A disputa política em torno da Petrobras impediu que a Bolsa brasileira surfasse na onda de otimismo vista em Nova York nesta terça-feira. Com o investidor dividindo a atenção entre as movimentações de bastidores do Congresso, que articula uma CPI e mudanças legislativas que podem impactar a política de preços atual, e as declarações na Câmara do ministro de Minas e Energia, Adolfo Sachsida, o papel da estatal foi penalizado. A ação ON cedeu 1,06% e a PN, 1,99%, ainda que os recuos tenham diminuído na hora final da sessão. Dado o peso no índice, o Ibovespa teve perda de 0,17%, aos 99.684,50 pontos. Situação oposta no fechamento à da manhã, quando a referência do mercado de ações brasileiro superou os 101 mil pontos na máxima. Além da petroleira, o setor bancário teve desempenho negativo. Destaque para o mergulho de 4,10% do papel ON do Banco do Brasil. Nos EUA, a volta do feriado foi de rali para o risco. Não que a situação tenha mudado - inflação segue alta, recessão está cada dia mais nos cenários dos agentes e situações de China e Ucrânia inspiram cuidados. Mas o fato é que, vindo de baixas fortes, as ações americanas estão muito descontadas, havendo espaço para recuperações parciais nos preços. O índice Nasdaq, que tem perda de quase 30% neste ano, hoje saltou 2,51%. Com baixa em 2022 de 21,01%, o S&P 500 avançou 2,45%. E o Dow Jones subiu 2,15%, aparando as perdas desde janeiro a 15,98%. Os juros dos Treasuries subiram, com o mercado calibrando as apostas diante do endurecimento do tom pelo Federal Reserve. O dólar, contudo, teve mais um dia de queda ante moedas fortes, em meio à valorização de euro, libra e franco suíço, que refletem a recente corrida de seus bancos centrais contra a inflação. Nesse cenário, o dia foi de alívio no câmbio doméstico, onde houve ajuste de posições depois da escalada recente. A moeda americana à vista fechou cotada a R$ 5,1537 (-0,63%). Nos juros futuros, os sinais emitidos pela ata do Copom de que a Selic deve permanecer alta por um período mais longo foram incorporados sem grandes sustos na curva. Assim, as taxas terminaram bem próximas aos ajustes de ontem.
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•MERCADOS INTERNACIONAIS
•CÂMBIO
•JUROS
BOLSA
O Ibovespa emendou hoje o terceiro fechamento abaixo do limiar dos 100 mil pontos, descolado do exterior positivo, onde houve avanço para o petróleo e para os índices acionários na Europa e em Nova York após o feriado de ontem nos Estados Unidos. Aqui, a referência da B3 devolveu à tarde os ganhos observados mais cedo, que chegaram a colocar o Ibovespa aos 101.068,71, na máxima do dia. Na mínima, do meio da tarde, foi aos 99.166,54 (-0,69%), saindo de abertura aos 99.853,86 pontos. Ao final, mostrava leve perda de 0,17%, aos 99.684,50, com giro fraco, a R$ 22,9 bilhões. Nas últimas 12 sessões, desde o dia 3, o Ibovespa obteve desempenho positivo em apenas duas, e bem moderados (+0,03%, ontem, e +0,73%, dia 15). No mês, o índice cede 10,48% e, no ano, as perdas chegam a 4,90%. Na semana, cai 0,14%.
Nesta terça-feira, o recuo foi puxado pelas ações de grandes bancos, com BB ON (-4,10%) à frente, e especialmente por Petrobras (ON -1,06%, PN -1,99%), que já acumula perdas de cerca de 10% no mês tanto na ordinária como na preferencial. O mercado continua a monitorar de perto o movimento político em torno dos preços praticados pela petrolífera, atento agora a eventual mudança na Lei das Estatais. Hoje, em audiência na Câmara dos Deputados, o ministro de Minas e Energia, Adolfo Sachsida, embora tenha se colocado como um economista de perfil liberal, questionou se o PPI, o preço de paridade internacional, ainda se justificaria para a Petrobras.
“O dia deixou bastante a desejar aqui, considerando o que se viu em Nova York. Hoje à tarde, o setor de energia estava subindo, puxando as bolsas por lá, com Exxon Mobil em alta de 7% e Chevron, de 5%, enquanto Petrobras caía aqui em torno de 2,5%. Essa queda toda, desde a sexta-feira, está bem concentrada em energia, com nossa Petro ficando para trás. O prêmio de risco pelo que vem pela frente entra na conta, embora não se saiba ao certo o que vem por aí. Sabe-se apenas que (o que ocorrerá) não é o que foi prometido, de que não mudaria nada com o novo presidente (Caio Paes de Andrade)“, diz Rodrigo Natali, estrategista-chefe da Inv.
Corroborando esta perspectiva, Sachsida disse hoje que é um engano pensar que a gestão de Paes de Andrade à frente da estatal será “mais do mesmo”. “A Petrobras precisa competir e é por isso que troquei o presidente e está sendo trocado o Conselho de Administração, pois a empresa precisa se preparar para um novo tempo, de competição", disse o ministro de Minas e Energia, em audiência na Câmara. "Quem acha que estamos mudando para mais do mesmo, acho que está enganado.”
Os persistentes ruídos em torno da política de preços da Petrobras deixaram em segundo plano a divulgação da ata do Copom, pela manhã. “A ata veio na direção do BC 'hawkish', muito preocupado ainda com a inflação e os desdobramentos em torno dela nos próximos meses para o horizonte relevante do Banco Central, que destacou bastante o cenário externo. Toda essa conjuntura vai provocar uma desaceleração econômica, que pode tirar parte da pressão sobre as commodities e dos bens industriais importados. Mas pode ser uma desaceleração global com inflação elevada, uma estagflação, como temos ouvido muitos analistas internacionais comentarem”, diz Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos.
“O Comitê (de Política Monetária) destacou com mais afinco a piora do cenário global, tanto para a inflação quanto para a atividade econômica, na esteira de desequilíbrios causados especialmente pela guerra no leste europeu e pela política de zero covid implementada pelo governo chinês”, observa Rachel de Sá, chefe de economia da Rico Investimentos. “O Copom chamou atenção para o fato de que Bancos Centrais do mundo todo reforçaram a alta de juros, reduzindo a liquidez nos mercados e aumentando a aversão ao risco, o que impacta especialmente países emergentes como nós, aqui no Brasil. Em outras palavras: um mundo com inflação alta, baixo crescimento e menor apetite ao risco por parte dos investidores”, acrescenta a economista.
Na ponta de ganhos do Ibovespa nesta terça-feira, destaque para Qualicorp (+6,68%), WEG (+4,98%) e IRB (+4,04%). No lado oposto, Cogna (-4,76%), Banco do Brasil (ON -4,10%) e CPFL Energia (-3,69%). (Luís Eduardo Leal - [email protected])
17:27
Índice Bovespa Pontos Var. %
Último 99684.50 -0.16842
Máxima 101068.71 +1.22
Mínima 99166.54 -0.69
Volume (R$ Bilhões) 2.28B
Volume (US$ Bilhões) 4.46B
17:27
Índ. Bovespa Futuro INDICE BOVESPA Var. %
Último 101630 -0.08357
Máxima 102870 +1.14
Mínima 100850 -0.85
MERCADOS INTERNACIONAIS
As bolsas de Nova York fecharam com ganho de mais de 2%, na volta do feriado de ontem e após uma semana anterior com perdas de cerca de 5%. Mesmo que continue a cautela com a perda de fôlego econômico, a inflação e o aperto monetário, houve espaço para várias ações recuperarem em parte perdas recentes, com a busca por papéis mais baratos por investidores. Entre os dirigentes do Federal Reserve, o presidente da distrital de Richmond, Tom Barkin, destacou a inflação "elevada", "disseminada" e "persistente" que, segundo ele, fará o BC americano continuar a elevar os juros. Os retornos dos Treasuries subiram, com a postura do Fed em foco, mas no câmbio o índice DXY do dólar ajustou ganhos recentes e recuou. A fraqueza da moeda americana colaborou para apoiar a alta do petróleo, com sinais da oferta e da demanda nesse mercado também no radar.
Ações do setor de energia estiveram entre os destaques em Nova York, com ganhos robustos, na esteira dos ganhos recentes das commodities. ExxonMobil subiu 6,22% e Chevron, 4,19%. Os ganhos, porém, foram generalizados, com recuperação parcial de algumas das fortes perdas recentes dos índices. O Nasdaq liderou ganhos, chegando a subir 3% em parte do dia. A TD Securities notava em relatório a piora recente das bolsas americanas, em meio a cortes nas expectativas para o crescimento dos EUA. O Dow Jones fechou em alta de 2,15%, em 30.530,25 pontos, o S&P 500 subiu 2,45%, a 3.764,79 pontos, e o Nasdaq avançou 2,51%, a 11.069,30 pontos.
O petróleo também teve ganhos, em quadro de recuperação dos ativos de risco após o tombo da semana anterior. A Oanda vê ainda influência de sanções ao petróleo da Rússia e diz que a queda recente havia sido exagerada, diante da demanda nos EUA e na China. O contrato do WTI para agosto subiu 1,42%, a US$ 109,52 o barril, na Nymex, e o Brent para o mesmo mês avançou 0,46%, a US$ 114,65 o barril, na ICE.
No mercado de dívida americano, os retornos dos Treasuries subiram. Entre os dirigentes do Fed, Tom Barkin destacou a inflação e disse ter apoiado a alta de 75 pontos-base nos juros na semana passada - ele não vota nas decisões deste ano. Para Barkin, uma alta de 50 ou 75 pontos-base na reunião de julho "parece razoável", e o dirigente enfatizou a importância de se monitorar a inflação e as expectativas para ela, nas próximas decisões. O dirigente acredita que a inflação diminuirá, mas que isso "levará tempo". O Fed de São Francisco, por sua vez, publicou estudo, no qual diz que no quadro recente de pandemia e guerra na Ucrânia os fatores do lado da oferta respondem por maior parte da alta da inflação. No fim da tarde em Nova York, o juro da T-note de 2 anos subia a 3,206%, o da T-note de 10 anos avançava a 3,299% e o do T-bond de 30 anos, a 3,376%.
Já no mercado de câmbio, o índice DXY, que mede o dólar ante uma cesta de moedas fortes, recuou 0,25%, a 104,435 pontos. No horário citado, o dólar subia a 103,60 ienes, o euro avançava a US$ 1,0536 e a libra tinha alta a US$ 1,2271. A Western Union afirmou que o euro era apoiado pela perspectiva de aperto monetário do Banco Central Europeu (BCE), enquanto via mais chance de recessão nos EUA. No caso da moeda japonesa, houve novas mínimas em 24 anos frente ao dólar, após o premiê japonês, Fumio Kishida, apoiar a política bastante acomodatícia do Banco do Japão (BoJ). Para o NatWest, o iene deve seguir sob pressão, nesse contexto.
O Goldman Sachs comentou que o Fed pode se ver impelido a apertar mais sua política, diante da inflação, mesmo que ocorra forte desaceleração da atividade. Para o banco, a probabilidade cumulativa de recessão nos EUA é de 48% ao longo dos próximos dois anos (de 35% na projeção anterior do Goldman). A Casa Branca, por sua vez, enfatizou, em entrevista coletiva da porta-voz Karine Jean-Pierre, que o país não está em recessão neste momento e considerou que o país "caminha para um lugar de crescimento econômico estável", não de contração. (Gabriel Bueno da Costa - [email protected])
CÂMBIO
Um movimento de recuperação dos ativos de risco no exterior, na volta de feriado nos Estados Unidos, abriu espaço para uma queda do dólar para a casa de R$ 5,15 no mercado local, com investidores ajustando posições após a escalada de ontem, quando a moeda fechou no maior valor desde meados de fevereiro. Sem grandes surpresas na ata do Copom, que ratificou a tendência de pelo menos mais um aumento da taxa Selic, o mercado monitorou mais de perto o desenrolar de negociações no Congresso em torno da instalação da CPI da Petrobras e de medidas para conter os preços dos combustíveis, como uma mudança da Lei de Estatais.
Declarações do ministro de Minas e Energia, Adolfo Sachsida, em torno da política de preços da Petrobras, durante audiência pública na Câmara dos Deputados, ensejaram tanto mínimas da sessão, no fim da manhã, quanto redução do ritmo de queda do dólar ao longo da tarde. Na primeira etapa de negócios, investidores se animaram com falas como a de que não "é ministro" ou "presidente quem tem que decidir qual o preço do combustível", tarefa que cabe à empresa, no caso a Petrobras. No meio da tarde, o clima na Bolsa azedou e o real perdeu parte do seu brilho, após Sachsida questionar se o PPI (Preço de Paridade Internacional) se justifica. "Se PPI não está representando preço de mercado de maneira adequada, é evidente que precisa ser melhorado", disse o ministro, acrescentando que a gestão de Caio Paes de Andrade à frente da Petrobras, em substituição a José Mauro Coelho, não "será mais do mesmo".
Depois de registrar mínima a R$ 5,1184 (-1,31%) pela manhã, o dólar passou à tarde rodando entre R$ 5,14 e R$ 5,15. No fim da sessão, era negociado a R$ 5,1537, em baixa de 0,63%. O saldo dos dois primeiros dias desta semana é de uma leve valorização (+0,18%), levando a alta acumulada em junho para 8,44%. No ano, as perdas, que já foram superiores a 15%, agora são de 7,57%.
No exterior, o índice DXY - que mede o desempenho do dólar frente a moedas fortes - trabalhou em queda, ao redor dos 104,400 pontos, embora o dólar tenha subido mais de 1% frente ao iene. A moeda americana caiu em bloco na comparação com divisas emergentes, à exceção do peso colombiano, que perdeu quase 3%, na esteira da eleição do primeiro presidente de esquerda do país, Gustavo Petro, no domingo.
"O comportamento do real hoje foi bem em linha com as outras divisas emergentes. A moeda sofreu muito nas últimas semanas com o aperto das condições financeiras globais e alta de 75 pontos-base no juro americano", diz o economista-chefe da Western Asset, Adauto Lima, acrescentando que os riscos vindos do embate político, com a proximidade das eleições, já começam também a ser incorporados nos preços dos ativos domésticos.
Lima vê com preocupações acenos dois lados do espectro político, uma vez que tanto o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que já falou em abolir o teto de gastos e revogar a reforma trabalhista, quanto o presidente Jair Bolsonaro (PL) mostram disposição para políticas mais intervencionistas, como a interferência na formação dos preços dos combustíveis.
"A cada dia surge no Congresso e no governo uma 'ideia brilhante'. Desde mudar o regime de preços e a Lei de Estatais até aumentar gastos públicos com subsídios e transferências diretas", afirma o economista, para quem uma escalada do dólar daqui para frente se daria mais por causa de uma deterioração doméstica do que por fatores externos, como a alta de juros pelo BC americano. "A taxa de juros [Selic] está muito alta e faz o real aguentar um desaforo um pouco maior. Mas não pode exagerar no desaforo", alerta.
Na leitura predominante entre analistas, o Copom acenou em sua ata com mais uma elevação da Selic em agosto, provavelmente de 0,50 ponto porcentual, para 13,75% ao ano, e manutenção da taxa em níveis elevados por um período maior - o que, em tese, contribui para impedir uma depreciação mais forte do real, ao encarecer o carregamento de posições "compradas" em dólar.
"A ata ajudou um pouco no alívio da taxa de câmbio, já que o Copom sugeriu aperto monetário adicional em agosto e Selic em nível contracionista por um período longo. Mas o fator majoritário para a queda do dólar hoje foi o exterior positivo, que beneficiou as moedas emergentes", diz a economista-chefe do Banco Ourinvest, Fernanda Consorte, para quem a agenda doméstica continua "muito complicada" e sugere aumento da volatilidade da taxa de câmbio à frente. (Antonio Perez - [email protected])
17:27
Dólar (spot e futuro) Último Var. % Máxima Mínima
Dólar Comercial (AE) 5.15370 -0.6267 5.18480 5.11840
Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0
DOLAR COMERCIAL 5159.000 -0.97889 5201.000 5133.500
DOLAR COMERCIAL FUTURO 5242.000 20/06
JUROS
Os juros futuros terminaram a sessão regular perto da estabilidade, após oscilarem ora em leve alta ora em leve queda durante o dia, sempre perto dos ajustes de ontem. Destaque da agenda desta terça-feira, a ata do Copom reforçou a sinalização do comunicado sobre o plano de voo do Banco Central, de que a Selic precisa subir mais e permanecer estável por período prolongado para trazer a inflação de 2023 "ao redor" da meta de 3,25%, mas sem grande impacto na curva. O noticiário sobre a Petrobras continuou no radar dos investidores, porém com efeito maior na Bolsa do que na renda fixa, ao menos enquanto não houver algo mais concreto sobre eventual intervenção nos preços de combustíveis.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 encerrou a etapa regular em 13,565%, de 13,583% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2024 ficou estável em 13,19%. A do DI para janeiro de 2025, também estável, encerrou em 12,46%. O DI para janeiro de 2027 terminou com taxa de 12,395%, de 12,379%.
Wall Street retomou hoje as operações, após o feriado ontem nos Estados Unidos, com melhora do apetite ao risco, mas o foco do mercado de juros ficou no âmbito doméstico, com um olho na ata do Copom e outro nas notícias sobre Petrobras. "A ata foi o fato do dia, mas a curva não reagiu porque a mensagem já estava no preço. Poderia abrir se o Copom indicasse altas mais fortes do que trouxe o comunicado, ou fechar se sinalizasse claramente o fim do ciclo, mas não", disse a economista-chefe da B.Side Investimentos, Helena Veronese.
Na ata, os diretores indicaram que terão de elevar a Selic além dos atuais 13,25% para trazer a projeção de inflação de 2023, atualmente em 4%, para "ao redor" da meta de 3,25%, tarefa que ainda demandaria juros em território contracionista por um período mais prolongado. A questão é saber o quanto mais a taxa teria de subir, e por quanto tempo, para que o objetivo seja alcançado.
Boa parte do mercado continua trabalhando com a ideia já deixada pelo comunicado de uma última elevação, de 0,5 ponto na reunião de agosto, com Selic terminal de 13,75%, que é o cenário de 35 entre 44 instituições consultadas pelo Projeções Broadcast após a divulgação da ata.
Também esta é a expectativa da Área de Estratégia da Renascença DTVM. "Apesar de, no cenário atual, isso ser insuficiente para levar a inflação de 2023 para a meta de 3,25%, a busca de tal objetivo envolveria uma taxa Selic em patamar muito mais elevado, o que, inevitavelmente, geraria uma forte recessão", avalia o estrategista-chefe Sérgio Goldenstein.
Alguns economistas vão além, caso de Laiz Carvalho, do BNP Paribas, para quem colocar as expectativas de 2023 "ao redor da meta" exige levar a Selic até 14,25%. "A trajetória do consenso do mercado não é suficiente para fazer com que a inflação convirja e o BC vai precisar fazer mais", diz Carvalho.
Com o recado da ata já relativamente embutido nos DIs, o mercado aguarda agora o que vai acontecer com os preços de combustíveis. A mobilização continua intensa em Brasília. Se a criação da CPI da Petrobras vai perdendo força, por outro lado cresce a movimentação para mudança na lei das estatais por Medida Provisória (MP), o que pode abrir espaço para nomeações políticas na estatal, como forma mais célere, ainda que indireta, de alterar a atual política de preços. "A CPI está desacreditada e quanto à lei das estatais é necessário que haja algo mais concreto ou novo para fazer preço na curva, ou mesmo mais medidas para segurar preço (de combustível)", disse Veronese.
Num cenário mais extremo, um congelamento seria altamente negativo para os ativos, mas, em audiência pública na Câmara dos Deputados, o ministro de Minas e Energia, Adolfo Sachsida, disse que tal medida "não funciona". Ele afirmou também não ser possível interferir no preço da estatal e que tal questão "não está no controle do governo", mas ao mesmo tempo questionou se a adoção do Preço de Paridade de Importação (PPI) ainda se justifica.
O Tesouro Nacional realizou leilão de NTN-B, com oferta de 1,8 milhão de papéis, mais de dez vezes superior à de 150 mil na semana passada. O lote foi concentrado na ponta curta (1,5 milhão para a NTN-B 15/5/2027), com demanda integral, enquanto as ofertas de 150 mil na NTN-B 15/5/2035 e 150 mil na 15/8/2060 foram colocadas parcialmente (62.750 e 69.950). As taxas, segundo a Necton Investimentos, saíram dentro do consenso de mercado. (Denise Abarca - [email protected])
17:26
Operação Último
CDB Prefixado 30 dias (%a.a) 13.16
Capital de Giro (%a.a) 6.76
Hot Money (%a.m) 0.63
CDI Over (%a.a) 13.15
Over Selic (%a.a) 13.15