TOMADA DE USINA POR RÚSSIA DISPARA RISCO, COMMODITIES SOBEM E DIS VEEM SELIC MAIOR

Blog, Cenário

A escalada do conflito no Leste Europeu, após a Rússia atacar e tomar o controle da maior usina nuclear na Europa, em território ucraniano, fez disparar a aversão ao risco global, com tombo das bolsas, queda de moedas emergentes, como o real, e disparada dos juros futuros no Brasil. Nesse último caso, a leitura é que a escalada ininterrupta de commodities, como o petróleo, deve ampliar a pressão sobre a já elevada inflação global e brasileira. Como resultado, na visão dos investidores, o Banco Central, que já vinha prometendo uma política monetária restritiva, pode ter de elevar ainda mais a Selic. E é isso que o mercado coloca no preço. As chances de o juro básico subir 1,25 ponto porcentual neste mês já se tornou majoritária, enquanto a precificação para Selic terminal avançou a 13,75%. Mesmo com um aumento ainda maior no diferencial entre os juros externos e internos, o que favoreceria operações de carry trade, o real seguiu a tendência dos pares e sucumbiu à força do dólar. Em meio aos temores de um conflito atômico e à intensa reação negativa dos ativos europeus, os agentes correram para a moeda dos EUA e outras consideradas fortes. Assim, apesar de ceder 1,50% na semana em meio ao fluxo de entrada de recursos no País, seja para renda fixa, seja para ações de empresas exportadoras de commodities, a divisa americana subiu 1,00% nesta sexta, a R$ 5,0783. Na renda variável, houve importante movimento de venda, com os principais índices de Wall Street em baixa de até 1,66%, no caso do Nasdaq, ainda que distantes dos tombos anotados pelas praças europeias, superiores a 6% em alguns casos. Com isso, o Ibovespa, que vinha conseguindo se descolar dessa espiral negativa e ainda garantiu alta de 1,18% na semana, foi tragado nesta sexta e cedeu 0,60%, aos 114.473,78. Houve queda generalizada das ações, incluindo Petrobras, que a despeito da disparada do petróleo em meio a sanções dos EUA contra o setor na Rússia, foi afetada por declarações do presidente Jair Bolsonaro, sugerindo que a estatal deveria lucrar menos.

•MERCADOS INTERNACIONAIS

•JUROS

•BOLSA

•CÂMBIO

MERCADOS INTERNACIONAIS

A repercussão do ataque e domínio da maior usina nuclear da Europa pela Rússia seguiu nos holofotes nesta tarde. Na ONU, os Estados Unidos disseram que o mundo escapou por pouco de uma "catástrofe nuclear", enquanto a Rússia afirma ser alvo de mentiras e estar protegendo a usina de "nacionalistas ucranianos". Dando continuidade as sanções, os EUA anunciaram novas medidas contra o setor de petróleo russo e o G7 disse que irá continuar a impor medidas "severas" contra o país. Os ativos de petróleo fecharam com alta acumulada de 20% na semana. Apesar da expectativa de que uma terceira rodada de negociações entre Kiev e Moscou se dê neste fim de semana, o sentimento pesou sobre os mercados. As bolsas de Nova York operaram o dia todo no vermelho e a S&P Dow Jones Índices (S&P DJI) anunciou que irá retirar de seus índices todas as ações listadas ou sediadas na Rússia. Com a maior cautela, os juros dos Treasuries caíram, enquanto o dólar teve alta ante suas principais rivais. Em segundo plano, o presidente Joe Biden comemorou o progresso do mercado de trabalho americano, após resultado de payroll mais forte que o esperado.

Em reunião do Conselho de Segurança das Nações Unidas (CSNU) hoje, a enviada dos EUA condenou o ataque russo à usina nuclear de Zaporizhzhia, ao que chamou de uma quase "catástrofe nuclear". O diplomata da Rússia, por sua vez, disse que o país é alvo de campanha "sem precedentes" de desinformação e mentiras. O controle da usina teria sido para evitar a posse por "nacionalistas ucranianos" e provocações nucleares, disse ele. Já o embaixador do Brasil na ONU, Ronaldo Costa Filho, criticou a incapacidade do CSNU de agir construtivamente para uma solução do atual conflito, no qual "um cessar-fogo e o fim das hostilidades parecem distantes".

Novas negociações entre Rússia e Ucrânia devem ocorrer no fim de semana, disse o presidente Vladimir Putin ao chanceler Olaf Scholz. Em comunicado, após reunião hoje, o G7 pediu o fim imediato do ataque à Ucrânia, destacando que Putin isolou a Rússia do mundo. O grupo das maiores economias globais reiterou apoio à Kiev e garantiu que irá buscar responsáveis pelos crimes de guerra e ampliar "sanções severas" contra o país. Hoje, os EUA anunciaram "rígidas" restrições de exportações ao setor de refinamento de petróleo russo.

Com temores de que a oferta global do petróleo fique mais apertada, os contratos dispararam no mercado futuro. Na New York Mercantile Exchange (Nymex), o barril do petróleo WTI para abril subiu 7,44% hoje (US$ 8,01) e 26,30% na semana, a US$ 115,68. Já o do Brent avançou 6,93% nesta sessão (US$ 7,65) e 25,49% no acumulado semanal, a US$ 118,11, na Intercontinental Exchange (ICE). A Casa Branca disse estar estudando opções para reduzir consumo de energia proveniente da Rússia, enquanto o secretário de Estado americano afirmou que novas sanções no setor de energia não estão descartadas.

Ainda neste cenário, os mercados acionários operaram em território negativo durante toda sessão. Depois das quedas de até 6% na Europa, O Dow Jones caiu 0,53%%, o S&P 500, 0,79% e o Nasdaq, 1,66% em Nova York. A S&P Dow Jones Índices (S&P DJI) anunciou que irá retirar de seus índices de Wall Street todas as ações listadas e/ou sediadas na Rússia a partir da próxima terça-feira, 09. A empresa também reclassificará a Rússia de "mercado emergente" para "standalone". Nesta semana, Fitch, Moody's e S&P rebaixaram os ratings soberanos do país.

Com a maior cautela, os juros dos Treasuries caíam no fim da tarde em Nova York. O retorno da T-note de 2 anos cedia a 1,483%, o da T-note de 10 anos, a 1,730% e o do T-bond de 30 anos, a 2,150%. Porto seguro dos investidores, o dólar também subiu ante rivais, com euro caindo a US$ 1,0922 e a libra, a US$ 1,3234. O índice DXY subiu 0,88%, a 98,648 pontos, com ganho de 2,10% na comparação semanal, depois de ter atingido os maiores níveis desde maio de 2020. Ainda que como pano de fundo, o resultado mais forte que o esperado contribuiu para alta da moeda. Biden celebrou a melhora do mercado de trabalho e afirmou que sua maior prioridade é manter preços sob controle. (Ilana Cardial - [email protected])

Volta

JUROS

A sexta-feira foi mais um dia pesado na curva de juros, com taxas em alta firme e generalizada durante toda a sessão, refletindo o pessimismo quanto ao desenrolar do conflito no leste europeu, especialmente depois da Rússia bombardear na Ucrânia a maior usina nuclear da Europa, acirrando os temores de uma guerra atômica, ainda que não tenha havido, por ora, registro de elevação nos níveis de radiação. Em resposta, o Ocidente anunciou mais sanções econômicas a Moscou.

O aumento da tensão geopolítica deu novo gás ao rali das commodities, o que reforça as preocupações com a inflação no Brasil, com o mercado ampliando as fichas num Copom mais agressivo. A aposta de alta de elevação da Selic em 1,25 ponto porcentual na reunião de março não só apareceu na curva como é majoritária, com probabilidade em torno de 70%, enquanto a projeção de Selic terminal avançou a 13,75%. Deu uma pequena contribuição para a pressão nas taxas curtas o PIB acima do esperado.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 fechou em 12,975% (regular) e 12,98% (estendida), mas nas máximas do dia superou a marca de 13%, de 12,80% ontem no ajuste. O DI para janeiro de 2024 terminou com taxa de 12,60% (regular) e 12,585% (estendida), de 12,394% ontem, e o DI para janeiro de 2025 voltou a 12,00% (regular) e 11,97% (estendida), de 11,752% ontem. O DI para janeiro de 2027 avançou de 11,501% para 11,71% (regular) e 11,695% (estendida).

Na semana, a piora na percepção sobre a inflação a partir do desempenho das matérias-primas, com consequente aumento da expectativa de uma postura mais hawkish do Copom, promoveu forte desinclinação da curva. O diferencial entre os DIs para janeiro de 2027 e janeiro de 2023 fechou a -128 pontos-base, de -116 pontos na sexta-feira passada.

A invasão da Ucrânia, que de início se considerava de curta duração, chega ao seu nono dia espalhando temor pelo mundo, sobretudo pelo futuro da Europa, na medida em que Vladimir Putin parece dobrar a aposta, resultando em respostas imediatas das autoridades no Ocidente. Do ponto de vista econômico, pesa o risco à oferta de matérias-primas, principalmente petróleo, que hoje fechou com alta na casa de 7%, com o barril do Brent, referência para a Petrobras, a US$ 118.

Para Anatole Kaletsky, sócio-fundador e economista-chefe da Gavekal Research, o cenário mais provável para a guerra é que a situação atual perdure por mais três ou seis meses. Nesse ambiente, o caso mais grave seria uma escalada da sanções, levando a uma explosão dos preços do petróleo e da inflação mundial. "Este cenário seria extremamente negativo", disse Kaletsky em evento do BTG Pactual. Neste caso, o preço do petróleo bateria em US$ 150 o barril, a inflação subiria de forma relevante no mundo."

O secretário de Estado americano, Antony Blinken, disse, sobre potenciais sanções, que "nada está fora da mesa", mas os EUA não têm o interesse estratégico de reduzir a oferta global de energia. A Casa Branca diz estar observando "opções" para reduzir o consumo de energia que vem da Rússia, sem causar disrupção nos mercados.

"Desde a eclosão do conflito, temos a Bolsa e o real com bom desempenho, e o DI na contramão, o que mostra que são mesmo as commodities que estão explicando a dinâmica dos mercados", disse o economista-chefe do Banco Original, Marco Antonio Caruso. Para ele, por mais que o real esteja se beneficiando da explosão dos preços internacionais, o saldo da guerra é inflacionário e já não há mais espaço para acomodar choques. "Enquanto o real tem valorização em torno de 10% no ano, o petróleo Brent já subiu 51%", comentou, acrescentando que a defasagem dos preços da gasolina está em 33%.

Nesse cenário, as apostas para alta da Selic foram reforçadas na curva de juros. A precificação para a reunião de março já aponta 70% de chance de alta de 1,25 ponto contra 30% de avanço de 1 ponto - ontem a precificação era de praticamente 1 ponto. Para a reunião de maio, o quadro está dividido entre 0,75 e 1 ponto e para junho, dividido entre 0,50 e 0,75 ponto. A curva projeta Selic terminal de 13,75% e de 13,40% no fim de 2022. Os números são da Greenbay Investimentos.

Segundo Caruso, o PIB acima do consenso adicionou uma "pitadinha" de pressão nas taxas curtas, contribuindo um pouco para reduzir as apostas de que o Copom tenha espaço para começar a cortar a Selic ainda este ano. O PIB do quarto trimestre subiu 0,5% na margem, no teto das estimativas, e o de 2021 subiu 4,6%, ligeiramente acima da mediana de 4,5%. Em pesquisa da relâmpago realizada pelo Projeções Broadcast após os números, a mediana das previsões para 2022 subiu de 0,2% para 0,4%. (Denise Abarca - [email protected])

18:28

 Operação   Último 

CDB Prefixado 31 dias (%a.a) 11.32

Capital de Giro (%a.a) 6.76

Hot Money (%a.m) 0.63

CDI Over (%a.a) 10.65

Over Selic (%a.a) 10.65

BOLSA

Com apenas duas sessões e meia desde a retomada dos negócios no início da tarde de quarta-feira de cinzas, o Ibovespa conseguiu sustentar ganho de 1,18% na semana, na contramão da aversão a risco no exterior, que colocou as perdas do intervalo nas principais praças mundiais entre 1,27% (S&P 500, de Nova York) e 12,84% (FTSE MIB, de Milão) - a bolsa de Moscou nem chegou a abrir esta semana. Hoje, a referência da B3 não escapou da incerteza derivada da escalada militar no leste europeu após o ataque militar russo, na madrugada, à maior usina nuclear do continente, em território ucraniano.

O índice fechou esta sexta-feira em baixa de 0,60%, aos 114.473,78 pontos, em dia de forte avanço para o petróleo e de leve queda para o minério, ambos ainda sustentados como outras commodities (trigo) e insumos (alumínio) pela incerteza geopolítica em dois grandes produtores de matérias-primas. No ano, o Ibovespa avança 9,21%.

Entre a máxima e a mínima desta sexta-feira, oscilou dos 115.165,55, da abertura, aos 113.389,43 pontos, com giro moderado, a R$ 28,2 bilhões no fechamento. Mesmo com desempenho negativo nesta sexta-feira após virtual estabilidade no dia anterior (-0,01%), o Ibovespa assegurou ganho na semana com o otimismo global da tarde de quarta-feira, quando prevalecia expectativa do mercado para um cessar-fogo. Assim, emenda agora duas semanas de avanço, vindo de modesto ganho de 0,23% no período anterior, marcado pela eclosão da guerra numa quinta-feira, 24 de fevereiro.

Com os olhos do mundo no acirramento do conflito, o medo de que os efeitos da crise - já perceptíveis no crescimento do número de refugiados - venham a colocar em risco a própria segurança de outros países europeus, e mesmo dos Estados Unidos, deixou em segundo plano, no retrovisor do Brasil, a leitura sobre o PIB de 2021, em recuperação ante o primeiro ano da pandemia, e lá fora, a forte leitura sobre o mercado de trabalho dos Estados Unidos em fevereiro, também divulgada nesta sexta-feira.

“Olhando dentro do S&P 500, o que está subindo (mais de 25% em fevereiro) é apenas o setor de energia. Há uma rotação ocorrendo em todo o mundo, com saída das ações de 'growth' (crescimento) para ativos mais defensivos. As ações de commodities são um hedge para inflação, e os preços das matérias-primas estão explodindo, sejam as cotações de alimentos, da energia e dos materiais básicos, que é o que tem na Bolsa brasileira. Quem tem correlação com commodities acaba sendo alternativa neste momento de cautela. Basta ver o que está acontecendo também com a moeda da Austrália, outra economia, como a nossa, com exposição a commodities”, observa Rodrigo Jolig, sócio e CIO da Alphatree Capital.

Da mesma forma, com toda aversão a risco que tem prevalecido no mundo desde o último dia 24, o dólar acumulou queda de 1,50% nesta semana frente ao real, tendo chegado na mínima de hoje a R$ 5,0260, com máxima a R$ 5,10, e fechamento a R$ 5,0783 (+1,00% na sessão). Em Nova York, mais uma vez o índice de tecnologia, Nasdaq, puxou as perdas do dia, em baixa de 1,66% no fechamento.

Aqui, a resiliência mostrada pelo câmbio e pela Bolsa indica que o Brasil, apesar da gravidade do momento, continua a atrair fluxo externo. “Temos um equilíbrio instável. Se a situação se agravar, pode prevalecer a fuga para qualidade, em dólar e Treasuries. Aí o fluxo pra cá seca”, diz Rodrigo Knudsen, gestor da Vitreo. Ele destaca o movimento desta sexta-feira na curva de juros, em estresse, com os juros curtos subindo ainda mais do que os longos, mostrando que o mercado, que já precificava aumento de 100 bps para a Selic na próxima reunião do Copom (em 15 e 16 de março), precifica agora outro também, de 75 a 100 bps, em maio. “A percepção agora é esta: guerra, medo e commodities subindo; mais inflação, mais juros”, acrescenta.

Ainda assim, a perspectiva do mercado financeiro para as ações no curtíssimo prazo mostrou melhora no Termômetro Broadcast Bolsa desta sexta-feira, em relação ao levantamento da semana passada. Entre os participantes, 46,15% disseram esperar ganho para o Ibovespa na semana que vem, porcentual maior do que os 23,08% apurados na última pesquisa. A fatia dos que preveem baixa recuou de 38,46% para 15,38% e a dos que responderam estabilidade permaneceu em 38,46%.

Na ponta positiva do Ibovespa nesta sexta-feira, destaque para Suzano (+6,70%), Bradespar (+4,97%) e Klabin (+4,83%). No lado oposto, Azul (-7,77%), Gol (-7,64%), e CVC (-6,67%). Entre as blue chips, apesar do avanço do petróleo, ajuste negativo para Petrobras na sessão (ON -0,67%, PN -0,03%), enquanto Vale ON avançou 2,28% apesar de pequena perda, pontual, no preço do minério de ferro nesta sexta-feira. Entre os grandes bancos, o dia foi de queda entre 1,52% (Itaú PN) e 2,88% (Bradesco PN). (Luís Eduardo Leal - [email protected])

18:25

 Índice Bovespa   Pontos   Var. % 

Último 114473.78 -0.60067

Máxima 115165.55 0.00

Mínima 113389.43 -1.54

Volume (R$ Bilhões) 2.81B

Volume (US$ Bilhões) 5.55B

18:30

 Índ. Bovespa Futuro   INDICE BOVESPA   Var. % 

Último 115570 -0.88761

Máxima 116185 -0.36

Mínima 114550 -1.76

CÂMBIO

Após dois dias de queda expressiva, em que acumulou desvalorização de 2,47% e flertou com o rompimento do piso de R$ 5,00, o dólar subiu hoje no mercado doméstico de câmbio em sintonia com a valorização da moeda americana no exterior. O recrudescimento da guerra no leste europeu, na esteira do ataque russo a uma usina nuclear na Ucrânia (a maior da Europa), desencadeou um movimento global de aversão ao risco. Investidores venderam ações e correram para se abrigar no dólar e nos títulos do Tesouro americano na véspera do fim de semana.

No fim da manhã, momento de maior estresse, a divida registrou a máxima do pregão, cotada a R$ 5,10 (+1,43%). O dólar desacelerou o ritmo de alta ao longo da tarde e fechou a R$ 5,0783, em alta de 1,00%. Apesar disso, encerra a semana pós-Carnaval, que contou com apenas três pregões, em queda de 1,50% - o que leva a desvalorização acumulada neste ano a 8,92%.

Lá fora, o DXY - que mede o desempenho do dólar frente a uma cesta de seis divisas fortes - trabalhou durante o dia em forte alta e, na máxima, chegou a se aproximar dos 99,000 pontos. O dólar subiu em bloco em relação a divisas emergentes e de países exportadores de commodities, com ganhos superiores a 2% frente a moedas do leste europeu, como o florim húngaro e o zloty polonês. O rublo, como era de se esperar, foi quem mais sofreu, com perdas de dois dígitos.

"O driver hoje foi a questão geopolítica. O mercado estava se segurando relativamente bem, mas essa questão ligada à energia nuclear é algo mais perigoso. Temos fluxo para o Brasil, mas o dólar pode ter uma correção e subir mais com essa piora do risco", afirma o economista Bruno Mori, planejador financeiro pela Planejar.

A despeito da alta do dólar hoje, os fatores que dão sustentação à perspectiva favorável ao real no curto prazo - em especial a forte alta das commodities (petróleo e grãos, por exemplo) e o diferencial de juros interno e externo elevado - seguem intactos. Contudo, episódios mais agudos de aversão ao risco, como o observado hoje, podem ensejar altas da moeda americana por aqui, ao provocar interrupção temporária de fluxo de recursos, abrindo espaço para realização pontual de lucros e ajuste de posições.

O head da mesa de câmbio da SVN Investimentos, Renan Mazzo, vê o avanço do dólar hoje como moderado em comparação a perdas apresentadas pela moeda americana nos dois dias anteriores. "Temos fluxo forte ainda de entrada para a Bolsa e houve uma explosão dos preços das commodities, o que favorece as exportações. Além disso, como o Brasil se antecipou no aperto monetário, temos um diferencial de juros bem mais atraente que outros emergentes", diz Mazzo.

Na última quarta-feira, quando o mercado brasileiro reabriu após o feriado de Carnaval, houve entrada de R$ 4,941 bilhões na B3. No acumulado de 2022, o aporte de capital externo na Bolsa já soma R$ 67,561 bilhões. Dados divulgados pelo Banco Central nesta semana mostram que o fluxo cambial total foi positivo em US$ 6,340 bilhões em fevereiro, com entrada líquida de US$ 3,347 bilhões pelo canal financeiro.

Com as atenções voltadas aos desdobramentos do conflito na Ucrânia, o resultado acima do esperado do relatório de emprego (payroll) dos Estados Unidos em fevereiro não teve poder de mexer com as expectativas para o rumo dos juros americanos. É predominante a aposta de que o Federal Reserve eleve a taxa básica de juros em 0,25 ponto porcentual no próximo dia 16 - como já externado pelo presidente do BC americano, Jerome Powell, em audiências públicas no Congresso americano nesta semana. Há dúvidas, contudo, se o Fed poderá manter uma postura gradualista caso a inflação avance ainda mais em razão dos choques de oferta provocados pela guerra na Ucrânia.

Houve criação de 678 mil empregos nos EUA em fevereiro, frente à previsão de 440 mil vagas. A taxa de desemprego recuou de 4% em janeiro para 3,8% no mês passado, praticamente em linha com as expectativas (3,9%). Já o salário médio por hora decepcionou, com alta marginal de 0,03%, quando se esperava +0,05%.

"O BC americano veio com um discurso mais ameno nesta semana e não vai subir os juros com tanta força em março, mesmo com a forte criação de emprego e queda da taxa de desemprego. Mas parece inevitável que esse movimento [de alta dos juros] ganhe força ao longo do ano com os preços das commodities pressionados", diz o economista Bruno Mori.

Por aqui, as taxas de juros subiram com força, na esteira da preocupação com as pressões inflacionárias geradas pela disparada das commodities, e já embutem a perspectiva de uma taxa Selic acima de 13% no fim do atual ciclo de aperto monetário - o que, em tese, aumenta ainda mais a atratividade da renda fixa brasileira. O IBGE divulgou pela manhã que o PIB subiu 0,5% no quarto trimestre na margem e fechou 2021 com alta de 4,6%, levemente acima da mediana de Projeções Broadcast (4,5%). Apesar de trazer algum impulso para este ano, esse resultado não desfaz a expectativa de atividade muito fraca em 2022. (Antonio Perez - [email protected])

18:30

 Dólar (spot e futuro)   Último   Var. %   Máxima   Mínima 

Dólar Comercial (AE) 5.07830 1.0004 5.10000 5.02600

Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0    

DOLAR COMERCIAL 5099.500 0.49266 5139.000 5064.500

DOLAR COMERCIAL FUTURO 5160.000 0.38911 5165.000 5160.000

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