BOLSAS PIORAM DE OLHO EM CONFLITO, MAS DÓLAR CAI A R$ 5 COM FLUXO E JUROS

Blog, Cenário

Os mercados acionários, tanto em Nova York quanto aqui, tiveram piora adicional à tarde, em meio à escalada de tensões entre Moscou e Kiev e com o anúncio de novas sanções por parte dos EUA contra empresas russas. Mas nada disso impediu o brilho do real, que ganhou terreno ante o dólar e ajudou na queda dos juros futuros. O movimento do câmbio ocorre praticamente desde o primeiro negócio do dia, em reação ao IPCA-15 acima do previsto pelo mercado. Afinal, se a inflação está pressionada, a Selic deverá continuar subindo e se manter assim por mais tempo. Tal cenário aumenta a atratividade da renda fixa - o que ajuda a explicar o movimento de queda da curva de juros num dia de inflação mais salgada, uma vez que o investidor está aplicando em taxas. Mas não é só. A arrecadação acima do previsto, as contas externas mostrando a entrada firme de recursos e o esfriamento de pautas que visavam controlar os preços dos combustíveis também deram sua contribuição para a queda de 0,95% do dólar à vista, a R$ 5,0042 - menor valor desde 30 de junho. Na mínima, aliás, a divisa chegou a ceder abaixo de R$ 5. Por fim, há também um fator externo nessa equação. Enquanto o real é a moeda com melhor performance entre os emergentes, o rublo russo é a pior, o que indica que há recursos saindo do "risco Rússia" para entrar no Brasil. Tal fato também ajuda a explicar, em alguma medida, a performance melhor do Ibovespa relativamente aos pares em Wall Street. Até porque, enquanto a bolsa local é vista como uma oportunidade após o tombo do ano passado, os mercados acionários de países desenvolvidos mostraram ganhos de dois dígitos em 2021. Assim, mesmo diante da fuga global do risco, o principal índice brasileiro cedeu 0,78%, aos 112.007,61 pontos, mas as bolsas dos EUA caíram bem mais, entre 1,38% e 2,57%.

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•CÂMBIO

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MERCADOS INTERNACIONAIS

A cautela por conta dos riscos geopolíticos envolvendo a escalada nas tensões entre Rússia e Ucrânia prevaleceu por mais um dia, levando as bolsas de Nova York a fecharem em baixa, enquanto investidores acompanham o noticiário. Durante a sessão a possibilidade de mais sanções a Moscou avançou, contando com a confirmação pelo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, de novas restrições contra empresas russas. O petróleo ficou perto da estabilidade, enquanto a marca de US$ 100 o barril é cogitada por analistas, mas com a commodity sendo pressionada pela expectativa de um entendimento com o Irã a respeito do pacto nuclear. O dólar avançou, enquanto o rublo russo teve intensa desvalorização. Os juros dos Treasuries subiram, também atentos às perspectivas para a postura do Federal Reserve (Fed).

Ao longo da tarde, notícias sobre a chance de incursão militar russa na Ucrânia ganharam destaque. Segundo a Reuters, as forças do país "estão tão prontas quanto podem estar", com 80% em posições avançadas. O presidente da Rússia, Vladimir Putin, reuniu cerca de 100% das forças que os EUA acreditavam que ele colocaria em posição para a invasão da Ucrânia, informou um oficial de defesa americano. Enquanto isso, Biden, confirmou hoje que os EUA vão impor sanções à empresa responsável pelo gasoduto Nord Stream 2 - que liga a Ucrânia à Rússia. Na visão do Wells Fargo, "o crescimento econômico global provavelmente não estará em risco caso a Rússia ou a Ucrânia entrem em recessão. No entanto, dado que a Rússia é um grande exportador de petróleo, a atividade pode desacelerar e a inflação pode aumentar à medida que a oferta de petróleo é potencialmente retirada do mercado".

Na visão de Edward Moya, analista da Oanda, as ações terão dificuldades para encontrar uma direção até que os mercados financeiros tenham uma resposta sobre se a crise entre Rússia e Ucrânia terá uma solução diplomática ou uma guerra na região. Segundo ele, os mercados acionários começaram a desistir de ganhos após relatos de que os EUA acreditam que a Rússia invadirá a Ucrânia em 48 horas. Neste cenário, o Dow Jones fechou em baixa de 1,38%, o S&P 500 teve queda de 1,84% e o Nasdaq caiu 2,57%. Na Europa, o cenário também foi de queda para a maioria dos principais índices, com o DAX recuando 0,42% em Frankfurt e o FTSE MIB caindo 0,34% em Milão.

O petróleo fechou quase estável, no que o Commerzbank nota que, além de acompanhar os desdobramentos do conflito Rússia-Ucrânia, os investidores também estão concentrando suas atenções nas negociações nucleares com o Irã. "Um acordo já poderia ser alcançado em um futuro próximo, o que abriria as portas para um possível retorno das exportações de petróleo iranianas", aponta. Neste cenário, o WTI para abril avançou 0,21% (US$ 0,19), a US$ 92,10 o barril, enquanto o Brent para o mesmo mês fechou estável, US$ 96,84.

O dólar operou em alta, impulsionado pela cautela com os riscos geopolíticos. Na zona do euro, a medida do índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) avançando 5,1% na comparação anual chegou a impulsionar a moeda, mas, ao fim da tarde, o ativo comum se desvalorizava a US$ 1,1304. O índice DXY, que mede o dólar ante seis rivais, avançou 0,17%. Já o rublo teve intensa desvalorização, e era cotado a 81,195, ante 78,917 do final da última sessão.

Levando em conta o Fed, o Wells Fargo avalia que os mercados financeiros precificaram o aperto agressivo da autoridade, e acredita que os dirigentes devem aumentar as taxas de juros cinco vezes este ano, bem como iniciar o processo de redução de seu balanço patrimonial. "À medida que o Fed aperta a política monetária e como os mercados financeiros podem ter preços muito apertados no exterior, esperamos que o dólar americano se fortaleça em relação à maioria das moedas estrangeiras", aponta.

Também de olho na política monetária, os juros dos Treasuries avançaram, em sessão que contou com o leilão de US$ 53 bilhões em T-notes de 5 anos com yield (retorno) de 1,880% e demanda acima da média. Ao fim da tarde, o juro da T-note avançava a 1,595%, o da T-note de 10 anos subia a 1,972% e o do T-bond de 30 anos avançava a 2,292%. (Matheus Andrade - [email protected])

BOLSA

Apesar do dólar ter cedido a linha de R$ 5 nesta quarta-feira, a R$ 4,9980 na mínima do dia pela manhã, renovada à tarde a R$ 4,9946, o Ibovespa voltou a terreno negativo após recuperação pontual ontem, o único ganho da referência da B3 nas últimas cinco sessões. Entre mínima de 111.748,11, do fim da tarde, e máxima de 113.721,38 pontos, saindo de abertura a 112.891,80, o índice fechou hoje em baixa de 0,78%, a 112.007,61 pontos, com giro financeiro a R$ 32,0 bilhões. Na semana, o Ibovespa cede 0,77% e agora 0,12% no mês, que se encerra na B3 na sexta-feira - no ano, o índice ganha 6,85%.

O prosseguimento das tensões em torno da Ucrânia manteve a maioria dos mercados na defensiva neste meio de semana, com perdas acentuadas à tarde em Nova York, que chegaram a 2,57% (Nasdaq) no fechamento, levando o Ibovespa também mais para baixo. De forma moderada na sessão, o petróleo continuou a refletir a instabilidade no leste europeu, que envolve a Rússia, grande produtora e exportadora da commodity, além do gás natural, vital para o abastecimento da Europa ocidental. Após o encerramento na ICE e na Nymex, contudo, o petróleo mudou de sinal, com os contratos futuros passando a cair, momentaneamente.

Assim, Petrobras, que contribuía mais cedo para mitigar os efeitos do ajuste negativo em mineração (Vale ON -1,05%) e siderurgia (CSN ON - 4,86%, Gerdau PN -3,35%) - com o mercado ainda muito atento a iniciativas do governo chinês para conter o que considera como especulativo na formação dos preços no setor -, chegou a ficar sem sinal único, mas fechou no positivo (ON +0,03%, PN +1,42%). O dia foi majoritariamente negativo para outro segmento de peso no Ibovespa, o financeiro, com Banco do Brasil (ON +0,51%) conseguindo se descolar das perdas na sessão.

Na ponta do Ibovespa, destaque para salto de Sul América (+25,16%) e de Rede D´Or (+8,82%), no ajuste de fechamento, com o relato do Globo de que a Rede D´Or adquiriu a Sul América Seguros. Antes, a ponta do Ibovespa era ocupada apenas por empresas do setor elétrico: Eletrobras PNB (+3,27%), Eletrobras ON (+2,14%), Taesa (+2,11%), Cemig PN (+2,28%), após a Assembleia Geral Extraordinária (AGE) da Eletrobras aprovar ontem a venda da empresa condicionada à diluição da participação da União a porcentual igual ou inferior a 45%. Na face oposta do índice, 3R Petroleum (-12,49%), Banco Inter (Unit -12,12%), CVC (-6,31%), Suzano (-6,11%) e Alpargatas (-6,09%).

Pela manhã, a prévia para a inflação pelo IPCA-15 em fevereiro, a 0,99%, no maior nível para o mês desde 2016, e a 10,76% em 12 meses, veio “acima do esperado pela maior parte dos analistas de mercado, colocando mais lenha na fogueira das preocupações sobre a velocidade da alta de preços”, observa Rachel de Sá, chefe de economia da Rico Investimentos.

“Assim como temos visto em boa parte do mundo, a alta foi impulsionada especialmente por bens industrializados - como carros (novos e usados), roupas e artigos de casa”, observa a economista, que mantém projeção de IPCA a 5,2%, em forte ajuste em relação aos níveis atuais, no fechamento do ano - embora ressalve a acentuação do risco de que fique acima disso, ante as pressões sobre os preços.

A percepção de que o BC manterá o pulso firme na condução dos aumentos da Selic, de forma a ancorar as expectativas sobre a inflação, e o grau de correção já promovido pela autoridade monetária na taxa de juros de referência mantêm o 'carry trade' vivo, atraindo fluxo externo em momento no qual os juros ainda não começaram a subir nos Estados Unidos e na zona do euro, e em que os juros reais colocam o Brasil como opção competitiva frente a outros emergentes. Ainda assim, o grau de correção do câmbio visto até aqui é matéria de controvérsia.

“Chegou a ser cotado a R$ 5,60, R$ 5,70, e agora a gente já está olhando na tela a R$ 5,05. Os motivos para essa queda ainda não são tão assertivos. Não tivemos uma alteração substantiva do fundamento Brasil. O risco segue o mesmo, o fiscal, o mesmo, e o CDS continua no mesmo patamar. Ainda temos um risco grande de nova legislação passar no Senado e na Câmara, colocando a trajetória fiscal brasileira em ritmo pior. No final das contas, eu vejo esse R$ 5,05 com um potencial de alta”, avalia em nota o economista-chefe da Ativa Investimentos, Étore Sanchez.

No fechamento do dia, o dólar à vista marcava R$ 5,0042, em queda de 0,95% na sessão, no menor nível desde 30 de junho. (Luís Eduardo Leal - [email protected])

18:32

 Índice Bovespa   Pontos   Var. % 

Último 112007.61 -0.78322

Máxima 113721.38 +0.73

Mínima 111748.11 -1.01

Volume (R$ Bilhões) 3.20B

Volume (US$ Bilhões) 6.38B

18:32

 Índ. Bovespa Futuro   INDICE BOVESPA   Var. % 

Último 113045 -1.52875

Máxima 115105 +0.27

Mínima 112935 -1.62

CÂMBIO

O dólar até flertou com um fechamento abaixo do piso psicológico de R$ 5,00 na sessão desta quarta-feira, ao registrar mínima de R$ 4,9946 (-1,14%) no meio da tarde, mas acabou reduzindo o ritmo de queda nos minutos finais do pregão na esteira da piora do ambiente externo, marcado por aceleração dos ganhos da moeda americana frente a divisas fortes e perda mais acentuada das bolsas em Nova York.

Mesmo assim, a divisa terminou o dia em baixa expressiva, de 0,95%, a R$ 5,0042 - menor valor de encerramento desde 30 de junho (R$ 4,9732). Nos últimos quatro pregões, a moeda já acumula queda de 3,148%, levando a desvalorização em fevereiro a 5,69% - nível superior às perdas de janeiro (4,84%). Com isso, o dólar apresenta um recuo de dois dígitos (10,25%) em 2022, após fechar o ano passado com ganhos de 7,46%.

Operadores relataram nova onda de fluxo de recursos para ativos domésticos nesta sexta-feira e aumento do apetite por operações de "carry trade" (que exploram diferencial de juros interno e externo), após a alta de 0,99% do IPCA-15 de fevereiro - acima da mediana de 0,87% de Projeções Broadcast - ratificar as apostas de que a taxa Selic (hoje em 10,75%) vai se aproximar de 13% nos próximos meses.

Uma vez mais, o real liderou os ganhos entre as divisas emergentes, com desempenho bem superior a pares como o peso mexicano e o colombiano. Destaque negativo ficou mais uma vez com o rublo, que apresentou perdas de mais de 3%, na esteira das tensões geopolíticas. A despeito de imposição de sanções por União Europeia e Estados Unidos à Rússia, a possibilidade de uma ação militar russa na Ucrânia permanece no radar dos investidores, após relatos de ataques cibernéticos.

Por aqui, além da perspectiva de aperto monetário ainda mais intenso, mesmo com o Banco Central brasileiro já ostentando o título de mais agressivo do mundo, analistas afirmam que outros indicadores domésticos divulgados hoje deram força ao real. A arrecadação federal recorde de R$ 235,321 bilhões em janeiro (crescimento real de 18% na comparação anual ) e números positivos do setor externo - aliados ao aparente abandono das PECs dos Combustíveis no Congresso - diminuem a percepção de risco e, por tabela, refreiam apostas em uma reversão súbita do fluxo de recursos estrangeiros.

Pela manhã, o BC informou que o fluxo cambial em fevereiro (até dia 18) está positivo em US$ 5,200 bilhões, fruto, principalmente, da entrada líquida de US$ 4,647 bilhões pelo canal financeiro. Já o Investimento Direito no País (IDP), dinheiro de longo prazo, somou US$ 8,851 bilhões no período e, segundo estimativa do BC, deve encerrar fevereiro em US$ 10 bilhões.

O CEO da BGC Liquidez, Erminio Lucci, observa que a entrada forte de fluxo externo e o desempenho do real pegaram o mercado de surpresa neste início de ano. Uma das explicações para a performance exuberante da divisa seria o fato de o BC brasileiro ter saído na frente de outros emergentes e realizado um aperto monetário intenso em período curto. "O estrangeiro está claramente fazendo carry trade, operando o diferencial de juros", afirma. "Vamos ter uma Selic acima de 12% em uma inflação de 5% ou 6% no ano que vem. Isso vai dar um juro real muito grande".

Lucci ressalta que a alta das commodities tem favorecido as divisas emergentes em geral e responde, em parte, também pela apreciação da moeda brasileira. O dólar, na casa de R$ 5,60 ou R$ 5,70, como visto em janeiro, claramente não representava o nível adequado tendo em vista os fundamentos das contas externas, avalia. "Uma explicação para o dólar tão alto era o fiscal desajustado e o ruído político. Mas isso parece estar melhor também", diz.

Parte da valorização expressiva do real pode estar ligada a movimento de antecipação de uma eventual vitória do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no pleito presidencial, argumenta Lucci. Visto como pragmático pelos investidores estrangeiros e tendo como possível companheiro de chapa o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin, Lula, pela ótica do mercado, manteria certo grau de responsabilidade fiscal.

"É difícil saber até onde o movimento de queda do dólar vai. Amanhã, Bolsonaro aparece como favorito nas pesquisas ou Lula adota uma retórica muito antimercado, e o dólar sobe novamente", diz o CEO BGC Liquidez, acrescentando que não se pode descarta a possibilidade de o Congresso aprovar pacotes que fragilizem a política fiscal.

Em evento promovido pelo BTG Pactual, o gestor e sócio-fundador da SPX Capital, Rogério Xavier, disse hoje que o risco de eleições muito polarizadas, com ameaça de piora institucional e econômica, foi afastado pelo mercado - o que trouxe certo alívio para ativos domésticos. "O que tenho escutado do presidente Lula é que teremos alguma responsabilidade fiscal à frente. Vai mudar um pouco a política econômica, mas sem perder de vista a responsabilidade fiscal", disse Xavier, que não vê "nada de errado" com o comportamento dos ativos brasileiros no curto prazo, mas não acredita que o dólar se sustente nos níveis atuais.

O economista-chefe da Necton, André Perfeito, reduziu de R$ 5,20 para R$ 5,0 a sua projeção de cotação do dólar no fim de 2022, dado o aperto monetário e a alta das commodities. Para Perfeito, as eleições presidenciais, eventual escalada de conflito na Ucrânia e alta de juros nos EUA devem ter impacto reduzido no real ao longo do ano. (Antonio Perez - [email protected])

18:32

 Dólar (spot e futuro)   Último   Var. %   Máxima   Mínima 

Dólar Comercial (AE) 5.00420 -0.9481 5.05110 4.99460

Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0    

DOLAR COMERCIAL FUTURO 5015.000 -0.94805 5055.000 4997.500

DOLAR COMERCIAL 5053.500 -1.00881 5085.500 5043.000

JUROS

O mercado de juros relevou o IPCA-15 de fevereiro bem pior que o esperado e as tensões geopolíticas e fechou com taxas em queda. O novo recuo do dólar, que nas mínimas chegou a furar R$ 5, e o otimismo com a entrada de fluxo seguiram como principais fatores a explicar o movimento da curva. A leitura é que o dado ruim da inflação sugere a necessidade de a Selic permanecer em nível elevado por mais tempo, o que, por sua vez, deve continuar atraindo recursos externos para a renda fixa, com a taxa básica a caminho dos 13%.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 fechou em 12,36% (regular) e 12,33% (estendida), de 12,433% ontem, e a do DI para janeiro de 2025, em 11,265% (regular) e 11,25% (estendida), de 11,401% ontem. O DI para janeiro de 2027 terminou com taxa de 11,17% (regular) e 11,16% (estendida), ante 11,261% ontem.

O IPCA-15 deste mês subiu 0,99%, acima do teto das estimativas coletadas pelo Projeções Broadcast, que era de 0,96%, e muito além do 0,58% de janeiro. Em 12 meses, o índice sobe 10,76%. Tanto para o mês quanto para 12 meses, são os piores resultados desde 2016. A reação do mercado ao dado ficou limitada ao início dos negócios. Na medida em que o dólar ia renovando mínimas, as taxas futuras acompanharam em baixa. A moeda americana chegou a operar abaixo dos R$ 5 no intraday.

Flávio Serrano, economista-chefe da Greenbay Investimentos, viu o movimento da curva hoje descolado dos fundamentos e muito ainda ligado à perspectiva de fluxo. "O mercado parece ter realizado no fato", disse, citando a piora da curva ontem à tarde descolada do câmbio, o que pode ter sido uma antecipação ao IPCA-15 ruim de hoje.

O fato de o número ter superado as estimativas desta vez não provocou aumento nas apostas para a Selic porque as expectativas já estão em níveis tão elevados que parecem ter atingido um teto, especialmente considerando que boa parte da inflação está vindo dos choques de oferta. "Não tem mudança na percepção de política monetária vinda da inflação porque é difícil apostar que a Selic vá além de 13%", explica Serrano.

A precificação da curva, para o Copom de março aponta 80% de probabilidade de aumento de 1 ponto e 20% de chance de 1,25 ponto; e para a reunião de maio, 60% de chance de aumento de 0,75 ponto e 40% para 0,50 ponto. Para o fim do ciclo, a curva indica Selic em torno de 13% e para o fim de 2022, de 12,75%.

O economista-chefe do BNP Paribas, Gustavo Arruda, acredita que o BC não deve levar a Selic no fim do ciclo para algo muito além de 12%, 12,25% ao ano. "A política monetária já está na casa contracionista, e leva tempo [para efeitos aparecerem]. Quando olho a curva de juros, vejo cortes a partir do meio do ano para frente. Parece precipitado", disse, em entrevista ao Broadcast (confira a íntegra publicada às 16h05).

Enquanto isso, o Brasil segue sendo um imã de fluxo, seja pelo juros altos seja pelos ganhos nas commodities que vão favorecer países exportadores com o agravamento da situação geopolítica. Na Nota do Setor Externo, o BC informou hoje que o saldo de investimento estrangeiro em títulos de renda fixa ficou positivo em US$ 3,548 bilhões em janeiro. Já o Tesouro identificou aumento na busca por títulos mais longos, que normalmente são demandados por não residentes, em janeiro e fevereiro, neste momento de taxas mais altas.

"O estrangeiro olha para o nível da curva e busca aplicar antes que comece um movimento de reversão", diz Serrano. A pergunta de um milhão de dólares agora é justamente até quando o movimento de atração de fluxo deve perdurar e continuar garantindo um destaque para o Brasil entre os emergentes, diante dos eventos pela frente, como aperto monetário nos Estados Unidos e eleição presidencial.

"A despeito da relevante entrada de fluxo no início deste ano, entendemos que a elevação dos juros norte-americanos ao longo do ano e as incertezas relacionadas ao cenário político brasileiro podem resultar em maior volatilidade do fluxo financeiro", prevê a equipe do BTG Pactual Digital. (Denise Abarca - [email protected])

18:37

 Operação   Último 

CDB Prefixado 30 dias (%a.a) 11.09

Capital de Giro (%a.a) 6.76

Hot Money (%a.m) 0.63

CDI Over (%a.a) 10.65

Over Selic (%a.a) 10.65

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