A quarta-feira foi de queda consistente dos juros em todo o globo, com os investidores recalculando rotas em meio a dois fatores. Primeiro, do lado da inflação, é esperado algum alívio na esteira da queda forte do petróleo (-3,04% do WTI e -2,54% do Brent), que por sua vez cedeu depois de o governo dos Estados Unidos pressionar a indústria petrolífera a ampliar a produção e o refino de derivados e solicitar ao Congresso a suspensão por três meses do imposto federal sobre a gasolina. Já do lado da atividade, aparece cada vez mais nos cenários a possibilidade de as economias centrais entrarem em recessão por causa do aperto monetário. Embora essa chance tenha sido relativizada hoje pelo presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, modelos econométricos apontam a recessão como um risco grande nos próximos trimestres. Tal contexto provocou um alívio na curva americana. Os juros das T-notes de 2 anos e de 10 anos chegaram a ceder mais de 15 pontos nas mínimas do dia, chegando ao fim da tarde em 3,047% e 3,152%, respectivamente. O movimento no Brasil foi na mesma linha. O DI para janeiro de 2027 passou de 12,394% para 12,235%. E embora a fala de Powell tenha trazido otimismo mais cedo, o contexto geral acabou pesando sobre o sentimento do investidor na meia hora final. As bolsas americanas terminaram em baixa: Dow Jones recuou 0,15%, S&P 500 perdeu 0,13% e Nasdaq cedeu 0,15%. Já o Ibovespa não conseguiu manter a linha dos 100 mil pontos, e cedeu aos 99.522,32 pontos (-0,16%) no fechamento. O dólar, por sua vez, depois de um dia todo sem firmar tendência clara, sentiu o baque da cautela no fim da sessão e subiu aos R$ 5,1771 (+0,45%) no mercado à vista.
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MERCADOS INTERNACIONAIS
As bolsas de Nova York fecharam em queda, sem impulso, após chegarem mais cedo a ganhar algum fôlego em meio a declarações do presidente do Federal Reserve (Fed). Jerome Powell reforçou a preocupação com a inflação e a perspectiva de alta nos juros - referendada nesta tarde por outros dois dirigentes do BC americano -, mas disse que, para ele, não há risco elevado de recessão. Embora essa possibilidade esteja bastante presente nas análises, inclusive do próprio Fed, houve espaço hoje para ganhos no mercado acionário, enquanto os juros dos Treasuries recuaram e o dólar não teve direção única. Entre as commodities, o petróleo registrou queda forte, após o presidente Joe Biden solicitar ao Congresso dos EUA que retire um imposto federal sobre a gasolina por três meses e exortar Estados a fazer o mesmo, a fim de ajudar os consumidores americanos.
Powell admitiu que a tarefa do Fed de tentar um "pouso suave" na economia é "desafiadora" e não descartou a chance de uma recessão. Ao mesmo tempo, considerou que o quadro é positivo nos EUA, com mercado de trabalho robusto, por isso não descartou que o BC americano possa ter sucesso nesse processo. De qualquer modo, ressaltou em vários momentos de sua audiência hoje no Senado a importância de controlar os preços, levando a inflação à meta de 2%. Charles Evans, do Fed de Chicago, disse que uma alta de 75 pontos-base nos juros na reunião de julho seria "algo razoável a se debater", mas comentou não ver necessidade de aperto de 100 pontos-base por reunião, no quadro atual. Já para Patrick Harker (Filadélfia), os juros deveriam subir um pouco acima de 3%, no fim deste ano, para então o BC avaliar o impacto do aperto e a situação econômica.
Uma pesquisa do próprio Fed viu risco de recessão de mais de 50% nos próximos quatro trimestres. Em análise sobre a fala de Powell hoje, o Rabobank diz que ele tentou convencer o público sobre a possibilidade do "pouso suave", mas o banco considera "uma recessão inevitável". Para o ANZ, o presidente do Fed sobretudo deixou claro que a prioridade atual é combater a inflação.
Entre os Treasuries, houve queda nos retornos em meio às declarações de Powell. No fim da tarde em Nova York, o juro da T-note de 2 anos caía a 3,047%, o da T-note de 10 anos recuava a 3,152% e o do T-bond de 30 anos, a 3,236%.
No câmbio, o dólar se desvalorizou ante moedas fortes mas avançou frente a divisas de países emergentes. O dia foi de queda do índice DXY do dólar, de 0,23%, a 104,178 pontos. No horário citado, o dólar recuava a 136,15 ienes, o euro subia a US$ 1,0571 e a libra tinha baixa a US$ 1,2269, esta praticamente estável.
O recuo do dólar ante moedas fortes não foi suficiente para evitar perda considerável para o petróleo, após Biden solicitar ao Congresso isenção por três meses no imposto federal sobre a gasolina, para conter os preços nos EUA, e pedir que os Estados adotem postura similar. O risco de recessão, com consequente demanda mais fraca pelo óleo, também pesou. O contrato do WTI para agosto recuou 3,04%, a US$ 106,19 o barril, na Nymex, e o Brent para o mesmo mês caiu 2,54%, a US$ 111,74 o barril, na ICE.
Nas bolsas de Nova York, a abertura negativa deu lugar a um quadro de ganhos, em meio a declarações de Powell. Mais para o fim do pregão houve volatilidade e perda de fôlego, com os índices voltando a cair. O Dow Jones fechou em baixa de 0,15%, em 30.483,13 pontos, o S&P 500 recuou 0,13%, a 3.759,89 pontos, e o Nasdaq registrou queda de 0,15%, a 11.053,08 pontos. (Gabriel Bueno da Costa - [email protected])
JUROS
Os juros fecharam em queda firme nos principais contratos, influenciados pelo mercado internacional. O forte recuo no rendimento dos Treasuries, a fraqueza do dólar e os preços do petróleo em baixa encorajaram a montagem de posições vendidas de olho nos gordos prêmios da curva dos contratos de Depósito Interfinanceiro (DI), num dia de agenda e noticiário domésticos escassos. O depoimento do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, no Senado americano foi recebido com alívio, resultando em melhora do apetite pelo risco em parte da sessão, mas no fim da tarde a cautela voltava a prevalecer, dado o risco do aperto monetário promovido pelos principais bancos centrais abalar a economia global.
A taxa do DI para janeiro de 2023 encerrou a sessão regular em 13,55%, de 13,568% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2024 caiu de 13,19% para 13,09%. O DI para janeiro de 2025 encerrou com taxa em 12,31%, de 12,464%, e a do DI para janeiro de 2027 ficou em 12,235%, de 12,394%.
Os eventos externos atingiram com mais força a ponta longa e, com isso, a curva perdeu inclinação. O spread entre os DIs para janeiro de 2027 e janeiro de 2024 saiu de -79 pontos ontem para -85 pontos hoje, maior diferencial negativo desde 27 de maio (-86,5 pontos).
Powell disse que a instituição está fortemente comprometida a reduzir a inflação e atuando rapidamente para garantir que isso se concretize, admitindo que a ação do Fed deve tirar fôlego do PIB, mas, ao mesmo tempo, vê a economia americana "muito forte e bem posicionada para lidar com a política monetária mais apertada".
"Por mais que tenha focado na inflação, o discurso não foi mais hawkish do que o esperado. O que é algo subjetivo, mas acaba fazendo preço num dia esvaziado de notícias", disse o estrategista-chefe da CA Indosuez Brasil, Vladimir Caramaschi, para justificar a reação inicialmente positiva dos mercados às declarações do chairman.
De todo modo, diante do risco de um "choque de juros" nos EUA causar uma recessão, os yields dos Treasuries tombaram, com o da T-Note saindo do nível de 3,28% ontem para 3,15% no fim da tarde. O dólar, após certo vaivém durante a sessão, se firmou em alta na reta final.
O pessimismo sobre os efeitos da política monetária mais restritiva pelo mundo pegou em cheio também commodities como o minério e o petróleo, que caiu 3%. "Os preços estão sob pressão, pois a recessão global teme as chamadas aceleradas de destruição da demanda por petróleo. As preocupações com a inflação e o crescimento não melhorarão tão cedo e isso faz com que todos os fatores de curto prazo se tornem negativos para as perspectivas de demanda", avalia Edward Moya, analista de mercado financeiro da Oanda em Nova York.
A cotação do Brent voltando a mais perto dos US$ 110 citados no cenário do Banco Central traz alento e "vem em boa hora num momento de celeuma sobre os combustíveis", avalia Caramaschi, nesta reta final de processo de ajuste da Selic. Segundo apurou o Broadcast, o governo já estaria discutindo um vale-caminhoneiro no valor de até R$ 1 mil, uma vez que o de R$ 400 ofertado anteriormente foi visto como "esmola" pela categoria, que segue falando em paralisação.
Mesmo antes do aumento da gasolina anunciado na semana passada entrar na conta, o IPCA-15 de junho que sai na sexta-feira deve acelerar a 0,67%, segundo a mediana das estimativas da pesquisa do Projeções Broadcast, de 0,59% em maio. Em 12 meses, a taxa deve perder força, a 12,02%, de 12,20% até maio, mas sem representar alívio nos cenários de inflação do mercado. A avaliação é de que a inflação vai ficar estabilizada em níveis elevados por meses antes de uma desaceleração consistente.
Desse modo, a Tendências Consultoria elevou sua projeção para a Selic no fim do ciclo, incorporando agora alta de 0,25 ponto porcentual na taxa no Copom em setembro, além de 0,5 ponto em agosto. Com isso, o juro básico encerrará o processo de elevação em 14,00%, e não mais em 13,75% ao ano.
Nesta quinta, o mercado se prepara para a apresentação o diretor de Política Econômica do BC, Diogo Guillen, às 11h, seguida da entrevista coletiva do presidente da instituição, Roberto Campos Neto, sobre a condução da política monetária. Não se espera nada muito diferente do que mostraram os documentos recentes da autoridade monetária, e sim um reforço na ideia de que a Selic vai demorar a cair. (Denise Abarca - [email protected])
17:28
Operação Último
CDB Prefixado 30 dias (%a.a) 13.15
Capital de Giro (%a.a) 6.76
Hot Money (%a.m) 0.63
CDI Over (%a.a) 13.15
Over Selic (%a.a) 13.15
BOLSA
Acompanhando passageira acentuação de ganhos em Nova York no meio da tarde, o Ibovespa chegou a se firmar em alta e a recuperar o nível dos 100 mil pontos, embora sem mostrar força para sustentá-lo no fechamento, vindo de três sessões abaixo do limiar psicológico - agora a quarta -, ainda nos menores níveis desde o começo de novembro de 2020. Ao fim, registrava perda de 0,16%, a 99.522,32 pontos, entre mínima de 98.050,02 e máxima de 100.373,69, saindo de abertura a 99.678,00. Ainda moderado, o giro ficou em R$ 23,6 bilhões. Na semana, o Ibovespa segue no negativo (-0,30%), com retração no mês a 10,62% e, no ano, a 5,06%. Na série de 13 sessões retroativa ao último dia 3, houve perdas em 11, considerando a de hoje.
O fôlego do índice ficou mais curto com a devolução da retomada vista mais cedo em Petrobras, que fechou o dia em baixa (ON -0,47%, PN -0,30%), cedendo à forte retração, em torno de 3%, observada no Brent. O dia também foi amplamente negativo para a mineração (Vale ON -0,86%) e siderurgia (CSN ON -4,60%, Gerdau PN -3,94%), e para os grandes bancos (Unit do Santander -1,76%, na mínima do dia no fechamento; Itaú PN -0,74%). Na ponta do Ibovespa, Méliuz (+7,69%), BTG (+5,55%), BRF (+4,81%), Minerva (+3,77%), Natura (+3,76%) e Raia Drogasil (+3,35%). No lado oposto, IRB (-10,60%), 3R Petroleum (-6,68%), SLC Agrícola (-6,45%) e PetroRio (-6,42%).
Com poucos desdobramentos que fizessem preço a partir da agenda doméstica, o Ibovespa flutuou a alguma distância, observando NY. Embora esvaziado no fim da tarde, o bom humor desde o exterior veio pela manhã, com o depoimento do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, ao Senado, no qual reafirmou a percepção de que a economia americana está em condição saudável para lidar com o atual ciclo de aperto monetário. À tarde, os índices de Nova York chegaram a receber um impulso extra, após o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, ter solicitado ao Congresso suspensão por três meses de imposto federal sobre a gasolina, em meio à escalada global dos custos de energia, acentuada pela guerra no leste europeu.
Por outro lado, o presidente do Federal Reserve de Chicago, Charles Evans, afirmou hoje que uma elevação de 75 pontos-base nos juros dos Estados Unidos na reunião de julho do comitê de política monetária "seria algo razoável para se debater". Em declarações a jornalistas após evento, Evans disse também não ver necessidade de uma alta maior, de 100 pontos-base, em apenas uma reunião do BC americano.
Mais cedo, "a fala do Powell foi o destaque. Ainda que não tenha trazido novidade, ele se mostrou confiante de que a economia não vai entrar em recessão, ao contrário do que o mercado tem pensado. De qualquer forma, os mercados reagiram bem, melhorando um pouco o humor, embora a preocupação com a possibilidade de recessão permaneça como pano de fundo. Aqui, acompanhamos o mercado externo, mas ainda atentos a Petrobras e ao preço dos combustíveis", diz Helena Veronese, economista-chefe da B.Side Investimentos.
"O mercado calcula uma grande probabilidade de recessão, sabendo que a missão do Fed, de evitar um pouso forçado (da economia), é difícil tendo em vista essa inflação, a maior em 40 anos nos Estados Unidos", diz Piter Carvalho, economista da Valor Investimentos. Para Marcelo Boragini, especialista em renda variável da Davos Investimentos, a reação positiva dos mercados a Powell derivou da manutenção de tom, ainda 'hawkish' mas "sem surpresas".
"O discurso do Powell foi focado mais no longo prazo do que nos próximos passos, um discurso 'by the book', como costuma ocorrer nessas audiências no Congresso. Mas, embora não tenha trazido novidades hoje, ele tem enfatizado, para o longo prazo, a possibilidade de a economia americana ficar mais fraca, com a elevação dos juros nesse contexto inflacionário. Ele tem deixado muito evidente que vai priorizar o combate à inflação mesmo que se leve a economia para uma eventual recessão", observa Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos. (Luís Eduardo Leal - [email protected])
17:27
Índice Bovespa Pontos Var. %
Último 99522.32 -0.16269
Máxima 100373.69 +0.69
Mínima 98050.02 -1.64
Volume (R$ Bilhões) 2.36B
Volume (US$ Bilhões) 4.59B
17:29
Índ. Bovespa Futuro INDICE BOVESPA Var. %
Último 101105 -1.15847
Máxima 102205 -0.08
Mínima 99775 -2.46
CÂMBIO
Em dia marcado por muita instabilidade e trocas de sinal, o dólar à vista se firmou em alta na reta final do pregão, em meio a uma deterioração dos índices acionários em Nova York, e fechou perto do teto de R$ 5,18. Segundo operadores, o vaivém da moeda ao longo da sessão reflete um mercado cauteloso e sem convicção para apostas mais contundentes, depois da forte reprecificação da moeda nos últimos dias, quando escalou da faixa de R$ 5,00 para trabalhar acima de R$ 5,15. Já teriam sido incorporados à formação da taxa de câmbio, em grande parte, tanto o ajuste mais rápido da política monetária americana quando o aumento da percepção de risco político e fiscal domésticos.
A cautela com o desenrolar das investidas do governo e de seus aliados no Congresso para conter os preços de combustíveis permanece no radar e impede apostas em uma rodada de apreciação do real, mas já não é capaz de sustentar uma arrancada do dólar para além de R$ 5,20. A avaliação é a de que a possibilidade de aumento de gastos públicos com ampliação do vale gás e de auxílio para caminhoneiros, embora ruins do ponto vista fiscal, assustam menos do que uma mudança na Lei das Estatais. Além disso, esfria a possibilidade de uma CPI da Petrobras, em meio ao arranhão na imagem do presidente Jair Bolsonaro com a prisão do ex-ministro da Educação Milton Ribeiro.
Também contribui para mitigar o fôlego do dólar o fato de o Banco Central ter sinalizado em sua ata que, mesmo com provável encerramento do ciclo de aperto monetário em agosto, a taxa Selic permanecerá em níveis elevados por tempo prolongado. Isso encarece o custo do hedge e desestimula o carregamento de posições compradas em dólar (que ganham quando a moeda americana avança).
Com oscilação de cerca de seis centavos entre a mínima (R$ 5,1285) e a máxima R$ (5,1820), o dólar à vista encerrou a sessão em alta de 0,45%, a R$ 5,1771, levando a valorização no mês a 8,93%. O dólar futuro para julho, que havia caído ontem abaixo da cotação à vista quando o mercado spot já estava fechado, passou a maior parte do dia em alta e alcançou o patamar de R$ 5,19 nas máximas.
"O mercado já vinha precificando o aumento de juros nos Estados Unidos e essa questão fiscal doméstica. Houve uma correção forte, com o dólar acima de R$ 5,15, e agora tem uma acomodação", diz a economista Bruna Centeno, da Blue3, ressaltando que a indicação do Copom de manutenção da política monetária em campo restritivo por mais tempo mantém a atratividade da renda fixa local e oferece um colchão de proteção para o real.
No front político, Centeno observa que a prisão do ex-ministro da Educação "tomou os holofotes" e deixou em segundo plano os debates para mudança da Lei das Estatais e a instalação da CPI da Petrobras. Mas ainda há cautela com a novela em torno dos preços de combustíveis e a possibilidade de expansão dos gastos públicos. Fontes ouvidas pelo Broadcast afirmam que o governo já discute a possibilidade de auxílio-caminhoneiro de até R$ 1 mil. "É preciso ver o impacto fiscal desse voucher para caminhoneiros e da ampliação do vale gás", diz Centeno.
As forças vindas do exterior foram opostas. O dólar se enfraqueceu contra pares fortes, em especial o euro e o iene, mas subiu na comparação com a maioria das divisas de países exportadores de commodities, cujos preços sofrem diante da perspectiva de desaceleração da economia global. Ao aperto monetário dos BCs mundo afora, em especial nos países desenvolvidos, se somam dúvidas sobre o fôlego da economia chinesa.
Não por acaso, o dólar chacoalhou mais pela manhã, marcada pela expectativa em torno de depoimento do presidente do BC americano, Jerome Powell, no Senado americano. Powell falou grosso contra a inflação e não descartou aceleração do processo de alta de juros, mas disse que o risco de recessão com o aperto monetário "não é elevado" dada a força da economia americana. Powell afirmou que será necessário levar os Fed funds acima do nível neutro, que seria de cerca de 2,5% no longo prazo. Pela tarde, o presidente do Fed de Chicago, Charles Evans, disse que uma elevação de 75 pontos-base nos juros em julho "seria algo razoável de se debater", mas pontuou que não vê necessidade de uma elevação e 100 pontos-base, como aventada por parte dos analistas.
O presidente do EUA, Joe Biden, pediu ao Congresso suspensão por três meses do imposto federal sobre gasolina e exortou as companhias a repassarem a economia com tributos para os preços ao consumidor. As cotações do petróleo tombaram, com o tipo Brent, referência para Petrobras, fechando em baixa 2,54%, a US$ 111,74 o barril. As taxas dos Treasuries caíram em bloco, com a T-note, principal ativo do mundo, recuando mais de 3%. Para economistas do Citi, a probabilidade de recessão global se aproxima de 50%.
"O discurso de Powell foi bem recebido pelos investidores. A percepção é que quanto antes esse cenário de inflação alta for revertido, mesmo que seja com aumento de juros, melhor", afirma a economista chefe da Veedha Investimentos, Camila Abdelmalack. "Já o cenário para commodities é mais complicado do que o do primeiro trimestre. Estamos flertando com o risco de que a dose de aperto monetário dos bancos centrais desenvolvidos possa abalar o ambiente econômico e a demanda por commodities". (Antonio Perez - [email protected])