cortadas com o risco de recessão aumentando", afirma o banco holandês. Além da inflação, esteve no radar o índice de gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês), que caiu a 56 em junho, mais do que o previsto, de acordo com o Instituto para Gestão da Oferta (ISM, na sigla em inglês).

Os temores quanto à desaceleração econômica também apareceram em novo indicador do Fed de Nova York, que mostrou sinais crescentes, ainda que moderados, de estresse nas negociações de bônus corporativo com grau de investimento, conforme reportagem do Wall Street Journal. O chamado Índice de Estresse no Mercado de Bônus Corporativo (CMDI, na sigla em inglês) deve passar a ser publicado mensalmente pela distrital. A primeira leitura, publicada hoje, apresentou maior tensão no mercado de quase US$ 5 trilhões para bônus corporativos com grau de investimento.

Com a maior busca por segurança, os rendimentos dos Treasuries diminuíram nesta sessão. No fim da tarde em Nova York, o juro da T-note de 2 anos caía a 2,967%, o da T-note de 10 anos diminuía a 2,999% e o do T-bond de 30 anos baixava a 3,164%. O dólar, porém, recuou após altas recentes, com o índice DXY tendo recuado 0,40%, a 104,685 pontos. No horário citado, a divisa americana caía a 135,65 ienes, o euro subia a US$ 1,0477 e a libra avançava a a US$ 1,2175.

Os ativos do petróleo também fecharam em queda. A Organização de Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+) decidiram manter seu aumento da produção de petróleo em 648 mil barris por dia (bpd) em agosto. No entanto, a Capital Economics ressalta que o cartel não tem conseguido atingir seus objetivos de produção nos meses recentes e dificilmente o fará até agosto. Também ficaram no radar falas do presidente dos EUA, Joe Biden, que pediu a países do Golfo Pérsico que aumentem suas produções de petróleo e negou que esse tópico seja o principal em sua viagem para o Oriente Médio no próximo mês. Na New York Mercantile Exchange (Nymex), o barril do petróleo WTI com entrega prevista para agosto caiu 3,66% (US$ 4,02), a US$ 105,76, enquanto o do Brent para o mês seguinte recuou 3,04% (US$ 3,42), a US$ 109,03, na Intercontinental Exchange (ICE). (Ilana Cardial - [email protected])

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