SINAIS DE DIPLOMACIA ENTRE RÚSSIA E UCRÂNIA PUXAM BOLSAS E DERRUBAM JUROS E DÓLAR

Blog, Cenário

O apetite por risco ganhou ainda mais força à tarde, depois que o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, disse estar preparado para fazer concessões para que se alcance o fim do conflito com a Rússia. Tal declaração apenas reforçou os sinais diplomáticos que vinham sendo emitidos por Moscou e Kiev, o que garantiu a forte alta das bolsas, nos EUA e aqui, além de uma rodada de queda do dólar e dos juros futuros. Todos os principais índices de ações em Wall Street subiram mais de 2%, movimento que ajudou a impulsionar o Ibovespa aos 113.900,34 pontos, com alta de 2,43%. Houve alta generalizada das empresas que compõem o índice e o desempenho só não foi mais pronunciado porque a queda das commodities também deixou os papéis de Vale e Petrobras no vermelho. No caso da estatal petroleira, além do tombo de mais de 10% do petróleo, o investidor ficou de olho nas negociações, no Senado, para votar projetos que podem limitar o aumento dos preços dos combustíveis. Sobre isso, aliás, a leitura é de que uma solução não virá de um custo fiscal elevado, o que ajudou, além da melhora externa, na queda dos juros futuros depois de sete pregões acumulando prêmios. As taxas curtas, num dia de produção industrial em queda e perto do piso das estimativas, também cederam, com a possibilidade de um aperto menos intenso, de 1 ponto porcentual em março, ganhando força entre as apostas. Por fim, se o real já vinha performando melhor que os pares em meio às tensões recentes, hoje o apetite por risco abriu espaço para o dólar testar R$ 4,98 na mínima do dia, até terminar num nível um pouco acima, em R$ 5,0106 (-0,84%). No ano, a divisa dos EUA já recua mais de 10%.

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•BOLSA

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MERCADOS INTERNACIONAIS

Sinalizações de uma possível solução diplomática para a guerra na Ucrânia abriu espaço para a tomada de risco nos mercados internacionais, depois que presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, disse estar preparado para fazer concessões para que o fim do conflito seja alcançado. As bolsas em Nova York e na Europa fecharam em alta, os juros dos Treasuries subiram e o dólar ficou misto ante rivais. Já o petróleo despencou 13%, também com a expectativa de menores apertos na oferta. Sanções à Moscou continuaram a ser emitidas por países do Ocidente.

Ao jornal Bild, Zelensky disse que Ucrânia e Rússia fazerem concessões "é a única maneira de sair desta". O líder ucraniano evitou entrar em detalhes e afirmou que só o fará depois que entrar em contato com seu homólogo em Moscou. Putin também esteve em contato com o chanceler alemão, Scholz, sobre caminhos diplomáticos. Em análise, o Danske Bank prevê que os líderes europeus devem acordar uma trégua, apesar de "concessões dolorosas" por parte de Kiev, que não contou com intervenção militar direta do Ocidente e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).

Já o secretário de Estado americano, Anthony Blinken, disse estar convencido de que Putin sofrerá derrota estratégica e comentou o fracasso russo em dominar rapidamente a Ucrânia. Segundo fontes consultadas pelo Washington Post, a Casa Branca ainda avalia novas sanções contra parlamentares da Câmara Alta do Parlamento da Rússia. A União Europeia impôs medidas restritivas para mais 160 indivíduos que teriam tentado ajudar a minar a soberania ucraniana e restringiu o acesso a três bancos de Belarus ao Swift, sistema financeiro internacional. O Reino Unido, por sua vez, anunciou embargo de exportações de tecnologias e bens ligados a aviação e exploração espacial para a Rússia.

Wall Street reagiu com otimismo às notícias de "luz no fim do túnel" e acompanhou as bolsas europeias, que tiveram altas de até 8%. O Dow Jones subiu 2,00%, o S&P 500, 2,57% e o Nasdaq, 3,59%, recuperando parte das perdas recentes. A Capital Economics avalia que os mercados acionários americanos têm resistido bem até o momento, apesar da guerra. Mesmo com os "claros riscos de baixa", a consultoria espera que os índices consigam fazer "pequenos ganhos" ao longo do resto do ano. "Mas com o crescimento desacelerando e o Federal Reserve (Fed)avançando com o aperto [monetário], um rali no estilo 2020/21 provavelmente também não está nas cartas". Em outro relatório, a Capital comenta que, dada a crescente lista de países que impõe restrições ao setor de energia da Rússia, tem aumentado a chance de contração da economia russa e de uma "onda de default corporativos".

No mercado futuro, os contratos do petróleo tombaram após os fortes ganhos recentes. Em segundo plano, o recuo de 1,863 milhão de barris nos estoques de petróleo americanos - bem maior que o previsto por analistas - não foi suficiente para segurar as perdas dos ativos. Além disso, os Emirados Árabes Unidos devem incentivar outros membros da Organização de Países Exportadores de Petróleo (Opep) a elevar seu nível de produção, disse uma autoridade ao Financial Times. Na New York Mercantile Exchange (Nymex), o barril do petróleo WTI com entrega prevista para abril fechou em queda de 12,12% (US$ 15,00), a US$ 108,70, enquanto o do Brent para maio caiu 13,16% (US$ 16,84), a US$ 111,14, na Intercontinental Exchange (ICE).

Com a menor busca por segurança, os juros dos Treasuries ficaram no azul. O retorno da T-note de 2 anos subia a 1,665%, o da T-note de 10 anos avançava a 1,933% e o do T-bond de 30 anos tinha alta a 2,296%, no fim da tarde em Nova York. Já o dólar ficou misto frente suas principais rivais. O índice DXY, que mede a divisa americana frente um cesto de seis moedas competitivas, caiu 1,10%, a 97,968 pontos, enquanto o euro subia a US$ 1,1068, a libra, a US$ 1,3183 e o dólar avançava a 136,536 rublos russos. O ING prevê que o euro ainda deve se enfraquecer ante o dólar, à espera de um Banco Central Europeu (BCE) ainda flexível na reunião monetária deste mês e com as moedas europeias especialmente expostas à proximidade física com o conflito na Ucrânia e aumento dos preços de commodities, especialmente energéticas. Quando ao Fed, a Capital Economics ainda espera que o plano seja de elevar juros gradualmente, com alta de 25 pontos-base no encontro monetário da próxima quarta-feira, 16. (Ilana Cardial - [email protected])

Volta

BOLSA

No 14º dia de conflito, sinais da Ucrânia e especialmente da Rússia de que a diplomacia é a melhor via para a solução do litígio entre os dois países melhoraram o humor global com ganhos que se aproximaram de 8% nesta quarta-feira em Frankfurt (DAX), que fechou na máxima da sessão assim como Londres (+3,25%) e Paris (+7,13%). Em Nova York, destaque para o Nasdaq (+3,59%), enquanto em São Paulo, em dia de acentuado recuo para o petróleo, negociado bem abaixo de US$ 120 por barril na Nymex (WTI) e também na ICE (Brent), o Ibovespa teve alta de 2,43%, a 113.900,34 pontos, vindo de quatro perdas seguidas. Entre a mínima e a máxima, oscilou dos 111.207,23 aos 114.051,39, do fim da tarde, saindo de abertura a 111.209,75 pontos.

A forte recuperação nos grandes bancos, com ganhos entre 4,98% (Itaú PN) e 8,79% (Unit do Santander), levou o Ibovespa a renovar máximas do dia à tarde, mais do que compensando o desempenho negativo das gigantes das commodities (ao final misto para Petrobras, ON -0,03%, PN +0,31%), especialmente Vale (ON -2,64%). Na ponta do Ibovespa, ganhos de dois dígitos para CVC (+16,97%), Natura (+16,25%), Banco Inter (+15,18%), Gol (+12,09%), MRV (+10,91%) e Qualicorp (+10,20%). No lado oposto, o setor de commodities, com PetroRio (-6,44%), 3R Petroleum (-4,35%) e Vale (ON -2,64%), além de Bradespar (-1,90%). O giro na B3 segue forte, a R$ 40,2 bilhões na sessão. Na semana, o Ibovespa ainda cede 0,50%, mas volta a subir no mês (+0,67%) - no ano, ganha 8,66%.

A Ucrânia tem manifestado nos últimos dias disposição de discutir estatuto de neutralidade para o país. A “desmilitarização” da Ucrânia, país que há anos vinha buscando aproximação do Ocidente por meio de pretendido acesso a organizações como a União Europeia e a Otan, era um dos objetivos manifestos da chamada “operação militar especial” deflagrada pelo presidente russo, Vladimir Putin, no último dia 24. Hoje, a porta-voz da chancelaria russa, Maria Zakharova, disse que seu país não pretende ocupar o vizinho nem derrubar o governo ucraniano.

O tom mais moderado de ambas as partes foi interpretado pelo mercado como indicação de que a guerra começa a frear a determinação dos envolvidos, inclinando-os à mesa de negociação de forma mais efetiva do que a observada nas três primeiras rodadas de conversa. Assim, no meio da tarde, o petróleo passou a mostrar correção acima de 12% na sessão, com o relato de que o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, estaria pronto a fazer concessões à Rússia por solução do conflito.

"Concessões podem ser feitas, mas não devem ser a traição do meu país. E o outro lado também deve estar preparado para se comprometer - é por isso que são chamadas de concessões. Esta é a única maneira de sair desta situação. Ainda não podemos falar sobre os detalhes. Ainda não tivemos contato direto entre os presidentes. Somente após as conversas diretas entre os dois presidentes podemos acabar com essa guerra", disse Zelensky, em entrevista ao jornal alemão Bild.

“O rali de hoje foi mais uma compra (de oportunidade) devido a condições de sobrevenda, mas essa situação, extremamente complicada, provavelmente não terá uma solução rápida. A Ucrânia dificilmente cederá (quanto) a reconhecer como russas a Crimeia e as regiões controladas pelos separatistas”, observa em nota Edward Moya, analista de mercado financeiro da OANDA em Nova York.

“Há muita preocupação ainda com a inflação global e, mesmo que haja avanço no sentido de solução diplomática para o conflito, nosso entendimento é de que as sanções continuem por tempo maior, até pelos problemas que a Rússia já causou. Assim, os preços de energia devem seguir mais altos, assim como os juros. Muita expectativa então para o que o Fed decidirá e sinalizará na próxima semana - e aqui, para o Copom”, diz Rodrigo Santin, CIO da Legend, destacando a “impaciência do mercado” quanto a possibilidade de “leniência do Fed”, traduzida no Fra de inflação implícita (2027-2031) para os Estados Unidos, apesar do ajuste visto hoje em função da queda do barril de petróleo.

Aqui, os juros futuros têm se mostrado voláteis, tamanho o grau de incerteza global visto nos últimos dias. “Há muito fluxo no momento para Brasil e isso causa efeito na percepção. Apesar da inclinação vista recentemente na curva, agora já há no mercado expectativa - de 40% - de que possa haver um corte de 25 pontos-base (na Selic) para outubro”, acrescenta Santin.

Em Brasília, a possibilidade de russos e ucranianos se entenderem tirou parte da pressão por uma resposta ágil aos preços dos combustíveis - o Brent recuou hoje para a casa de US$ 105, na mínima do dia, após ter ficado bem perto de US$ 140 por barril na segunda-feira; na máxima de hoje, foi a US$ 131,64. Sem consenso sobre a adoção de subsídio temporário de três a seis meses, o governo decidiu aguardar os desdobramentos da guerra e colocar, no momento, as fichas na aprovação do projeto de lei complementar que isenta o diesel da cobrança do PIS/Cofins, dois tributos do governo federal, reportam os jornalistas Adriana Fernandes, Daniel Weterman e Eduardo Gayer, da sucursal de Brasília.

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), reforçou a intenção de votar hoje os dois projetos relacionados ao preço dos combustíveis no plenário da Casa. O pacote inclui a criação de uma conta de estabilização dos preços e mudanças no modelo de cobrança do ICMS. De acordo com aliados, o presidente da Casa não garante a aprovação das propostas hoje. As medidas servirão para o Senado, "pelo menos, iniciar o debate", conforme interlocutores, reporta Daniel Weterman.

Em entrevista a jornalistas no Senado, Pacheco afirmou que os projetos contribuem para a solução desejada, ou seja, a redução dos preços ao consumidor final. A equipe econômica é contra a conta de estabilização e insiste no projeto do ICMS, proposta criticada por governadores. (Luís Eduardo Leal - [email protected])

18:19

 Índice Bovespa   Pontos   Var. % 

Último 113900.34 2.42519

Máxima 114051.39 +2.56

Mínima 111207.23 0.00

Volume (R$ Bilhões) 4.02B

Volume (US$ Bilhões) 8.02B

18:24

 Índ. Bovespa Futuro   INDICE BOVESPA   Var. % 

Último 114850 2.5538

Máxima 115120 +2.79

Mínima 112670 +0.61

CÂMBIO

Sinais de um possível desenlace diplomático para o conflito militar no leste europeu, após declarações de autoridades russas e ucranianas, incluindo o presidente Volodymyr Zelensky, abriram espaço para um amplo movimento global de recuperação de ativos de risco nesta quarta-feira (09). Em sintonia com as perdas expressivas da moeda americana frente a divisas emergentes e fortes, sobretudo em relação ao euro, o dólar à vista caiu no mercado doméstico de câmbio e chegou a flertar com fechamento abaixo do nível psicológico de R$ 5,00.

As mínimas da sessão foram registradas no fim da manhã, quando o dólar não apenas furou o piso de R$ 5,00 como desceu até a casa de R$ 4,98, ao tocar R$ 4,9851. Ao longo da tarde, a moeda desacelerou o ritmo de baixa e passou a trabalhar na casa de R$ 5,00. Dados do fluxo cambial divulgados hoje mostraram que houve uma pausa na entrada de recursos para aplicações em portfólio no início de março, o que - ao lado de uma realização de lucros intraday - pode ter contribuído para tirar um pouco do fôlego do real, segundo operadores.

No fim do dia, o dólar à vista recuava 0,84%, a R$ 5,0106 - menor nível de fechamento desde 30 de junho do ano passado. Com isso, a moeda já acumula perda de 1,33% na semana e de 2,81% em março, levando a desvalorização em 2022 para a casa de dois dígitos (-10,14%).

Segundo o Banco Central, em março (até o dia 4), o fluxo cambial total foi positivo em US$ 507 milhões, graças à entrada líquida de US$ 626 milhões via comércio exterior. Já o canal financeiro apresentou saída líquida de US$ 119 milhões no período. No acumulado do ano, contudo, o fluxo total é positivo em US$ 8,340 bilhões, com entrada líquida de expressivos US$ 8,839 bilhões pelo canal financeiro.

Nas mesas de operação, avalia-se que, se não houver nova escalada do conflito militar e das sanções econômicas, desencadeando novas ondas de forte aversão ao risco, o real tem espaço para continuar a se valorizar. Apesar da queda das commodities hoje e de eventuais novos recuos, em caso de solução diplomática para a guerra, matérias-primas exportadas pelo Brasil seguirão em patamares elevados - o que atrai dólares tanto via comércio exterior como por meio de compra de ações de empresas brasileiras.

"Os ativos domésticos, como ações, são vistos pelos investidores estrangeiros como hedge (proteção) contra a inflação global, que é muito ligada a essa questão de commodities", afirma o head da Tesouraria do Travelex Bank, Marcos Weigt, ressaltando que matérias-primas relevantes para o Brasil, como minério de ferro e soja, já estavam em alta antes mesmo da guerra e não devem sofrer grande desvalorização.

Embora o mercado possa retirar dos preços as apostas mais agressivas de alta da Selic, é bem provável que o BC leve a taxa para perto (ou até acima) de 13% ao ano, como mostra a curva a termo. Mesmo com o processo de alta de juros nos Estados Unidos - o Federal reserve deve promover uma elevação inicial de 0,25 ponto na próxima semana -, o diferencial de juros interno e externo seguirá enorme, atraindo operações de carry trade.

Weigt, da Travelex, chama a atenção para o fato de as taxas de juros futuros estarem acima de 12%, com a taxa para janeiro de 2023, mesmo após o recuo de hoje, na casa de 12,90%. Na prática, isso significa que o mercado precifica um CDI médio de 12,90% daqui até janeiro do ano que vem. "Para o próximo encontro do Copom [dia 16], o mercado precifica alta de 1 ponto porcentual. E a Selic iria até 13,50%. É muito juro", diz o tesoureiro, acrescentando que o real também pode ser beneficiado pela realocação de recursos por fundos passivos no exterior, após exclusão de ativos russos de índices como o MSCI. "O dólar pode continuar caindo e atingir R$ 4,90 nos próximos dias", afirma.

No exterior, o índice DXY - que mede o desempenho do dólar frente a uma cesta de seis moedas fortes - registrou mínima aos 97,853 pontos e, quando o mercado doméstico fechou, recuava 1,12%, aos 97,953 pontos, com perdas de mais de 1,50% frente ao euro. Frente a divisas emergentes, o dólar apresentou as maiores quedas ante moedas de países do leste europeu (mais castigadas com a eclosão da guerra), como o florim húngaro (-4,19%) e o zloty polonês (-3,39%).

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, disse, em entrevista ao jornal alemão Bild, estar preparado para fazer concessões à Rússia para encerrar a guerra, quando questionado se pode reconhecer a região de Donbass como independente e a Crimeia como parte da Rússia. Zelensky já havia sinalizado que pode abandonar a intenção de integrar a Otan, adotando uma postura de neutralidade em relação a disputas geopolíticas entre países do ocidente e a Rússia.

No front doméstico, as mesas de operação acompanham o debate em torno dos projetos para conter a alta dos preços dos combustíveis. Ontem, o ministro da Economia, Paulo Guedes, descartou a possibilidade de congelamento de preços pela Petrobras. A expectativa se dá em torno de votação, talvez ainda hoje, de projetos de lei no Senado, que trazem alteração da cobrança do ICMS (estadual) e criação de conta de estabilização de preços. Também poderá haver redução de PIS e Cofins (tributos federais) sobre diesel e gás de cozinha. (Antonio Perez - [email protected])

18:24

 Dólar (spot e futuro)   Último   Var. %   Máxima   Mínima 

Dólar Comercial (AE) 5.01060 -0.843 5.03580 4.98510

Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0    

DOLAR COMERCIAL 5044.000 -0.95238 5068.500 5017.500

DOLAR COMERCIAL FUTURO 5070.000 -1.36879 5070.000 5070.000

JUROS

O tombo dos preços do petróleo e os sinais de que Rússia e Ucrânia podem fechar em breve um acordo de cessar-fogo resultaram em queda para os juros futuros. Após subirem por sete sessões, ou desde o início da guerra no leste europeu, as taxas longas finalmente devolveram prêmios, em ritmo mais forte do que as da ponta curta, mas ainda seguem infladas. Internamente, favoreceu o alívio nas taxas a percepção de que as soluções que o governo deve adotar para reduzir os preços dos combustíveis não virão de radicalismos fiscais. Os ajustes nas apostas para o Copom de curto prazo, iniciado ontem, tiveram sequência, com a expectativa de aumento de 1 ponto porcentual em março ganhando mais terreno, movimento autorizado pela queda da produção industrial em janeiro, perto do piso das previsões.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 fechou em 12,905% (regular) e 12,915% (estendida), de 13,057% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2024 caiu de 12,825% para 12,595% (regular) e 12,67% (estendida). O DI para janeiro de 2025 terminou com taxa de 12,12% (regular) e 12,19% (estendida), de 12,282%, e o DI para janeiro de 2027, a 12,035% (regular) e 12,11% (estendida), de 12,261%.

O alívio nos prêmios de risco começou ainda ontem no fim da sessão, com fatores internos e externos, e hoje se consolidou. A sinalização da Ucrânia de que cederia na questão da entrada na Otan já era vista como um aceno às exigências russas para a retirada das tropas e, hoje, o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, afirmou estar preparado para fazer concessões em prol de terminar a guerra, mas que o outro lado também teria de se comprometer. Já a Rússia disse que as negociações avançaram e garantiu que o país não tem como objetivo ocupar o território vizinho ou derrubar o governo. O cessar-fogo para a formação de corredores humanitários, do mesmo modo, foi visto como um sinal positivo.

Como resultado, os preços do petróleo, que desde o início do conflito vinham ditando o ritmo da curva, dado o potencial inflacionário, despencaram cerca de 12%, ainda que estejam acima de US$ 100 o barril. Também animou o mercado o fato de que os Estados Unidos estão liberando barris de suas reservas estratégicas para elevar a oferta.

O movimento do petróleo por si só já seria motivo para a curva fechar, mas o mercado fez uma leitura conjunta do comportamento da commodity com as soluções aventadas pelo governo para mitigar os impactos na inflação. "Quanto mais o petróleo sobe, mais aumenta a defasagem ante os preços internacionais e também a pressão pelo uso de criatividade fiscal para a questão do combustíveis. Com a melhora lá fora, o risco de malabarismos fiscais aqui diminui", afirma o gestor de renda fixa da Sicredi Asset, Cássio Andrade Xavier.

As reuniões entre Executivo, o Legislativo e ministros para discutir a redução dos preços de combustíveis terminou sem definição nesta quarta-feira, com o governo parecendo querer ganhar tempo até a guerra acabar. A adoção de um subsídio temporário de três a seis meses ainda está na mesa, mas ontem o ministro Paulo Guedes descartou ao menos a possibilidade de congelamento de preços, aliviando assim os piores temores do mercado. Segundo fontes, integrantes do Tribunal de Contas da União veem base para o governo lançar mão de crédito extraordinário para aplicar o subsídio, sob o argumento de que a mudança no patamar dos preços do petróleo era um gasto imprevisível.

Nesse meio tempo, o governo torce pela aprovação do projeto de lei complementar 11 que vai isentar o diesel da cobrança do PIS/Cofins, dois tributos cobrados pelo governo federal, e que está na pauta de votação hoje do Senado.

No Brasil, a agenda da quarta-feira trouxe a queda de 2,4% na produção industrial de janeiro ante dezembro, mais forte do que a mediana das estimativas (-1,8%) e perto do piso do intervalo (-2,7%). Foi o recuo mais acentuado desde março de 2021 (-2,5%). Para o IBGE, os números mostraram que a alta de 2,9% em dezembro foi um ponto fora da curva.

O cenário é de pessimismo para a atividade e dados da indústria deram fôlego ao ajustes nas apostas de Copom, com o mercado recolhendo fichas numa dose mais agressiva e retomando expectativas numa alta de 1 ponto porcentual. Enquanto isso, os departamentos financeiros vão na direção oposta, elevando previsões de IPCA e Selic. O Credit Suisse informou hoje ter revisto sua projeção de inflação em 2022 para 7,0%, de 6,2% anteriormente, e em 2023, de 3,8% para 4%. O banco espera agora Selic de 13,25% no fim do ciclo, de 12,25% anteriormente.

Para Xavier, do Sicredi, diante do resultado da indústria e da perspectiva de fim da guerra, que pode reduzir a pressão no mercado de petróleo e na inflação global, as revisões que vêm sendo feitas nesta semana são prematuras. "Os economistas parecem ter precificado a guerra e realmente os efeitos sobre as commodities assustaram, mas se não houver malabarismos fiscais, o movimento parece exagerado. Vamos ver como o cenário vai evoluir", disse. (Denise Abarca - [email protected])

18:23

 Operação   Último 

CDB Prefixado 30 dias (%a.a) 11.45

Capital de Giro (%a.a) 6.76

Hot Money (%a.m) 0.63

CDI Over (%a.a) 10.65

Over Selic (%a.a) 10.65

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