A percepção de que finalmente houve algum avanço nas conversas entre Rússia e Ucrânia para tentar colocar fim à guerra, que já dura mais de um mês, trouxe apetite generalizado pelo risco. O resultado foi bolsas em alta, com dólar e juros em queda. Negociações adicionais ainda vão ocorrer, mas tanto Moscou quanto Kiev já baixaram o tom, a ponto de os russos terem reduzido a ofensiva contra a capital ucraniana - ainda que os EUA e a própria Ucrânia coloquem em xeque tal movimento. Seja como for, o avanço firme das bolsas em Wall Street, de 1,84% no caso do Nasdaq, também se refletiu no Ibovespa, que ganhou 1,07%, aos 120.014,17 pontos - maior nível desde 27 de agosto de 2021. Houve alta praticamente generalizada entre os papéis que compõem o índice, inclusive Petrobras, cuja troca de comando não foi percebida pelo mercado como uma ameaça à política de preços da estatal. Enquanto isso, o alívio global, que também se desmembrou em queda das commodities, garantiu o sexto pregão consecutivo de queda para os juros futuros. Isso porque, junto com a queda do dólar, o recuo no preço das matérias-primas reforça o cenário traçado pelo Banco Central, de encerrar o aperto monetário na próxima reunião, com a Selic em 12,75%. Em meio a tudo isso, o câmbio chegou a mostrar volatilidade. Se de um lado o apetite por risco enfraqueceu a moeda dos EUA, de outro a desvalorização das commodities acabou pressionando o real. No fim, contudo, prevaleceu o comportamento global do mercado de moedas, com o dólar em baixa de 0,31%, a R$ 4,7578.
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MERCADOS INTERNACIONAIS
As negociações por um cessar-fogo na Ucrânia levaram apetite por risco aos mercados, mas uma série de reações céticas se seguiram aos anúncios iniciais. O presidente dos EUA, Joe Biden, e outros líderes europeus reafirmaram sua determinação em aumentar os custos para a Rússia por meio de sanções enquanto a guerra não acabar. Autoridades ucranianas disseram ainda que as declarações russas sobre redução das atividades militares não eram confiáveis, e que Moscou parecia estar ganhando tempo para reforçar seus ataques no leste da Ucrânia. Ainda assim, as bolsas em Nova York e na Europa avançaram, e o petróleo caiu. Com menor busca por segurança, o dólar recuou ante a maioria das moedas, com destaque especial para o avanço do euro, enquanto o rublo russo também seguiu com sua recuperação. Já no mercado de Treasuries, o debate em torno da inversão da curva de juros ganhou força após o retorno da T-note de 2 anos superar momentaneamente o da T-note de 10 anos. Analistas observam que o movimento reflete riscos geopolíticos e a postura do Fed, mas não deve representar necessariamente uma recessão.
Biden conversou com o presidente da França, Emmanuel Macron, o chanceler da Alemanha, Olaf Scholz, e os primeiros-ministros de Reino Unido, Boris Johnson, e Itália, Mario Draghi. Além das sanções, os líderes discutiram como continuar fornecendo à Ucrânia assistência de segurança. O governo americano deu indicações de acreditar que os movimentos russos nas proximidades de Kiev são um reposicionamento de tropas, e não propriamente uma retirada.
"O progresso nas negociações [entre Rússia e Ucrânia] não era amplamente esperado, então Wall Street deu uma forte reação", avalia Edward Moya, analista da Oanda, acrescentando que as ações devolveram alguns dos ganhos depois que o negociador russo Vladimir Medinsky esclareceu que uma desescalada em torno de Kiev e Chernihiv não significava um cessar-fogo.
Ao final da sessão, o Dow Jones fechou em alta de 0,97%, S&P 500 avançou 1,23% e Nasdaq teve alta de 1,84%. A ação da Apple subiu 1,91%, o que representou alta no 11º pregão consecutivo, na mais longa sequência de ganhos desde 2003, de acordo com a Dow Jones Newswires. Na Europa, o quadro também foi de avanços, com o CAC 40 subindo 3,08% em Paris e o DAX subindo 2,79% em Frankfurt.
Para Moya, as ações terão um caminho acidentado mesmo que ocorra uma grande redução nas tensões da guerra, pois as pressões inflacionárias permanecerão no próximo ano. "Parece que Wall Street acha que a economia ainda está em uma base sólida, mesmo depois que a curva de rendimentos se inverteu pela primeira vez desde 2019", disse se referindo aos rendimentos das T-notes de 2 e 10 anos. "A contagem regressiva para uma recessão começa, mas o crescimento ainda deve ser forte, pelo menos nos próximos trimestres. A inversão não durou muito, mas isso era um pouco esperado, dado o quão otimistas grandes partes de Wall Street permanecem", conclui. Em relatório sobre o tema, a Moody's também descarta uma recessão nos EUA, e justifica: "O desemprego está baixo e os balanços das famílias e das empresas estão fortes, o que deverá oferecer à economia alguma resiliência aos preços mais elevados de energia". Ao fim da tarde, o juro da T-note de 2 anos tinha alta a 2,358%, o da de 10 anos recuava a 2,401% e o do T-bond de 30 anos tinha queda a 2,510%. A inversão em outros pontos da curva de juros persistia, com o rendimento da T-note de 5 anos em 2,490%.
No petróleo, além das negociações entre Rússia e Ucrânia, os novos lockdowns na China para tentar conter a covid-19 pressionaram as cotações. Citando uma consultora local, o Commerzbank aponta que, em algumas regiões do país, a demanda por gasolina já estava entre 70% e 80% abaixo do nível pré-surto de covid-19. "De acordo com dados oficiais, Xangai conta com quase 4% de toda a demanda por petróleo da China", destaca o banco alemão, apontando para um dos bloqueios mais relevantes. Neste quadro, o WTI para maio caiu 1,62% (US$ 1,72), a US$ 104,24 o barril. Já o Brent para o mês seguinte recuou 1,63% (US$ 1,78), a US$ 107,71.
O dólar teve um dia de queda, que incluiu uma forte alta do euro a US$ 1,1086 no fim da tarde. Principal componente do DXY, que mede o dólar ante seis rivais, a moeda comum pressionou o índice a uma queda de 0,69%. O rublo ficou abaixo da marca de um dólar a 90 rublos, e era cotado a 87,910 no fim da tarde. O movimento segue uma série de medidas tomadas pelo Banco Central russo. Ainda assim, o Wells Fargo avalia que as perspectivas ao longo de 2022 ainda são de ganhos para a moeda americana, especialmente levando em conta a postura do Fed. Hoje, o presidente da distrital de St. Louis, James Bullard, defendeu a taxa de juros do país em 3% até o final deste ano. (Matheus Andrade - [email protected])
BOLSA
Sinais de avanço nas negociações entre Rússia e Ucrânia em direção a um cessar-fogo despertaram o apetite por risco desde o exterior, recolocando o Ibovespa aos 120 mil pontos pela primeira vez desde o fim de agosto. A referência da B3 fechou em alta de 1,07%, aos 120.014,17 pontos, maior nível desde o encerramento de 27 de agosto (120.677,60), hoje entre mínima de 118.739,60, da abertura, e máxima de 120.900,02, o maior nível intradia desde 16 de agosto (121.191,45 pontos). Nesta terça-feira, o giro financeiro ficou em R$ 36,0 bilhões. Na semana, o Ibovespa avança 0,78% e, no mês, 6,07%, faltando duas sessões para o encerramento de março. No ano, o ganho acumulado chega agora a 14,49%.
As indicações de que as partes beligerantes estejam mais próximas de agenda mínima para um diálogo sobre a suspensão das hostilidades tiraram pressão do petróleo, que estendeu correção nesta terça-feira. A expectativa de que "Moscou pode diminuir as demandas para um cessar-fogo contribuiu para o bom desempenho da maioria das bolsas", aponta em nota a Nova Futura Investimentos, especialmente na Europa, onde os ganhos nesta terça-feira chegaram a 2,79% (Frankfurt) e 3,08% (Paris). Em Nova York, destaque para o Nasdaq, em alta de 1,84% no fechamento.
Com a relativa distensão no Leste Europeu, a referência global de petróleo, o Brent, fechou em baixa de 1,63%, a US$ 107,71 por barril, em Londres, enquanto em Nova York a referência americana, o WTI, cedeu 1,62%, a US$ 104,24 por barril. Ainda assim, e mesmo com a nova queda de presidente da Petrobras por disputa com o governo sobre os preços dos combustíveis, os papéis ON e PN da estatal avançaram, respectivamente, 1,23% e 2,22% na sessão, negativa para Vale ON (-0,86%) e para a siderurgia, com Gerdau PN (-2,02%) puxando a ponta negativa do Ibovespa, junto com Bradespar (-2,14%) e Cyrela (-2,91%).
"O nome de Adriano Pires foi bem recebido pelo mercado, é alguém do setor de petróleo e gás, com conhecimento técnico e respeitado na área. A substituição foi uma decisão política, sem dúvida, mas há percepção de que existe uma certa blindagem em relação a interferência (do governo) nos preços (dos combustíveis), o que se reflete também na diminuição da presença em refino", diz Alexandre Brito, sócio da Finacap Investimentos.
Brito observa que ao se distanciar da marca de US$ 120 por barril - a qual não corresponderia ao preço de equilíbrio -, o Brent ainda ofereceria boas condições de rentabilidade para a Petrobras, na faixa entre US$ 80 e US$ 100. No quadro mais amplo, a rápida progressão do Ibovespa ao patamar dos 120 mil pontos, sob o impulso do investidor estrangeiro na ponta compradora, com os institucionais e domésticos ainda retraídos, não cancela o poder de atração dos ativos brasileiros em comparação aos emergentes.
Os juros domésticos encerraram o dia em baixa pela sexta sessão consecutiva, enquanto o dólar, após o ajuste de ontem, retomou a trajetória de queda frente ao real, hoje em baixa de 0,31%, a R$ 4,7578, nos negócios à vista.
"Vemos um fechamento importante na curva de juros e o Ibovespa está com P/L a oito, nove vezes, ainda bastante descontado. Os investidores domésticos ainda não estão participando dessa festa, mas a recuperação começa a beneficiar também as ações e setores com exposição à economia doméstica, como construtoras, administradoras de shoppings, varejo", acrescenta Brito. Na ponta do Ibovespa nesta terça, destaque para três nomes do comércio: Via (+8,63%), Americanas ON (+8,42%) e Magazine Luiza (+8,19%). (Luís Eduardo Leal - [email protected])
17:32
Índice Bovespa Pontos Var. %
Último 120014.17 1.07497
Máxima 120900.02 +1.82
Mínima 118739.60 0.00
Volume (R$ Bilhões) 3.60B
Volume (US$ Bilhões) 7.58B
17:39
Índ. Bovespa Futuro INDICE BOVESPA Var. %
Último 120600 0.96275
Máxima 121380 +1.62
Mínima 120005 +0.46
JUROS
O mercado de juros esteve sob a influência do cenário internacional durante toda a terça-feira, acompanhando a dinâmica dos preços das commodities, do câmbio e dos Treasuries. As taxas completaram a sexta sessão seguida de queda, mas no intraday diminuíram o ritmo no período da tarde, alinhadas ao fortalecimento do dólar e dos preços do petróleo.
A rodada de negociação entre Rússia e Ucrânia terminou sem acordo de cessar fogo para o conflito no leste europeu e os Estados Unidos mantiveram um discurso duro pela manutenção das sanções contra Moscou. Internamente, a perspectiva de fim do ciclo de aperto monetário em maio, sinalizada pelo Banco Central quase que diariamente desde a reunião do Copom, continua servindo de pano de fundo para devolução de prêmios, sobretudo até o trecho intermediário, mesmo com dados supostamente mais fortes de atividade, caso hoje do saldo do Caged.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 fechou a sessão regular em 12,69%, de 12,736% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2024 caiu de 12,026% para 12,005%. O DI para janeiro de 2025 terminou com taxa de 11,31%, de 11,41% ontem, e a do DI para janeiro de 2027 passou de 11,265% para 11,21%.
Apesar do discurso mais dovish do Copom, a ponta longa vem fechando nos últimos dias em ritmo mais acelerado do que as demais, dado o forte alívio nos preços do petróleo e apreciação do câmbio, com o dólar abaixo dos R$ 5 desde 21 de março. Com isso, a inclinação negativa da curva tem se acentuado. O spread entre os DIs para janeiro de 2027 e janeiro de 2024 ficou hoje em -80 pontos-base, maior desde o começo do mês - no dia 3 era de -89 pontos.
Com a expressiva queima de prêmio na curva desde o começo da semana passada, a perda de fôlego vista à tarde é considerada natural pelos operadores, até porque petróleo e dólar ganharam um pouco de força. As taxas chegaram a cair 20 pontos-base pela manhã, mas terminaram com perda de no máximo 10 pontos. Os mercados operaram de olho no encontro nesta terça-feira entre Rússia e Ucrânia, com a informação de que a Moscou reduziria "fundamentalmente" as operações perto da capital da Ucrânia, Kiev, e de Chernigov, no norte do país.
A expectativa era por um avanço para um cessar fogo, mesmo os Estados Unidos tendo alertado que não viam sinais de melhora no diálogo. À tarde, a diretora de Comunicações da Casa Branca, Kate Bedingfield, afirmou que as tropas russas estão conduzindo "um reagrupamento e não uma retirada" na região. A diretora disse que por enquanto "não há razão para acreditar que a Rússia tenha mudado de estratégia" na Ucrânia e não descartou a possibilidade de mais sanções.
"Esperava-se que anunciassem um cessar-fogo, mas não aconteceu e o mercado reduziu o otimismo, também com o discurso duro do Ocidente sobre as punições à Rússia. O petróleo, que é variável-chave para o BC, passou a cair menos", disse o estrategista-chefe do Banco Mizuho, Luciano Rostagno. O barril do Brent chegou a operar a US$ 104 nas mínimas do dia, em baixa de 4%, mas acabou terminando em baixa de 1,36%, a US$ 107,71. Nos documentos, o Copom considera o valor de US$ 100 o barril até o fim do ano para projetar IPCA de 3,10% para 2023 no cenário alternativo, que o BC considera o de maior probabilidade.
De todo modo, os economistas do Banco Original destacaram que nos últimos dias, a defasagem entre o preços internos e internacionais da gasolina vêm fechando rapidamente. "A diferença da gasolina rodava em torno de 10%-15% na semana passada e atingiu menos de 1% em nossas estimativas. O diesel interno deve ficar mais caro que o correspondente internacional", afirmaram.
A agenda desta terça-feira tinha em destaque os dados do Caged de fevereiro. O saldo líquido foi positivo em 328.507 vagas, acima do teto das previsões de 327.283 postos, mas não chegou a influenciar os negócios, na medida em que não mudam a percepção negativa sobre a atividade. "Prova disso é índice de confiança da indústria que vem caindo há oito meses", disse Rostagno, referindo-se ao recuo do Índice de Confiança da Indústria (ICI) em 1,7 ponto em março, segundo a Fundação Getulio Vargas (FGV). Com o resultado, o índice atingiu 95,0 pontos - menor nível desde julho de 2020 (89,8 pontos). (Denise Abarca - [email protected])
17:39
Operação Último
CDB Prefixado 30 dias (%a.a) 11.65
Capital de Giro (%a.a) 6.76
Hot Money (%a.m) 0.63
CDI Over (%a.a) 11.65
Over Selic (%a.a) 11.65
CÂMBIO
Após uma tarde instável, com troca de sinais, o dólar à vista encerrou a sessão desta terça-feira (29) em leve baixa, na casa de R$ 5,75. Analistas identificaram forças opostas na formação da taxa de câmbio no mercado doméstico. A queda da moeda americana no exterior em dia de apetite ao risco, na esteira de sinais de avanço nas negociações de paz entre Rússia e Ucrânia, jogavam o dólar para baixo por aqui. Na contramão, a perda de fôlego das commodities, aliada a movimentos de rebalanceamento e realização de lucros típicos de fim de mês, limitavam o fôlego do real.
Em meio a esse jogo de forças, o dólar acabou encerrando o dia cotado a R$ 4,7578, em baixa de 0,31%. No mês, perde 7,72%. A divisa fechou em queda em nove dos últimos dez pregões, saindo do patamar de R$ 5,15 para operar abaixo de R$ 4,80. Para se ter uma ideia da magnitude do ajuste da taxa de câmbio, as perdas em março respondem por cerca de metade da queda acumulada em 2022 (14,67%).
"O real tem sido visto como um porto seguro, por conta da narrativa das commodities, mas elas estão caindo hoje com essas notícias positivas sobre as negociações para terminar a guerra", afirma o CIO da Alphatree Capital, Rodrigo Jolig. "Pode haver também um rebalanceamento de fundos estrangeiros no fim do mês, com tomada de lucros, já que o real foi a moeda que mais se valorizou. Eles reduzem as posições um pouco agora e voltam para o jogo depois".
Autoridades russas e ucranianas deram acenos de que as negociações de paz progrediram em encontro em Istambul, na Turquia. Ucrânia teria concordado em assumir uma postura neutra no jogo geopolítico, comprometendo-se a não admitir bases militares estrangeiros em seu território. Representante russo disse que as conversas foram "construtivas" e informou que o país estava reduzindo atividades militares nos arredores de Kiev, a capital ucraniana. Pela tarde, a Casa Branca disse não acreditar em mudança de estratégia por parte da Rússia, que, em vez de retirar forças da Ucrânia, estaria apenas reagrupando tropas.
No exterior, o dólar perdeu força em relação a praticamente todas as divisas de países emergentes, com queda de cerca de 1% frente a pares do real como o peso mexicano e o rand sul-africano. O índice DXY - que mede o desempenho do dólar frente a seis divisas fortes - trabalhou com sinal negativo ao longo do dia, abaixo do patamar de 98,500 pontos.
Por aqui, depois de furar as barreiras de R$ 4,80 e R$ 4,75, o dólar agora busca uma acomodação e parece sem espaço para se situar abaixo de R$ 4,70 no curto prazo, dizem operadores. Na mínima do dia, registrada no início da sessão, a divisa desceu até R$ 4,7177. A máxima, no meio da tarde, foi de R$ 4,7848.
Em todo caso, o pano de fundo favorável ao real permanece. A perspectiva é que as cotações das commodities permaneçam em patamares elevados mesmo com eventual fim do conflito no leste europeu. O diferencial entre juros interno e externo, que atrai capitais para operações de carry trade, continuará elevado, a despeito da possibilidade de o Federal Reserve acelerar o ritmo de alta dos juros.
Dirigentes do BC americano trouxeram mensagens distintas. O presidente do Fed da Filadélfia, Patrick Harker, disse que é preciso cautela para não aumentar os juros além do necessário. Harker não se comprometeu com uma alta de 0,50 ponto dos Fed Funds em maio, mas também não descartou essa possibilidade. Já o presidente do Fed de St. Louis, James Bullard, que advoga um ajuste monetário mais intenso, com elevação da taxa para 3% até o fim do ano. Ele também afirmou que é hora de implementar um plano para reduzir rapidamente o tamanho do balanço patrimonial do BC americano, o que, na prática, significa tirar dinheiro do sistema.
Para Jolig, da Alphatree, o "grosso" do movimento de queda do dólar por aqui já passou, mas ainda há espaço para uma apreciação adicional da moeda brasileira, em torno de 5%. Além do apetite externo pelos juros domésticos, o gestor observa que investidores brasileiros, que correram para ativos estrangeiros no ano passado, agora retornam ao mercado local. "Para o dólar voltar a subir com força, é preciso uma surpresa interna muito negativa ou o Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA) carregar na mão", diz Jolig, ressaltando que, com o nível da taxa de juros doméstica, o mercado aguenta "muito desaforo".
O economista-chefe do Banco Fibra, Cristiano Oliveira, observa que, enquanto o juro real de 1 ano no Brasil está em torno de 6,6%, a taxa real equivalente nos EUA é de -4,50%. Além da melhora dos termos de troca, com alta das commodities, essa diferença de 11,1 pontos porcentuais entre taxas interna e externa "também ajuda a explicar a valorização recente do real". Oliveira reduziu a estimativa para a taxa de câmbio no fim do ano de R$ 5,50 para R$ 5,00. Mesmo com a alta recente, a moeda brasileira, diz o economista, continua depreciada em termos reais. (Antonio Perez - [email protected])
17:39
Dólar (spot e futuro) Último Var. % Máxima Mínima
Dólar Comercial (AE) 4.75780 -0.3101 4.78480 4.71770
Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0
DOLAR COMERCIAL 4762.500 -0.23044 4789.000 4721.500
DOLAR COMERCIAL FUTURO 4801.500 -0.43546 4823.500 4771.000