EXTERIOR E PIB LEVAM BOLSA A 112 MIL PONTOS E DÓLAR A R$ 4,78, MAS FISCAL PESA EM DI

Blog, Cenário

O apetite ao risco na cena externa e o otimismo com a atividade econômica brasileira ao longo do ano conduziram a Bolsa brasileira a uma sessão de ganho firme. Lá fora, o dia foi de recuperação consistente de ações ligadas ao setor de tecnologia, que ganharam fôlego mesmo com reiteradas mensagens hawkish por parte de dirigentes do Federal Reserve. A razão desse descolamento com os discursos foram dados da ADP considerados fracos, nesta véspera de relatório de empregos oficial (payroll). Essa percepção ajudou ainda a derrubar o dólar ante moedas fortes, haja vista a queda do DXY ao nível de 101,7 pontos. Nas bolsas, os três principais índices fecharam bem perto da máxima do dia, com ganhos de 2,69% do Nasdaq, 1,84% do S&P 500 e 1,33% do Dow Jones. Nesse embalo, restou ao investidor de Brasil ir às compras de ações e real. Na Bolsa, além do fator externo, as revisões para cima de Produto Interno Bruto (PIB) do ano animaram o mercado, mesmo com a ponderação de que o crescimento no segundo semestre tende a desacelerar. Pesquisa do Projeções Broadcast apontou que a mediana das apostas de crescimento do PIB este ano passaram de 1,4% no início da semana para 1,5% hoje, apesar do resultado (1,0%) abaixo do consenso (1,2%) para o primeiro trimestre. A Bolsa teve apoio ainda da retomada dos preços do minério de ferro, que fizeram Vale ON, principal ativo do índice, subir 1,88%. Assim, o Ibovespa foi aos 112.392,91 pontos, valorização de 0,93%. Essa corrida para a Bolsa e alguma fraqueza no exterior fizeram o dólar à vista cair a R$ 4,7885 (-0,32%), ainda que agentes do câmbio tenham mostrado desconforto com a questão fiscal no País. Circula nos bastidores de Brasília a informação de que a ala política do governo está forçando a equipe econômica a aceitar a decretação de calamidade pública com a justificativa de risco de abastecimento do diesel no País. Com o decreto aprovado, o governo poderia adotar um subsídio de combustíveis ou mesmo aumentar o valor do Auxílio Brasil. Embora o ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira, tenha dito à CNN à tarde que não vê necessidade da calamidade "atualmente", ele abriu espaço para a decretação "a depender da situação do País". Nos DIs, que já vinham sentido o incômodo do petróleo em alta, o risco fiscal foi a senha para a recomposição de prêmios, em alguns casos na ponta longa acima dos 10 pontos-base.

•BOLSA

•CÂMBIO

•MERCADOS INTERNACIONAIS

•JUROS

BOLSA

A leitura sobre o PIB do primeiro trimestre no Brasil melhorou, ainda que marginalmente, as expectativas de crescimento para o ano, contribuindo para o avanço visto no Ibovespa desde a manhã, que se acentuou à tarde em paralelo às referências de Nova York, também em sucessivas máximas de sessão no período vespertino. Ao fim, no maior nível de fechamento desde 20 de abril (114.343,78), o índice da B3 mostrava ganho de 0,93%, aos 112.392,91 pontos, entre mínima de 111.218,20 e máxima de 112.708,96, saindo de abertura a 111.363,07 pontos. Moderado, o giro financeiro foi de R$ 24,5 bilhões. Na semana, o Ibovespa ganha 0,40%, e 0,94% nestas duas primeiras sessões de junho - no ano, sobe 7,22%.

“O PIB brasileiro cresceu 1% no 1T22, abaixo de 1,2% esperado. A principal contribuição para a surpresa negativa do lado da oferta veio do setor de serviços e, do lado da demanda, veio do consumo das famílias”, aponta Igor Barenboim, sócio e economista-chefe da Reach Capital. “Com o dado de hoje, se o PIB crescer zero nos próximos trimestres do ano, fechamos o ano com crescimento de 1,5%. Esperamos que o PIB cresça no 2T22 com a continuação da reabertura da economia, retomada do emprego, liberação do FGTS e antecipação do 13º salário do INSS.”

“A partir do terceiro trimestre esses impulsos devem arrefecer e o juro alto começar a pesar mais. Com isso esperamos um crescimento de 1,9% para o ano fechado de 2022”, acrescenta o economista-chefe da Reach Capital.

Por sua vez, o BNP Paribas elevou projeção para o crescimento econômico do Brasil na esteira do Produto Interno Bruto do primeiro trimestre, indicando uma melhor recuperação. A estimativa é que o PIB fechado do ano cresça 1,5%, e não mais caia 0,5% como previsto anteriormente. No entanto, a expectativa para o PIB de 2023 foi mantida em variação zero pelo BNP.

Para o Barclays, embora a análise seja "mais construtiva" em relação ao crescimento no primeiro semestre deste ano, a postura cada vez mais restritiva do Banco Central é um contrapeso para a segunda metade de 2022. Em relatório, o banco aponta que a pressão sobre o núcleo da inflação pode levar a Selic para um patamar ainda mais alto que o estimado hoje pelo banco, em 13,25%, reporta a jornalista Barbara Nascimento, do Broadcast.

“Ainda que abaixo do esperado, o dado (do PIB) parece ter agradado o mercado, com o Ibovespa, em dia otimista, acompanhando as bolsas mundiais e retomando a alta. O avanço do minério de ferro manteve aquecida a demanda pelos papéis do setor de siderurgia e mineração, que negociam com múltiplos atrativos, e responderam por mais um pregão de ganhos”, observa Leandro De Checchi, analista da Clear Corretora.

Nos Estados Unidos, o apetite por risco visto na quinta-feira decorreu em parte da expectativa para o relatório oficial sobre o trabalho, amanhã, do qual parte do mercado financeiro aguarda “uma demanda de mão de obra mais fria, o que pode aliviar um pouco as preocupações com a inflação”, aponta em nota Edward Moya, analista da OANDA em Nova York.

Outro destaque do dia no exterior foi a reunião da Opep+, com resultado não muito distante do esperado, sem efeito adicional sobre os preços da commodity. “Os sauditas conseguiram novamente. Aumentaram as metas de produção sem provocar um colapso nos preços do petróleo. O mercado ainda permanecerá apertado, dado que o aumento da produção é modesto. As altas para julho e agosto serão 50% maiores, com 648.000 bpd. O plano original, de 430.000 bpd de (aumento da) produção, não estava fazendo o trabalho. Com a situação da Covid na China e a flexibilização dos bloqueios, foi fácil justificar um aumento nesta reunião”, conclui o analista.

Assim, as cotações do petróleo mostraram variação comportada nesta quinta-feira, pouco acima de 1% de ganho, com o Brent para agosto na faixa de US$ 117,6 por barril. Ainda assim, o dia foi mais uma vez negativo para as ações de Petrobras (ON -0,93%, PN -0,87%), com a incerteza sobre a sustentabilidade da política de paridade internacional de preços, que já vinha em espaçamento em razão das pressões políticas em momento de inflação em alta e de aproximação das eleições.

Hoje, a Petrobras anunciou reajuste de 11,4% no preço do querosene de aviação (QAV) em relação a maio, segundo dados da empresa compilados pela Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear). No acumulado do ano até ontem (1º), o combustível acumula alta de 64,3%, informou a entidade, ressaltando que o QAV corresponde a mais de um terço dos custos totais das companhias aéreas.

Por outro lado, as ações de Vale (ON +1,88%) e das siderúrgicas (Usiminas PNA +5,24%, CSN ON +3,52%) continuam a se beneficiar da retomada dos preços do minério de ferro, em alta de 3,86%, a US$ 141,15 por tonelada, no fechamento desta quinta-feira em Qingdao, China. Assim, com o apoio das commodities metálicas, o Ibovespa conseguiu evitar perdas pelo terceiro dia e obteve seu melhor desempenho em porcentual desde o último dia 26, nesta quinta-feira sem sinal único para as ações do setor financeiro (Unit do Santander -1,12%, Itaú PN +0,43%), o de maior peso no índice.

Na ponta do Ibovespa, destaque para Positivo (+15,33%), CSN Mineração (+9,28%) e Locaweb (+8,73%). No lado oposto, IRB (-3,33%), Eneva (-3,07%) e Localiza (-1,92%). (Luís Eduardo Leal - [email protected])

17:27

 Índice Bovespa   Pontos   Var. % 

Último 112392.91 0.9276

Máxima 112708.96 +1.21

Mínima 111218.20 -0.13

Volume (R$ Bilhões) 2.45B

Volume (US$ Bilhões) 5.12B

17:29

 Índ. Bovespa Futuro   INDICE BOVESPA   Var. % 

Último 112710 0.81395

Máxima 113205 +1.26

Mínima 111530 -0.24

CÂMBIO

O dólar à vista recuou na sessão desta quinta-feira (02) e voltou a se situar abaixo da linha de R$ 4,80, em meio ao enfraquecimento da moeda americana tanto em relação a divisas fortes quanto emergentes. Apesar da valorização das commodities, na esteira da reabertura da economia chinesa, e da alta firme do Ibovespa, o real apresentou um desempenho modesto em comparação com outras divisas emergentes.

Segundo analistas, o dólar poderia ter caído bem mais por aqui não fosse o recrudescimento das preocupações fiscais. São fortes os rumores de que o governo pode decretar estado de calamidade, abrindo a porta para mais gastos públicos em ano de eleição, incluindo subsídios para compensar a escalada dos preços dos combustíveis. A alta de 1% PIB brasileiro no primeiro trimestre (na margem), embora ligeiramente abaixo do esperado (mediana de 1,2% pelo Projeções Broadcast), foi considerada positiva, mas não teve impacto relevante na formação da taxa de câmbio.

Depois de certa instabilidade pela manhã, o dólar operou em queda ao longo da tarde. Com oscilação de apenas certa de três centavos entre a mínima (R$ 4,7720) e a máxima (R$ 4,8093), a moeda fechou cotada a R$ 4,7885, em baixa de 0,32%. Na semana, a moeda ainda acumula valorização de 1,06%.

Fontes ouvidas pelo Broadcast relatam uma disputa entre a ala política do governo e a equipe econômica, que estaria tentando barrar a edição de decreto de estado de calamidade, cuja justificativa seria o risco de desabastecimento do diesel. O ministro chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira, disse que não vê necessidade de adotar essa estratégia agora, mas ressaltou que tudo "vai depender da situação do país" e que "a população está sofrendo".

"O risco fiscal entrou novamente no radar. Essa ideia de estado de calamidade já deixou de ser apenas um balão de ensaio e encontra eco nas principais lideranças políticas.", afirma o economista Homero Guizzo, da Terra Investimentos. "Era para o dólar ter caído muito mais hoje com esse ambiente positivo no exterior, mas a questão fiscal jogou água no chope".

Lá fora, depois da forte alta de ontem, o índice DXY - que mede o desempenho do dólar frente a seis divisas fortes - voltou a ser negociado abaixo dos 102,000 pontos, sobretudo por conta da recuperação do euro. Investidores ajustaram posições na esteira da divulgação de dados mais fracos do mercado de trabalho nos EUA e da taxa anualizada de 37,2% da inflação ao produtor (PPI) na zona do euro em abril, aceleração em relação a março (36,9%), mas abaixo das expectativas (38,6%).

As atenções seguem voltadas ao ritmo de ajuste das política monetárias pelo Banco Central Europeu (BCE) e, em especial, pelo Federal Reserve. Na véspera da divulgação do relatório de emprego (payroll) dos EUA de maio, o relatório ADP mostrou que o setor privado americano criou 128 mil vagas no mês passado, bem abaixo da previsão, de 299 mil. A dinâmica do mercado de trabalho é um dos indicadores mais relevantes para a condução da política monetária americana.

A presidente do Fed de Cleveland, Loretta Mester, alertou que, se a inflação americana não mostrar moderação até setembro, pode ser necessário aumentar o ritmo de alta dos juros. Mester ponderou, contudo, que leituras mensais trazem evidência de que a inflação está cedendo. Por ora, está na conta do mercado elevações da taxa básica - hoje na faixa entre 0,75% e 1% - em 50 pontos-base nas próximas duas reuniões do Fed. Pela manhã, a vice-presidente do Fed, Lael Brainard, disse que considera "razoável" a precificação de mais duas altas de 50 pontos-base (em junho e julho), mas alertou que é "muito difícil" encontrar argumentos para uma pausa do processo de alta em setembro dadas as pressões inflacionárias.

A alta persistente do petróleo, em meio ao embargo da União Europeia ao óleo russo em razão da guerra na Ucrânia, preocupa os investidores. A Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+) decidiu elevar a produção em 648 mil barris por dia em julho, medida considerada insuficiente pelo mercado. O barril tipo Brent para agosto, referência para a Petrobras, fechou hoje em alta de 1,40%, a US$ 116,87, impulsionado também pela redução maior que a esperada do estoque dos EUA na semana passada.

O Santander Brasil antevê um "aperto monetário nos EUA mais intenso do que o esperado", o que, aliado à ansiedade pré-eleitoral", joga contra a moeda brasileira. O Banco elevou sua projeção para a taxa de câmbio no fim deste ano de R$ 5 para R$ 5,15. Para 2023, a expectativa passou de R$ 4,80 para R$ 5,00.

Guizzo, da Terra Investimentos, lembra que um dos principais propulsores do real nos últimos meses foi a ampliação do diferencial entre juros interno e externo, dado que o Banco Central brasileiro saiu na frente no processo de aperto monetário. "Agora, o BC já fala em encerrar o ciclo, enquanto no resto do mundo os juros vão subir mais, porque a inflação está muito elevada", afirma. (Antonio Perez - [email protected] / com Bárbara Nascimento e Cícero Cotrim)

17:29

 Dólar (spot e futuro)   Último   Var. %   Máxima   Mínima 

Dólar Comercial (AE) 4.78850 -0.3247 4.80930 4.77200

Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0    

DOLAR COMERCIAL 4830.500 -0.51488 4849.000 4811.500

DOLAR COMERCIAL FUTURO 4873.375 23/03    

MERCADOS INTERNACIONAIS

Na véspera da divulgação do payroll de maio, o apetite por risco prevaleceu nos mercados estrangeiros. Em Wall Street, as bolsas fecharam no azul, puxadas por ações ligadas a tecnologia, depois de operarem com volatilidade ao longo da sessão, enquanto operadores buscam pistas sobre o caminho a ser seguido pelo Federal Reserve (Fed). Depois da vice-presidente Lael Brainard desconsiderar pausa nas altas de juros em setembro, a dirigente Loretta Mester levantou a possibilidade de um aperto monetário ainda mais rápido nesta reunião. Após os ganhos recentes, os juros dos Treasuries ficaram mistos e o dólar se enfraqueceu ante rivais. O petróleo, por sua vez, fechou com alta em torno de 1%, digerindo aumento da oferta pela Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+) em junho e agosto, queda semanal bem maior que a esperada nos estoques dos Estados Unidos e avanço no embargo da União Europeia à energia russa.

O Nasdaq fechou com alta de 2,69%, a 12.316,90 pontos, nesta sessão. Em uma virada à tarde, as empresas de uso intensivo de tecnologia subiam, como Tesla (+4,68%), Meta (+5,42%), Apple (+1,68%) e Alphabet (+3,28%). Depois de operar no vermelho pela manhã, a Microsoft conseguiu se recuperar e teve alta de 0,79%. A empresa reduziu suas projeções financeiras para quarto trimestre, citando impactos do mercado cambial. Já o índice Dow Jones avançou 1,33%, a 33.248,28 pontos, e o S&P 500, 1,84%, a 4.176,82 pontos, com destaque para alta de 7,54% da Boeing.

Analista na Oanda, Edward Moya afirma que os operadores seguem divididos entre os avisos sobre possibilidade de recessão nos Estados Unidos e sobre quando o Fed poderia pausar seu ciclo de altas de juros. Dados macroeconômicos sugerem que a inflação está esfriando e aumentam esperanças de que um aperto monetário seja menos agressivo, diz Moya.

No entanto, paralelamente, presidente do Fed de Cleveland, Mester (vota) disse que se a inflação não moderar até a reunião monetária de setembro, é possível que seja necessário um aperto ainda mais rápido. Ela observou que as leituras mensais têm dado evidências convincentes de que a inflação está tendo alívio e o ritmo pode desacelerar. Mais cedo, contrapondo a consideração do presidente do Fed de Atlanta, Raphael Bostic (não vota), Brainard havia dito acreditar ser "muito difícil" um argumento que justifique um pausa no ciclo de juros em setembro e notou que uma alta de juros de 50 pontos-base poderia ser apropriada na ocasião, caso os preços não desacelerem.

As negociações ocorreram um dia antes da divulgação do relatório de empregos dos EUA, o payroll, que pode influenciar nas decisões do Fed. A Pantheon Macroeconomics prevê a criação de 250 mil empregos em maio, já a Capital Economics, 300 mil. Ambas destacam que o resultado do relatório ADP, divulgado hoje e que abrange o setor privado americano, não interferiu em suas previsões.

Na renda fixa, os juros dos Treasuries estavam sem sinal único no fim da tarde em Nova York: o rendimento da T-note de 2 anos tinha baixa a 2,637%, o da T-note de 10 anos, a 2,918%, enquanto o do T-bond de 30 anos subia a 3,085%. Ontem, o Fed começou a redução do seu portfólio de ativos, de US$ 8,9 trilhões - processo que pode levar anos e ainda não tem fim claro. Também após altas recentes, o dólar caiu ante suas principais rivais e o DXY fechou em baixa de 0,66%, a 101,824 pontos. No horário citado, o euro subia a US$ 1,0748 e a libra, a US$ 1,2571, enquanto o dólar cedia a 129,87 ienes.

Além de favorecido pelo movimento do câmbio, o petróleo subiu com foco na Opep+. A organização decidiu antecipar o aumento de 432 mil barris por dia (bpd) previsto para setembro e redistribuir em julho e agosto. Assim, em ambos os meses a elevação será de 648 mil bpd. Nos EUA, os estoques da semana passada recuaram 5 milhões de barris, ante expectativa de queda de 500 mil barris e, na União Europeia, houve avanço na aprovação do embargo gradual às importações do petróleo russo. O vice-premiê da Rússia, Alexandr Novak, disse confiar que o mercado será equilibrado com a decisão europeia e afirmou que os consumidores europeus serão os primeiros a sofrer com o corte nas importações, segundo agência de notícias russa. Na New York Mercantile Exchange (Nymex), o petróleo WTI para julho fechou em alta de 1,40% (US$ 1,61), a US$ 116,87 o barril, e, na Intercontinental Exchange (ICE), o Brent para agosto avançou 1,14% (US$ 1,32), a US$ 117,61 o barril.

Ainda entre commodities, o cobre teve alta de 5,18%, a US$ 4,5525 a libra-peso, na Nymex, depois de a China anunciar a criação de uma linha de crédito de 800 bilhões de yuans para financiar projetos de infraestrutura no país. (Ilana Cardial - [email protected])

JUROS

O avanço dos juros, que era moderado pela manhã e concentrado nos vencimentos intermediários e longos, ganhou fôlego à tarde, contaminando também a parte curta. Mesmo com o dólar em queda e o rendimentos dos Treasuries bem comportados, as taxas renovaram máximas com a piora generalizada na percepção de riscos para a inflação vinda da pressão das commodities, em mais um dia de avanço do petróleo, e do cenário fiscal. Aliados políticos do presidente Jair Bolsonaro estariam pressionando a área econômica para aprovação de um decreto de calamidade, liberando gastos das amarras do teto. O PIB do primeiro trimestre aquém do consenso das estimativas teve efeito neutro sobre a curva, e não impediu revisões para cima no resultado de 2022.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 subiu de 13,41% ontem no ajuste para 13,435% e a do DI para janeiro de 2024 fechou a etapa regular em 13,045%, de 12,976% ontem. A do DI para janeiro de 2025 avançou de 12,37% para 12,455% e a do DI para janeiro de 2027, de 12,25% para 12,355%.

Os juros acabaram se descolando do bom desempenho do câmbio e ações, e também da melhora do apetite pelo risco no exterior. Os receios sobre a inflação por aqui vão se acentuando com a escalada das commodities, que tem respaldo, entre outros fatores, da expectativa de recuperação da demanda da China, com o governo do país anunciando medidas para aquecer a economia e de flexibilização das restrições impostas pela pandemia. Hoje, não somente o petróleo subiu, como também o minério de ferro e grãos.

Sobre o óleo, pesa ainda a questão da oferta, comprometida pelo embargo da União Europeia à Rússia e que, juntamente com a queda dos estoques acima da esperada nos Estados Unidos, hoje acabou prevalecendo sobre a decisão da Opep+ de aumentar a produção. O barril do Brent, referência para a Petrobras, já está em US$ 117, bem acima do parâmetro de US$ 100 utilizado pelo Banco Central.

Apesar do Brasil ser exportador de matérias-primas, tal contexto não deixa de ser negativo para o País, que enfrenta uma crise de combustíveis. Em Brasília, o risco de desabastecimento de diesel já estaria sendo utilizado como argumento pela ala política do governo para defender junto à Economia a decretação do estado de calamidade pública, o que liberaria gastos.

O ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira, afirmou não ver tal necessidade "atualmente". "Não vejo necessidade desse estado de calamidade atualmente, mas, se chegar a um ponto de uma situação como essa, nós teremos que decretá-lo. Mas eu espero que isso não seja necessário", declarou, à CNN Brasil.

Pelo lado das receitas, a Anfavea, em reunião hoje com o ministro da Economia, Paulo Guedes, teria pedido queda das alíquotas do IPI para automóveis. Vale lembrar que os governadores estão em pé de guerra com o Congresso para não abrir mão do ICMS decorrente da aprovação do PLP 211 e do PLP 18, que limita a 17% a cobrança sobre combustíveis, energia elétrica, telecomunicações e transporte coletivo.

"O mercado estressa com todo esse ruído do mundo político, pois o BC já avisou que o fiscal pode ser gatilho para ajustar os juros", afirma Marcello Negro, gestor de multimercado da Fator Administração de Recursos.

Os receios fiscais também se agravam diante da polarização das pesquisas eleitorais, com os principais candidatos com posição contrária à política de preços da Petrobrás e o líder da corrida presidencial, o ex-presidente Lula, defendendo a revisão do teto de gastos. "Não temos um nome para a agenda liberal pois a terceira via se inviabilizou. Com o que mostram as pesquisas, a questão é se vai ter segundo turno", disse Negro.

Na Média Estadão Dados de votos válidos, formada a partir de dados e linhas de tendências de todas as pesquisas recentes, Lula aparece com 52%, contra 33% de Jair Bolsonaro. Lula, portanto, poderia vencer no primeiro turno, lembrando que o agregador mostra o ponto médio de uma estimativa feita com base em várias pesquisas, cada uma delas sujeita a margens de erro.

De acordo com o gestor da Fator, a curva curta está bem ajustada para mais duas altas de 0,5 ponto porcentual da Selic, nas reuniões do Copom de junho e agosto, com Selic terminal de 13,75%. Diante da sinalização do BC de que a taxa permanecerá em patamar elevado por um longo tempo antes de começar a cair, a curva projeta alívio da Selic somente a partir do segundo semestre de 2023, começando com cortes de 0,25 ponto, o que, para Negro, seria um movimento muito tímido uma vez que a taxa deve subir além dos 13%. "Seria mais adequado começar com 0,5 ponto. Por isso, vejo que a parte intermediária da curva tem prêmio interessante", comentou.

Pela manhã, o PIB abaixo do consenso não foi capaz de mexer com os preços. Ante o quarto trimestre de 2021, o País cresceu 1% no primeiro trimestre, ante o consenso de 1,2%. Ainda assim, várias instituições revisaram para cima suas projeções para o ano, considerando cada vez menor a probabilidade de um número negativo ou mesmo zero. Para 2023, porém, o quadro é de cautela, diante dos efeitos defasados da política monetária. (Denise Abarca - [email protected])

17:26

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