AVERSÃO A RISCO PERDE FORÇA À TARDE E BOLSAS DOS EUA FECHAM EM ALTA APÓS BIDEN

Blog, Cenário

Uma boa parte da aversão ao risco vista durante o pregão, após a Rússia invadir oficialmente a Ucrânia, foi revertida do meio da tarde em diante. E essa melhora dos ativos ocorreu depois que o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciou sanções ainda mais duras contra Moscou, tendo como alvo bancos e o comércio exterior do país euroasiático. Mas o que poderia ser um golpe ainda mais duro para os mercados, num dia em que várias nações também decretaram sanções aos russos, veio acompanhado de uma promessa: a liberação de reservas norte-americanas de petróleo, se necessário. Houve arrefecimento imediato das cotações do barril, novamente abaixo de US$ 100, e uma mudança na dinâmica dos demais ativos, que passaram a exibir melhora, a ponto de o fechamento das bolsas em NY ter sido positivo. A lógica desse movimento é que um dos piores efeitos da guerra no Leste Europeu poderá ser minimizado. Afinal, se os EUA liberam estoques, impedem pressão adicional sobre os preços da energia e os temores sobre o impacto que uma disparada do petróleo teria sobre a inflação e, por consequência, sobre a política monetária global, também se dissipam momentaneamente. Não por acaso, as ações de tecnologia, que mais sofrem diante da possibilidade de juros mais altos, foram destaque de recuperação, com o Nasdaq subindo mais de 3%. Vale notar também que parte das sanções dos EUA à Rússia é para o setor de tecnologia. Isso não significa que a fuga do risco deixou de existir. E no caso do Brasil, não houve fluxo que impedisse a devolução de parte dos ganhos recentes dos ativos. O Ibovespa, que chegou a recuar mais de 2% e ceder ao nível de 109 mil pontos, reduziu as perdas com a melhora em Wall Street, mas ainda caiu 0,37%, aos 111.591,87 pontos. A mesma dinâmica se deu com o câmbio. O dólar disparou mais de 16 centavos durante o pregão, na casa de R$ 5,16, mas terminou com alta mais modesta, de 2,02%, a R$ 5,1052. O arrefecimento das cotações da moeda dos EUA até aliviou o acúmulo de prêmio da curva a termo de juros, mas também não impediu a alta das taxas, com o mercado ainda calculando o quão inflacionário pode ser o cenário via commodities e câmbio.

•MERCADOS INTERNACIONAIS

•BOLSA

•CÂMBIO

•JUROS

MERCADOS INTERNACIONAIS

A crise gerada pelo avanço das tropas russas sobre a Ucrânia guiou os mercados internacionais nesta tarde. Estados Unidos, Reino Unido e demais membros do G7 anunciaram uma série de sanções contra Moscou, com a promessa de que sejam "devastadoras" e isolem o país do sistema financeiro global. O presidente Joe Biden disse que Vladimir Putin se tornaria "párea" diante do mundo, no que chamou de uma guerra sem justificativas, e o acusou de querer restabelecer a União Soviética. Após iniciar o dia com fortes perdas, Wall Street se recompôs e fechou no azul. Com a maior busca por segurança, os juros dos Treasuries caíram e o dólar saltou ante suas principais rivais. Já o petróleo, depois de ter registrado avanço de 9%, fechou com alta de cerca de 2%. Em paralelo, operadores acompanharam falas de dirigentes dos bancos centrais europeus e americano, que sinalizaram poder rever suas posições para a política monetária conforme o desenrolar do conflito. Diante das incertezas, investidores recalibraram suas apostas para os juros nos EUA, com o mercado vendo 95% de chance de um aperto monetário mais modesto pelo Federal Reserve em março, de 25 pontos-base.

Na maior parte do dia, as bolsas de Nova York ficaram em baixa, pressionadas pelas incertezas geradas pela crise envolvendo a Ucrânia. Em relatório, o Wells Fargo destaca que é essencialmente impossível precisar as implicações econômicas de uma guerra, uma vez que muito dependerá de como o conflito se desenvolve e quais serão as réplicas de aliados da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e tréplicas da Rússia.

O S&P 500 e o Nasdaq, porém, mostravam certa disposição para alta, tocando território positivo em uma sessão volátil. Com o discurso de Biden nesta tarde, os índices acionários finalmente tomaram fôlego e se firmaram no azul, acompanhando ajuste dos ativos de petróleo. Em pronunciamento, o líder americano destacou que seu governo está agindo para conter o avanço de preços no setor de energia e que tem conversado com empresas do setor para que não se aproveitem da situação.

Em um discurso com fortes críticas a Putin, ainda que tardio, Biden enfatizou sanções adicionais que têm como alvo bancos russos e exportações ao país. O líder americano disse que impor sanções ao próprio presidente russo ainda é uma opção. A Casa Branca afirmou que restringirá produtos tecnológicos para uso militar na Rússia, além de aplicar restrição ampla à exportação de alta tecnologia, semicondutores e ferramentas de telecomunicações e segurança. O Tesouro americano disse que são mais de 90 entidades russas atingidas e que tais ações irão degradar a capacidade russa de "ameaçar a estabilidade e paz na Europa".

Em Wall Street, o Dow Jones subiu 0,28%, o S&P 500, 1,50% e o Nasdaq, 3,34%. Mais cedo, antes dos anúncios de novas sanções, as bolsas europeias fecharam com forte baixa, com Londres, Paris e Frankfurt tendo recuado 3,88%, 3,83% e 3,96%, respectivamente.

O Instituto de Finanças Internacionais (IIF, na sigla em inglês) avalia que as sanções como um todo devem ter impacto significativo e generalizado para a economia russa, provocando corridas bancárias e forçando o banco central do país a dar continuidade ao ciclo de aumento de juros. O Produto Interno Bruto (PIB), no entanto, deve cair, com um crescente isolacionismo.

No Reino Unido, o premiê Boris Johnson anunciou um pacote ampliado de sanções, que exclui completamente os bancos russos do sistema financeiro britânico, impede empresas russas de levantarem capital em Londres e estabelece medidas restritivas a mais de 100 indivíduos e entidades. Na União Europeia, a presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola, disse esperar que "as sanções mais fortes possíveis" sejam adotadas. Nesta noite, chefes de Estado e d governo da região se reunião para debater as respostas à Rússia.

Um ponto que ainda divide os principais líderes do Ocidente é a exclusão da Rússia da Sociedade de Telecomunicações Financeiras Interbancárias Mundiais (Swift, na sigla em inglês). Biden disse não haver consenso e, segundo o Financial Times, Johnson pressiona para que a medida seja aplicada. O Danske Bank acredita que a ação ainda será imposta e terá grande eficácia para impactar a economia russa.

Entre as commodities, depois de ter saltado 9% durante a sessão, os ativos do petróleo fecharam com alta moderada. Na New York Mercantile Exchange (Nymex), o barril do petróleo WTI com entrega prevista para abril subiu 0,77% (US$ 0,71), a US$ 92,81, enquanto o do Brent para o mesmo mês avançou 2,31% (US$ 2,24), a US$ 99,08 na London Metal Exchange (LME). Com foco no conflito na Ucrânia, os ativos não esboçaram reação com a alta de 4,5 milhões de barris nos Estados Unidos, superando em muito a previsão de avanço de 300 mil. No entanto, perderam fôlego após os comentários tranquilizadores de Biden.

Entre os ativos de segurança, os juros da T-note de 2 anos caía a 1,567%, o da T-note de 10 anos cedia a 1,961% e o d oT-bond de 30 anos tinha baixa a 2,276%, no fim da tarde de Nova York. A presidente do Fed de Cleveland, Loretta Master, e o de Atlanta, Raphael Bostic, destacaram que o desenrolar da crise geopolítica podem ter interferência sobre suas projeções para a política monetária. A dirigente do Banco Central Europeu (BCE), Isabel Schnabel, afirmou que ainda é "muito incerto" como o ataque alterará a perspectiva para a zona do euro.

No câmbio, o dólar se fortaleceu ante rivais e o índice DXY subiu 0,98%, aos 97,137 pontos. O euro caía a US$ 1,1205 e a libra, a US$ 1,3397, enquanto o dólar se fortalecia a 85,567 rublos russos e a 115,62 ienes, no horário citado. (Ilana Cardial - [email protected])

Volta

BOLSA

Os russos de fato chegaram, mas em escala maior do que se antevia, não se restringindo à área separatista do extremo leste da Ucrânia, próxima à fronteira com a Rússia, reconhecida como independente há poucos dias por Moscou - o que indica que Vladimir Putin busca ao menos derrubar o governo vizinho para restabelecer um regime amigo em Kiev, o que ele não tem desde fevereiro de 2014, quando Viktor Yanukovych foi derrubado nas ruas. O resultado de hoje foi o esperado: aversão a risco desde cedo em escala global, pressionando abaixo os rendimentos dos Treasuries, na fuga dos investidores para proteção, e inflacionando adicionalmente os custos de energia, com o Brent acima de US$ 100 por barril pela primeira vez desde 2014, quando o Estado Islâmico era a ameaça da vez em outro produtor, de menor peso que a Rússia, o Iraque.

Após ter chegado a ser negociado ontem a R$ 4,99 nas mínimas do dia e ter fechado a R$ 5, no menor nível desde 30 de junho, o dólar à vista saltou hoje para R$ 5,1632, na máxima da sessão, e encerrou mais acomodado, a R$ 5,1052 (+2,02%). O Ibovespa, que parecia a caminho do menor nível de encerramento desde 24 de janeiro (107.937,11 pontos), entre 109 e 110 mil pontos em boa parte desta quinta-feira, acompanhou moderação do medo em Nova York no fim da tarde, com Nasdaq (+3,34%) e S&P 500 (+1,50%) passando com folga ao azul no fechamento, e Dow Jones acompanhando à distância a melhora (+0,28%). Wall Street reagiu bem ao anúncio de novas sanções americanas à Rússia, além de restrições sobre exportações. "Os custos que o G7 imporá à Rússia serão sem precedentes", afirmou a secretária de imprensa da Casa Branca, Jen Psaki.

Aqui, tendo iniciado o dia aos 112 mil pontos, a referência da B3 bateu em 109.125,24, na mínima. Em porcentual, acima dos 2%, a perda da sessão era a pior desde o fechamento de 5 de janeiro, quando ata “hawkish” do Federal Reserve também desencadeou uma correção em bolsas, especialmente a Nasdaq (então -3,34%), e demanda por juros, nos Treasuries. Ao final, o Ibovespa mostrou hoje baixa de 0,37%, aos 111.591,87 pontos, com giro financeiro a R$ 40,4 bilhões. Faltando apenas a sessão de amanhã para o fechamento do mês, o índice cai 0,49% em fevereiro e 1,14% na semana - em 2022, o ganho está agora em 6,46%.

Parte dos ativos da carteira Ibovespa conseguiu se desconectar hoje do 'risk-off' global, notadamente Sul América (+15,19%), estendendo o salto visto no fechamento de ontem (+25,16%), com a notícia sobre a compra da seguradora pela Rede D´Or (ontem +8,82%, hoje -7,66%). Destaque também, na ponta positiva do índice, para Minerva (+7,04%), Locaweb (+5,61%), Raia Drogasil (+3,90%) e Ultrapar (+3,62%), enquanto o lado oposto foi ocupado por Qualicorp (-14,77%), BRF (-6,07%) e Azul (-5,85%), junto com Rede D´Or, que havia sido a segunda maior alta ontem, e hoje foi a segunda maior baixa.

Entre as blue chips, as perdas se disseminaram nesta quinta-feira. Nem Petrobras (ON -1,57%, PN -2,43%) escapou ilesa, mesmo com o balanço em geral positivo da noite de ontem, com lucro recorde de três dígitos em 2021 e farta distribuição de dividendos, e petróleo (Brent) sendo negociado a US$ 105 na máxima do dia, retrocedendo mais tarde para baixo de US$ 100, com as novas medidas contra a Rússia e a indicação pelo governo americano de que reservas da commodity podem ser liberadas, conforme a necessidade. As perdas entre os grandes bancos chegaram hoje a 3,41% (Unit do Santander) no fechamento, com as siderúrgicas mostrando retrações moderadas a 1,10% (Gerdau PN) no fechamento, e virada em Vale ON (+1,24%).

No Brasil, a escalada do petróleo recoloca na mesa atuação, no Congresso, para conter os efeitos sobre o bolso do cidadão, em ano eleitoral. "O sino que toca todos os dias é o do combustível crescendo de preço. E agora, com essa história da Ucrânia, pretexto ou não, vai ser um fator de elevação do preço internacional", disse o relator do projeto dos combustíveis no Senado, Jean Paul Prates (PT-RN), conforme relato do repórter Daniel Weterman, de Brasília. Recentemente, a discussão sobre desoneração, com efeito sobre as contas públicas e a situação fiscal, vinha perdendo intensidade, contribuindo em parte para a melhora de humor doméstico.

Agora, o jogo passa a ser outro. Para o head de research e estrategista-chefe da XP, Fernando Ferreira, o mercado começa a precificar risco de estagflação - embora Ferreira note também que o desempenho das commodities e o fluxo possam contribuir para mitigar efeitos na Bolsa daqui. Lá fora, comentários sobre a inflação foram feitos nesta sexta-feira por autoridades monetárias dos EUA (Mary Daly, do Fed de San Francisco) e da zona do euro (Isabel Schnabel, BCE). “Ainda é muito incerto como o ataque na Ucrânia altera a perspectiva da zona do euro”, disse Schnabel. “Está cada vez mais claro que a inflação não recuará à meta de 2% neste ano.”

“Com o petróleo como está, vai ter reflexos para a inflação também aqui e, com a aversão a risco que se vê, é aconselhável uma exposição maior a pós-fixados. O dia trouxe boa leitura sobre o superávit primário, há expectativa para o balanço da Vale (depois do fechamento de hoje), mas nada disso fez preço com toda essa situação entre Rússia e Ucrânia”, diz Rodrigo Friedrich, head de renda variável da Renova Invest. “Na prática, a ação militar russa não se restringiu a apoiar separatistas no leste da Ucrânia: visou todo o país.”

Com o Ocidente atando reação à Rússia com sanções econômicas, até o momento o presidente russo, Vladimir Putin, tem mostrado indiferença, parecendo estar preparado não só militarmente mas também financeiramente para suportar a pressão inicial. Com a solidariedade do Ocidente concentrada em retórica e nas medidas econômicas e financeiras, o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, tem feito apelo aos espírito europeu, recorrendo a temores da era soviética, ao comunicar que a usina desativada de Chernobyl, onde em 1986 ocorreu desastre nuclear que afetou grande parte da Europa, foi reocupada hoje pelos russos.

"Esta é uma declaração de guerra contra toda a Europa", escreveu o presidente ucraniano, no Twitter, após ter ouvido recentemente da boca de Olaf Scholz, chanceler da Alemanha, anfitrião de conferência de segurança em Munique, o comentário de que a Ucrânia não é parte da Otan, o que é fato, e de que não havia garantia de que virá a ser, o que exime a aliança norte-atlântica de defendê-la. Com a dependência alemã do gás russo, e o temor à Rússia por ser potência nuclear, uma guerra na Europa, desde 1945, foi tolerada apenas em suas margens, como os Balcãs, nos anos 90 - possivelmente agora, na Ucrânia, sem que Putin se incomode com a alcunha de “pária”, usada hoje por Joe Biden, o presidente americano.

O imaginário, a história e as noções russas sobre segurança - um colosso de mais de 17 milhões de quilômetros quadrados, que tem a águia bicéfala como símbolo nacional, olhando para Ocidente e Oriente sem se sentir parte de qualquer um deles - são parte indissociável do conflito, a identidade de um povo que se constituiu no embate e na particularização ante o estrangeiro, sejam mongóis, franceses, alemães ou americanos, e onde a autocracia sempre prevaleceu, nos feudos mais antigos, no czarismo ou no regime soviético - e agora com Putin.

A chamada Rus de Kiev, do século X, foi o primeiro estado unificado dos eslavos orientais, abrangendo parte dos territórios atuais de Belarus - de onde ataques também partiram hoje -, Ucrânia e Rússia. De lá, da Rus Kievana, um príncipe chamado Vladimir adotou o cristianismo ortodoxo, importando-o de Bizâncio pela forte impressão deixada por seus ritos. Ainda que a história nunca seja a mesma, a moderação do Ocidente lembra a crise dos Sudetos, de 1938, quando Hitler ocupou a Tchecoslováquia, alegadamente para defender a minoria alemã da maioria tcheca. (Luís Eduardo Leal - [email protected])

18:21

 Índice Bovespa   Pontos   Var. % 

Último 111591.87 -0.37117

Máxima 112001.04 -0.01

Mínima 109125.24 -2.57

Volume (R$ Bilhões) 4.04B

Volume (US$ Bilhões) 7.90B

18:27

 Índ. Bovespa Futuro   INDICE BOVESPA   Var. % 

Último 112800 -0.21673

Máxima 112865 -0.16

Mínima 110080 -2.62

CÂMBIO

Após uma sequência de quatro quedas consecutivas - em que acumulou desvalorização de 3,148% e flertou com um fechamento abaixo de R$ 5,00 -, o dólar à vista subiu com força hoje no mercado doméstico e chegou a tocar os R$ 5,16 nos piores momentos de aversão ao risco no exterior, em dia marcado pelo ataque russo ao território da Ucrânia.

Com a recuperação das bolsas em Nova York e diminuição dos ganhos da moeda americana no exterior, após o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciar a imposição de novas sanções econômicas à Rússia e a liberação de estoques de petróleo, o dólar desacelerou o ritmo de alta por aqui. Depois de atingir máxima a R$ 5,1632 (+3,18%) no meio da tarde, a divisa fechou a R$ 5,10, avanço de 2,02%. Mesmo com arrancada desta quinta-feira, a moeda ainda acumula queda de 3,78% em fevereiro. O giro com o contrato futuro mais líquido de dólar, para março, foi expressivo, acima de US$ 21 bilhões, o que sugere mudanças relevantes de posicionamento.

A reação do mercado à eclosão da guerra entre Rússia e Ucrânia foi tradicional: liquidação de ativos de risco e busca de abrigo no dólar e nos títulos do Tesouro americano, cujas taxas recuaram. Nos momentos mais críticos, as bolsas em Nova York tombaram mais de 2% e a taxa da T-note de 10 anos caiu para a casa de 1,84%. O índice DXY - que mede a variação do dólar frente a seis divisas fortes - chegou a trabalhar no patamar dos 97,700 pontos, mas no fim da tarde já operava no limiar dos 97 mil pontos. A moeda americana também desacelerava a alta em relação a divisas emergentes, mantendo os maiores ganhos frente ao real, o peso colombiano e o florim húngaro. O rublo chegou a apresentar queda de mais de 6%, mas recuava cerca e 4% quando o dólar fechou por aqui.

Segundo o Departamento do Tesouro dos Estados Unidos, as sanções financeiras aplicadas à Rússia miram 80% dos US$ 46 bilhões em ativos bancários russos negociados diariamente. Os alvos são os dois maiores bancos Rússia, o Sberbank e o VTB, além de mais de 90 entidades financeiras subsidiárias ao redor do mundo. Também haverá medidas voltadas ao comércio exterior. Além de restringir exportações à Rússia, os EUA vão proibir importação de produtos de alta tecnologia.

Analistas dizem que as incertezas em torno da extensão do conflito na Ucrânia tendem a manter o apetite por dólares, com recomposição de posições defensivas. O fluxo de recursos ao redor do mundo e, sobretudo aos emergentes, tende a diminuir no curto prazo, o que tira fôlego do real. De outro lado, a alta das commodities, benéfica para os termos de troca brasileiros, e a perspectiva de alta da taxa Selic para a casa de 12% - aliada a possibilidade de um número menor de alta de juros nos Estados Unidos - podem reduzir o potencial de alta da moeda americana no mercado doméstico.

Para Álvaro Mollica, estrategista de mercados emergentes do Citi em Nova York, a magnitude do conflito pegou o mercado "um pouco de surpresa", o que explica os movimentos mais fortes de redução de exposição ao risco. "A reação do mercado é devolver um pouco da alta recente do real. As incertezas são grandes e esse tema da geopolítica tende a prevalecer no mercado nas próximas semanas", afirma Molica, acrescentando que, mesmo antes da piora do ambiente externo, havia um espaço técnico para uma recomposição de posições compradas em dólar no curto prazo. "Tivemos um rali de alta de 10% do real, com o dólar chegando ao nível psicológico de R$ 5. Agora surgiu um evento geopolítico de risco que traz muita incerteza", acrescenta o estrategista do Citi, ressaltando que não vê o real apresentando um desempenho pior que de outros emergentes.

Para o economista-chefe da JF Trust, Eduardo Velho, o conflito no leste europeu tende a provocar uma forte desaceleração de fluxo para emergentes, o que tira força do real. Em contrapartida, a despeito de eventual impacto inflacionário, com alta de preços de commodities como petróleo e gás, o Fed pode ser menos agressivo no processo de alta dos juros, uma vez que a guerra traz risco de diminuição da atividade econômica. "O dólar subiu bastante hoje, acompanhando lá fora. Com os efeitos da guerra na atividade, fica aquela sensação de que o Fed não vai aumentar tanto os juros, que talvez nem cheguem ao nível neutro", afirma Velho.

Em evento hoje à tarde, a presidente do Federal Reserve de Cleveland, Loretta Mester, afirmou que vê como apropriado elevar juros 0,25 ponto porcentual em março e promover novas altas nos meses seguintes, ponderando que os impactos do conflito na Ucrânia serão levados em conta no processo de redução da acomodação monetária.

Segundo Velho, da JF Trust, os desdobramentos em relação ao nível da taxa de câmbio e do ajuste da política monetária no Brasil vão depender da duração do conflito. Caso a guerra seja curta, o dólar pode se estabilizar, evitando pressões maiores sobe a inflação doméstica. Se o confronto for prolongado, haverá uma pressão maior sobre a taxa de câmbio e, talvez, o BC tenha que apertar ainda mais a política monetária para suavizar a alta do dólar e, assim, evitar que a inflação futura caminhe para um nível muito elevado. (Antonio Perez - [email protected])

18:27

 Dólar (spot e futuro)   Último   Var. %   Máxima   Mínima 

Dólar Comercial (AE) 5.10520 2.0183 5.16320 5.03550

Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0    

DOLAR COMERCIAL FUTURO 5120.500 2.10369 5166.500 5037.000

DOLAR COMERCIAL 5164.500 2.1965 5213.500 5091.500

JUROS

A escalada da ofensiva russa contra a Ucrânia ao longo desta quinta-feira, após a invasão logo no começo do dia, manteve a curva de juros inclinada, na clássica reação de aversão ao risco que pautou os negócios globais em quase toda a sessão. As taxas subiram e devolveram toda a queda de ontem, refletindo as incertezas sobre as consequências do conflito, com o mercado ainda calculando o quão inflacionário pode ser o cenário bélico via preços de commodities e depreciação do câmbio. O dólar disparou, voltando a rodar acima de R$ 5,10, e as cotações do petróleo também subiram fortemente, chegando a romper US$ 100 por barril no intraday. O mau humor no mercado levou o Tesouro a reduzir expressivamente a oferta de prefixados no leilão e, ainda assim, não aceitou propostas na NTN-F.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 fechou em 12,44% (regular), de 12,368% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2025 subiu de 11,266% para 11,39% (regular). O DI para janeiro de 2027 terminou com taxa de 11,29% (regular), de 11,17%.

Na sessão estendida, as taxas reduziram o ritmo de alta, acompanhando a reação positiva dos demais ativos ao anúncio de mais sanções econômicas pelo Ocidente. Os EUA não descartam liberar suas reservas e petróleo para minimizar o impacto nos preços de energia, o que levou as cotações da commodity a perderem força. No fechamento, a taxa do DI para janeiro de 2023 estava em 12,435%; a do DI para janeiro de 2025, em 11,34%; e a do DI para janeiro de 2027, em 11,24%.

Embora não se saiba qual será a resposta de Vladimir Putin, a princípio, o enfraquecimento da economia russa poderia favorecer o Brasil pelo deslocamento de fluxo para emergentes, amenizando o impacto no câmbio.

Durante a etapa regular, com exceção das taxas curtas, cuja alta não superou 10 pontos-base, o restante da curva subiu em bloco. A oficialização do conflito, que vem sendo ensaiado há dias, não chega ainda a alterar sobremaneira o quadro de apostas para a Selic, uma vez que a situação é considerada em aberto e que a precificação da Selic nos DIs já está bem salgada. Mas, em teoria, traz viés inflacionário para o já pressionado IPCA.

O economista do BTG Pactual Álvaro Frasson, porém, está cauteloso. "O movimento de abertura da curva de juros hoje, 'flat' em todos os vértices, parece ser o mais provável a conduzir a renda fixa brasileira", previu. Ele argumenta que a elevação no preços de commodities e depreciação do real normalmente trazem efeitos significativos para a estrutura de custos do País e, portanto, devem impactar as expectativas de inflação. "Não me surpreenderia se as previsões de IPCA em 2022 começassem a ser revisadas acima de 6% e que esse movimento, por consequência, provoque elevação de Selic terminal acima de 12,25%, que é o cenário do BTG", disse.

Para um economista falando em condição de anonimato, a reação do câmbio ao exterior hoje surpreendeu mais do que a do DI. "A curva abriu o que era esperado. Guerras são essencialmente inflacionárias e trazem o PIB para baixo, mas para países como o Brasil o viés inflacionário é bem mais expressivo via câmbio e commodities", disse.

Questionado sobre o potencial efeito da invasão russa nos combustíveis, o secretário do Tesouro Nacional, Paulo Valle, disse hoje que o governo tem trabalhado com alternativas para combater a alta dos preços nas bombas, mas que "medidas na linha de criação de fundos (de estabilização de preços) são muito caras e não são eficazes".

O clima pesado no exterior reduziu o apetite do investidor para os prefixados do Tesouro. A instituição ofertou 1,5 milhão de LTN e 200 mil NTN-F, contra 7 milhões e 2,8 milhões, respectivamente, na semana passada. O lote de LTN teve demanda integral, mas o Tesouro rejeitou todas as propostas para NTN-F, que são justamente os prefixados mais longos e normalmente procurados por estrangeiros, num sinal de aversão a ativos de risco.

Valle, do Tesouro, vê o País bem posicionado para atravessar o atual momento, lembrando que o Brasil tem apenas 5% em dívida externa em 95% de dívida em reais. "A participação de estrangeiros na dívida interna é de pouco mais de 10% e temos 100% da necessidade de financiamento de 2022 em caixa. Ainda temos US$ 350 bilhões em reservas internacionais", listou. (Denise Abarca - [email protected])

18:27

 Operação   Último 

CDB Prefixado 32 dias (%a.a) 11.13

Capital de Giro (%a.a) 6.76

Hot Money (%a.m) 0.63

CDI Over (%a.a) 10.65

Over Selic (%a.a) 10.65

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