Uma combinação de notícias bem recebidas pelos investidores no front externo e na cena doméstica impulsionou os ativos brasileiros na sessão desta quinta-feira, com o dólar furando o piso de R$ 4,80, a Bolsa superando os 112 mil pontos e o mercado de juros vendo uma desmontagem forte nos vértices intermediários e longos. Lá de fora, os dados americanos de atividade - segunda leitura do Produto Interno Bruto (PIB) e indicadores do setor imobiliário - reforçaram a percepção de que o Federal Reserve não será tão mais hawkish em sua abordagem de política monetária, interpretação que já despontava no mercado desde ontem após a divulgação da ata do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês). Na prática, uma intensidade não tão forte da subida dos juros levou o investidor à busca do risco. Assim, as bolsas de Nova York dispararam, com o destaque - uma vez mais - do Nasdaq (+2,68%), o mais penalizado da onda recente de volatilidade. O dólar também perdeu terreno ante as moedas fortes, e o DXY voltou à casa dos 101 pontos. Aqui no Brasil, os números recordes da arrecadação federal em abril mostraram que, no curto prazo, aliviou-se a percepção de risco fiscal. Em um prazo mais longo, o projeto que cria um teto para o ICMS de energia e combustíveis seguiu sendo monitorado pelos agentes por pressionar as contas públicas no futuro. Mas prevaleceu a visão de que tem potencial para auxiliar na desinflação no País. Desta forma, o dólar e o Ibovespa voltaram aos níveis de 20 de abril. No câmbio, a moeda americana à vista cedeu 1,23%, a R$ 4,7614. A Bolsa escalou até os 111.889,88 pontos (+1,18%) no fechamento, próximo da máxima do dia. Por sua vez, na renda fixa, houve recuo substancial nas taxas dos DIs. O janeiro 2025, por exemplo, cedeu 20 pontos-base.
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CÂMBIO
Em dia de apetite ao risco no exterior, o dólar tombou no mercado doméstico de câmbio, rompeu o piso de R$ 4,80 e fechou no menor valor desde 20 de abril. A moeda americana apanhou de seus pares fortes, em especial o euro, e da maioria das divisas emergentes, enquanto as bolsas em Nova York exibiram altas firmes e o Ibovespa correu até os 112 mil pontos.
A segunda leitura do PIB americano no primeiro trimestre reforçou a expectativa de que o Federal Reserve será cauteloso no processo de aperto monetário. Ontem, o BC americano acenou em sua ata com duas altas seguidas da taxa básica em 50 pontos-base nas suas próximas reuniões e afirmou que levará o juro para o patamar neutro rapidamente. O PIB dos EUA caiu 1,5% em termos anualizados no primeiro trimestre, mais intensa queda do que a da primeira leitura (-1,4%) e das expectativas dos analistas (-1,3%).
Foi a senha para que investidores saíssem a compras e promovessem um rearranjo de portfólio, aproveitando oportunidades abertas pelo tombo recentes dos ativos de risco. Uma desaceleração da economia americana já está na conta, mas parecem diminuir os temores de uma recessão nos EUA induzida por forte aperto das condições financeiras e combinada com inflação ainda em níveis elevados, a chamada "estagflação". As cotações do petróleo subiram mais de 3% no mercado internacional.
Segundo o economista-chefe da JF Trust, Eduardo Velho, a contração real do PIB americano no primeiro trimestre "tira pressão de um aperto monetário mais agressivo" pelo Fed, embora haja expectativa de crescimento forte no segundo trimestre nos Estados Unidos. "Isso traz um viés de queda para o dólar. Esse movimento do dólar abaixo de R$ 4,80 depende, porém, da confirmação dessa desaceleração americana", diz Velho, chamando a atenção para a divulgação, amanhã, do índice de preços dos gastos com consumo (PCE, na sigla em inglês), dos gastos com consumo e da renda pessoal em abril.
Por aqui, dados fortes da arrecadação federal em abril e a aprovação do projeto do teto do ICMS sobre combustíveis e energia em 17% pela Câmara dos Deputados foram bem vistos e contribuíram, ainda que em menor escala, para a apreciação do real. A arrecadação federal somou R$ 195,085 bilhões em abril, alta real de 10,94% na comparação anual e de 17,60% ante março. Números correntes positivos trazem alívio na percepção de risco fiscal no curto prazo, embora haja dúvidas sobre a trajetória de gastos públicos, incluindo impacto do projeto do ICMS, que prevê compensação aos Estados por perdas de arrecadação.
Tirando uma alta pontual nas primeiras horas de negociação, o dólar trabalhou em baixa ao longo do dia e furou o piso de R$ 4,80 ainda pela manhã. A moeda aprofundou a queda à tarde e registrou mínima a R$ 4,7514. No fim do dia, o dólar recuava 1,23%, a R$ 4,7614 - no menor valor de fechamento desde 20 de abril (R$ 4,6204). Operadores notaram redução de posições defensivas no mercado futuro, cujo giro foi mais comedido hoje, na casa de US$ 13 bilhões.
No exterior, o índice DXY - que mede o desempenho do dólar frente a seis divisa fortes - operou em queda de cerca de 0,20% ao longo da sessão e fez mínima aos 101,768 pontos. Quando o mercado local fechou, era cotado aos 101,789 pontos, baixa de 0,26%. Considerando os pares do real, o dólar caia 0,24% ante o peso mexicano e 1,07% na comparação com o peso chileno. Destaque negativo para o rublo russo, com perdas superiores a 8% ante a moeda americana, após o BC da Rússia cortar a taxa de juros de 14% para 11%.
"O mercado mostra um maior apetite ao risco e o dólar aqui seguiu o comportamento global da moeda americana com esses dados mais fracos economia dos EUA. O real também ganha pela alta dos preços das commodities", afirma Cristiane Quartaroli, economista do Banco Ourinvest, acrescentando que a aprovação do projeto do teto do ICMS ajuda ao trazer uma "sinalização positiva" para a trajetória da inflação. Apesar do tombo recente do dólar, Quartaroli alerta para o aumento da volatilidade à medida que as eleições presidenciais fiquem mais próximas e prevê taxa de câmbio acima de R$ 5,10 no fim do ano.
Velho, da JF Trust, nota que houve três dias consecutivos de ingressos de recursos externos para a Bolsa doméstica, somando quase R$ 2,5 bilhões, refletindo provável busca de investidores por ações a "preços descontados". Dados da B3 mostram que o estrangeiros aportaram R$ 1,066 bilhão na B3 na sessão de quarta-feira (24). No acumulado do mês, o saldo negativo do capital externo, que chegou a superar R$ 12 bilhões, agora é de R$ 10,470 bilhões.
O analista de câmbio da corretora Ourominas, Elson Gusmão, observa que a diminuição do receio de uma alta mais aguda dos juros nos EUA "aumenta a atratividade das operações de carry trade" (que exploram diferencial de juros internos e externos), o que pode contribuir para nova rodada de apreciação do real. "Por enquanto vemos uma resistência do dólar em R$ 4,75", diz. (Antonio Perez - [email protected])
17:32
Dólar (spot e futuro) Último Var. % Máxima Mínima
Dólar Comercial (AE) 4.76140 -1.2342 4.84390 4.75140
Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0
DOLAR COMERCIAL FUTURO 4765.000 -1.36618 4847.000 4754.500
DOLAR COMERCIAL 4809.000 -1.81707 4866.000 4795.500
BOLSA
Em dia de avanço para as ações de bancos, e sem sinal único para as de commodities, o Ibovespa acompanhou a alguma distância os ganhos em Nova York e, mais cedo, na Europa, com Cielo (+11,29%), Magalu (+9,70%) e Rumo (+6,92%) liderando o índice da B3 na sessão. Ao fim, o Ibovespa mostrava alta de 1,18%, aos 111.889,88 pontos, tendo atingido máxima aos 112.101,51 (+1,38%), maior nível intradia desde 22 de abril, então na faixa dos 114 mil. Hoje, saiu de abertura aos 110.577,27, tocando na mínima os 110.388,48 pontos. No mês, sobe 3,72% e, no ano, 6,74%, com ganho a 3,14% na semana. O giro ficou em R$ 27,2 bilhões nesta quinta-feira em que o Ibovespa fechou no maior nível de pontos desde 20 de abril (114.343,78).
Após a estabilidade de ontem, a referência da B3 retoma a trajetória positiva iniciada no último dia 19, sem retrocessos desde então. Indo um pouco além, desde 11 de maio registrou apenas uma perda, de 2,34%, no dia 18 - ou seja, uma queda em 12 sessões até esta quinta-feira.
Hoje, os ganhos firmes em Nova York, que chegaram a 2,68% (Nasdaq) no fechamento, deram impulso ao índice brasileiro, em sessão na qual a segunda leitura sobre o PIB americano janeiro-março corroborou a impressão deixada no dia anterior pela ata do Federal Reserve, de que acentuação do ritmo de alta dos juros de referência nos EUA está fora da agenda no momento, apesar da pressão inflacionária.
A percepção de que uma guinada "hawkish" na política monetária americana está ficando fora de questão foi reforçada, hoje, pela contração do PIB no primeiro trimestre, segundo revisão divulgada nesta manhã, que despertou o apetite por risco nos mercados globais em típica leitura de que menos, neste caso, é mais. Aqui, o dólar à vista cedeu 1,23%, a R$ 4,7614 no fechamento, com mínima a R$ 4,7514. O petróleo Brent para julho avançou quase 3%, negociado a US$ 118 por barril na máxima do dia.
Apesar da commodity em retomada, Petrobras ON e PN tiveram ganhos leves na sessão, de 0,31% e 0,25%, em meio à incerteza sobre a troca de comando, de José Mauro Coelho por Caio Paes de Andrade, cujo nome precisará ser submetido aos procedimentos de governança interna antes da AGE (Assembleia Geral Extraordinária), o que tende a alongar o processo ao menos até julho.
Em meio às persistentes incertezas sobre o efeito da Covid e o ritmo de reabertura da economia na China, Vale ON não andou na sessão (-0,06% no fechamento), em dia sem sinal único para a siderurgia (CSN ON +3,00%, Usiminas PNA -1,64%) e negativo para as utilities (Eletrobras PNB -2,54%, Eletrobras ON -2,05%, ambas na ponta perdedora do Ibovespa com outras empresas do setor, como Energisa -2,88%, Taesa -2,77% e Cemig -2,57%). Os grandes bancos fecharam em alta moderada, à exceção de BB (ON -0,29%) e Santander (Unit -0,30%), com Itaú PN (+1,25%) na ponta do grupo.
"A ata do Fomc, ontem, tirou um pouco do medo do mercado sobre recessão nos Estados Unidos", diz Arthur Schneider, responsável por distribuição de produtos na Monte Bravo Investimentos, com o mercado passando a cravar duas altas de meio ponto porcentual nas próximas reuniões do comitê de política monetária do Federal Reserve, em junho e julho, após ata vista como sem novidades, em linha com pronunciamentos recentes das autoridades monetárias americanas. Hoje, contudo, veio a revisão do PIB americano no primeiro trimestre, agora em contração anualizada de 1,5%, na segunda leitura oficial para o intervalo.
"Desde a reunião do Fomc, tudo o que tem saído de dados americanos veio pior do que se imaginava. Os sinais de desaceleração já deixavam o mercado em uma 'vibe', em um registro de juro não tão alto por lá, e a ata do Fomc também contribuiu nessa direção", diz Paulo Gala, economista-chefe do Banco Master.
Por aqui, "a limitação da alíquota do ICMS (na noite de ontem na Câmara), em 17% sobre os combustíveis, foi o grande destaque", observa o economista. "Precisa passar agora pelo Senado, mas se for aprovada lá também deve ter grande efeito sobre a gasolina e o diesel. A gasolina deve cair 0,70 centavo, segundo as primeiras estimativas, com efeito de 1 ponto porcentual sobre o preço do diesel, o que é benéfico para a inflação. O IPCA pode ficar de 1 a 1,5 ponto abaixo do que se projeta de inflação para o ano, um alívio considerável", diz Gala.
Ele ressalva que a medida trará também uma perda considerável de arrecadação para Estados e municípios, com consequência para a situação fiscal e os juros futuros, o que resulta em inclinação da curva, com os curtos retroagindo e os longos avançando, conforme movimento visto ainda ontem. (Luís Eduardo Leal - [email protected])
17:32
Índice Bovespa Pontos Var. %
Último 111889.88 1.18473
Máxima 112101.51 +1.38
Mínima 110388.48 -0.17
Volume (R$ Bilhões) 2.71B
Volume (US$ Bilhões) 5.68B
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Índ. Bovespa Futuro INDICE BOVESPA Var. %
Último 112435 1.33844
Máxima 112795 +1.66
Mínima 110950 0.00
MERCADOS INTERNACIONAIS
O maior apetite por risco predominou nas bolsas de Nova York nesta tarde, que fecharam com altas de até 2,7%. Entre os destaques, esteve o avanço de 21% da Dollar Tree e de 19% da Macy's, após resultados melhores que o esperado, e de 6% do Twitter, de olho nas negociações com Elon Musk. Os juros dos Treasuries ficaram sem sinal único, assim como o dólar ante rivais. O petróleo fechou em alta, enquanto operadores acompanham os desdobramentos da Guerra na Ucrânia e nova taxa sobre setor de energia no Reino Unido. No Congresso americano, a vice-presidente do Federal Reserve (Fed), Lael Brainard, defendeu a regulamentação de stablecoins e sugeriu que a emissão de CBDCs pelo banco central americano exigiria legislação aprovada pelo Congresso.
Os setores de consumo, tecnologia e finanças lideraram a alta nas bolsas de Nova York nesta sessão. A Dollar Tree e a Macy's subiram 21,87% e 19,31%, respectivamente, com as companhias tendo elevado suas previsões de vendas para todo o ano de 2022. Já o Twitter avançou 6,35%, com Elon Musk tendo se comprometido a investir mais de sua fortuna para cumprir o acordo de US$ 44 bilhões. Tesla (+7,43%), Amazon (+4,03%), Microsoft (+1,29%), Meta (+4,24%) e Alphabet (+1,88%) também subiram.
Além das perspectivas otimistas para algumas varejistas, o analista da Oanda Edward Moya afirma que Wall Street se apoia na análise dos investidores de que a ata mais recente do Fed, divulgada ontem, serviu como um compromisso de que o aperto monetário será apenas gradual para controlar a inflação, sem postura agressiva. "Para alguns operadores, ter uma forte ideia de quando o Fed terminará seu ciclo de aperto é ponto-chave e serve como permissão para que todos comprem ações, e isso poderia acontecer no fim do verão [do Hemisfério Norte]", diz Moya.
O Dow Jones fechou com alta de 1,61%, a 32.637,19 pontos, o S&P 500, de 1,99%, a 4.057,84 pontos, e o Nasdaq, de 2,68%, a 11.740,65 pontos. A Capital Economics, porém, diz duvidar que a retomada de força hoje seja palco para uma recuperação robusta. Ainda que as margens de lucro nos Estados Unidos não colapsem diante da ausência de uma recessão, elas poderiam cair significamente do atual nível e colocar pressão sobre os rendimentos ou expectativas de analistas sobre eles, observa a consultoria.
Com o maior apetite por risco, os juros dos Treasuries ficaram mistos, tendo perdido forças com a queda de 1,5% no Produto Interno Bruto (PIB) americano no primeiro trimestre, de acordo com a segunda leitura. No fim da tarde em Nova York, o retorno da T-note de 2 anos caía a 2,484%, enquanto o da T-note de 10 anos subia a 2,750% e o do T-bond de 30 anos tinha alta a 2,979%.
No câmbio, o dólar ficou sem sinal único ante moedas competitivas: o euro subia a US$ 1,0727 e a libra, a US$ 1,2601, enquanto a divisa americana avançava a 127,09 ienes. O índice DXY caiu 0,22%, a 101,829 pontos. A Western Union afirma que uma perspectiva menos hawkish para a política do Fed deixaria a moeda americana mais vulnerável, uma vez que recentemente os mercados haviam antecipado altas de juros. Também de olho nos bancos centrais locais, as moedas da Turquia e Rússia perderam forças e o dólar subia a 16,3605 liras turcas, de 16,3091 no fim da tarde de ontem, e a 64,710 rublos russos.
Além do dólar mais fraco, perspectiva de demanda elevada por derivados do petróleo no verão do Hemisfério Norte e manutenção no ritmo de produção da commodity pela Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) deram apoio aos ativos do petróleo nesta quinta-feira. Na New York Mercantile Exchange (Nymex), o barril do petróleo WTI com entrega prevista para julho fechou em alta de 3,41% (US$ 3,76), a US$ 114,09, enquanto o do Brent para o mês seguinte subiu 2,74% (US$ 3,05), na Intercontinental Exchange (ICE), a US$ 114,17.
Também ficou no radar o desenrolar na guerra da Ucrânia. Com intensificação dos ataques russos no Leste ucraniano, Kiev rejeitou sugestões de ceder territórios a Moscou em troca de paz. Em Davos, líderes empresariais e governamentais observaram que o conflito atrapalha a transição energéticas para fontes de energia renováveis, em meio à crise energética. "É legítimo fornecer segurança energética e abordar esta questão de emergência imediata", disse o diretor executivo da Agência Internacional de Energia (AIE), Fatih Birol. "No entanto, isso não deve ser confundido com fazer uma nova onda de investimentos em combustíveis fósseis em grande escala".
No Reino Unido, o anúncio de uma taxa temporária aos produtores de petróleo e gás para ajudar a amenizar os altos preços para consumidores é visto com preocupação pelas empresas atingidas.
De volta aos EUA, em testemunho no Congresso, a vice-presidente do Fed, Lael Brainard, comentou que ainda não houve decisão sobre uma emissão de moeda digital pelo banco central americano. Além disso, argumentou que os legisladores deveriam regular as stablecoins atreladas ao dólar e analisar uma legislação sobre o tema. (Ilana Cardial - [email protected])
JUROS
Os juros futuros renovaram o fôlego de queda à tarde, sobretudo nos vértices intermediários e longos. O ambiente internacional, já positivo pela manhã, melhorou ainda mais, levando o câmbio a tocar em R$ 4,75, a Bolsa aos 112 mil pontos e as taxas a devolverem quase 20 pontos-base de prêmio nas mínimas da segunda etapa. Profissionais da renda fixa citam ainda fatores técnicos relacionados a desmonte de posições tomadas em inflação implícita uma vez aprovado o projeto que impõe um teto para a alíquota do ICMS sobre energia e combustíveis, ontem na Câmara. A proposta abre espaço para alívio inflacionário, mas também traz preocupações do lado fiscal, hoje um poco mais amenizadas pelo dado robusto da arrecadação federal. O leilão de prefixados veio menor do que o esperado, o que foi visto como um fator a menos de estresse.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 fechou em 13,345%, de 13,420% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2024 caiu de 12,966% para 12,80%. O DI para janeiro de 2025 fechou com taxa de 12,08%, de 12,279%, e o DI para janeiro de 2027, com taxa de 11,91%, de 12,09%.
O volume negociado ficou acima da média diária dos últimos 30 dias para os principais contratos, numa quinta-feira recheada de fatores com potencial para direcionar os negócios, embora o apetite pelo risco no exterior tenha sido apontado pelos profissionais como o determinante para o alívio nos prêmios. "Ainda estamos na esteira de ontem, com a ata hawkish do Fed, mas que não confirmou as piores expectativas", disse o estrategista-chefe da CA Indosuez Brasil, Vladimir Caramaschi, destacando que os dados americanos de hoje indicam que o Federal Reserve deve seguir com o plano de manter o ritmo de alta de juro em 0,5 ponto.
As taxas curtas foram destaque de queda pela manhã, refletindo a aprovação do projeto do ICMS, com alguns analistas apontando impacto negativo de até 1,8 ponto porcentual na inflação deste ano. O projeto, que estabelece teto de 17% para a cobrança sobre combustíveis, energia elétrica, transporte, telecomunicações e querosene de aviação, foi aprovado ontem na Câmara e agora segue para o Senado. O presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), porém disse que não tem estimativa de data para colocar em votação, pois primeiro quer buscar um consenso com os governadores.
Na ponta longa, por outro lado, o recuo era mais comedido pelo impacto fiscal da proposta, estimado em até R$ 83 bilhões em perdas para os Estados nos cálculos do secretário da Fazenda de São Paulo, Felipe Salto. O presidente Jair Bolsonaro criticou o mecanismo de compensação aos Estados via abatimento da dívida da União incluído no projeto e com o aval da Economia. "Não tem cabimento", disse, ameaçando vetar a proposta.
"É um assunto ambíguo, pelo trade off na questão fiscal, e o que tranquiliza um pouco são os resultados fiscais que têm vindo fortes", afirmou Caramaschi. Nesta quinta-feira, a Receita Federal informou que a arrecadação de abril somou R$ 195,095 bilhões, novo recorde para o mês. O resultado veio bem acima da mediana das estimativas coletadas pelo Projeções Broadcast, de R$ 187,884 bilhões.
Ajustes técnicos de posição também teriam tido forte influência sobre o mercado. "O mercado de juros esta operando um 'mood' de desmonte de tomados em implícitas por conta do ICMS. Os Treasuries também deram deu uma boa aliviada nos últimos dias", contou Caramaschi.
Na gestão da dívida, o Tesouro reduziu os lotes de prefixados, com risco menor para o mercado (DV01) ante as operações anteriores e com taxas abaixo do consenso no caso das LTN. O Tesouro conseguiu vender 8,685 milhões, ou quase todo o lote de 9 milhões do papel. Entre as NTN-F, porém vendeu somente as 150 mil ofertadas para 1/1/20233, rejeitando todas as propostas para as de 1/1/2029, cujo lote também era de 150 mil.
O estrategista da Necton, Fernando Ferez, destaca que os leilões mantiveram em maio até agora o padrão visto nos últimos meses, com volume de emissões semanais bem abaixo do valor que seria necessário para zerar a Necessidade Líquida de Financiamento (NLF) em 2022 e manter o colchão de liquidez em torno de R$ 1 trilhão. O quadro, segundo ele, sugere que o Tesouro pode estar mais otimista que o mercado em termos de resultado primário. (Denise Abarca - [email protected])
17:31
Operação Último
CDB Prefixado 32 dias (%a.a) 12.86
Capital de Giro (%a.a) 6.76
Hot Money (%a.m) 0.63
CDI Over (%a.a) 12.65
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