A ata da última reunião do Fed, conhecida nesta tarde, reiterou diversos pontos que os dirigentes do BC americano vinham dizendo nos últimos dias, como mercado de trabalho sólido, pressão disseminada sobre preços de insumos, gargalos na cadeia produtiva e redução de seu balanço patrimonial após o início do aumento de juros, que deve ser "em breve". Há ponderações sobre riscos para a economia, mas nada que alterasse a convicção dos agentes de que os juros começam a subir, sim, em março. E, talvez, num ritmo de 0,50 ponto porcentual. Mas como nenhuma dessas mensagens foi muito nova, os ativos oscilaram na medida em que o investidor lia o documento, até firmarem alguma melhora diante da interpretação de que o conteúdo ali presente já está, em alguma medida, precificado. Com isso, as bolsas em Wall Street terminaram sem direção única, mas melhores do que estavam antes do documento do Fed, em dia em que as tensões sobre a Ucrânia seguiram como fator de risco. Isso porque há relatos da Otan de que a Rússia não estaria retirando suas tropas, como sinalizou ontem o presidente Vladimir Putin. No Brasil, na medida em que houve pequena recuperação dos ativos em Nova York, a bolsa ampliou a alta e o dólar, a queda. No fim, contudo, o Ibovespa perdeu um pouco de fôlego e subiu 0,31%, aos 115.180,95 pontos, o suficiente para engatar o sétimo pregão seguido de ganhos. O movimento foi conduzido pela recuperação dos papéis ligados a commodities, além de relatos de fluxo externo comprador. E se houve entrada de dólares num dia de enfraquecimento geral da moeda dos EUA, o real voltou a ganhar força, repetindo o que ocorreu durante quase toda a semana. Afinal, se os juros maiores aqui já são um atrativo, essa "compra" de bolsa completa o cenário favorável para o câmbio, justificando a queda de 1,02% do dólar à vista, a R$ 5,1279 - na mínima intraday e no menor valor desde 29 de julho. Enquanto isso, na renda fixa, nem o alívio do câmbio ou o adiamento da votação do pacotes sobre os combustíveis no Senado animaram o investidor, que deixou as taxas perto dos ajustes durante todo o dia.
•MERCADOS INTERNACIONAIS
•BOLSA
•CÂMBIO
•JUROS
MERCADOS INTERNACIONAIS
Nesta tarde, os mercados internacionais voltaram sua atenção para a ata da mais recente reunião de política monetária do Federal Reserve (Fed), ocorrida em 25 e 26 de janeiro. Para analistas, os membros do Fed se mostraram menos hawkish do que o esperado, sem sinalizar a amplitude do aumento dos juros básicos no próximo encontro. Quanto à redução do balanço patrimonial, foi reforçada a informação de que ela se dará após início do ciclo de alta de juros e será mais rápida do que a anterior. A ata deu fôlego a Wall Street, levando os índices acionários a oscilar perto da estabilidade. Já os juros dos Treasuries recuaram, assim como o dólar ante rivais. No radar das mesas de operação, ficaram durante todo o dia as notícias sobre a crise na Ucrânia, depois que os Estados Unidos e a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) reforçaram não haver evidências de que a Rússia tenha retirado tropas das fronteiras ucranianas. Com isso, o petróleo recuperou parte das perdas de ontem.
Com os comentários da ata, a Oxford Economics mudou sua projeção e passou a dizer que o Fed "deve e irá" elevar os juros em 50 pontos-base na reunião de março. Em relatório, a consultoria britânica justifica que os dirigentes mostraram "grande desconforto" com o ritmo rápido da inflação, que continua a superar as expectativas. De fato, as autoridades reiteraram que as leituras recentes continuaram a exceder "significativamente" a meta do banco central americano. Com isso, para todo 2022, a Oxford prevê um aumento em 175 pontos-base nos juros básicos dos EUA, com a inflação pelo PCE registrando avanço anual de 3% no quarto trimestre. Quanto à redução do balanço patrimonial, a consultoria espera que se inicie em maio - antecipando a previsão anterior, para julho.
De acordo com monitoramento do CME Group, no entanto, a maioria do mercado fez um movimento contrário ao da Oxford. As apostas para alta de 25 pontos-base voltaram a ser majoritárias, representando 55,7% hoje (ante 41,1% ontem).
A Pantheon Macroeconomics avalia que a ata mostra o Fed um pouco menos hawkish do que alguns esperavam, sem menção à alta de 50 pontos-base nos juros básicos na próxima reunião, nem discussão explícita sobre data para redução do balanço patrimonial. Ainda destaca que uma postura mais agressiva na política monetária, defendida pelo presidente da distrital de St Louis, James Bullard, não é universal entre os dirigentes, com apenas "alguns membros" considerando provável que a redução do balanço comece ainda neste ano.
Já a Capital Economics analisa que os dirigentes não pareciam considerar seriamente o aumento de 50 pontos-base, ainda que a reunião tenha ocorrido antes da divulgação de dados sobre inflação e mercado de trabalho em janeiro. Para a consultoria, os membros do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC) parecem concordar em princípios gerais, mas ainda precisam entrar nas especificidades. Para o aperto quantitativo (QT, na sigla em inglês), o Fed parece considerar dar início na metade deste ano, ao dizer que seria debatido "nos próximos encontros", no plural, diz a Capital.
Mais cedo, o presidente da distrital de Minneapolis, Neel Kashkari, afirmou que o Fed fará "tudo o que for necessário" para retomar o equilíbrio na economia americana. Ele alertou, porém, que uma postura "muito agressiva" na alta dos juros poderia acarretar em pressão ainda maior sobre a economia local. Já no Fed de Filadélfia, o presidente Patrick Harker disse preferir uma alta de 25 pontos-base em março, seguida de movimentos "metódicos" no aperto monetário.
As bolsas de Nova York ficaram mistas: o índice Dow Jones caiu 0,16%, a 34.934,27 pontos, o S&P 500 subiu 0,09%, a 4.475,01 pontos, e o Nasdaq cedeu 0,11%, a 14.124,09 pontos. Na renda fixa, o juro da T-note de 2 anos caía a 1,502%, o da T-note de 10 anos, a 2,031% e o do T-bond de 30 anos, a 2,346%, no fim da tarde em Nova York.
Tendo reflexos diretos nos mercados, a crise geopolítica na Ucrânia seguiu no radar. Os EUA disseram não ver nenhuma retirada de forças russas próximas à Ucrânia e foram apoiados pela Otan, que confirmou a permanência de militares, através de imagens de satélite. Em comunicado conjunto após reunião em Bruxelas, os ministros da Otan pediram para que Moscou opte por um caminho diplomático. Em alerta às empresas locais, agências governamentais americanas destacaram ataques cibernéticos com apoio russo.
Em visita à Rússia, o presidente Jair Bolsonaro disse ser solidário a Vladimir Putin e desejar colaboração nas áreas de defesa, petróleo, gás e agricultura. Brasil e Rússia firmaram hoje um acordo mútuo de proteção de informações sigilosas.
Neste cenário, o dólar caiu ante principais rivais, com o índice DXY registrando queda de 0,30%, a 95,701 pontos. O euro subia a US$ 1,1389 e a libra, a US$ 1,3596. Entre as commodities, apoiado pelo recuo da divisa americana e renovados temores sobre oferta da Rússia, o petróleo subiu mais de 1%. O barril do petróleo WTI para março avançou 1,73% (US$ 1,59), a US$ 93,66, na New York Mercantile Exchange (Nymex), enquanto o do Brent para abril teve alta de 1,64% (US$ 1,53), a US$ 94,81, na London Metal Exchange (LME). (Ilana Cardial - [email protected])
BOLSA
Mesmo com a retomada da percepção de risco no exterior ao longo da maior parte da sessão, o Ibovespa de pouco em pouco chegou hoje ao sétimo avanço consecutivo, com o dólar a R$ 5,1279 na mínima do dia, no fechamento, parecendo mostrar que o fluxo permanece de pé a despeito da orientação 'hawkish' da política monetária nos Estados Unidos e do conflito geopolítico no leste europeu, ainda distante de resolução. Assim, em dia de vencimento de opções sobre o índice, o Ibovespa fechou em leve alta de 0,31%, aos 115.180,95 pontos, entre mínima de 114.815,50 e máxima de 115.734,45, saindo de abertura aos 114.829,72. Reforçado pelo vencimento de opções, o giro foi a R$ 63,5 bilhões nesta quarta-feira. Na semana, a referência da B3 sobe 1,42% e, no mês, 2,71% - no ano, os ganhos chegam a 9,88%.
“Havia setores muito largados, como varejo, e oportunidades em ações ainda muito baratas, como por exemplo Banco do Brasil que, como o Itaú, teve balanço bom e estava com P/L a 4 vezes - e é grande distribuidor de dividendos, um 'dividend yield' de 10% ao ano”, diz Igor Barenboim, economista-chefe da Reach Capital. “Está no preço (dos ativos brasileiros) de que não haverá disciplina fiscal, mas também há uma correção em relação ao momento mais pessimista, o que se percebe também no câmbio. Em relação a emergentes como Índia, cara no momento, o Brasil tem se mostrado como uma opção para os estrangeiros”, acrescenta.
Dessa forma, o Ibovespa retomou hoje a linha dos 115 mil pontos, não vista no intradia desde 16 de setembro passado, e obteve seu melhor nível de fechamento desde o dia 14 daquele mês, em série sem quebras que o aproxima dos oito ganhos consecutivos da virada de maio para junho de 2021.
No exterior, a divulgação da ata do Federal Reserve, às 16h, contribuiu para redução das perdas vistas mais cedo nos três índices de ações em Nova York, bem como para acentuação da queda do índice DXY, que contrapõe o dólar a seis moedas, e dos juros dos Treasuries, especialmente do vencimento de dois anos, que passou da casa de 1,53% para a de 1,50%. Ao final, os índices de referência em Nova York mostravam sinais mistos, perto da estabilidade, entre baixa de 0,16% (Dow Jones) e leve ganho de 0,09% (S&P 500) na sessão.
O documento do Fed sinalizou redução "significativa" do balanço patrimonial da instituição, dado o alto volume atual, mas apenas após o início do ciclo de alta dos juros - que, segundo a expectativa de mercado, deve começar em março e se estender pelo ano. A falta de diretriz mais específica no texto foi interpretada como sinal de que o BC americano mantém em aberto a sintonia do ajuste sobre o volume de ativos na carteira, hoje em quase US$ 9 trilhões.
“Uma referência ao balanço era algo de se esperar na ata, mas acredito que o Fed, como é de seu costume, evitará movimentos bruscos e optará por aumentos de 0,25 ponto nas reuniões deste primeiro semestre, com uma reavaliação em agosto sobre o que fará a seguir”, diz Barenboim.
"Sem discussão explícita de uma data para o início da redução do balanço de ativos, ou da ideia de uma alta de 50 pontos-base do juro em março, a ata ficou do lado menos hawkish das expectativas. Mas ela não define nada, em razão dos dados de inflação e alta salarial mais fortes do que o esperado desde a reunião", observa a Pantheon Macroeconomics.
“A inflação americana batendo recorde de 40 anos, em dezembro e janeiro, e o mercado de trabalho americano superapertado corroboram, e foi dito pelo Fed, ser necessário o ajuste de política monetária. As minutas do Fed, hoje, trazem muito do último discurso do Jerome Powell (presidente do BC americano), mas de uma forma que contemporiza o risco, buscando ganhar tempo. A ata repete postura habitual do Powell, de uma 'step by step basis'”, diz Nicola Tingas, economista-chefe da Acrefi (Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento).
Tingas acrescenta que a visão da ata sobre o núcleo da inflação pelo PCE (métrica preferida do Fed) para este ano e o próximo é inconsistente com a realidade internacional, marcada por pressão sobre commodities como o petróleo, além do mercado de trabalho apertado no país. “O regresso da inflação nessa velocidade parece improvável, e isso dava motivação e ancorava posições fortes (de outros integrantes do Fed), como James Bullard (do Fed de St. Louis)”, acrescenta o economista, ressalvando que um ajuste muito drástico poderia, por outro lado, resultar em “crash” dos mercados, “extremamente alavancados”.
“Uma correção muito rápida das taxas de juros, das condições de liquidez, poderia resultar em 'hard landing'. É compreensível então a atitude do Powell, de tentar baixar a fervura, contemporizando para tentar ganhar tempo”, observa Tingas, para quem o Fed está num “corner”, no qual terá que gastar muita "saliva" para fazer uma aterrissagem suave ao longo do tempo, ancorando expectativas. "Enquanto isso, os mercados vão ajustar prêmios de risco, vão realizar e sair de posições, mas não de uma vez só. Uma travessia com volatilidade e incerteza, mas sem chegar a um crash ou a um 'hard landing'", conclui o economista.
Na B3, o dia foi de recuperação para Petrobras (ON +2,20%, PN +1,39%) e para Vale (ON +0,73%) e também positivo para as ações de grandes bancos, à exceção de Itaú (PN -1,05%). Na ponta do Ibovespa, destaque para Assaí (+7,14%), CVC (+5,96%), Natura (+5,93%) e Carrefour Brasil (+5,31%), que divulgou balanço na noite de ontem. No lado oposto, WEG (-4,81%), JBS (-3,88%) e Alpargatas (-3,32%). “O BNDES colocou à venda mais de 50 milhões de ações da JBS no mercado, o correspondente a cerca de R$ 2 bilhões, com desconto de cerca de 3%, no regime de 'block trade'”, observa Davi Lelis, sócio e especialista da Valor Investimentos. (Luís Eduardo Leal - [email protected])
18:24
Índice Bovespa Pontos Var. %
Último 115180.95 0.30722
Máxima 115734.45 +0.79
Mínima 114815.50 -0.01
Volume (R$ Bilhões) 6.32B
Volume (US$ Bilhões) 1.22B
18:30
Índ. Bovespa Futuro INDICE BOVESPA Var. %
Último 115360 0.14758
Máxima 115690 +0.43
Mínima 114760 -0.37
CÂMBIO
O dólar emendou o terceiro pregão seguido de queda na sessão desta quarta-feira (16), marcada por recuperação dos preços das commodities, como petróleo e minério de ferro, e enfraquecimento global da moeda americana. Operadores voltaram a relatar forte apetite de estrangeiros por ativos domésticos (bolsa e renda fixa) e fechamento de câmbio por parte de exportadores.
Em baixa desde a abertura dos negócios, o dólar à vista tocou mínimas na última hora do pregão em sintonia com o ambiente externo, em meio à divulgação da ata do mais recente encontro de política monetária do Federal Reserve. O documento não trouxe novidades e, dado que já saíram indicadores relevantes da economia americana desde a reunião do BC americano, em 26 de janeiro, é visto como já envelhecido.
A divisa, que havia fechado ontem abaixo de R$ 5,20 pela primeira vez desde seis de setembro, rompeu o piso de R$ 5,15 ainda pela manhã e passou a maior parte da tarde orbitando R$ 5,14. Na reta final da sessão, escorregou até o patamar de R$ 5,12 e acabou encerrando em queda de 1,02%, a R$ 5,1279 - mínima do dia e menor valor de fechamento desde 29 de julho de 2021.
Lá fora, o índice DXY - que mede o desempenho do dólar frente a seis divisas fortes - também registrou mínima após a ata do Fed, passando a ser negociado abaixo da linha de 95,800 pontos. A moeda americana apanhou frente a divisas emergentes e de exportadores de commodities. Até o rublo experimentou leve fortalecimento, a despeito de ainda haver certo receio em torno de uma eventual invasão russa à Ucrânia.
Em sua ata, o BC americano confirmou que deve dar início a um ciclo de alta de juro em breve (a primeira alta é esperada para março) e que será apropriado, em seguida, começar a redução seu balanço patrimonial - ou seja, retirar dinheiro do sistema. A ata traz a informação, contudo, de que ainda não há nenhuma decisão sobre o tema, algo que deve ocorrer nas próximas reuniões. E que, quando ocorrer, a redução do balanço será em ritmo mais acelerado que na ocasião anterior, entre 2017 e 2019.
Para o gestor de juros e moedas da RPS Capital, Joaquim Sampaio, a ata não trouxe trechos que pudessem sugerir uma postura do Fed que ainda não estivesse refletida nos preços dos ativos, como uma eventual menção a uma alta inicial mais forte dos juros já em março. Daí a reação mais amena do mercado. Sampaio vê a alta de juros nos EUA como um dos propulsores da rotação global de portfólio, que leva investidores a migrar para ativos emergentes, movimento de que o real tem se beneficiado, tanto por estar em níveis depreciados como pelo fato de o Brasil exibir taxa de juros de dois dígitos - e ainda em ascensão. O Citi, por exemplo elevou hoje sua projeção de taxa Selic no fim deste ano de 12,25% para 12,75%.
"A performance do Ibovespa está bem superior as bolsas lá fora, com essa troca de ações de crescimento por ações de valor. Esse fluxo pode continuar, porque os estrangeiros estão voltando a alocar no Brasil após alguns anos fora", diz Sampaio, ressaltando que esse movimento não representa, contudo, uma tendência estrutural de valorização dos ativos domésticos. "Os fundamentos não são bons, não temos crescimento. Mas existe essa janela favorável de volta de alocação em Brasil".
A forte demanda por moeda à vista acabou provocando uma distorção, com a taxa no spot ficando abaixo do nível do dólar futuro de vencimento mais curto, para março. Segundo o Ricardo Gomes da Silva, diretor da Correparti, as vendas de exportadores aumentaram muito desde ontem, com diversas transferências de recursos do exterior para fechando de câmbio.
"A percepção é que o dólar poderá romper a casa dos R$ 5,00 no curto prazo", diz Gomes Silva, acrescentando que a decisão do Tribunal de Contas da União (TCU) a favor do processo de privatização da Eletrobrás foi muito bem recebida. "O mercado está começando a ficar 'empossado' e distorcido. Já não acho um absurdo o BC entrar na compra", diz o diretor da estratégia da Inversa Publicações, em referência a forte oferta de dólares no mercado à vista.
Dados do fluxo cambial divulgados hoje à tarde pelo Banco Central mostraram continuidade de conversão de dólares em reais para aporte para ativos locais, embora já em ritmo menor. Houve entrada líquida de US$ US$ 693 milhões pelo canal financeiro na semana passada (de 7 a 11 de fevereiro). Na semana anterior (de 31 de janeiro a 4 de fevereiro), esse fluxo havia sido positivo em US$ 4,569 bilhões.
"Os dados do BC e da Bolsa mostram que o fluxo de investimento estrangeiro continua bastante intenso em fevereiro. Uma parte vai também para a renda fixa local, já que a expectativa de alta de juros continua no radar. Isso está trazendo o dólar para baixo", afirma Bruno Mori, economista e planejador financeiro CFP pela Planejar, acrescentando que a alta das commodities também beneficia o real. "É difícil dizer até onde vai o dólar. Esse é um movimento de fluxo aparentemente de curto prazo, que pode mudar de uma hora para a outra. Temos muitas incertezas na economia brasileira, com inflação alta e eleições". (Antonio Perez - [email protected])
18:30
Dólar (spot e futuro) Último Var. % Máxima Mínima
Dólar Comercial (AE) 5.12790 -1.0192 5.17730 5.12790
Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0
DOLAR COMERCIAL FUTURO 5148.500 -0.49285 5192.000 5137.000
DOLAR COMERCIAL 5196.000 -0.87965 5212.000 5196.000
JUROS
Os juros futuros alternaram altas e baixas ao longo de toda a quarta-feira, mas sempre próximos dos ajustes anteriores, com o mercado em busca de um gatilho para os negócios. O destaque da agenda, a divulgação da ata do Federal Reserve, ficou para depois da sessão regular. Nem o tombo do dólar - nas mínimas foi para o nível dos R$ 5,12 - nem o adiamento da votação do pacotes sobre os combustíveis no Senado animaram o investidor, que também segue de olho nas tensões geopolíticas. Apesar da Rússia mostrar maior disposição à diplomacia e afirmar ter iniciado o recuo parcial das suas tropas na fronteira com a Ucrânia, a Otan alega que, na prática, não há sinais de movimentação neste sentido.
O contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 cedeu de 12,393% ontem a 12,375% (regular) e 12,355% (estendida). O janeiro 2025 subiu de 11,346% a 11,37% na regular e caiu a 11,33% na estendida. E o janeiro 2027 passou de 11,225% para 11,22% (regular) e 11,17% (estendida).
Era de se esperar que a agenda local esvaziada e o noticiário mais fraco comprometessem a dinâmica da ponta curta, que, diante das sinalizações do Banco Central, tende a apresentar maior resistência à devolução de prêmios. Por outro lado, os prêmios acumulados já elevados limitam o espaço para altas mais expressivas. "O mercado já precifica Selic de 13% no fim do ano, com início do ciclo de cortes no começo do ano que vem", afirma Rogério Braga, diretor de Gestão de Renda Fixa e Multimercados da Quantitas Asset, chamando a atenção para o formato da curva hoje em "U", com quedas nas taxas intermediárias e longas, de 2026 em diante, e depois voltando a subir. "Neste trecho longo, pode estar havendo influência tanto do Tesouro colocando papéis mais longos quanto dos juros americanos", disse.
No horizonte de curto prazo, o evento mais relevante para a renda fixa doméstica tende a ser o IPCA-15 de fevereiro, na quarta-feira (23). Na avaliação dos profissionais do Citi, o IPCA em 12 meses deve ficar em dois dígitos por mais tempo que o esperado. O banco prevê que o País chegará ao fim do ano com um taxa de 5,8% ante 4,7% previstos anteriormente, e fora da meta estabelecida pelo segundo ano seguido. Em relatório, o banco estima ainda que, com o cenário desconfortável para inflação, o Comitê de Política Monetária (Copom) deve elevar os juros a 12,75% este ano, de 12,25% previstos antes. E só iniciará o processo de afrouxamento monetário no terceiro trimestre de 2023.
Na última hora da etapa regular, quando o dólar desceu até a casa dos R$ 5,13, as taxas ensaiaram se firmar em baixa, ao mesmo tempo em que o Senado adiava para a semana que vem a votação do pacote de combustíveis. Mas o movimento não prosperou, diante da espera pela divulgação da ata do Fed, às 16h. Praticamente formado um consenso de que o Fed vai começar a subir o juro em março, a maior expectativa era pela sinalização sobre qual seria a dose nesse início de ciclo e também quanto ao balanço da instituição. Mas o documento trouxe poucas novidades e foi lido por agentes inclusive como menos "hawkish" do que o esperado, principalmente depois de uma rodada de declarações de dirigentes do BC americano.
Essa interpretação levou o dólar à vista a fechar na mínima a R$ 5,1279 (-1,02%), em linha com o enfraquecimento global da moeda, e as taxas de juros americanas a recuarem com força. No Brasil, os DIs de prazo mais longo ampliaram a queda no pregão estendido.
Em Brasília, a votação dos pacotes para redução dos preços dos combustíveis ficou para a semana que vem, reforçando a percepção do mercado de que a falta de consenso vai enfraquecendo as chances de as propostas avançarem.
Ontem, o senador Jean Paul Prates (PT-RN) apresentou relatório referente ao ICMS que introduz uma cobrança monofásica do imposto para gasolina, diesel e biodiesel, com autonomia para Estados definirem as alíquotas, mas ampliou os gastos com o Vale-Gás, representando despesa adicional de R$ 1,9 bilhão. "Por outro lado, o fato da proposta do senador Carlos Fávaro, a chamada Pec Kamikaze, ser deixada de lado no momento, constitui uma boa notícia para o time de economia do governo", afirma a equipe da CM Capital.
Nesse sentido, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), disse nesta tarde que, com os projetos no Senado para baixar os impostos sobre esses produtos, as Propostas de Emenda à Constituição (PEC) ficam "definitivamente afastadas". (Denise Abarca - [email protected]; colaborou Mateus Fagundes - [email protected])
18:30
Operação Último
CDB Prefixado 30 dias (%a.a) 10.97
Capital de Giro (%a.a) 6.76
Hot Money (%a.m) 0.63
CDI Over (%a.a) 10.65
Over Selic (%a.a) 10.65