BOLSA SOBE 14% E DÓLAR CAI 15% NO 1º TRI COM COMMODITIES E TETO PARA JUROS

Blog, Cenário

O exterior negativo, inclusive com queda no preço de algumas commodities, como o petróleo, não conseguiu impedir mais um pregão de destaque para os ativos brasileiros, o que resultou em mês e trimestre positivos para Bolsa e real, enquanto os juros futuros devolveram prêmios, hoje e em março. Tal quadro se contrapõe diretamente ao verificado lá fora, onde os principais índices acionários de Wall Street tiveram o pior desempenho trimestral em dois anos. A receita para o "sucesso" do mercado brasileiro, hoje e ao longo das últimas semanas, tem sido a mesma: uma bolsa - e a economia como um todo - altamente "commoditizada" num momento de disparada dos preços de matérias-primas com a guerra entre Ucrânia e Rússia, juros elevados abrindo espaço para arbitragem com as taxas básicas muito menores em países desenvolvidos, além de uma recuperação ante o desempenho pior do que os pares em 2021. Nesta quinta-feira, o Ibovespa oscilou ao redor da estabilidade durante quase todo o dia, até terminar com pequena queda de 0,22%, aos 119.999,23 pontos (mínima do dia), garantindo ainda ganhos de 6,06% em março e de 14,48% no ano até agora. E mesmo com o tombo do petróleo, em meio à promessa de aumento de produção da Opep e da liberação de estoques dos EUA, Petrobras subiu e ajudou a Bolsa. Em Nova York, contudo, as dúvidas sobre as negociações pelo fim do conflito no Leste Europeu fizeram prevalecer a aversão ao risco, consolidando o recuo das bolsas hoje e no trimestre. O Nasdaq foi o índice que mais sofreu, ao cair 9,10% neste ano, abalado pelas cautela global diante da guerra e pelo aumento de juros na economia dos EUA, que pode se acelerar a partir de maio. Neste pregão, porém, o recuo do petróleo deu alívio para os yields dos Treasuries, ao passo que ajudou a fortalecer o dólar ante outras divisas. Mas não em relação ao real, que segue se destacando como opção para operações de carry trade, passa por uma correção técnica diante dos preços ainda elevados das commodities e vê as apostas contra si e em favor do dólar despencarem no mercado futuro, devido ao custo de carregar tais posições com a Selic nos níveis atuais. Assim, ao contrário do verificado no exterior, a moeda dos EUA cedeu 0,54%, a R$ 4,7612 no mercado à vista, ampliando a desvalorização nestes primeiros três meses de 2022 para quase 15%. Por fim, a combinação de alívio cambial, queda do petróleo e dos retornos dos T-notes também impôs recuo aos juros futuros, que já vinham devolvendo prêmios diante da sinalização recente do Banco Central de que deve encerrar o ciclo de alta da Selic na reunião de maio.

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•CÂMBIO

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BOLSA

O Ibovespa ficou a uma fração de segurar a marca de 120 mil pela terceira vez consecutiva e, embora na mínima do dia no fechamento, obteve alta de 6,06% no mês, após avanço de 0,89% em fevereiro e de 6,98% em janeiro. Assim, o ganho acumulado neste primeiro trimestre de 2022, de 14,48%, foi o maior desde o último de 2020, quando o índice de ações havia avançado 20,51%. Foi também o melhor primeiro trimestre desde 2016, quando o Ibovespa subiu 15,47%.

Em 2020 e 2021, o primeiro trimestre havia sido negativo para a Bolsa, pressionada pela pandemia. E, em 2019, ano inicial do governo Bolsonaro, o avanço foi de 8,56% no intervalo janeiro-março.

Hoje, a referência da B3 oscilou entre leves perdas e ganhos à tarde, mas acompanhando de longe a piora em Nova York, fechou no piso do dia, em baixa de 0,22%, aos 119.999,23 pontos, saindo de abertura a 120.260,50, com máxima a 120.879,66 pontos nesta quinta-feira, vindo de ganhos nas duas sessões anteriores. Moderado, o giro ficou em R$ 28,7 bilhões. Na semana, o Ibovespa avança 0,77%.

Em Nova York, as perdas se acentuaram ao longo da tarde, em torno de 1,5% no fechamento para Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq, em dia de ajuste mais forte para o petróleo, com o Brent e o WTI abaixo de US$ 110, em queda entre 5% e 6%, com anúncio de liberação da reserva estratégica americana, ao ritmo de 1 milhão de barris/dia pelos próximos seis meses. A referência americana (WTI) retrocedeu hoje para a marca de US$ 100 por barril, enquanto a global, o Brent, era negociada a US$ 107 no fim da tarde.

Ainda assim, o dia foi positivo para Petrobras ON e PN, em alta respectivamente de 0,37% e 1,39% no fechamento, enquanto Vale ON virou à tarde e cedeu 0,28%. O ajuste negativo dos grandes bancos também se acentuou, chegando a 1,26% (Itaú PN) no encerramento - à exceção de Santander, que virou e fechou em leve alta de 0,27%. Na ponta do Ibovespa, Sabesp subiu hoje 5,46%, à frente de Cielo (+4,36%) e Cemig (+2,98%). No lado oposto, Méliuz (-5,54%), Americanas ON (-5,50%) e PetroRio (-5,06%).

Nesta segunda quinzena de março, o Ibovespa havia registrado perda em apenas outro fechamento, o da última segunda-feira (28), quando cedeu 0,29%. Até o encerramento de ontem (30), a referência da B3 subiu 11,3 mil pontos em relação ao fechamento de 15 de março. De lá para cá, foram 10 ganhos diários, dos quais oito consecutivos, entre os dias 16 e 25, que colocam o avanço do mês um pouco acima de 6% em março, superior ao desempenho visto em Nova York e bem mais favorável do que o observado na Europa e na Ásia.

"Daqui pra frente, vai ser mais desafiador essa melhora de preço de Brasil, que já não está mais tão barato. Considerando tanto o cenário local como o internacional, há pouco espaço no curto e médio prazo, até seis meses, para melhorar muito. E há muitos fatores de risco que podem vir a fazer com que a dinâmica de preços (dos ativos) piore um pouquinho", diz Daniel Miraglia, economista-chefe do Integral Group. "O Brasil descolou para melhor frente à maioria dos emergentes este ano, tanto em Bolsa como em câmbio, incluindo China, após ter ficado muito descontado em 2021. Ainda tem fluxo de curto prazo para Brasil, privilegiado em especial pela alta de commodities", acrescenta. "Mas o mercado já ajustou bastante."

Em Nova York, “o pior trimestre em dois anos não é tão ruim, pois o índice S&P 500 está a cerca de 5% atrás das altas recordes”, aponta em nota Edward Moya, analista da OANDA em NY. “Wall Street terá muito o que debater nos próximos meses, mas um mercado de ações instável parece provável: não haverá respostas claras sobre quando o pico da inflação deve acontecer e quão agressivo será o Fed com o aperto até que os riscos geopolíticos sejam resolvidos”, acrescenta o analista, destacando a determinação do presidente Vladimir Putin, da Rússia, de “interromper o fornecimento de gás para a Europa, a menos que os pagamentos sejam feitos em rublos”.

Na B3, em dólar, refletindo o avanço do índice de ações (+6,06%) e o recuo da moeda americana frente ao real (-7,65% em março), o Ibovespa fechou o mês a 25.203,56 pontos, comparado a 21.945,02 no encerramento de fevereiro e a 21.135,62 pontos no de janeiro. No fim de 2021, com o índice nominal muito depreciado, o Ibovespa na moeda americana estava em 18.799,19 pontos, ante 22.937,77 no fechamento de 2020.

“A formação da Ptax na última sessão do trimestre traz normalmente volatilidade para o câmbio, que saiu de um patamar de R$ 5,80 para baixo de R$ 4,80”, diz Arthur Schneider, responsável por distribuição de produtos da Monte Bravo Investimentos. “A atenção esteve concentrada pela manhã no PCE [índice de preços ao consumidor preferido do Federal Reserve], com expectativa de que se desaceleraria ante a leitura precedente, mas rodando ainda em patamares altos para os Estados Unidos. Vimos ontem leituras fortes para a inflação na Europa, em países como Alemanha e Espanha”, acrescenta.

Como o núcleo do PCE - que exclui itens voláteis, como alimentos e energia - em alta de 0,4% em fevereiro ante janeiro, em linha com as expectativas, a atenção do mercado se volta, amanhã, para o relatório de março sobre o mercado de trabalho nos Estados, com dados como a taxa de desemprego, a geração de vagas e a evolução do ganho salarial médio.

Aqui, o estudo de reajuste de 5% para servidores a partir de julho é uma questão que permanece em aberto, especialmente sobre como será acomodado sem ferir o teto em momento no qual o governo tem aberto mão de arrecadação, com corte de impostos como o IPI, observa Schneider. “Na margem, não é uma notícia positiva para Brasil”, acrescenta. (Luís Eduardo Leal - [email protected])

17:32

 Índice Bovespa   Pontos   Var. % 

Último 119999.23 -0.21664

Máxima 120879.66 +0.52

Mínima 119999.23 -0.22

Volume (R$ Bilhões) 2.87B

Volume (US$ Bilhões) 6.05B

17:37

 Índ. Bovespa Futuro   INDICE BOVESPA   Var. % 

Último 120425 -0.37229

Máxima 121325 +0.37

Mínima 120220 -0.54

CÂMBIO

O dólar voltou a perder força no mercado doméstico de câmbio na sessão desta quinta-feira, último pregão de março. Nem mesmo a alta da moeda americana lá fora, em dia marcado por baixo apetite ao risco e perdas das bolsas em NY, tirou o brilho do real. Operadores voltaram a relatar fluxo de recursos para ativos domésticos e destacar a busca dos estrangeiros por ganhos com o chamado "carry trade" (operação que explora diferencial de juros entre países). A entrada de capital externo teria levado à desmontagem de posições defensivas no mercado futuro, em meio à disputa pela formação da última taxa Ptax de março, referencial para liquidação de contratos futuros e confecção de balanços corporativos.

A queda do petróleo no mercado internacional para menos de US$ 110, com liberação de parte de reservas estratégicas dos EUA, e dados fracos da atividade industrial na China não abalaram a expectativa de que os preços das commodities sigam em níveis elevados, dado o prolongamento da guerra na Ucrânia. Há a perspectiva de que os chineses adotem novas medidas de estímulo monetário para evitar uma desaceleração econômica provocada pelos lockdowns para combater a covid-19. O minério de ferro negociado em Qingdao, na China, subiu 3,2% hoje.

Em queda desde a abertura dos negócios, o dólar registrou mínima no início da tarde, a R$ 4,7228. Passada a formação da Ptax (que encerrou março a R$ 4,7378, com perda 7,81% no mês e de 15,10% ano) e diante da aceleração dos ganhos da moeda americana no exterior, o dólar desacelerou o ritmo de baixa por aqui e voltou a ultrapassar a linha de R$ 4,75. No fim da sessão, era cotado a R$ 4,7612, em queda de 0,54%, o que levou as perdas em março a 7,65% - a maior desvalorização mensal desde outubro de 2018 (-7,97%). A divisa fechou o primeiro trimestre de 2022 em baixa de 14,61%.

Embora divisas emergentes pares do real, como o rand sul-africano e os pesos chileno, colombiano e mexicano, também tenham se valorizado em relação ao dólar no primeiro trimestre, a moeda brasileira teve de longe a melhor performance, apresentando ganhos de dois dígitos. "O real tem o melhor desempenho do trimestre. Isso se deve ao aumento dos preços das commodities, mas também a uma recuperação há muito atrasada de uma grande subvalorizacão", afirma, em postagem no Twitter, o economista-chefe do Instituto Finanças internacionais (IIF), Robin Brooks.

A dobradinha formada por commodities nas alturas e taxa Selic em patamares elevados, com pelo menos mais uma alta de 1 ponto porcentual em maio, para 12,75% ao ano, dá sustentação ao real, afirmam analistas. Mesmo que o Federal Reserve (Fed, o banco Central americano) acelere o ritmo de alta da taxa básica nos EUA em maio, o diferencial de juros continuará ainda elevado no curto prazo.

Pela manhã, foi divulgado que o índice de preços de gastos ao consumo (PCE) nos EUA subiu 0,6% em fevereiro, com alta de 0,4% no núcleo, ambos em linha com o esperado. Na comparação anual, o PCE subiu 6,4% e seu núcleo, 5,4%. Segundo monitoramento do CME Group, as apostas em alta de 0,50 ponto porcentual da taxa básica americana em maio estão próximas de 70%.

Para Cristiane Quartaroli, do Banco Ourinvest, caso o Fed adote uma postura de aumentos mais agressivos da taxa de juros, o dólar pode subir pontualmente no mercado doméstico. Outro ponto de eventual pressão sobre a taxa de câmbio seria o processo eleitoral, já que há sempre um grau de incerteza em torno de um novo governo. "Devemos ter volatilidade. Mas, passada a eleição, a nossa moeda pode continuar com um comportamento mais benéfico até o fim do ano", afirma Quartaroli, ressaltando que há um fluxo forte de curto prazo para o Brasil, em meio à explosão dos preços das commodities provocada pela guerra na Ucrânia e ao diferencial de juros elevados.

No campo político, o dia foi agitado. O ex-ministro Sérgio Moro trocou de partido, migrando do Podemos para o União Brasil, e afirmou que está abrindo mão "nesse momento" de sua pré-candidatura ao Palácio do Planalto. Segundo apuração do Estadão, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), teria informado a correligionários que desistiria de concorrer à Presidência e permaneceria à frente do governo paulista. O tucano, contudo, voltou atrás e anunciou que segue na pré-campanha. (Antonio Perez - [email protected])

17:37

 Dólar (spot e futuro)   Último   Var. %   Máxima   Mínima 

Dólar Comercial (AE) 4.76120 -0.5431 4.79650 4.72280

Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0    

DOLAR COMERCIAL 4738.000 -0.71249 4797.500 4737.500

DOLAR COMERCIAL FUTURO 4785.000 -0.54043 4833.500 4759.500

MERCADOS INTERNACIONAIS

As bolsas de Nova York fecharam em baixa hoje, encerrando o pior trimestre para os índices em dois anos, em um cenário afetado pelos desdobramentos do conflito entre Rússia e Ucrânia. Em uma das repercussões, a alta dos preços de energia, o presidente dos EUA, Joe Biden, confirmou a liberação de 1 milhão de barris de petróleo por dia (bpd) por até 180 dias das reservas estratégicas americanas, movimento que derrubou as cotações da commodity. Ainda assim, há questionamentos sobre a capacidade da medida em reduzir os preços, uma vez que as disputas entre a Rússia e o Ocidente pelo fornecimento de hidrocarbonetos persistem. Observando os riscos para a economia global, o dólar avançou ante pares, e os rendimentos dos Treasuries recuaram.

Biden confirmou que seu governo liberará parte de suas reservas estratégicas de petróleo, a fim de conter os preços de combustíveis no país. Segundo ele, nações aliadas poderiam liberar "de 30 a 50 milhões de barris" de suas próprias reservas com a mesma finalidade. A Agência Internacional de Energia (AIE) deve ter reunião especial nesta sexta para tratar do tema. Para a Eurasia, a liberação de reservas enfrentará problemas "técnicos e políticos". A avaliação é de que o país não tem capacidade de acelerar o crescimento da produção no curto prazo, nem de fomentar grandes avanços de outras nações produtoras. Com isso, a liberação é o meio mais efetivo para colocar pressão imediata de baixa nos preços.

Ainda assim, a Eurasia acredita que o risco geopolítico continua a impor pressão de alta sobre os preços e que a liberação não compensará totalmente descasamentos na oferta. Enquanto isso, a Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+) decidiu acelerar o ritmo de aumento da produção da commodity a 432 mil bpd em maio. Anteriormente, o grupo vinha elevando a oferta em 400 mil bpd mensalmente, conforme acertado no ano passado. Enquanto isso, a intenção do presidente da Rússia, Vladimir Putin, de receber pelas exportações de hidrocarbonetos em rublos limitou as perdas do petróleo. Hoje, o líder assinou um decreto em que determina que "países não amigáveis" paguem compras de gás natural russo por meio de rublos. O WTI para maio fechou em baixa de 6,99% (US$ 7,54), a US$ 100,28 o barril, e o Brent para junho recuou 6,04% (US$ 7,54), a US$ 104,71.

Na visão de Edward Moya, analista da Oanda, as bolsas caíram hoje com os últimos dados econômicos mostrando que a inflação pesa sobre o consumidor, enquanto o presidente Putin ameaça interromper o fornecimento de gás para a Europa. "O pior trimestre em dois anos não é tão ruim, pois o índice S&P 500 está cerca de 5% atrás das altas recordes", pondera. Wall Street terá muito o que debater nos próximos meses, mas um mercado de ações instável parece provável, pois não haverá respostas claras sobre quando o pico da inflação deve acontecer e quão agressivo será o Fed com o aperto até que os riscos geopolíticos sejam resolvidos, projeta o analista. Ao final, o Dow Jones recuou 1,56%, a 34.678,35 pontos, o S&P 500 caiu 1,54%, a 14.220,52 pontos, e o Nasdaq teve baixa de 1,57%, a 4.530,41 pontos, este último encerrando na mínima do dia. Na Europa, a maioria dos índices também teve queda, como o DAX, que recuou 1,31% em Frankfurt.

Pelo lado da guerra, o Pentágono indicou hoje que a Rússia tem reposicionado algumas tropas na Ucrânia. O porta-voz John Kirby disse que Moscou dá agora maior prioridade à região de Donbass, que poderia ser o destino dos soldados. Enquanto isso, a Rússia ampliou sanções contra autoridades europeias, em um movimento retaliatório após o Ocidente ter anunciado mais medidas contra o país. O receio ajudou a pressionar os juros dos Treasuries, e, no fim da tarde, o juro da T-note de 2 anos tinha baixa a 2,314%, o da T-note de 10 anos tinha baixa a 2,329% e o do T-bond de 30 anos tinha queda para 2,437%.

Na inflação, o índice de preços de gastos com consumo (PCE) subiu 0,6% em fevereiro ante janeiro nos EUA e seu núcleo teve alta mensal de 0,4%, em linha com o esperado. Na comparação anual, o PCE subiu 6,4% e seu núcleo, 5,4% em fevereiro. Em quadro de inflação forte nos EUA, havia no início da tarde 71,1% de apostas em uma alta de 50 pontos-base nos juros pelo Fed em 4 de maio, segundo o monitoramento do CME Group, com 28,9% delas em uma elevação de 25 pontos-base. O dólar também foi impulsionado pelo movimento, e o DXY, que mede a moeda americana ante seis rivais, subiu 0,53%, a 98,312 pontos. (Matheus Andrade - [email protected])

Volta

JUROS

Petróleo e juros nos Estados Unidos em queda conduziram o mercado de DI a uma nova sessão de baixa, a sétima nos últimos oito pregões. A inclinação negativa da curva se ampliou na comparação entre o fim do mês passado e deste, em meio ao forte desmonte de posições nos vértices intermediários e longos durante março. O diferencial entre os contratos de 2027 e 2024 passou de -66 pontos-base no fim de fevereiro para -83 pontos agora. A agitada cena política pouco fez preço no mercado nesta véspera de fim de janela partidária, uma vez que os agentes ponderam ainda as dificuldades da terceira via na corrida presidencial.

O contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 cedeu de 12,776% ontem para 12,725% hoje. O janeiro 2024 foi de 12,181% a 12,055%, fechando na mínima. O janeiro 2025 recuou de 11,51% a 11,42%. E o janeiro 2027 caiu de 11,33% a 11,22%.

A notícia de que os Estados Unidos decidiram liberar nos próximos seis meses a quantidade de 1 milhão de barris por dia de petróleo de suas reservas nacionais fez com que a cotação da commodity mergulhasse - e acabou sendo o principal driver para o mercado de dívida global. O Brent para junho cedeu 6,04%, a US$ 104,71, e o WTI para maio recuou 6,99%, a US$ 100,28. A medida tem por objetivo conter a disparada do valor do barril e, por consequência, da inflação ao consumidor americano.

Desta forma, o rendimento da T-Note de 10 anos passou de 2,350% ontem a 2,329% hoje, à medida que o mercado pondera que o Federal Reserve pode ser um pouco menos intenso em seu ajuste monetário caso a cotação do petróleo se estabilize.

Aqui no Brasil, onde o Banco Central atrelou movimentos futuros ao comportamento da cotação do óleo, a baixa deu gás a mais uma sessão de queda nos juros futuros. "O mercado parece estar fazendo um ajuste fino neste momento, depois de tantas quedas recentes. Para isso, está pesando a dinâmica do mercado externo, com o fechamento de taxas nos EUA e o petróleo em queda. É um pouco da tônica dos últimos dias, em que tem havido volatilidade muito elevada nesses ativos", afirma o estrategista-chefe e sócio do banco digital Modalmais, Felipe Sichel.

O economista-chefe da Terra Investimentos, João Mauricio Rosal, explica que a correlação entre os preços do petróleo e curva de juros tem sido potencializada desde que o Banco Central apresentou seu cenário alternativo - que considera o de maior probabilidade -, no qual a commodity tem papel de destaque. Uma das premissas para projetar a Selic em 3,1% no fim de 2023, portanto, abaixo da meta central de 3,25%, é que as cotações ao longo do ano caminhem para a marca de US$ 100 por barril. Neste sentido, se hoje o petróleo ajuda, amanhã pode ser bem diferente. "A análise do BC fez com que a percepção sobre a política monetária ficasse atrelada a uma variável ultravolátil", diz.

Sichel, do Modalmais, afirma que somente com a queda da volatilidade do petróleo é que os agentes conseguirão fazer um julgamento melhor do plano de voo do BC.

Apesar dessa incerteza adiante, o dia favorável aos ativos domésticos fez com que o Tesouro viesse hoje com uma oferta bem maior no leilão de LTN, com risco para o mercado em DV01 maior do que os das duas semanas anteriores.

A oferta total de LTN foi de 18 milhões, vendida integralmente, e seguiu com 450 mil de NTN-F, das quais foram vendidas 176 mil. O risco para o mercado em DV01 ficou em US$ 721,59 mil, ou 58,7% maior do que o leilão anterior e 330,9% maior em relação ao leilão da semana retrasada, de mesmos vencimentos, segundo a Renascença DTVM.

Na avaliação da corretora, o destaque dos leilões ao longo do mês de março foi a elevação da colocação de títulos prefixados, em detrimento das LFT, revertendo a grande concentração em títulos pós-fixados no 1º bimestre do ano. "Com o BC ancorando mais a curva ao sinalizar o plano de voo de Selic terminal a 12,75% e a trajetória recente mais tranquila do mercado de DI futuro, o apetite por pré tende a ser maior", avalia o estrategista-chefe da Renascença, Sérgio Goldenstein. Ele lembra que muitos players preferem montar posições aplicadas em períodos próximos a fim de ciclos de aperto monetário, dado que o risco altista da curva de juros diminui e as apostas movem-se para o timing e o tamanho do ciclo de relaxamento.

A movimentação na seara político eleitoral hoje é apenas monitorada, mas tem potencial para mexer com os preços amanhã, véspera do fim da janela partidária. "Amanhã, pode ser de tiroteio. Por enquanto, Brasília está batendo cabeça", avalia Rosal, da Terra.

Depois de um dia de vaivém, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), vai renunciar ao cargo e manter sua pré-campanha ao Palácio do Planalto. O tucano patina nas pesquisas e estava sendo pressionado dentro do partido para abrir mão da disputa em favor do agora ex-governador do Rio Grande do Sul Eduardo Leite. Ainda na terceira via, o ex-ministro Sérgio Moro desistiu "neste momento" da corrida a presidente e trocou de partido - o Podemos pelo União Brasil (junção do PSL e do DEM). A ideia é que ele seja candidato a deputado federal.

O mercado também segue de olho no noticiário fiscal, com aumento das pressões por reajustes salariais, que ontem reforçou a alta das taxas à tarde. O governo quer dar aumento de 5% a todos os servidores como forma de aplacar as mobilizações, sem ferir a Lei Eleitoral e a de Responsabilidade Fiscal, mas as categorias não estão satisfeitas com o porcentual. Funcionários da Controladoria-Geral da União (CGU) e analistas de comércio exterior anunciaram paralisações para os próximos dias. (Mateus Fagundes e Denise Abarca - [email protected] e [email protected])

17:36

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Capital de Giro (%a.a) 6.76

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