FED HAWKISH ASSUSTA, MAS OTIMISMO COM ACORDO RÚSSIA-UCRÂNIA GARANTE BUSCA POR RISCO

Blog, Cenário

O tom duro do Fed, que subiu os juros em 0,25 ponto, conforme o esperado, mas prometeu outras seis altas para o ano e a redução de seu balanço patrimonial a partir da próxima reunião, assustou os investidores e chegou a apagar o otimismo visto desde o início do dia. Mas ao longo da entrevista do presidente do BC dos EUA, Jerome Powell, sem que o tom fosse aumentado, os ativos foram se reacomodando e voltaram mais ou menos para onde estavam antes da decisão. A melhora global dos mercados foi amparada, desde cedo, pela expectativa de um acordo entre Rússia e Ucrânia que ponha fim ao conflito, além de sinalizações da China sobre estímulos ao mercado de capitais e imobiliário. Com isso, as bolsas subiram entre 1,55% e 3,77% em Wall Street, enquanto o dólar perdeu fôlego, mesmo em novo dia de recuo do petróleo. O Ibovespa pegou carona nesse cenário e terminou com avanço de 1,98%, aos 111.112,43 pontos, puxado por Vale e a despeito da queda dos papéis da Petrobras. A estatal sofreu duplamente, tanto pela queda da commodity como por declarações do presidente Jair Bolsonaro falando em trocar o comando da empresa em meio à alta recente dos combustíveis. Isso também não foi suficiente para impedir que o real, assim como a Bolsa, quebrasse a sequência de quatro pregões negativos. A moeda brasileira acompanhou o movimento dos pares, em dia de busca por risco, e viu o dólar terminar com baixa de 1,27%, a R$ 5,0934. A sinalização hawkish do Fed chegou a colocar os juros futuros em alta por aqui, mas as taxas também se acomodaram posteriormente e terminaram perto da estabilidade, com o mercado precificando chances majoritárias de o Copom elevar a Selic em 1 ponto porcentual daqui a pouco.

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MERCADOS INTERNACIONAIS

O Federal Reserve (Fed, o banco central americano) cumpriu a expectativa e elevou nesta tarde sua taxa básica de juros em 25 pontos-base, para a faixa entre 0,25% e 0,50%. Parte da comunicação do BC dos EUA, porém, foi interpretada por investidores e analistas como hawkish, inclusive as projeções, o que provocou máximas nos juros dos Treasuries - embora eles tenham chegado ao fim do dia sem sinal único, e houve ainda inversão na curva entre os retornos de 7 e 10 anos. No câmbio, o índice DXY, que mede o dólar ante uma cesta de moedas fortes, chegou a reduzir perdas, mas não sustentou o ritmo, enquanto as bolsas de Nova York renovaram mínimas com o aperto na política monetária, mas retomaram o fôlego no fim do pregão e fecharam em forte alta. Em entrevista coletiva, o presidente do Fed, Jerome Powell, admitiu que a inflação pode demorar mais que o esperado para retornar à meta e disse que a redução no balanço de ativos começa no próximo encontro do BC americano. Entre as commodities, o petróleo recuou, com Rússia, o dado de estoques dos EUA e sinais da demanda no radar.

A decisão do Fed não foi unânime, com um dirigente, James Bullard (St. Louis), votando por uma elevação maior, de 50 pontos-base. O BC americano destacou em seu comunicado que a inflação segue elevada, refletindo problemas de oferta e demanda e o avanço dos preços de energia. A guerra russa na Ucrânia, por sua vez, traz implicações "altamente incertas" para a economia dos EUA, mas no curto prazo deve pressionar mais a inflação e pesar na atividade econômica, acredita o Fed.

O gráfico de pontos mostrou que sete dirigentes preveem juro na faixa de 2% ou mais ao fim de 2022. Além disso, o BC espera agora 4,3% de inflação em 2022, na mediana das projeções, quando em dezembro projetava alta de 2,6%. A projeção para o juro ao fim deste ano subiu de 0,9% a 1,9%, na mesma comparação. Powell comentou que haverá sete reuniões de juros neste ano e que o Fed elevará os juros em todas elas, além de dizer que a redução do balanço de ativos deve começar na próxima reunião. A expectativa do Fed para o avanço do PIB em 2022, por outro lado, caiu de 4,0% a 2,8%.

A Pantheon destaca em relatório o fato de que o Fed enfatizou a incerteza do quadro atual, mas nota que ele parece mais focado em conter a inflação. A consultoria lembra que Powell chegou a dizer que poderia haver altas de 50 pontos-base em algum momento. Para a Pantheon, ainda não está claro se o Fed irá de fato elevar os juros em todas as reuniões neste ano, mas o ciclo de aperto deve prosseguir em 2023, com "mais três ou quatro altas".

Também na avaliação da High Frequency Economics (HFE), o Fed está "primariamente concentrado na inflação", o que o levará a elevar os juros sucessivamente neste ano. A Capital Economics destacou o "tom hawkish" do Fed, mas notou que o aperto ocorrerá em ritmo lento, desacelerando em 2023. As novas projeções, por sua vez, ilustram o temor dos dirigentes de que o núcleo da inflação possa seguir elevado, interpreta a Capital. Já para o CIBC as projeções foram de fato o ponto a destacar hoje e esse banco diz que Powell poderia tomar emprestado a afirmação de Mario Draghi, então presidente do Banco Central Europeu (BCE), de que seria feito "tudo o que for necessário" para levar a inflação de volta à meta.

Entre os Treasuries, foram registradas máximas após a decisão do Fed e os retornos dos vencimentos mais curtos subiram, mas o do T-bond de 30 anos recuou. Houve ainda inversão na curva de juros dos bônus de 7 e 10 anos, movimento que, se perdurar, pode sinalizar risco de recessão adiante. No fim da tarde em Nova York, o juro da T-note de 2 anos subia a 1,917%, o da T-note de 10 anos avançava a 2,164% e o do T-bond de 30 anos caía a 2,443%.

No câmbio, o DXY chegou a reduzir perdas, mas sem impulso, chegou ao fim da tarde em baixa de 0,76%, em 98,346 pontos. O dólar ainda subia a 118,67 ienes, o euro avançava a US$ 1,1038 e a libra tinha alta a US$ 1,3150.

Nas bolsas de Nova York, houve perda de fôlego logo após o Fed e o sinal chegou a ser misto, mas depois o impulso foi retomado, com os setores financeiro e de tecnologia entre os destaques. O Dow Jones fechou em alta de 1,55%, em 34.063,10 pontos, o S&P 500 subiu 2,24%, a 4.357,86 pontos, e o Nasdaq avançou 3,77%, a 13.436,55 pontos.

Entre as commodities, o petróleo WTI para abril fechou em baixa de 1,45%, em US$ 95,04 o barril, na Nymex, e o Brent para maio recuou 1,89%, a US$ 98,02 o barril, na ICE. O TD Securities afirma que a expectativa por maior oferta e os lockdowns na China estiveram em foco, mas alerta que ainda há risco de déficit na oferta nesse mercado. (Gabriel Bueno da Costa - [email protected])

BOLSA

Desde o exterior, o mercado voltou a se agarrar na percepção de que o desgaste de 21 dias de conflito armado esteja aproximando para valer Rússia e Ucrânia de negociação que resulte ao menos em um cessar-fogo, o que estimulou o apetite por risco desde cedo, com ganhos que se espraiaram da sessão na Ásia às da Europa e dos Estados Unidos. Aqui, acompanhando Nova York, os ganhos na B3 chegaram a se acomodar após a decisão de política monetária do Federal Reserve, que confirmou o aumento de 0,25 ponto porcentual na taxa de juros de referência, conforme esperado - mas um dos integrantes do comitê de política monetária americano, James Bullard (Fed de St. Louis), votou por um aumento maior, de 0,50 ponto.

Ao final, o Ibovespa mostrava alta de 1,98%, a 111.112,43 pontos, interrompendo série negativa que já durava quatro sessões, nas quais acumulou perda de 4,33%. Hoje, oscilou entre mínima de 108.957,59 pontos, da abertura, e máxima de 111.183,45 pontos, com giro financeiro reforçado a R$ 48,4 bilhões, em dia de vencimento de opções sobre o índice. Na semana, a referência da B3 ainda cede 0,54% e, no mês, 1,79% - no ano, os ganhos agora estão em 6,00%.

Mais cedo, os ganhos na Ásia foram bem superiores aos vistos no Ocidente nesta quarta-feira, "com a promessa de que o governo de Pequim tomará medidas para garantir a sustentação da economia", observa em nota a Nova Futura Investimentos. Em Hong Kong, o índice Hang Seng fechou em alta de 9,08%.

"O vice-premiê chinês, Liu He, afirmou que o governo adotará políticas favoráveis aos mercados financeiros e fará esforços para evitar a contaminação dos riscos no setor imobiliário. Também veio a informação de que há negociações entre os órgãos reguladores do mercado de capitais da China e dos EUA sobre ADRs de empresas chinesas em Nova York", aponta a Nova Futura.

"O governo chinês tem dito que fará 'whatever it takes' (o que for preciso) para recuperar o mercado, a economia. Se a China vai bem, mesmo com os Estados Unidos pisando no freio, isso ajuda o Brasil, por nossa correlação com commodities. Pela manhã, o minério de ferro chegou a recuperar 10% (em preço). Aqui e nos Estados Unidos, estamos vendo revisões para cima nos juros e para baixo na expectativa de crescimento econômico", diz Rodrigo Jolig, sócio e CIO da Alphatree Capital.

Ele chama atenção que, nas revisões de projeções anunciadas nesta tarde, o Federal Reserve elevou, no gráfico de pontos, de 2,50% para 2,75% a expectativa para os juros de referência americanos no final do ciclo. "Nominalmente, os juros de 10 anos dos Estados Unidos chegaram a ficar abaixo dos de 5 anos, houve uma 'flateada' na curva. O Fed será mais rápido na subida de juros e mais 'freio de mão puxado' na redução do balanço, uma combinação sem precedentes."

"O aumento de hoje dos 'fed funds' para o patamar de 0,25% a 0,50% não surpreendeu o mercado, mas o balanço do Fed, que está em US$ 9 trilhões, é fator de atenção, pelo efeito que a redução do balanço tem especialmente sobre as taxas de juros longas. A revisão para cima das projeções do Fed para a inflação de 2022 e 2023, ambas se afastando da meta assim como a de 2024, mostra que o cenário inflacionário não é trivial por lá", diz Camila Abdelmalack, economista-chefe da Veedha Investimentos.

"Isso pode fazer com que na próxima reunião, em maio, o Fed possa já apertar o passo, leitura que contribuiu para que os mercados reduzissem um pouco o ímpeto antes da entrevista do Powell (Jerome Powell, presidente do BC americano)", acrescenta a economista.

Aqui, embora a decisão tenha vindo em linha com o que se esperava, o Ibovespa perdeu quase 640 pontos logo após o Federal Reserve elevar o juro em 0,25 ponto porcentual, para faixa de 0,25% a 0,50%. No entanto, além de um membro do Fed ter votado por aumento maior, de 0,50 ponto, houve a indicação, no comunicado sobre a decisão, de que os dirigentes esperam começar a reduzir o balanço patrimonial em uma das próximas reuniões. Na entrevista coletiva após a decisão, o presidente do Fed, Jerome Powell, cravou que, em maio, na próxima reunião do conselho de política monetária (Fomc), a instituição começará a reduzir o balanço de ativos.

Para o economista-chefe da Necton Investimentos, André Perfeito, a desaceleração do Ibovespa logo após o comunicado pode ter relação com o fato de o Fed não ter ainda iniciado o 'tightening', um ajuste mais restritivo da política monetária americana. "Ao não iniciar (agora) seu programa de diminuição de ativos (no balanço), o 'tightening', deixando isso para a próxima reunião, acabou soando 'frouxo'", avalia Perfeito, em nota.

De acordo com o gráfico de pontos divulgado hoje pelo Federal Reserve, sete integrantes do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc) projetam que o juro básico nos Estados Unidos ficará pelo menos em 2,0% ao ano ao fim de 2022.

Com o petróleo se acomodando desde ontem abaixo de US$ 100 por barril, e o presidente Jair Bolsonaro ainda mantendo a carga sobre os dirigentes da estatal para que revejam os aumentos de dois dígitos determinados na semana passada após o barril do Brent, no pior momento da guerra na Ucrânia, ter chegado a ficar bem perto de US$ 140, Petrobras (ON +0,09%, PN -0,87%) teve desempenho negativo na maior parte da sessão, sem sinal único no fechamento.

Também entre os setores de maior peso no Ibovespa, os grande bancos tiveram bons ganhos no encerramento, com destaque para Itaú PN (+1,95%) e Santander (+2,58%), à espera do anúncio de aumento da Selic nesta noite, com consenso para alta de 1 ponto porcentual. Vale ON fechou em alta de 2,43%, com o suporte proporcionado pela alta de 6,65% nas cotações do minério em Qingdao, a US$ 145,24 por tonelada, e de 5,17% em Dalian, também na China, a US$ 126,66 por tonelada.

Na ponta do Ibovespa, CVC (+17,15%), à frente de Locaweb (+10,33%), Banco Inter (+9,94%), Ecorodovias (+8,88%) e Natura (+7,29%). No lado oposto, Yduqs (-10,48%), Cielo (-3,11%), 3R Petroleum (-2,55%) e PetroRio (-2,32%). (Luís Eduardo Leal - [email protected], com Maria Regina Silva)

17:32

 Índice Bovespa   Pontos   Var. % 

Último 111112.43 1.97609

Máxima 111183.45 +2.04

Mínima 108957.59 -0.00

Volume (R$ Bilhões) 4.84B

Volume (US$ Bilhões) 9.44B

17:33

 Índ. Bovespa Futuro   INDICE BOVESPA   Var. % 

Último 112155 2.24258

Máxima 112280 +2.36

Mínima 109860 +0.15

CÂMBIO

Após quatro pregões seguidos de alta firme, em que acumulou valorização de 2,96%, o dólar à vista apresentou forte queda na sessão desta quarta-feira (16), voltando a ser cotado abaixo do patamar de R$ 5,10. A apreciação do real se deu no bojo da onda de recuperação do apetite ao risco no exterior, amparada por sinais de avanço nas negociações de paz entre Rússia e Ucrânia. Houve também um aceno do governo chinês de medidas de estímulos ao mercado de capitais e imobiliário, o que ensejou uma recuperação dos preços do minério de ferro.

Pela tarde, logo após a decisão do Federal Reserve, o dólar moderou o ritmo de baixa e chegou a tocar a linha de R$ 5,14. Como esperado, o BC americano subiu os juros em 0,25 ponto porcentual e acenou com novas altas. Apenas o presidente do Fed de St. Louis, James Bullard, tido como integrante mais duro da instituição, destoou com voto por uma elevação inicial de 0,50 ponto. O tom do comunicado do BC americano, somado à revisão das projeções de inflação para magnitude de aperto monetário, provocou pressão momentânea sobre as taxas dos Treasuries e fez com que o índice DXY - que mede o desempenho do dólar frente a uma cesta de seis divisas fortes - zerasse pontualmente as perdas.

Investidores recuperaram o apetite ao risco logo em seguida, em meio a declarações do presidente do Fed, Jerome Powell, em entrevista coletiva. O mercado absorveu com tranquilidade tanto a sinalização de Powell de altas de juros em todas reuniões do BC americano neste ano quanto a afirmação de que o balanço patrimonial começará a ser reduzido no próximo encontro.

Em linha com o comportamento da moeda americana lá fora, o dólar à vista também voltou perder força no mercado doméstico e furou o piso de R$ 5,10. No fim da sessão, a moeda americana era cotada a R$ 5,0934, em baixa de 1,27%. O dólar ainda acumula alta de 0,78% na semana, mas passou a apresentar desvalorização de 1,21% em fevereiro. No ano, a divisa perde 8,65%.

O economista-chefe da Western Asset, Adauto Lima, chama a atenção para a linguagem mais dura do comunicado do Fed e, sobretudo, para as revisões para cima nas expectativas dos integrantes do BC americano para o nível dos juros nos próximos anos.

A mediana das projeções para os Fed Funds em 2022 subiu de 0,9% para 1,9%. No chamado gráfico de pontos, sete dirigentes preveem, contudo, juro em pelo menos 2% ao fim de 2022. Para 2023, a mediana saltou de 1,6% para 2,8%. Cinco integrantes do Fed projetam juro acima de 3% no fim do ano que vem.

"Olhando para 2023, o comitê vê uma taxa de juros acima da neutra, o que sinaliza uma política monetária ligeiramente contracionista. O Fed já admite que deve fazer mais nesse ciclo de alta de juros", afirma Lima.

Para o economista da Western, o tropeço recente das commodities, ocasionados pelas restrições impostas na China após novo surto do coronavírus, não altera o quadro de preços elevados de matérias-primas agrícolas e metálicas - o que, em tese, tende a dar certa sustentação ao real.

Lima vê a taxa de câmbio oscilando em uma faixa entre R$ 5,00 e R$ 5,20, caso o Brasil não faça uma "grande besteira fiscal" daqui para frente. "Temos os riscos globais, com a guerra na Ucrânia e os movimentos do Fed. Mas o nível do dólar vai depender muito de fazermos as coisas certas para o fluxo estrangeiro continuar", afirma Lima, ressaltando que, após o movimento de realocação global em janeiro e fevereiro, a entrada de recursos para ativos domésticos tende a se normalizar.

Dados do Banco Central mostram que, em março, até o dia 11, o fluxo cambial total foi positivo em US$ 2,649 bilhões, graças à entrada líquida de US$ 3,081 bilhões via comércio exterior. Pelo canal financeiro houve saída líquida de US$ 432 milhões no período.

No acumulado do ano (até 11 de março), a conta financeira exibe entrada líquida de expressivos US$ 8,526 bilhões, sendo o principal responsável pelo fluxo total positivo de US$ 10,482 bilhões em 2022.

Na contramão da maioria dos analistas, o sócio e estrategista-chefe da Inv., Rodrigo Natali, avaliou a decisão do Fed como "dovish", dada a opção por uma postura mais gradualista, de uma alta inicial dos juros em 0,25 ponto porcentual. "Acho que o mercado fica em festa até amanhã e depois cai na realidade de novo. O grande problema é a inflação e o custo de fazer as coisas depois é sempre maior", diz Natali, ressaltando que o mercado parece complacente com os riscos, dado que a guerra na Ucrânia ainda não terminou e que o mundo está apenas no "começo de um longo período de incertezas monetárias".

Para a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) hoje à noite, a expectativa majoritária é de alta da taxa Selic em 1 ponto porcentual, para 11,75% ao ano, com manutenção de porta aberta para novas elevações. (Antonio Perez - [email protected])

17:33

 Dólar (spot e futuro)   Último   Var. %   Máxima   Mínima 

Dólar Comercial (AE) 5.09340 -1.2735 5.15640 5.09140

Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0    

DOLAR COMERCIAL 5103.500 -1.60031 5179.000 5101.000

DOLAR COMERCIAL FUTURO 5191.000 15/03    

JUROS

Os juros passaram a tarde em alta, amparada pela sinalização hawkish do Federal Reserve (Fed) pouco antes da decisão de política monetária no Brasil no começo da noite, mas acabaram fechando perto da estabilidade. A informação de que o balanço patrimonial do Fed começará a ser reduzido no próximo encontro e também a forte revisão para inflação no gráfico de pontos, para além das metas, foram o destaque e acabaram puxando mais para cima o rendimento dos Treasuries, levando junto a curva brasileira. Antes do Fed, as taxas operavam em leve baixa pela manhã, determinada pelo ambiente externo, por sua vez, sustentado pela expectativa de um desfecho positivo nas negociações entre a Rússia e a Ucrânia, e com o petróleo se afastando da marca de US$ 100.

No fim da sessão regular, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 era de 13,11%, de 13,132% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2024 passou de 12,935% para 13,005%. A do DI para janeiro de 2025 terminou em 12,445%, de 12,433%, e a do DI para janeiro de 2027 ficou estável em 12,25%.

A decisão de elevar a taxa dos fed funds em 0,25 ponto porcentual era amplamente esperada, mas o comunicado foi considerado duro, primeiramente com a informação sobre a redução do balanço, que começará em maio e não mais perto da virada do semestre, como esperado por boa parte do mercado. "A redução do balanço vai elevar a taxa de juros de longo prazo dos títulos e, além disso, as projeções de inflação foram revisadas em alta, acima da meta de 2%, mostrando que o cenário de inflação por lá não é trivial", afirma a economista-chefe da Veedha Investimentos, Camila Abdelmalack. A projeção para o núcleo da inflação em 2022 saltou de 2,7% para 4,1%; a de 2023, de 2,3% para 2,7%; e a de 2024, de 2,1% para 2,3%. "Cenário pode fazer o Fed já na reunião de maio apertar um pouco o passo", afirmou.

O discurso do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, manteve a linha dura do comunicado, em tom de que o que for preciso será feito no combate à inflação. Os juro dos Treasuries ampliaram a alta e a curva americana das T-notes de 5 e 10 anos inverteu, o que acabou reverberando nas taxas locais, dada ainda a expectativa de que as ações do Fed devem fortalecer o dólar. No fechamento, porém, os DIs devolveram a pressão.

Para Abdelmalack, a sinalização do Fed não deve influenciar a decisão do Copom, logo mais. "Estamos já bem posicionados em termos de juros. Os desafios são mais internos, de seguir com responsabilidade fiscal para o plano de pouso do Copom sair como previsto", afirmou.

O consenso do mercado é de alta de 1 ponto da Selic hoje, passando de 10,75% para 11,75%, mas a percepção sobre o tamanho e quantas doses mais virão está em aberto, na dependência do que trará o comunicado. Os diretores já haviam, no encontro de fevereiro, quando a Selic subiu em 1,5 ponto, indicado a intenção de reduzir o ritmo.

Para Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos, a conjuntura ficou extremamente mais nublada e o Copom deverá adotar a elevação de “apenas” 1 ponto, mas com uma comunicação “dura” no combate inflacionário. "A justificativa para isso deverá ser exatamente a dificuldade de projeção para horizontes mais longos, o que exige cautela na condução da política monetária, mas sem que as atribuições, como a meta de inflação, sejam deixadas de lado", afirmou.

Um dos principais fatores justamente a nublar o cenário são as commodities, especialmente o petróleo, em função do impacto sobre os preços internos dos combustíveis. O reajuste aplicado pela Petrobrás na semana passada está engasgado dentro do governo que, agora com o petróleo novamente abaixo de US$ 100 e o dólar em queda, cobra coerência da empresa dentro da política de paridade de preços. "Nós estamos com o petróleo baixando e o dólar baixo. E a cobrança é: a Petrobras agora vai baixar o combustível? O óleo diesel é mais barato fora (do País) do que aqui. Nós vamos ter redução de preço?", questionou o presidente da Câmara, Arthur Lira.

Na mesma linha, o presidente Jair Bolsonaro questionou se "a Petrobras vai reduzir o aumento absurdo concedido na semana passada". "Ou tá muito bom para vocês da Petrobras?", alfinetou.

A agenda de indicadores trouxe o IGP-10 de março e a Pesquisa Mensal de Serviços (PMS), mas nenhum deles chegou a influenciar os negócios. O índice de inflação subiu 1,18%, pouco abaixo da mediana das estimativas (1,21%). Já o volume de serviços em janeiro caiu 0,1% ante dezembro, menos do que indicava a mediana (-0,2%). (Denise Abarca - [email protected])

17:31

 Operação   Último 

CDB Prefixado 33 dias (%a.a) 11.67

Capital de Giro (%a.a) 6.76

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