GUERRA E INFLAÇÃO, APÓS REAJUSTE DA PETROBRAS, GARANTEM DIA NEGATIVO PARA ATIVOS

Blog, Cenário

O noticiário interno nem foi de todo ruim. Enquanto a Petrobras anunciou um reajuste de dois dígitos na gasolina e no diesel, mostrando compromisso com sua política de preços, o Senado aprovou a criação de um fundo de estabilização dos preços dos combustíveis, sem que isso represente uma intervenção direta na estatal. Mas prevaleceram as preocupações com a guerra entre Rússia e Ucrânia e com a disparada da inflação, aqui e no mundo, o que resultou em queda das bolsas, inclusive a brasileira, bem como alta dos juros e do dólar. Lá fora, as expectativas de que Kiev e Moscou pudessem encontrar a via diplomática para resolver o conflito foram frustradas após o encontro entre os ministros de relações exteriores dos dois países terminar sem qualquer acordo ou sinal de apaziguamento. Tal fato, por si só, já fez o investidor tirar dos preços um pouco do otimismo da véspera. Mas a inflação também ajuda. Além da maior taxa em 40 anos nos EUA, que também puxou os yields dos Treasuries, o reajuste dos combustíveis no Brasil trouxe junto uma série de revisões em alta para o IPCA deste ano, embutindo ainda mais prêmios na curva de juros, que voltou a precificar uma Selic terminal de 13,75%. Nesse ambiente, o Ibovespa acompanhou os pares em Nova York e cedeu 0,21%, aos 113.663,13 pontos, desempenho que só não foi pior devido à alta das ações da Petrobras após o anúncio do aumento de preços. No caso do câmbio, houve até uma melhora na reta final e o dólar, após bater em R$ 5,07 na máxima do dia, teve valorização de 0,11%, a R$ 5,0160. Operadores atribuem o arrefecimento das cotações a certo alívio com projeto aprovado no Senado, considerado menos heterodoxo do que poderia ser em meio à disparada do petróleo.

•JUROS

•MERCADOS INTERNACIONAIS

•BOLSA

•CÂMBIO

JUROS

Os juros futuros fecharam a quinta-feira em alta, amparada principalmente no anúncio do reajuste de preços de combustíveis que surpreendeu o mercado pela magnitude e seus efeitos sobre a inflação nos próximos meses. Nem mesmo a virada dos preços do petróleo para baixo à tarde foi capaz de inverter a rota das taxas, embora tenham desacelerado o ritmo. Além dos impactos diretos dos aumentos da gasolina, diesel e gás de cozinha no IPCA, o mercado teme pelos efeitos fiscais, dada a leitura de que o movimento da Petrobras eleva a pressão sobre Brasília para uma solução imediata para os combustíveis, num ambiente de negociações conturbadas. No fim da tarde, a aprovação dos projetos sobre combustíveis no Senado deu um alívio extra à sessão estendida.

O quadro de apostas para o Copom da próxima semana não teve alteração relevante, mas a precificação de Selic terminal voltou para 13,75%. Segundo a Greenbay Investimentos, a curva aponta 60% de chances de alta de 1 ponto em março e 40%, de 1,25 ponto. Para o Copom de maio, 100% de probabilidade de aperto de 1 ponto e, para junho, 80% de chance de 0,75 ponto (20% de chance de 0,50 ponto). A Selic está em 10,75%.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 fechou em 13,03% (regular estendida), de 12,916% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2024 subiu de 12,599% para 12,795% (regular) e 12,790% (estendida). O DI para janeiro de 2025 fechou com taxa de 12,275% (regular) e 12,22% (estendida), de 12,122% ontem, e a do DI para janeiro de 2027 subiu para 12,145% (regular) e 12,04% (estendida), de 12,036%.

O recuo dos prêmios visto ontem durou pouco, com as taxas hoje já começando em queda, inicialmente acompanhando a aversão ao risco externa e depois com o anúncio da Petrobras. Os indicadores da agenda foram deixados de lado. Nem a Pesquisa Mensal de Comércio (PMC) nem o resultado do Caged fizeram preço nos ativos. A frustração sobre as negociações para acordo de cessar-fogo no leste europeu puxaram para cima o petróleo, que só se acomodou em baixa depois de o presidente da Rússia, Vladimir Putin, afirmar que o país seguia exportando petróleo via Ucrânia. A inversão do sinal da commodity conseguiu no máximo reduzir o ímpeto de alta dos juros.

A estatal elevará, a partir de amanhã, os preços da gasolina em 18,7%, os do diesel em 24,9% e o do Gás Liquefeito de Petróleo (GLP), em 16%. Mesmo deixando os preços internos ainda defasados ante os internacionais, a dose surpreendeu os analistas, que acreditavam em aumentos mais escalonados. Economistas calculam impacto de até 0,8 ponto porcentual sobre o IPCA, o que colocou um viés altista nas projeções de inflação, que já vinham sendo elevadas ao longo da semana. Com isso, a estimativa de 6% para 2022 está virando piso, com cada vez mais instituições esperando taxa de 7%. A meta de inflação este ano, de 3,5%, já subiu no telhado e é crescente o temor sobre a de 2023, de 3,25%, a depender do tamanho do estrago a ser registrado neste ano.

Na Fundação Getulio Vargas (FGV), o economista André Braz revisou sua estimativa de IPCA de 6,2% para 7,5%, não só pelo efeito no item combustíveis do IPCA, mas também pela irradiação desses reajustes na economia de forma geral. "A estimativa do impacto indireto é difícil porque é muito espalhada, mas não será desprezível e vai acelerar muito a pressão inflacionária em 2022", explica.

Para Homero Guizzo, economista da Terra Investimentos, o anúncio não chega a ser uma surpresa, ainda que fosse impossível cravar quando aconteceria. "A não ser que a política de preços da Petrobras fosse radicalmente alterada, era uma questão de 'quando', não de 'se'", afirmou. Segundo ele, mesmo sendo os reajustes elevados, os preços para gasolina e diesel ainda guardam defasagem de respectivamente 18% e 9%.

O economista-chefe da instituição, João Mauricio Rosal, vê um certo pânico com a questão da inflação não só no Brasil, mas no mundo todo. "Vide o discurso do BCE, de que vamos continuar tendo choques inflacionários por um período relativamente longo. Tivemos hoje uma realização dessa percepção em escala global", afirmou. O Banco Central Europeu (BCE) manteve hoje juros inalterados, mas sinalizou ritmo mais rápido de retirada de compras de ativos. Nos Estados Unidos, a inflação ao consumidor de fevereiro subiu 0,8%, acima do consenso de 0,7%, com salto anual de 7,9%.

Outro efeito do reajuste da Petrobras é como será a resposta fiscal de Brasília, dado o aumento da pressão contra a disparada da inflação, com risco até de nova greve dos caminhoneiros. Ao menos, parece ter servido para destravar os projetos que estavam sendo discutidos no Congresso e que, por ora, mitigam a possibilidade de soluções heterodoxas, o que levou as taxas a reduzirem um pouco mais a alta na etapa estendida.

O Senado conseguiu aprovar a criação da conta de estabilização de preços, contra a vontade da equipe econômica, já que inclui também auxílio a motoristas de baixa renda e ampliação de vale-gás para famílias carentes. Também aprovou o texto-base que altera o modelo de cobrança do ICMS arrecadado pelos Estados sobre os combustíveis e isenta a aplicação do PIS e a da Cofins, tributos federais, sobre o diesel. Ambos terão ainda de passar pela Câmara.

O Tesouro Nacional manteve, nos leilões desta quinta-feira, sua estratégia de ofertar lotes pequenos de prefixados longos, para não adicionar estresse à curva. Ofertou 350 mil NTN-F e vendeu quase tudo, 330 mil. O lote de LTN, de 5,5 milhões, do mesmo modo, teve demanda quase integral, de 5,425 milhões. (Denise Abarca - [email protected])

18:25

 Operação   Último 

CDB Prefixado 32 dias (%a.a) 11.63

Capital de Giro (%a.a) 6.76

Hot Money (%a.m) 0.63

CDI Over (%a.a) 10.65

Over Selic (%a.a) 10.65

MERCADOS INTERNACIONAIS

Sem avanços nas negociações diplomáticas entre Rússia e Ucrânia, os investidores voltaram a evitar a tomada de risco nos mercados internacionais, receosos dos efeitos que uma guerra prolongada poderá ter sobre a economia global. As bolsas nos dois lados do Atlântico fecharam em queda e o dólar voltou a se valorizar ante rivais. Para analistas, os gargalos de oferta devem ser intensificados e pressionar ainda mais a inflação ao redor do globo, gerando danos ao crescimento econômico. Nos EUA, a inflação que já opera no maior nível desde 1982, deve acelerar ainda mais e manter ativo o plano do Federal Reserve de início do novo ciclo de aperto monetária na próxima semana. Já na Europa, crescem as expectativas de que o Banco Central Europeu (BCE) tenha que antecipar seus planos de aumento de juros. O petróleo, uma das principais fontes de pressão inflacionária, recuou nessa sessão, após o salto de mais de 10% ontem.

Os ministros das Relações Exteriores russo, Sergey Lavrov, e ucraniano, Dmytro Kuleba, viajaram à Turquia para discutir o conflito entre os dois países. Kuleba afirmou que não houve progressos nas negociações por uma trégua de 24 horas nas disputas bélicas. O chanceler se disse pronto para buscar soluções diplomáticas, mas ressaltou que o país não se renderá. Do outro lado, Lavrov explicou que nem tinha autoridade para decidir um cessar-fogo e que essa questão é de responsabilidade exclusiva das delegações em Belarus.

O conflito em decorrência da invasão da Ucrânia pela Rússia deve agravar os gargalos na cadeia produtiva, avalia o Credit Suisse. Hoje, o presidente russo, Vladimir Putin, alertou que se o Ocidente "criar problemas" para a Rússia, haverá "consequências negativas inevitáveis para os mercados mundiais" e os preços dos alimentos poderão subir ainda mais, de acordo com a SkyNews. Entre os produtos que o país irá restringir exportações, estão os fertilizantes. Para o banco, esse quadro intensificará as pressões inflacionárias nos EUA nos próximos meses.

Para a Pantheon Macroeconomics, o índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) dos EUA, que subiu 7,9% em fevereiro na comparação anual, irá atingir entre 8,2% e 8,4% em março. Para o Citi, o Fed deve manter os planos de aumentar os juros na reunião da próxima semana em 25 pontos-base, mas o avanço dos preços coloca pressão para uma alta de 50 pontos base no encontro de maio. Levando em conta tais perspectivas, ao fim da tarde, o juro da T-note de 2 anos subia a 1,698%, o da T-note de 10 anos avançava a 1,993% e o do T-bond de 30 anos tinha alta a 2,371%.

Neste cenário, o dólar avançou ante a maioria das moedas. Para a Capital Economics, apesar do tom relativamente agressivo da decisão de hoje, o BCE deverá aumentar as taxas apenas uma vez este ano devido aos efeitos colaterais da guerra na Ucrânia. Em contraste, a consultoria espera pouco impacto da guerra nas perspectivas econômicas dos EUA, mantendo as projeções para a política monetária do Fed. Os movimentos devem manter o euro desvalorizado na comparação com a moeda americana. Hoje, ao fim da tarde, a moeda comum recuava a US$ 1,0984. O DXY, que mede o dólar ante seis rivais, subiu 0,55%.

Na visão de Edward Moya, analista da Oanda, as ações nos EUA caíram depois que as negociações de alto nível não produziram uma interrupção nos combates e os investidores temem que a guerra na Ucrânia possa levar a uma inflação mais alta por muito mais tempo. O Dow Jones fechou em baixa de 0,34%, o S&P 500 recuou 0,43% e o Nasdaq caiu 0,95%. Na contramão, o destaque foi a Amazon, que subiu 5,41% depois que seu conselho aprovou o desdobramento e a recompra de US$ 10 bilhões em ações. Na Europa, o cenário foi semelhantes, com o FTSE MIB caindo 4,20% em Milão e o DAX recuando 2,93% em Frankfurt.

Com as perspectivas para o conflito, o petróleo chegou a subir mais de 5%, mas inverteu o movimento durante a sessão. Para Moya, "somando-se à pressão sobre os preços do petróleo, está a possibilidade distante de que a Organização dos Países Exportadores de Petróleo Opep possa levar a sério sua intenção de aumentar a produção". Assim, o WTI com entrega abril fechou em baixa de 2,47% (US$ 2,68), a US$ 106,02, enquanto o Brent para maio cedeu 1,63% (US$ 1,81), a US$ 109,33. (Matheus Andrade - [email protected])

Volta

BOLSA

Frustrada a expectativa de que os chefes diplomáticos de Rússia e Ucrânia pudessem dar, sob mediação da Turquia, algum passo em direção a cessar-fogo, a aversão global a risco voltou a estimular a demanda por dólar e a punir os mercados acionários, da Europa aos Estados Unidos e Brasil, nesta quinta-feira. Em Frankfurt, o Banco Central Europeu (BCE) reduziu a projeção de PIB e ampliou a de inflação para 2022, sinalizando que os estímulos monetários na zona do euro precisarão ser retirados de forma célere para se contrapor aos efeitos da explosão das commodities, em particular do custo da energia. Ao comentar a perspectiva para a Europa, o Goldman Sachs aponta que "os mercados parecem precificar um grande choque de estagflação".

Aqui, em dia de anúncio de aumentos de dois dígitos para gasolina (18,7%), diesel (24,9%) e gás de cozinha (16%) pela Petrobras, as ações da estatal (ON +2,80%, PN +3,50%) estiveram, com Vale (ON +3,30%, na máxima do dia no fechamento), entre os componentes da carteira Ibovespa que conseguiram se descolar do sentimento negativo. “Apesar dos percentuais de reajuste impressionarem, ainda deixam os preços praticados pela Petrobras no mercado doméstico para gasolina e diesel, respectivamente, 18% e 9% abaixo de seus custos de importação”, observa em nota Homero Azevedo Guizzo, economista da Terra Investimentos.

Ainda assim, para o UBS BB, a decisão da Petrobras de elevar os preços dos combustíveis em momento de pressão sobre as cotações internacionais mostra a sólida governança da empresa e confirma a política de preços livres, apesar dos ruídos dos últimos dias com relação a eventual interferência do governo na gestão da companhia. Foi o primeiro aumento dos preços em refinaria em quase dois meses.

Com o suporte proporcionado por Petrobras e Vale na sessão, o índice de referência da B3 fechou em leve baixa de 0,21%, aos 113.663,13 pontos, entre mínima de 111.888,81 e máxima de 113.939,00, saindo de abertura aos 113.900,34 pontos. Mais fraco do que nas sessões anteriores, o giro ficou em R$ 34,0 bilhões. Na semana, o Ibovespa cede 0,71% e, no mês, ainda sobe 0,46% - no ano, avança 8,43%.

O choque de oferta produzido pela invasão russa à Ucrânia pegou a economia global num momento de inflação em alta e de políticas monetárias “super expansionistas”, o que força uma reação mais rápida do que o normal dos bancos centrais, avalia o economista-chefe da XP Investimentos, Caio Megale. Diante da escalada nas cotações das commodities, ele já cogita a possibilidade de os juros subirem no Brasil acima da taxa de 12,75% prevista, por enquanto, pelo grupo até o fim do ano.

Para o Credit Suisse, a invasão da Ucrânia pela Rússia agrava gargalos na cadeia produtiva, um quadro que tende a intensificar as pressões inflacionárias nos Estados Unidos nos próximos meses. Assim, após leitura de 7,9% em 12 meses até fevereiro - o maior nível desde janeiro de 1982 - para o índice de preços ao consumidor (CPI), divulgada hoje, atenção redobrada do mercado para a reunião de política monetária do Federal Reserve nas próximas terça e quarta-feira, os mesmos dias em que, aqui, o Copom estará reunido para deliberar sobre a Selic.

Lá fora, “os investidores temem que a guerra na Ucrânia possa levar a uma inflação mais alta por muito mais tempo”, observa em nota Edward Moya, analista da OANDA em Nova York. “O relatório de inflação de hoje (nos EUA, de fevereiro) mostrou pressões generalizadas de preços antes (mesmo) do impacto total do choque global da invasão russa na Ucrânia. Os custos de energia, commodities leves e metais continuarão a sofrer pressão ascendente - e isso começará a crescer à medida que os salários abrandarem”, acrescenta.

No Brasil, mais para o fim da tarde, o dólar perdeu boa parte do fôlego, ficando perto de zerar os ganhos do dia frente ao real, com a leitura de que o formato em que foi aprovado o projeto sobre combustíveis no Senado contribui para reduzir as incertezas fiscais - com o ajuste no câmbio, o Ibovespa levou um pouco adiante a redução das perdas do dia. Ao final, o dólar à vista mostrava leve alta de 0,11%, a R$ 5,0160, entre mínima de R$ 5,0110 e máxima de R$ 5,0760 na sessão.

Na ponta positiva do Ibovespa, destaque nesta quinta-feira para Gerdau PN (+4,61%, na máxima do dia no fechamento), Qualicorp (+4,18%), Petrobras PN (+3,50%) e Vale (ON +3,30%, também no pico do dia). Na face oposta, Embraer (-14,93%), Natura (-9,30%) e Banco Inter (-7,12%). (Luís Eduardo Leal - [email protected], com Eduardo Laguna e Marcia Furlan)

18:26

 Índice Bovespa   Pontos   Var. % 

Último 113663.13 -0.20826

Máxima 113939.00 +0.03

Mínima 111888.81 -1.77

Volume (R$ Bilhões) 3.39B

Volume (US$ Bilhões) 6.72B

18:26

 Índ. Bovespa Futuro   INDICE BOVESPA   Var. % 

Último 114370 -0.37456

Máxima 114650 -0.13

Mínima 112765 -1.77

CÂMBIO

Em dia marcado por fortalecimento da moeda americana no exterior, na esteira da frustração com as negociações para um cessar-fogo entre Rússia e Ucrânia e da divulgação da inflação ao consumidor (CPI) nos EUA, o dólar esboçou uma alta forte no mercado doméstico de câmbio, operando a maior parte do dia ao redor R$ 5,05, tendo atingido máxima a R$ 5,0760 no início da tarde. A moeda, contudo, perdeu força na última hora de negócios e chegou até a flertar com uma virada para o lado negativo, após alívio com a aprovação pelo Senado de projeto para amenizar a alta dos combustíveis. A proposta traz a criação de uma conta de estabilização de preços, auxílio para motoristas de baixa renda e a ampliação do vale-gás para famílias carentes.

Com mínima a R$ 5,0110, o dólar à vista fechou a R$ 5,0160, em leve alta de 0,11%. A moeda acumula perda de 1,23% na semana e de 2,71% em março. Preços de commodities em níveis elevados e taxa de juros local elevada (e em ascensão) servem de anteparo para o real, dizem analistas.

Segundo operadores, além do ambiente externo desfavorável, havia certa cautela diante da possibilidade de soluções mais heterodoxas com intervenção direta na formação de preços, sobretudo após a Petrobras anunciar alta de 18,7% na gasolina, de 24,9% no diesel e de 16% no gás de cozinha. Quase no fechamento do mercado de câmbio, o Senado também aprovou o teto base do projeto que altera a cobrança do ICMS sobre combustíveis.

"A aprovação do projeto no Senado ajudou nesse movimento de recuo do câmbio à tarde. Não que seja exatamente positiva. Ainda existe um problema fiscal. Mas é um ponto a menos de incerteza e mostra que estão buscando um acordo", afirma a economista-chefe do Banco Ourinvest, Fernanda Consorte, que prevê um ambiente de grande volatilidade para os ativos, em razão da guerra no leste europeu. "Ainda existe fluxo de capital para o Brasil que está contendo uma aceleração da taxa de câmbio. Mas não acredito que essa taxa vai ficar baixa se vier uma piora no conflito entre Rússia e Ucrânia".

Aprovado pelo Senado, o projeto dos combustíveis ainda precisa ser apreciado pela Câmara dos Deputados. Fontes da equipe econômica afirmaram ao Broadcast que a criação da conta de estabilização de preço é "inócua", já que não há espaço no teto de gastos para sua adoção. Não haveria folga fiscal nem mesmo para a criação do auxílio-gasolina no valor de até R$ 3 bilhões.

No exterior, o índice DXY - que mede a variação do dólar frente a uma cesta de seis divisas fortes - subiu novamente para a casa de 98,500 pontos, com fortes ganhos em relação ao euro, na esteira o tom moderado da presidente do Banco Central Europeu (BCE), Cristiane Lagarde, após a instituição, como esperado, manter as taxas de juros inalteradas. Frente a divisas emergentes, as maiores altas do dólar foram em relação ao peso colombiano, a lira turca, zloty polonês e o florim húngaro.

O fortalecimento do dólar teve como gatilhos a frustração com a falta de um entendimento para um cessar-fogo entre Rússia e Ucrânia e o índice de inflação ao consumidor (CPI) dos EUA em fevereiro. A inflação americana está no maior nível em 40 anos (e pode ser ainda mais pressionada pela escalada recentes do petróleo), o que aumenta a expectativa para a decisão de política monetária do Federal Reserve, na quarta-feira (16). Embora permaneça a aposta majoritária em elevação inicial de 0,25 ponto porcentual dos juros nos EUA, volta à baila a possibilidade de um tom mais duro do BC americano e possível alta de 0,50 ponto em maio.

O CPI subiu 0,8% em fevereiro, levemente acima do esperado (0,7%), enquanto o núcleo avançou 0,5%, em linha com as expectativas. Na comparação anual, o índice atingiu 7,9% (ante projeção de 7,8%), enquanto o núcleo subiu 6,4% - ambos no maior nível desde 1982.

Ao observar o comportamento da inflação implícita nos títulos de dois anos indexados à inflação nos EUA, o head da tesouraria do Travelex Bank, Marcos Weigt, observa, no Twitter: "Se não vier uma recessão causada pela alta das commodities (principalmente o petróleo), acho bem provável que o Fed suba a taxa de juros bem acima do que o mercado está precificando hoje".

Em relatório, a gestora de recursos Armor Capital afirma que, diante dos impactos inflacionários da guerra no leste europeu, a "tarefa das autoridades monetárias se tornou ainda mais complexa", uma vez que podem "ficar atrasadas com relação às expectativas dos demais agentes econômicos e contribuírem para a disseminação da escalada de preços".

No caso do Brasil, a gestora acredita que os juros deverão ir mais para perto de 13% e prevê que a taxa Selic, hoje em 10,75% ao ano, atinja 12,25%. Como o Fed, o Copom anuncia sua decisão de política monetária na quarta-feira (16). Com a perspectiva de aumento da entrada de recursos para o Brasil, em razão da melhora dos termos de troca provocada pela forte elevação das commodities, a Armor revisou sua projeção para taxa de câmbio no fim deste ano de R$ 5,75 para R$ 5,40. (Antonio Perez - [email protected])

18:26

 Dólar (spot e futuro)   Último   Var. %   Máxima   Mínima 

Dólar Comercial (AE) 5.01600 0.1078 5.07600 5.01100

Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0    

DOLAR COMERCIAL 5045.500 0.02974 5107.000 5041.500

DOLAR COMERCIAL FUTURO 5070.000 09/03    

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