PIORA EXTERNA E CAUTELA COM BRASIL DERRUBAM ATIVOS DOMÉSTICOS

Blog, Cenário

Não bastassem as incertezas trazidas pela guerra entre Rússia e Ucrânia, em novo dia de cautela no exterior, os problemas do Brasil voltaram a aparecer para castigar os ativos domésticos. Em meio ao aumento de projeções para a inflação e para a Selic, o investidor redobrou a cautela com a possibilidade de uma nova greve dos caminhoneiros, após o reajuste dos combustíveis, e com as soluções que começam a aparecer. Afinal, incomodou o mercado a informação, do fim da sexta-feira, de que o governo avalia elevar o auxílio Brasil como forma de compensar o aumento dos custos no Brasil. Além disso, outra possibilidade seria zerar PIS e Cofins sobre o diesel, essa aventada pelo presidente Jair Bolsonaro, o que também tem custo fiscal. Assim, com o cenário composto por exterior negativo, inflação alta, mais juros e soluções fiscalmente custosas para tentar evitar nova paralisação dos caminheiros, o resultado foi clássico: Bolsa em queda, com dólar e juros em alta. O Ibovespa, aliás, teve desempenho pior do que a maioria dos pares, ao cair 1,60%, aos 109.927,62 pontos - menor nível desde 24 de janeiro. Além da virada para baixo dos índices em Wall Street, o recuo das commodities, tanto pela expectativa, mais cedo, sobre conversas entre Rússia e Ucrânia quanto pelo fechamento de cidades na China, devido à Covid-19, penalizou a bolsa local ao derrubar os papéis de Vale e Petrobras. Em Nova York, após uma manhã positiva, a ausência de novos sinais sobre as negociações para colocar fim à guerra, além da troca de acusações entre China e EUA, colocou as bolsas no vermelho. Até porque, os agentes também evitaram posições mais arriscadas antes do Fed, quando o mercado espera não apenas uma alta de juros, mas entender como o BC norte-americano vai se portar em meio ao aumento dos preços trazido pelo conflito no Leste Europeu. Com tudo isso na mesa, o real, que vinha se comportando melhor do que os demais emergentes, também tinha mais a devolver. E foi isso que ocorreu nesta segunda-feira, quando o dólar subiu 1,30% no mercado à vista, a R$ 5,5,1200. Na renda fixa, a combinação de preços altos, valorização da moeda dos EUA, risco externo e cautela pré-Copom fez os juros dispararem mais de 30 pontos à tarde, com os investidores praticamente divididos entre um aperto de 1 ponto e 1,25 ponto nesta semana e precificando a Selic terminal na casa de 14%.

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•MERCADOS INTERNACIONAIS

•CÂMBIO

•JUROS

BOLSA

Pressão sobre a inflação global em semana de deliberação sobre juros nos Estados Unidos - e também no Brasil, onde o governo estaria avaliando elevar o auxílio Brasil, em meio às discussões internas sobre subsídio direto ao diesel - manteve o Ibovespa na defensiva pela terceira sessão consecutiva, registrando hoje, assim como na última sexta-feira, perda acima de 1%. Na série iniciada em 3 de março, de oito sessões, a referência obteve ganho em apenas uma, no dia 9 (+2,43%). Se o recorte retroceder a 23 de fevereiro, véspera da invasão da Ucrânia pela Rússia, o índice conseguiu avançar em apenas três ocasiões - nos dias 25 de fevereiro (+1,39%) e 2 de março (+1,80%), ou seja, na sessão que antecedeu e na que sucedeu a pausa para o Carnaval, além do mencionado dia 9.

Nesta segunda-feira, o Ibovespa fechou no menor nível desde 24 de janeiro (107.937,11), hoje em baixa de 1,60%, a 109.927,62 pontos, entre mínima de 109.716,65, menor nível intradia desde o início da guerra na Ucrânia (109.125,24), e máxima de 112.298,93, também a pior marca desde a sessão de 24 de fevereiro (112.001,04). O giro financeiro ficou em R$ 29,0 bilhões. No mês, o Ibovespa acumula perda de 2,84%, limitando o ganho do ano a 4,87%.

A correia de transmissão de perdas nesta abertura de semana começou ainda na sessão asiática, onde Hong Kong cedeu hoje quase 5%, Xangai, 2,60%, e Shenzhen, quase 3%, em meio ao ressurgimento do coronavírus na China continental, com retomada de restrições no país. “Além dos desdobramentos da guerra entre Rússia e Ucrânia, o aumento no número de casos em Shenzhen, um grande polo financeiro (da China), acabou por afetar os mercados”, observa em nota a Nova Futura Investimentos, chamando atenção para a “política de covid zero adotada pelo Partido Comunista Chinês”. A Nova Futura destaca a queda de quase 7% do minério de ferro negociado em Dalian, agora um pouco abaixo de US$ 120 por tonelada. O dia também foi de forte ajuste para as cotações do petróleo em Nova York e em Londres, em queda acima de 5% no fechamento da sessão.

O governo da China respondeu neste domingo a um surto de casos de covid-19 confinando a cidade de Shenzhen, de 17,5 milhões de habitantes, e restringiu o acesso a Xangai ao suspender o serviço de ônibus. Todos em Shenzhen, um polo financeiro e tecnológico, terão de fazer três rodadas de testes para o vírus, após 60 novos casos terem sido registrados ontem. Em todo o país, o governo reportou 1.938 novos casos no domingo, mais que o triplo do sábado. Em Xangai, cidade mais populosa do país, com 24 milhões de habitantes, o número de casos mais recente subiu de 15 para 432, o que fez a administração local recomendar que as pessoas não devem sair de casa, a menos que seja necessário.

Assim, em dia de agenda relativamente esvaziada no Brasil, e de atenção ainda voltada para os possíveis efeitos de eventual paralisação de caminhoneiros sobre a já pressionada economia doméstica, os investidores optaram mais uma vez pela cautela. Mesmo em alta, o desempenho das ações de grandes bancos (Santander +4,36%) foi insuficiente para equilibrar as perdas do índice, puxadas pela correção nas ações de commodities, em particular Vale ON (-5,36%).

A sessão também foi amplamente negativa para siderurgia (CSN ON -5,83%, Gerdau PN -4,47%) e para Petrobras (ON -1,26%, PN -1,91%). Na ponta de perdas, Magazine Luiza (-6,33%), à frente de CSN Mineração (-6,21%) e de CSN (ON -5,83%). No lado oposto, destaque para JHSF (+6,24%), Santander (+4,36%), Sabesp (+1,41%) e Itaú (PN +1,41% também).

"O mercado está procurando um novo equilíbrio em termos de preço, tanto em ativos de risco como em moedas e também em juros. Há volatilidade em todas as classes de ativos, incluindo renda fixa, com taxas abrindo também nos Treasuries. Há choque de oferta, dado o cenário em função da guerra na Ucrânia e novo 'lockdown' em algumas cidades chinesas, com inflação que já vinha muito alta no mundo. Há então busca por um novo patamar de equilíbrio, o que talvez implique em ativos de risco num nível um pouco mais baixo do que vimos até agora", diz Daniel Miraglia, economista-chefe do Integral Group, chamando atenção para a sinalização que o Fed poderá dar esta semana com relação à velocidade de redução do balanço da instituição.

Aqui, a ideia de uma possível paralisação dos caminhoneiros em razão do aumento do preço dos combustíveis ainda divide a categoria. O caminhoneiro autônomo Wanderlei Loureira Alves, o "Dedeco", disse em nota ao Broadcast Agro que "as divergências são muitas, entre caminhoneiros e lideranças que são a favor de parar e os que são a favor de aumentar os fretes para suprir o aumento (dos combustíveis)".

No exterior, a atenção permanece concentrada no leste europeu. “A Ucrânia está pressionando pelo fim da guerra, com saída imediata das tropas russas. Os russos estão ouvindo, e as esperanças de que as negociações resultem em cessar-fogo podem parecer otimistas demais. Os russos continuam avançando com o ataque militar e isso deve limitar (exposição a) risco (nos mercados) até que uma grande redução (de tropas) seja confirmada”, observa em nota Edward Moya, analista de mercado financeiro da OANDA em Nova York. “Wall Street espera entre seis e sete aumentos de juros este ano e se uma recessão europeia arrastar o crescimento global, pode complicar a agressividade do Fed” no aperto monetário, acrescenta o analista.

“A agenda deve contribuir para a manutenção de um maior grau de cautela nos próximos dias, com dados-chave da economia chinesa em fevereiro previstos para esta segunda-feira à noite - em meio às dificuldades sofridas pelo país com o salto do número de casos da Ômicron e a sua política de 'zero casos' - e as decisões sobre as taxas de juros do Fed (quarta-feira), Banco da Inglaterra (quinta-feira) e Banco do Japão (sexta-feira) entre os principais destaques na semana”, aponta a Guide Investimentos. (Luís Eduardo Leal - [email protected])

17:27

 Índice Bovespa   Pontos   Var. % 

Último 109927.62 -1.59825

Máxima 112298.93 +0.52

Mínima 109716.65 -1.79

Volume (R$ Bilhões) 2.90B

Volume (US$ Bilhões) 5.72B

17:28

 Índ. Bovespa Futuro   INDICE BOVESPA   Var. % 

Último 110810 -1.8512

Máxima 113290 +0.35

Mínima 110500 -2.13

MERCADOS INTERNACIONAIS

Wall Street reverteu os ganhos do início da sessão e fechou sem sinal único nesta segunda-feira, enquanto investidores seguem acompanhando os desdobramentos da guerra na Ucrânia. Os Estados Unidos dizem que Rússia pediu apoio militar à China para lidar com o conflito e assegura que haverá consequências caso a ajuda se concretize. Moscou negou a afirmação e Pequim se esquivou de comentá-la. Com uma nova rodada de negociações entre Ucrânia e Rússia, certo otimismo ainda marcou as operações desta sessão e garantiu queda de 5% no preço do petróleo, que têm se beneficiado dos temores sobre a oferta. Com a menor busca por segurança, os juros dos Treasuries subiram, enquanto o dólar ficou misto ante suas principais rivais. Líderes globais e participantes do mercado, entretanto, refazem suas projeções econômicas diante dos impactos da guerra, prevendo mais inflação e menos crescimento nos próximos meses. Um novo aumento de casos de covid-19 na China ainda poderá pesar mais nas estimativas.

Depois dos ataques russos a uma base militar no oeste ucraniano, próximo à Polônia, a retomada de conversas entre Moscou e Kiev alimentou as esperanças de investidores no início da sessão. Em relatório, a CMC Markets aponta que investidores ignoravam a escalada do conflito no chão e o fato de que ambos os lados teriam que recuar "significativamente" em suas demandas. Na Europa, as principais bolsas conseguiram fechar no azul, mas o mesmo não aconteceu em Nova York. O Dow Jones ficou estável, a 32.945,24 pontos, enquanto S&P 500 caiu 0,74%, a 4173,11 pontos, e o Nasdaq, 2,04%, a 12;581,22 pontos. Em comparação, Frankfurt subiu 2,21% e Paris, 1,75%.

O Departamento de Estado americano afirmou que, conforme a Rússia escala o conflito, os EUA e aliados também têm escalado suas respostas e que qualquer país que tente ajudar a administração de Vladimir Putin irá lidar com as consequências - discurso que foi repetido pela porta-voz da Casa Branca nesta tarde. Mais cedo, a vice-secretária do órgão discutiu com diplomatas europeus medidas adicionais para responsabilizar Moscou pela invasão à Ucrânia.

Culpando Putin, o presidente Joe Biden reiterou que os preços de gasolina devem subir ainda mais nos EUA, dados os embargos à Rússia. Desde que a Ucrânia foi invadida, há menos de três semanas, o combustível aumentou quase US$ 1. Hoje, porém, os contratos do petróleo caíram, com os esforços diplomáticos ligados ao conflito e o apelo da Agência Internacional de Energia (AIE) para que produtores aumentem sua oferta. Se as condições da guerra se mantiverem ou piorarem, a AIE pode liberar mais do que os 62 milhões de barris já anunciados. O petróleo WTI para abril fechou em baixa de 5,78% (-US$ 6,32), a US$ 103,01 o barril, na New York Mercantile Exchange (Nymex), e o Brent para maio caiu 5,12% (-US$ 5,77), a US$ 106,90 o barril, na Intercontinental Exchange (ICE).

Sem solução para o conflito, o mercado e autoridades têm reavaliado suas projeções econômicas. O Eurogrupo, que reúne os ministros das Finanças da zona do euro, avaliou que a guerra aumenta os riscos de que a inflação elevada perdure por mais tempo do que o esperado. O presidente do grupo, Paschal Donohoe, disse que o impacto sobre a economia da região será severo, mas avalia que esta ainda está em "boa forma". O Comissário para Economia da UE, Paolo Gentiloni, afirmou que a projeção mais recente de crescimento da região neste ano, de cerca de 4%, já não parece realista. Alto Representante da UE, Josep Borrell disse que o bloco europeu terá que aceitar pagar um preço para parar a guerra "ultrajante e não provocada" em troca de segurança e democracia. Em relatório, o UBS revisou para baixo a projeção para crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) global em 2022, de 4,6% para 3,6%, e alertou que "possivelmente" irá fazer novos cortes na previsão.

Com o cenário ainda nebuloso, o dólar ficou sem sinal único frente suas principais rivais e o índice DXY caiu 0,13%, a 98,999 pontos. A Western Union afirma que os preços mais baixos do petróleo estão ajudando a reduzir a pressão sobre o euro, dado que os preços mais altos do petróleo agravaram a luta do bloco para desacelerar a inflação recorde. No fim da tarde em Nova York, o euro subia a US$ 1,0954 e a libra caía a US$ 1,3005. No horário citado, às vésperas da decisão monetária do Federal Reserve, os juros dos Treasuries subiam: o retorno da T-note de 2 anos tinha alta para 1,854%, o da T-node de 10 anos avançava a 2,142% e o do T-bond de 30 anos ganhava a 2,481%.

Um novo surto de covid-19 na China também teve atenção dos investidores, ainda que em segundo plano. Xangai e Pequim reforçaram o controle para controlar o avanço do coronavírus. (Ilana Cardial - [email protected])

CÂMBIO

O dólar iniciou a semana em alta, acima da casa de R$ 5,10, com investidores remontando posições defensivas em meio a uma conjunção negativa de fatores e externos e domésticos. Com o melhor desempenho entre divisas emergentes neste ano, hoje o real amargou de longe a maior baixa entre seus pares.

Pela manhã, mesmo com certo apetite a risco no exterior em razão da expectativa em torno das negociações entre Rússia e Ucrânia, o dólar já subia por aqui, refletindo o tombo dos preços das commodities, na esteira de medidas restritivas na China para conter novo surto de Covid. A cotação do minério de ferro caiu 7,33%, para US$ 143,70 a tonelada, no porto chinês de Qingdao.

Ao longo da tarde, com a piora no sentimento externo e fortalecimento da moeda americana frente a divisas emergentes, na esteira da notícia de que a China poderia fornecer assistência militar à Rússia, o dólar acentuou o ritmo de valorização e, renovando sucessivas máximas, atingiu R$ 5,1385.

Com uma moderação nos ganhos na última hora de negócios, a moeda encerrou em alta de 1,30%, a R$ 5,1200. Apesar do avanço de hoje, a divisa ainda apresenta queda de 0,69% em março. A baixa acumulada no ano, que chegou a superar 10%, está agora em 8,18%.

No exterior, o índice DXY - que mede o desempenho do dólar frente a uma cesta de seis divisas fortes - operou em forte queda pela manhã, descendo até a casa dos 98,600 pontos, mas ganhou força ao longo da tarde e, quando o mercado doméstico fechou, apresentava ligeira queda, na linha dos 99,000 pontos.

Além de fatores externos, também pesou no sentimento dos investidores a preocupação com a questão fiscal doméstica, diante de sinais do governo pode adotar mais subsídios e reduzir de tributos para conter a alta dos combustíveis - além da ameaça de greve dos caminhoneiros. A dobradinha formada por inflação elevada e perspectiva de crescimento cada vez menor reacende as ameaças de que Jair Bolsonaro, candidato à reeleição, adote medidas tidas como populistas.

No fim de semana, o presidente voltou a falar em redução de tributos para combustíveis, na contramão do desejo da equipe econômica. Cálculos mostram que a desoneração de PIS e Cofins sobre a gasolina levaria a uma perda de R$ 23,84 bilhões em receita. O governo deixaria de arrecadar outros R$ 3,01 bilhões da Cide. Segundo apurou a jornalista Adriana Fernandes, do Broadcast, outra proposta seria a concessão de subsídios à população mais pobre via o programa social Auxílio Brasil.

Já o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), trouxe novamente à baila uma eventual contribuição da Petrobras para conter os preços dos combustíveis, pretextando que a petroleira, que distribui "dividendos bilionários, possui uma "função social".

Para o operador Hideaki Iha, da Fair Corretora, o forte fluxo de recursos no início do ano acabou ofuscando o peso dos problemas domésticos na formação da taxa de câmbio. "A inflação é muito alta, não tem crescimento, e o fiscal volta a preocupar com essa história dos combustíveis. Uma nova greve dos caminhoneiros seria desastrosa. Já era hora de o dólar ter uma correção", afirma Iha, que não vê espaço para o dólar romper o piso de R$ 5,00 no curto prazo. "Existe também muita cautela com essa questão da guerra e do começo da alta de juros nos Estados Unidos nesta semana."

A perspectiva majoritária no mercado é que o Federal Reserve anuncie uma elevação de 0,25 ponto porcentual da taxa de juros na quarta-feira (16) e adote um discurso duro contra a inflação. A economista-chefe da Armor Capital, Andrea Damico, afirma que, dada a piora significativa da dinâmica da inflação corrente e a ampla melhora mercado de trabalho apertado, o Fed deveria elevar a taxa de juros em 0,50 ponto porcentual. "Porém, a incerteza gerada pela guerra no cenário econômico prospectivo e piora das condições financeiras podem levar o Fed a iniciar o ciclo com 0,25 (ponto) e aumentar o ritmo nas próximas reuniões, quando houver maior clareza sobre impactos do conflito", diz Damico, em relatório.

No Brasil, a aposta predominante é a de que o Copom, cuja decisão também será anunciada na quarta-feira, eleve a taxa Selic em 1 ponto porcentual, para 11,75% - e deixe a porta aberta para novas altas. Hoje, o Itaú Unibanco aumentou a projeção para a taxa Selic no fim do atual ciclo de aperto monetário de 12,50% para 13%, citando o "aumento das pressões inflacionárias" e o "risco de desancoragem das expectativas de inflação".

Apesar do início do processo de alta de juros nos EUA, haverá ainda um diferencial de juros interno e externo elevado, o que tende a atrair recursos para operações de "carry trade" e dar suporte ao real, afirmam analistas. Juros locais em dois dígitos encarecem o hedge (proteção) e aumentam o custo de oportunidade de posições compradas em dólar. "Acho pouco provável uma desvalorização grande do real. Com a taxa de juros no nível atual, o dólar teria que superar R$ 5,60 para que uma aposta a favor do dólar compense. É melhor deixar o dinheiro no CDI", afirma um gestor de uma asset local. "Além disso, não temos mais a pressão do overhedge dos bancos e os exportadores estão trazendo recursos que deixavam lá fora quando o juro brasileiro era baixo". (Antonio Perez - [email protected])

17:28

 Dólar (spot e futuro)   Último   Var. %   Máxima   Mínima 

Dólar Comercial (AE) 5.12000 1.3039 5.13850 5.03810

Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0    

DOLAR COMERCIAL 5142.500 0.75431 5166.000 5064.000

DOLAR COMERCIAL FUTURO 5190.000 2.36686 5190.000 5190.000

JUROS

O clima no mercado de juros, que já não era favorável pela manhã, piorou bastante ao longo do dia, com as taxas abrindo mais de 30 pontos-base durante a tarde, alinhadas à inversão do ambiente positivo no exterior e piora na percepção de risco fiscal. A expectativa de avanço nas negociações no conflito do leste europeu não se confirmou e, mais do que isso, houve relatos de que a China pode passar a ajudar a Rússia. Internamente, responderam pela abertura da curva a crise dos combustíveis, o pessimismo com a inflação e um possível aumento no valor do auxílio emergencial, além de temor sobre greve de caminhoneiros. Nesse contexto, a queda dos preços do petróleo não conseguiu se sobrepor, até porque a segunda-feira da semana do Copom e do Federal Reserve foi de forte abertura também na curva americana.

No fim da sessão regular, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 fechou em 13,275%, de 13,152% no ajuste de sexta-feira, e a do DI para janeiro de 2024 subiu de 12,995% para 13,21%. O DI para janeiro de 2025 encerrou com taxa de 12,68% (de 12,443%), e a do DI para janeiro de 2027, com taxa de 12,50% (de 12,211%).

Pela manhã, o ambiente externo, com o petróleo em baixa e esperança de uma evolução no diálogo entre Rússia e Ucrânia, ajudava a limitar a alta dos juros, trazida pelo temor de escalada da inflação e de greve dos caminhoneiros, após mobilização de parte da categoria na sexta-feira.

Após as recentes rodadas de revisões para cima no IPCA e Selic, a pesquisa Focus mostrou elevação de 0,8 ponto porcentual na mediana da inflação para 2022, que bateu em 6,45%, muito acima do teto da meta de 5,00% definida para este ano. Foi o maior salto semanal numa projeção de inflação desde novembro de 2002. Já a mediana para a Selic este ano saiu de 12,25% para 12,75%. A mediana de IPCA para 2023, horizonte com maior peso na política monetária, se afastou ainda mais da meta central de 3,25%, passando de 3,51% para 3,70%.

Em relação aos caminhoneiros, o grande temor é uma paralisação como a que se viu em 2018, que agora causaria um prejuízo ainda maior no atual contexto de gargalos de oferta e inflação pressionada. A ideia de uma possível greve por causa do aumento do preço dos combustíveis, decretado na semana passada pela Petrobras, ainda divide a categoria, segundo apurou o Broadcast Agro. A Abicom alertou hoje para o risco de desabastecimento de óleo diesel, dada a escassez de oferta também nos mercados internacionais.

Quanto mais longe uma solução para o conflito no leste europeu, mais o mercado se preocupa com as commodities - não só petróleo, mas também metálicas e agrícolas - e os impactos na inflação e, assim, cresce o risco para as contas públicas num ano eleitoral. A possibilidade de zerar PIS e Cofins na gasolina, aventada pelo presidente Jair Bolsonaro, até poderia mitigar o impacto de repasses da Petrobras, mas a renúncia potencial estimada em R$ 30 bilhões desagrada a equipe econômica. À tarde, as taxas chegaram a saltar 30 pontos-base com a informação, depois negada pelo governo, de que estaria em avaliação um possível aumento no valor do Auxílio Brasil.

O exterior, mesmo com o petróleo caindo 6%, também jogou contra. Rogério Braga, diretor de Gestão de Renda Fixa e Multimercados da Quantitas Asset, afirma que o dia hoje foi difícil do ponto de vista global, não só pela falta de boas notícias vindas do leste europeu mas também pela abertura da curva dos Treasuries. "Me surpreendeu o nível do juro de 10 anos, pois normalmente o contexto de aversão resulta em corrida para os títulos americanos", disse. No fim da tarde, o rendimento do papel estava em 2,13%, de 1,92% na sexta-feira. Dessa vez, explica, o cenário é diferente porque a inflação é um fenômeno mundial e que preocupa bastante as autoridades monetárias, inclusive o Federal Reserve que se reúne na quarta-feira e deve trazer, além de um aperto de 25 pontos-base no juro, um discurso duro de combate à inflação em seu comunicado.

É nesse ambiente de incertezas também que se reúne o Copom na quarta. Segundo a Greenbay Investimentos, a precificação da curva aponta um mercado dividido sobre a decisão, com 55% de chance de aperto de 1 ponto porcentual, como sinalizado no comunicado da reunião anterior, e 45% de probabilidade de elevação de 1,25 ponto. Para a Selic terminal, a curva aponta taxa entre 14,00% e 14,25%, com alguma chance de corte até o fim do ano, uma vez que a precificação é de Selic fechando 2022 em 13,75%.

"Há muito a ser digerido pelo colegiado. Juntando tudo, nos parece estrategicamente mais acertado manter o plano de reduzir o ritmo de alta da Selic, mas sinalizar a necessidade de estender o ciclo", disseram os economistas do Banco Original, em relatório. Tal escolha responde à piora das expectativas de inflação no Boletim Focus, com o IPCA 2023 se descolando mais da meta, além de contemplar a soma de ruídos do cenário internacional e a ideia de que estamos perto do final do ajuste monetário, o que pressupõe “ajustes mais finos”. (Denise Abarca - [email protected])

17:26

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