MERCADOS FICAM VOLÁTEIS, MAS INTERROMPEM SEQUÊNCIA DE FORTES PERDAS

Blog, Cenário

Desde quinta-feira passada amargando perdas consideráveis, os mercados tiveram um respiro hoje. Mas isso não significa que houve recuperação linear. Pelo contrário. A sessão foi de volatilidade e, para alguns ativos, de queda, mesmo que discreta. E tudo porque não houve um gatilho forte o suficiente para justificar um ajuste mais firme. A ata do Copom, conhecida logo cedo, apenas ratificou o teor do comunicado do Banco Central, na semana passada. Além disso, alguns comentários mais duros de dirigentes do Fed foram contrabalançados por outros mais suaves. Por fim, os indicadores, tanto aqui quanto no exterior, não tiveram força suficiente para garantir um ajuste positivo completo. Assim, as preocupações com a inflação global - e com os juros -, com a desaceleração da China e com a guerra na Ucrânia seguiram no radar, mas não impuseram um novo dia de perdas generalizadas. Enquanto, em Nova York, as bolsas fecharam sem direção única, o Ibovespa oscilou entre altas e baixas até terminar com leve recuo de 0,14%, aos 103.109,94 pontos. Enquanto isso, o dólar devolveu um pouco da alta de mais de 5% acumulada nos últimos cinco pregões, ao ceder 0,44%, a R$ 5,1336. O alívio do câmbio junto com o recuo dos yields dos Treasuries mais longos favoreceu a devolução de prêmios na curva de juros brasileira, mas de forma limitada na ponta curta, antes do IPCA de abril, amanhã.

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MERCADOS INTERNACIONAIS

As bolsas de Nova York fecharam sem sinal único, revertendo apenas em parte as perdas fortes recentes, em pregão bastante volátil. O Nasdaq exibiu mais força, com o setor de tecnologia liderando ganhos, mas outros segmentos, como o financeiro, tiveram baixa e o índice Dow Jones caiu. Em meio a várias declarações de dirigentes do Federal Reserve (Fed) corroborando o aperto monetário, mas com matizes menos ou mais duras, os juros dos Treasuries não firmaram sinal único. Já no câmbio o índice DXY do dólar mostrou mais vigor e subiu. A moeda americana forte não ajudou, mas o petróleo registrou baixa sobretudo diante das dúvidas sobre o eventual embargo da União Europeia ao petróleo da Rússia, que continuava a ser negociado entre autoridades do bloco. O Departamento de Energia (DoE) dos EUA previu em relatório aumento da produção americana do óleo, com recorde projetado para o próximo ano, mas também disse que os preços do barril devem seguir elevados nos mercados, no quadro atual de demanda forte e de dificuldades do lado da oferta.

O mercado acionário americano registrou dia de idas e vindas. Após abertura positiva, recuperando parte do tombo do dia anterior, a volatilidade deu o tom. O Nasdaq exibiu mais força, com algumas ações de gigantes da tecnologia impulsionando o índice, como Apple (+1,61%) e Microsoft (+1,86%), porém o Dow Jones ficou mais pressionado. No fechamento, o Dow Jones terminou com baixa de 0,26%, em 32.160,74 pontos, o S&P 500 subiu 0,25%, a 4.001,05 pontos, e o Nasdaq avançou 0,98%, a 11.737.67 pontos.

Algumas das movimentações das bolsas ocorreram em paralelo a falas do Fed. Houve piora em meio a declarações de Loretta Mester (Cleveland), para quem não estão descartadas "para sempre" altas de 75 pontos-base em reuniões futuras, e recuperação após o diretor Christopher Waller expressar postura mais dovish, dizendo que é possível controlar a inflação sem prejudicar o emprego, em quadro de economia forte nos EUA.

A Oanda comentou em relatório que investidores avaliavam uma série de preocupações, entre elas o enfraquecimento do consumo, problemas nas cadeias de produção que perduram e temores com o crescimento. Ainda segundo ela, havia no mercado de Treasuries um reposicionamento, antes do índice de preços ao consumidor (CPI) dos EUA a ser publicado na próxima manhã. No fim da tarde em Nova York, o juro da T-note de 2 anos subia a 2,610%, o da T-note de 10 anos recuava a 2,989% e o do T-bond de 30 anos tinha baixa a 3,123%.

Para o BMO, o CPI desta quarta-feira será "o primeiro teste" para saber se os investidores estão dispostos a se concentrar nas leituras mensais ou darão mais peso ao fato de que os ganhos anuais dos preços seguirão perto de máximas em décadas. O BMO avalia que pode inclusive haver uma "bifurcação" nas respostas do mercado ao dado, dando peso para um ou outro aspecto. Hoje, o presidente americano, Joe Biden, reafirmou o compromisso com o combate à inflação, qualificando-a como a prioridade no momento. A secretária do Tesouro, Janet Yellen, previu recuo nos preços nos EUA, mas também destacou a grande incerteza nas projeções no quadro atual. A Fitch, por sua vez, comentou em relatório que os lockdowns pela covid-19 na China devem intensificar temores com a inflação global.

No câmbio, o índice DXY do dólar subiu hoje, ganhando fôlego ao longo do dia, mas sem grande impulso, com alta de 0,26%, a 103,920 pontos. No horário citado, o dólar ainda subia a 130,42 ienes, o euro recuava a US$ 1,0530 e a libra tinha baixa a US$ 1,2307.

Entre as commodities, o petróleo WTI para junho fechou em baixa de 3,23%, em US$ 99,76 o barril, na Nymex, e o Brent para julho caiu 3,28%, a US$ 102,46 o barril, na ICE. Continuavam as dúvidas sobre o embargo da UE ao petróleo russo, com negociações dentro do bloco. Em relatório sobre o curto prazo, o Departamento de Energia (DoE) projetou alta na produção dos EUA, com recorde projetado para o ano que vem, mas disse que ainda assim os preços do óleo seguirão elevados nos mercados, em quadro de demanda forte e de estoques globais baixos.

Ainda no noticiário, o Instituto de Finanças Internacionais (IIF) estimou que os mercados emergentes tiveram saída líquida de capital de US$ 4 bilhões em abril. Com riscos geopolíticos, inflação em alta e maior sensibilidade ao risco, a saída apenas no mercado acionário nesses países foi de US$ 9,5 bilhões, enquanto a dívida dos emergentes atraiu US$ 5,5 bilhões, de acordo com o IIF. (Gabriel Bueno da Costa - [email protected])

Volta

BOLSA

Em um pregão marcado pela volatilidade, o Ibovespa oscilou entre o positivo e o negativo durante todo o dia, sem suporte de commodities e à mercê do noticiário externo. O humor do índice brasileiro seguiu o movimento das bolsas americanas, com os ativos globais respondendo com sensibilidade às sinalizações do Federal Reserve (Fed). Terminou o dia próximo da estabilidade, com queda de 0,14%, aos 103.109,94 pontos.

Apesar de uma melhora das bolsas americanas nas últimas horas do pregão, o índice brasileiro não conseguiu equiparar o desempenho, com as ações ligadas à commodities penalizadas, após queda de 2,34% do minério. No petróleo, contudo, mesmo com a queda de mais de 3% no barril do Brent, as petroleiras tentavam se sustentar no positivo, com Petrobras subindo 0,87% (PN) e 1,26% (ON) e PetroRio, 0,21%. Vale caiu 1,24%.

Nas commodities, pesa a sinalização do governo chinês de que seguirá com a política restrita de zero-covid, o que prejudica as cadeias globais de suprimento. Em um cenário onde a política monetária tem dado as cartas do humor global, o mercado observa com atenção qualquer sinal que adicione mais inflação. Assim, o fator China e a continuidade da guerra na Ucrânia têm destaque no radar dos investidores. "No fim, a discussão é de inflação, tudo que respingar em inflação é o que está fazendo preço", aponta Nicolas Farto, especialista em renda variável da Renova Invest.

Com a decisão do banco central americano impactando diretamente o interesse por ativos de risco e, mais ainda, por mercados emergentes, o Ibovespa dançou hoje sob o compasso dos discursos de dirigentes do Fed. No fim da manhã a presidente da distrital do Fed em Cleveland, Loretta Mester, levou a referência da bolsa brasileira às mínimas, quando tocou os 102 mil pontos, após dizer não descartar "para sempre" um aumento de 75 pontos-base.

À tarde, o Ibovespa tentou emplacar uma recuperação e seguir os índices de Nova York ao terreno positivo após o membro do conselho do Fed Chistopher Waller dizer que o BC americano pode subir os juros para controlar a inflação nos Estados Unidos sem impactar fortemente o emprego. Segundo ele, o momento correto de apertar a política monetária é agora, uma vez que a economia americana está forte e o mercado de trabalho, sobreaquecido.

"Tivemos alguns diretores falando e essas falas fazem preço porque estamos na expectativa de entender o ritmo que vão subir juros nos Estados Unidos. O (presidente do Fed) Jerome Powell disse que não vai subir os juros em 75 pontos, mas o mercado duvida", emenda Farto.

Nesse sentido, o mercado aguarda os dados do CPI amanhã, que medem a inflação americana e devem ajudar a dar um norte ao investidor. "O mercado aguarda tanto o CPI nos EUA quanto o IPCA no Brasil para definir uma nova tendência. (No caso do CPI), se a Treasury vai continuar abrindo e piorando a perspectiva para mercados de risco globais ou se você vai ter um CPI mais baixo mostrando que inflação americana já chegou ao topo. Se isso acontecer, pode ter alívio de curto prazo, ao menos para Ibovespa", avalia Luiz Adriano Martinez, gestor de portfólio da Kilima Asset.

Com o cenário externo conturbado, a ata do Comitê de Política Monetária (Copom), tida como mais flexível do que o comunicado da semana passada, e os dados do varejo - que surpreenderam positivamente, tanto no restrito (+1%) quanto no ampliado (+0,7%) - foram olhados lateralmente pelo investidor na Bolsa.

Na ponta positiva do Ibovespa hoje estão o grupo Natura (8,73%) - após o Natura Day de ontem em Nova York - e Banco Inter (9,14%), este impulsionado pelo dado mais forte de vendas no varejo. Na ponta negativa, destaque para as siderúrgicas, que, além da queda no minério, reagem negativamente à notícia de que o governo prepara uma medida para zerar a alíquota do Imposto de Importação de 11 produtos, entre eles o aço, o que fez CSN, Usiminas e Gerdau recuarem 5,82%, 6,78% e 4,36%, respectivamente. (Bárbara Nascimento - [email protected])

17:26

 Índ. Bovespa Futuro   INDICE BOVESPA   Var. % 

Último 104265 -0.37265

Máxima 105275 +0.59

Mínima 103400 -1.20

CÂMBIO

Após três pregões consecutivos de alta, em que acumulou valorização de 5,15%, o dólar recuou na sessão desta terça-feira (10) e fechou na casa de R$ 5,13. Investidores aproveitaram leve trégua na aversão ao risco no exterior para promover ajustes e realizar lucros no mercado doméstico de câmbio. Sem novidades no front interno, já que a ata do Comitê de Política Monetária (Copom) apenas reforçou a perspectiva de redução de ritmo de alta da taxa Selic em junho, a divisa oscilou ao sabor das expectativas em torno da magnitude do ajuste monetário nos Estados Unidos.

Entre o fim da manha e o início da tarde o dólar até esboçou nova rodada de alta, rompendo o teto de R$ 5,15 para alcançar máxima a R$ 5,1659. A busca pela moeda americana veio na esteira de declaração da presidente do Federal Reserve de Cleveland, Loretta Mester, dando conta de que não está descartada a possibilidade de uma alta da taxa básica americana em 75 pontos-base em reuniões do BC americano neste ano. Mester, que não vê a inflação nos EUA de volta à meta antes de 2024, disse que o ritmo de aperto monetário pode ser acelerado no segundo semestre e que a taxa básica deve vir além do nível neutro (de cerca de 2,5%).

O ambiente melhorou ao longo da tarde com o mercado ajustando posições em reação à fala de outro integrante do BC americano. Membro do Conselho do Fed, Christopher Waller afirmou que é possível subir os juros para controlar a inflação sem impactar fortemente o emprego. O cenário econômico atual, disse Waller, não se assemelha ao fim da década de 1970 e 1980, quando a inflação persistia "há uma década" e Fed promoveu um aperto monetário agudo que jogou a taxa de desemprego para 20%. O quadro de estagflação, combinação de estagnação econômica com inflação elevada, é o mais temido nas mesas de operação.

Com as bolsas americanas em alta firme no meio da tarde, abriu-se espaço para uma realização de lucros mais forte no mercado local. O dólar chegou a tocar pontualmente o patamar de R$ 5,10, ao descer até a mínima a R$ 5,1098. No fim do dia, em meio a uma desaceleração dos ganhos de S&P 500 e Nasdaq, além da virada do Dow Jones para o lado negativo, o dólar moderou as perdas e fechou a R$ 5,1336, em baixa de 0,44%. Apesar do alívio hoje, a divisa acumula alta de 1,15% na semana e já avança 3,86% em maio. No ano, o dólar registra queda de 7,93%.

Lá fora, o índice DXY - que mede o desempenho do dólar frente a uma cesta de seis divisas fortes - subia 0,25% no fim dos negócios no mercado local, cotado a 103,913 pontos, maior nível em 20 anos. A moeda americana caiu, contudo, a divisas emergentes pares do real, como o peso chileno, o peso mexicano e o rand sul-africano.

"Vimos uma alta muito forte do dólar com a aversão ao risco no exterior nos últimos dias. Hoje, está caindo um pouco, com uma realização de lucros", afirma o head de câmbio da Acqua Vero Investimentos, Alexandre Netto, que ainda vê um ambiente de pressão sobre o dólar, tanto por questões externas quanto domésticas. Netto lembra postura mais dura do Fed e altas sucessivas da taxa básica americana tendem a tirar a diminuir a liquidez global e, por tabela, diminuir a atratividade das moedas emergentes. Há também o risco de uma desaceleração mais forte da economia chinesa, em meio à política de lockdown para combater o covid, e as incertezas trazidas pela guerra na Ucrânia.

Além do ambiente externo hostil, Netto acredita que a corrida presidencial, que acentua a pressão por mais gastos públicos, tende a entrar cada vez mais no radar do mercado e diminuir o apetite por ativos brasileiros. "É claro que depende muito do fluxo, mas vejo o dólar mais perto da casa de R$ 5,20 e R$ 5,30", afirma o head da Acqua Vero, ressaltando que a alta volatilidade da taxa de câmbio inibe as operações de carry trade, a despeito das taxas de juros locais.

Fontes ouvidas pelo Broadcast afirmaram que o governo deve tomar uma decisão sobre o reajuste de salários do funcionalismo público até o próximo dia 22. A tendência é que seja dado um aumento linear de 5%, com custo de R$ 6,3 bilhões em 2022. O Instituto de Finanças Internacionais (IIF, na sigla em inglês) alertou hoje que o real pode se enfraquecer neste ano por conta de riscos políticos antes das eleições.

A ata do Copom apenas reforçou o tom do comunicado da decisão da semana passada, quando a taxa Selic foi elevada em 1 ponto porcentual, para 12,75% ao ano. A leitura é que o colegiado deixou a porta aberta para continuidade do ciclo de aperto, com uma elevação da taxa em menor magnitude em junho e, quiçá, uma nova alta adicional em agosto.

Após a ata, o Santander reiterou previsão de Selic terminal em 13,25%, com uma elevação de 0,50 ponto porcentual em junho. Já a XP vê a taxa indo até 13,75% no fim do ciclo, nível que pode ser alcançado com aperto final de 1 ponto porcentual em junho ou com duas altas de 0,5 ponto porcentual. (Antonio Perez - [email protected])

17:26

 Dólar (spot e futuro)   Último   Var. %   Máxima   Mínima 

Dólar Comercial (AE) 5.13360 -0.4441 5.16590 5.10980

Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0    

DOLAR COMERCIAL FUTURO 5167.000 -0.59638 5199.500 5143.000

DOLAR COMERCIAL 5228.196 02/05    

JUROS

Os juros futuros fecharam a terça-feira em queda, mais concentrada no miolo da curva, espelhando o ambiente internacional, em novo dia de recuo no rendimento dos Treasuries e nos preços do petróleo, além de alívio no câmbio. Destaque da agenda doméstica, a ata do Copom veio dentro do esperado, o que justificou oscilação limitada da ponta curta, explicada ainda pela expectativa pelo IPCA de abril, amanhã. No documento, os diretores reiteraram a ideia de ajuste adicional na Selic em junho, em dose mais branda, e a curva consolidou as apostas de elevação da taxa básica em 0,5 ponto na próxima reunião.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 fechou a etapa regular em 13,27%, de 13,29% ontem no ajuste. O DI para janeiro de 2024 encerrou com taxa de 12,865% (12,956% ontem) e o DI para janeiro de 2025, com taxa de 12,30%. O DI para janeiro de 2027 terminou com taxa de 12,185%, de 12,295%.

Apesar da agenda local importante da terça-feira - além da ata, saíram as vendas do varejo em março -, a curva brasileira continuou atrelada ao exterior, tendo os títulos do Tesouro americano como principal referência. "Temos esse alívio na curva dos EUA tirando prêmios da ponta longa, com a taxa da T-Note de dez anos operando abaixo de 3%", afirmou Luciano Rostagno, estrategista-chefe do Banco Mizuho. No fim da tarde, o papel tinha taxa de 2,9861%.

Para o estrategista, há alguma esperança de que o CPI americano de abril amanhã possa estancar o nervosismo dos mercados. O consenso é de 0,2% e 0,4% para o índice cheio e para o núcleo, ante 1,2% e 0,3% em março. Na comparação anual, as estimativas são de 8,1% e 6,0% respectivamente.

Assim como os yields dos Treasuries, o petróleo deu sequência ao movimento de baixa visto ontem, situando-se já mais perto dos US$ 100 por barril. "Ajuda a aliviar a percepção dos agentes sobre a inflação tanto aqui quanto lá fora, evitando que o Fed precise subir muito o juro", disse Rostagno. No Brasil, a escalada da commodity vinha pressionando a defasagem da gasolina, mas com a queda acumulada nestes últimos dias esse gap, estimado ao redor de 20%, tende a fechar um pouco.

Igor Cavaca, gestor da Warren Asset Management, ressalta a volatilidade recente do mercado de juros, mas enxerga o movimento desde ontem como uma correção em relação à semana passada, quando cresceram as apostas de que o Federal Reserve poderia ampliar o ritmo de aperto monetário. Para ele, o fato de o Banco Central ter começado a ajustar a Selic antes dos demais ajuda a dar tranquilidade, com potencial de suavizar o eventual impacto de uma ação mais firme do Fed. "O Fed deve levar as taxas para algo entre 3% e 3,25% e isso tende a impactar a curva local, até porque outros BCs também estão apertando, mas já estamos num ajuste fino. Nas próximas duas reuniões, o BC já deve concluir o ciclo", disse.

A gestora prevê altas de 0,50 e 0,25 ponto porcentual para a Selic em junho e agosto, chegando a 13,50%, cenário muito parecido com o que está precificado nos DIs. Segundo Rostagno, do Mizuho, a curva indica 84% de chance de aumento de 0,5 ponto e 16% de probabilidade de elevação de 0,75, no Copom de junho. Para a reunião de agosto, o mercado precifica pouco mais de 25 pontos (27 pontos) e para setembro há uma aposta residual de 10 pontos.

Na ata, o Copom explicou a intenção de aplicar nova alta na Selic em junho em menor magnitude do que a de 1 ponto porcentual adotada em maio. De um lado, vê um novo aperto como necessário para recolocar a inflação em trajetória de convergência às metas e cita ainda deterioração marginal na inflação de curto prazo e das projeções. Mas a dose seria menor na medida em que os efeitos da política monetária são defasados e diante das incertezas do cenário. "O Comitê nota que a elevada incerteza da atual conjuntura, além do estágio avançado do ciclo de ajuste e seus impactos ainda por serem observados, demandam cautela adicional em sua atuação", disseram os diretores.

"O BC está extremamente preocupado com o pouco efeito na inflação da alta de juros de 1.075 pontos-base realizada até agora. Exatamente os itens mais sensíveis à demanda não estão respondendo", afirma Alexandre Póvoa, da Meta Asset, para quem a alta não foi pequena. "Estamos vivendo um surto inflacionário no mundo. Mas, pela linguagem do Copom, eles sobem os juros em junho e não pararão por aí", comentou.

Sinal de que a economia ainda não sentiu o impacto contracionista do aperto da Selic, as vendas no varejo em março surpreenderam positivamente em março, vindo acima do consenso de mercado e completando três meses seguidos de crescimento. No conceito restrito subiram 1% ante fevereiro, ante mediana de 0,4%, e no ampliado avançaram 0,7%, acima do consenso de alta de 0,1%. (Denise Abarca - [email protected])

17:26

 Operação   Último 

CDB Prefixado dias (%a.a) 12.72

Capital de Giro (%a.a) 6.76

Hot Money (%a.m) 0.63

CDI Over (%a.a) 12.65

Over Selic (%a.a) 12.65

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