Os ativos globais experimentaram alguma deterioração à tarde, em meio a notícias de que a Rússia já teria data para invadir a Ucrânia: quarta-feira, um dia após o presidente Jair Bolsonaro desembarcar em Moscou. Mas o fechamento ficou bem distante do pior momento, em meio a relatos desencontrados sobre o ataque. Primeiro, pesaram as notícias de que o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, teria sido informado de que os russos poderiam atacar depois de amanhã. Na reta final, contudo, surgiu o relato de que Zelensky teria sido irônico, segundo um de seus conselheiros. Assim, as bolsas americanas primeiro renovaram mínimas acima de 1%, mas, ainda que tenham terminado todas no vermelho, as perdas foram bastante contidas, abaixo de 0,50% e com o Nasdaq estável. Enquanto isso, o Ibovespa também chegou a virar para o negativo, mas conseguiu sustentar pequeno ganho. Os juros futuros, por sua vez oscilaram entre a estabilidade e leve viés de queda durante quase todo o pregão, mas terminaram em leve alta nos vencimentos intermediários e longos em meio ao quadro de cautela internacional. Até porque, no caso da renda fixa, os yields dos Treasuries também subiram, com o mercado cada vez mais convicto de que o primeiro aperto do Fed será de 0,50 ponto porcentual. Já o dólar ante o real, que chegou a operar abaixo de R$ 5,20, sustentou a queda, mas de maneira bem mais comedida, ao terminar com desvalorização de 0,46%, a R$ 5,2185. O petróleo, por sua vez, ganhou fôlego e terminou em alta, diante da escalada das tensões, no maior nível desde 2014. Mesmo assim, as ações da Petrobras recuaram mais de 2%, enquanto Vale também cedeu. Mas com muitos papéis ligados à atividade interna em alta, com fluxo de investidores atrás de oportunidades, o Ibovespa segurou ganho de 0,29%, aos 113.899,19 pontos.
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MERCADOS INTERNACIONAIS
As bolsas de Nova York fecharam na maioria em baixa, o dólar subiu e o petróleo registrou alta de mais de 2%, com investidores cautelosos ante o risco de que a Rússia invada a Ucrânia. Relato do próprio presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, de que ele teria sido informado de que os russos podem atacar nesta quarta-feira pesaram sobre a tomada de risco em geral, mas apoiaram o petróleo, em meio a informações sobre a retirada de pessoal americano da embaixada em Kiev e movimentações de tropas. Mais adiante, contudo, um conselheiro de Zelensky, Mykhailo Podoliak, disse que ele havia sido irônico na declaração. Ainda no noticiário, a presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, voltou a falar sobre a trajetória dos preços na zona do euro, ao reconhecer que a inflação está elevada, mas previu que ela perderá fôlego adiante. Nos EUA, houve queda nas expectativas de inflação segundo pesquisa do Federal Reserve (Fed) de Nova York, mas o CME Group mostrava apostas majoritárias de que o BC americano elevará os juros em 50 pontos-base em março para conter o quadro inflacionário, e nesse contexto os retornos dos Treasuries avançaram.
O presidente ucraniano afirmou que foi informado sobre um potencial ataque da Rússia nesta quarta-feira. Em meio a repetidos alertas de potências do Ocidente de que uma ação de Moscou estaria próxima, há relatos sobre retirada de pessoal da embaixada americana em Kiev e de tropas russas se mobilizando perto da fronteira. O ministro das Relações Exteriores russo, Sergey Lavrov, disse mais cedo que uma saída diplomática ainda é possível, mas a Rússia não aceita a intenção da Ucrânia de entrar na Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).
O relato de Zelensky ampliou a cautela nos mercados à tarde, impulsionando o dólar e os juros dos Treasuries. Posteriormente, seu conselheiro disse que ele foi irônico ao citar data para a eventual invasão, e as bolsas reduziram perdas, com o Nasdaq terminando estável. Nas bolsas de Nova York, o Dow Jones fechou em baixa de 0,49%, em 34.566,17 pontos, o S&P 500 caiu 0,38%, a 4.401,67 pontos, e o Nasdaq ficou estável, em 13.790,92 pontos.
A Capital Economics afirma em relatório que os ativos de risco são abalados por duas frentes, neste momento: o risco geopolítico com a Rússia e também a perspectiva de aperto monetário por grandes bancos centrais. O Goldman Sachs reviu para baixo sua previsão para o nível do índice S&P 500 ao fim deste ano, de 5.100 a 4.900 pontos, após grande parte da temporada de balanços do quarto trimestre.
O Goldman ainda espera que o juro da T-note de 10 anos chegue ao fim de 2022 em 2,25%. O Fed deve elevar juros em março, com os investidores se questionando sobre a intensidade desse aperto inicial. Hoje, as apostas de uma alta de 50 pontos-base prevaleciam (56,0%) no fim da tarde em Nova York, ante 44,0% de probabilidade estimada de aumento de 25 pontos-base, segundo o monitoramento do CME Group. O Fed de Nova York publicou pesquisa que mostrou queda nas expectativas de inflação ao longo de um ano e de três anos, a 5,8% e 3,5% em janeiro (de 6,0% e 4,0% em dezembro).
Com o BC americano no radar, os juros dos Treasuries subiram. No fim da tarde em Nova York, o retorno da T-note de 2 anos subia a 1,594%, o da T-note de 10 anos avançava a 2,002% e o do T-bond de 30 anos, a 2,309%.
No câmbio, a cautela apoiou a demanda pelo dólar. A Western Union menciona as tensões geopolíticas e também a postura do Fed impulsionadores da moeda. No horário citado, o dólar subia a 115,58 ienes, o euro recuava a US$ 1,1301 e a libra tinha baixa a US$ 1,3525. O índice DXY, que mede o dólar ante uma cesta de moedas fortes, subiu 0,30%, a 96,374 pontos. Na zona do euro, Lagarde disse que a inflação deve seguir elevada por mais tempo que o previsto, mas recuará ainda em 2022, durante discurso no Parlamento Europeu. Ela voltou a garantir que o BCE não tem pressa em ajustar sua política monetária.
Entre as commodities, o petróleo teve ganho forte, já que eventual conflito pode prejudicar as exportações russas. A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) diz estar concentrada em manter o mercado bem abastecido, segundo seu secretário-geral, Mohammed Barkindo. O WTI para março fechou em alta de 2,53%, a US$ 95,46 o barril, na Nymex, e o Brent para abril avançou 2,16%, a US$ 96,48 o barril, na ICE. (Gabriel Bueno da Costa - [email protected])
Volta
JUROS
O clima no mercado de juros era relativamente tranquilo vis-à-vis as tensões geopolíticas no exterior, com as taxas curtas perto da estabilidade e as longas, em leve baixa, na maior parte do dia, mas azedou pouco antes do fechamento da sessão regular. A declaração do presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, de que foi avisado de que a Rússia atacará o país na próxima quarta-feira ampliou a cautela nos ativos, levando as taxas para as máximas. A ponta curta ainda conseguiu encerrar estável, mas a partir do trecho intermediário os juros terminaram com ligeira alta. Ao longo da sessão, a Selic em dois dígitos seguiu reforçando a máxima de que "contra fluxo, não há argumentos" e a perspectiva de entrada de recursos para a renda fixa e variável, favorecendo o câmbio.
Nesta segunda-feira de agenda local esvaziada, a liquidez foi bastante baixa nos negócios com contratos de Depósito Interfinanceiro (DI). A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 fechou estável em 12,48% e a do DI para janeiro de 2025 subiu de 11,441% para 11,485% (regular). A do DI para janeiro de 2027 avançou 11,356% no ajuste de sexta-feira para 11,365% (regular). Na etapa estendida, a pressão diminuiu e tais contratos fecharam com taxas de 12,465%, 11,475% e 11,375%.
Durante a sessão, as taxas acompanharam, em boa medida, o desempenho positivo do real, que superou o de pares emergentes. Além de evidência da atração de fluxo, a queda do dólar também é fator que ajuda a controlar a inflação, podendo até mesmo fazer um contraponto ante uma possível escalada do petróleo em função dos riscos geopolíticos. Ao longo do dia, a percepção era de que chance de invasão da Rússia à Ucrânia tinha caído um pouco em relação à sexta-feira, quando se caracterizava como iminente. Os esforços diplomáticos prosseguiram, mas o Ocidente subiu o tom sobre as sanções econômicas contra a Rússia em caso de ataque.
No fim da tarde, porém o relato do presidente ucraniano trouxe desconforto, abalando a resiliência da curva. Os preços do petróleo fecharam em alta de mais de 2%. O dólar reduziu a queda, mas ainda assim terminou em R$ 5,2185 (-0,46%).
"Em termos de fluxo, estamos bem em relação aos pares. O Brasil começou a normalizar antes sua política monetária e, mesmo assim, ainda continuamos com expectativas de inflação elevadas", afirma o operador de renda fixa da Terra Investimentos Paulo Nepomuceno, destacando que, olhando o quadro de outros países emergentes, a moeda brasileira está atrativa. "Como apostar contra o real com a Selic nesses níveis?", questiona. "A Rússia está quase em guerra; no Chile, há confusão política; no México, o juro ainda é baixo; e a Turquia... bem, nem se fala." A Selic está em 10,75% e o juro no México, em 6,00%.
Na pesquisa Focus, depois do tom duro da ata do Copom e das declarações de dirigentes na semana passada, a mediana para a Selic no fim de 2022 subiu de 11,75% para 12,25%, o que pode ter colaborado para que a expectativa de IPCA 2023, para onde está voltado agora o horizonte da política monetária, permanecesse em 3,50%.
A expectativa de inflação deste ano, porém, subiu de 5,44% para 5,50%, cada vez mais distante do teto da meta de inflação de 5%. E pode piorar. Os preços de commodities, além de significar pressão sobre os combustíveis, têm afetado ainda os bens industriais e, para economistas ouvidos pelo Broadcast, um alívio mais substancial deste grupo tende a vir apenas após o primeiro trimestre - um movimento que pode postergar a desaceleração do IPCA em 2022 (veja matéria especial às 14h15).
A movimentação em Brasília com relação à PEC dos Combustíveis continua sendo monitorada, mas o sentimento é o de que não há pressa. Diante do potencial estrago fiscal embutido na proposta - que não à toa é chamada de "kamikaze" -, a percepção é de que uma solução menos danosa será encontrada. O Senado pautou para a quarta-feira a votação de três projetos de lei relacionados aos combustíveis que estão no Congresso, que seriam alvo de discussão entre líderes partidários nesta tarde. (Denise Abarca - [email protected])
18:27
Operação Último
CDB Prefixado 30 dias (%a.a) 10.93
Capital de Giro (%a.a) 6.76
Hot Money (%a.m) 0.63
CDI Over (%a.a) 10.65
Over Selic (%a.a) 10.65
BOLSA
Mesmo com a cautela que persiste no exterior, o Ibovespa conseguiu emendar o quinto ganho diário neste começo de semana, igualando série positiva para a referência da B3 vista no início de dezembro. Dessa vez, os ganhos acumulados no intervalo são mais tímidos, na faixa de 0,2% a 0,8% por dia, refletindo a extensão da recuperação em janeiro (6,98%) e um cenário externo mais desafiador, com tensão geopolítica entre Rússia e Ucrânia se combinando ao viés de alta para os juros globais, em meio à correção nas políticas monetárias. Hoje, o índice subiu 0,29%, aos 113.899,19 pontos, melhor nível de encerramento desde 18 de outubro (114,4 mil pontos), oscilando 808 pontos entre a mínima (113.358,16) e a máxima (114.167,00) desta segunda-feira. Moderado, o giro foi de R$ 26,0 bilhões na sessão. No mês, o Ibovespa avança 1,57% e, no ano, ganha 8,66%, apesar da aversão global a risco.
“A postura do presidente russo (Vladimir Putin) na disputa ainda não é inteiramente clara”, aponta Rachel de Sá, chefe de economia da Rico Investimentos. “Ainda é cedo para determinar quais serão as ramificações da crise atual, tanto na seara política quanto na econômica”, acrescenta em nota, na qual observa também que o principal efeito imediato, nos preços de petróleo e derivados, coloca “mais gasolina na fogueira da inflação global”, no momento em que as políticas monetárias nas principais economias sugerem abordagem restritiva para a liquidez. Hoje, o Brent foi negociado acima de US$ 96 por barril, com ganho de 2% na sessão, enquanto o WTI chegou a US$ 95,46 no fechamento, no maior nível desde 2014.
“Os investidores podem passar a precificar a necessidade de juros mais altos e subindo mais rápido do que o esperado nos EUA, se a situação se prolongar. O mesmo pode ocorrer no Brasil, com o risco de vermos juros ainda mais altos do que o projetado hoje, no evento de uma disparada inesperada nos preços da gasolina e derivados”, acrescenta Rachel. Uma “fuga para a segurança”, aponta a economista, tende a fortalecer o dólar, assim como a demanda por títulos americanos.
Assim, o fluxo externo de R$ 32,5 bilhões para a B3 em janeiro, ainda que positivo em fevereiro em R$ 9,8 bilhões (até o dia 10), pode se tornar menos intenso em vista da aversão a risco, reforçada no momento pela falta de percepção clara sobre o desfecho do evento: resolução diplomática ou algum grau de conflito armado, ainda que localizado e restrito apenas à Rússia e Ucrânia no cenário menos extremo.
Não à toa, declaração do presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, de que foi alertado de que a Rússia invadirá o país na quarta-feira, dia 16 - também conhecida como depois de amanhã - piorou o humor global e chegou a colocar o Ibovespa no negativo, embora em ajuste bem mais discreto do que o observado em Nova York, onde as perdas foram acima de 1% no meio da tarde, e limitadas a 0,49% (Dow Jones) no fechamento, com Nasdaq estável. A notícia veio horas depois de o ministro de Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, afirmar que uma saída diplomática ainda é possível.
Mais tarde, um alto funcionário do governo ucraniano negou que o presidente estivesse sendo literal quando disse, em discurso à nação, que lhe informaram que um ataque russo começaria na quarta-feira. Mykhailo Podoliak, um conselheiro presidencial, afirmou à CNN que Zelensky estava sendo irônico ao fazer as afirmações.
É "absolutamente possível" que Vladimir Putin, presidente da Rússia, aja "com pouco ou nenhum aviso" em ataque à Ucrânia, disse por sua vez, no fim da tarde, o porta-voz do Pentágono, John Kirby, em coletiva à imprensa. Ele afirmou também que os Estados Unidos acreditam que uma decisão final não foi feita pela Rússia.
“O cenário ainda é de indefinição e cautela. A tensão sobre a Ucrânia traz muita indeterminação sobre os preços do petróleo, na produção como no consumo, o que traz volatilidade para as ações de Petrobras. Em dia também negativo para Vale (ON-0,43%), com correção do minério na China, que vem de recuperação de 18% no mês passado e agora tem uma queda mais forte, de cerca de 7% em Dalian. A China tenta esfriar o mercado de construção e de aço para afetar o preço”, diz Davi Lelis, sócio e especialista da Valor Investimentos.
Assim, na B3, os ganhos hoje foram limitados pelo ajuste em Petrobras (ON -2,58%, PN -2,25%), que esteve entre os destaques da última sexta e hoje ocupou a ponta oposta do Ibovespa com Via (-2,43%), Marfrig (-2,53%) e Carrefour Brasil (-2,10%), no dia em que o Supremo Tribunal Federal (STF) avaliou o maior processo trabalhista já movido contra a empresa, com potencial negativo de R$ 47 bilhões sobre o caixa da estatal. Ao fim, a maioria da 1ª turma do STF decidiu a favor da Petrobras, derrubando a ação trabalhista. Na ponta de ganhos, destaque hoje para Banco Inter (+7,84%), Petz (+6,59%), Hypera (+4,35%), Totvs (+3,76%) e Americanas ON (+3,63%). (Luís Eduardo Leal - [email protected])
18:21
Índice Bovespa Pontos Var. %
Último 113899.19 0.28778
Máxima 114167.00 +0.52
Mínima 113358.16 -0.19
Volume (R$ Bilhões) 2.59B
Volume (US$ Bilhões) 4.98B
18:29
Índ. Bovespa Futuro INDICE BOVESPA Var. %
Último 113895 0.10547
Máxima 114300 +0.46
Mínima 112880 -0.79
CÂMBIO
Com relatos de fluxo de recursos estrangeiros para ativos domésticos e perspectiva cada vez maior de taxa Selic na casa de 12%, o dólar à vista recuou no mercado doméstico de câmbio na sessão desta segunda-feira (14), a despeito de a moeda americana ter ganhado força em relação a ampla maioria de divisas fortes e emergentes. Afora uma pequena alta na primeira hora de negócios, quando tocou na máxima do dia (R$ 5,2665), a divisa trabalhou em baixa durante todo o pregão, operando em diversos momentos abaixo da linha R$ 5,20 - uma barreira técnica que, se superada em um fechamento, poderia abrir uma janela para nova rodada de apreciação do real, dizem operadores.
O rumo dos ativos hoje foi muito influenciado pelo vaivém das expectativas sobre os desdobramentos da crise geopolítica, em meio a relatos contraditórios sobre uma iminente invasão russa a Ucrânia. No fim da manhã e início da tarde, sinais de que os russos estavam dispostos a negociar com as potencias Ocidentais deram certo fôlego as bolsas em Nova York e tiraram um pouco da pressão sobre o dólar lá fora. O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, chegou a afirmar que uma saída diplomática ainda é possível. Foi quando, por aqui, a moeda registrou mínima, descendo até R$ 5,1957 (-0,89%).
O caldo voltou a entornar no exterior na reta final dos negócios no mercado local, quando uma incursão da Rússia em território ucraniano voltou a ser o cenário mais provável. O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, afirmou, em vídeo publicado no seu perfil oficial no Facebook, que foi avisado de que a Rússia atacará o país na próxima quarta-feira, dia 16. Na sequência, os mercados acionários americanos aprofundaram as perdas e o índice DXY - que mede o desempenho do dólar em relação a uma cesta de seis divisas - acelerou os ganhos e voltou a toar o patamar de 96,300 pontos.
Por aqui, o dólar diminui bastante o ritmo de queda e, após operar por certo tempo na casa de R$ 5,22, fechou a R$ 5,2185, em queda de 0,46%. Com baixa de 1,65% em fevereiro, a moeda já acumula perda de 6,41% em 2022. Entre os pares do real, o rand sul-africano e o peso mexicano também conseguiram ganhar terreno frente ao dólar, mas com desempenho inferior ao da moeda brasileira. Após o encerramento dos negócios, surgiram relatos, de um alto funcionário do governo ucraniano, de que Zelensky teria sido irônico quando se referiu ao suposto ataque russo na quarta-feira.
Mais uma vez, operadores relataram entrada de fluxo estrangeiro para ativos domésticos e citaram a taxa de juros elevada do Brasil como a principal razão para o fôlego do real. Além de atrair capitais de curto prazo para operações de carry trade, os juros domésticos encarecem o hedge e desencorajam montagens de posições compradas (que apostam na alta do dólar).
Na esteira do tom duro da ata do Copom e de declarações do diretor de política monetária do Banco Central, Bruno Serra, na semana passada, a mediana das projeções do Boletim Focus para a taxa Selic no fim deste ano passaram de 11,75% para 12,25% - refletindo a revisão de expectativa promovida por diversas casas ao longo dos últimos dias.
"Apesar de toda a incerteza com essa questão da Ucrânia e da alta dos Treasuries, o fluxo de recursos continua muito forte. O diferencial de juros é elevado. O problema é que esse capital é de curto prazo e pode sair a qualquer momento", afirma o operador Hideaki Iha, da Fair Corretora, acrescentando que exportadores e importadores mantêm uma postura cautelosa, evitando fechar grandes operações. "O dólar já caiu bastante e a visibilidade agora é muito baixa. Se a Rússia invadir a Ucrânia, o dólar pode dar uma pancada para cima".
Iha ressalta que a forte entrada de divisas acabou amenizando a transmissão das preocupações fiscais sobre a formação da taxa de câmbio. Embora pareça haver certo recuo em torno da PEC dos Combustíveis apresentada no Senado, Iha vê como certa nova onda de pressão por mais gastos públicos ou renúncia fiscal em ano eleitoral. "O cenário externo é complicado. Vai ter alta de juros nos EUA. Internamente, vamos ter a economia muito fraca e mais gastos. É difícil imaginar um dólar mito mais para baixo", diz.
O Senado pautou para a próxima quarta-feira (16) a votação de três projetos de lei que tentam reduzir o preço dos combustíveis no País, mas a PEC do senador Carlos Fávaro (PSD-MT), apelidada de "PEC Kamikaze" pela equipe econômica, ainda não tem data para ser apreciada.
Por ora, a possibilidade de uma normalização mais rápida da política monetária americana, com altas sucessivas da taxa de juros nos EUA a partir de março não abala o real. Maior expoente da ala dura do BC americano, o presidente do Federal Reserve de St. Louis, James Bullard, voltou a defender hoje uma elevação 100 pontos-base da taxa básica até 1° de julho. Para o dirigente, a redução do balanço patrimonial do Fed - o que, na prática, significa retirada de dinheiro do sistema - deveria começar já no segundo trimestre. Monitoramento do CM Group mostra que as apostas em alta da taxa dos Fed Funds em 50 ponto-base em março voltou a ser predominante após declarações do dirigente do BC americano
O economista-chefe da JF Trust, Eduardo Velho, vê o fluxo externo "ainda expressivo" para ativos locais como responsável pela "persistência no descolamento do mercado cambial" doméstico do comportamento do dólar no exterior. "O carry trade segue beneficiando o real frente ao dólar, com a expectativa de juro maior no curto prazo", diz Velho, ressaltando que no exterior a moeda americana avança por conta da crise geopolítica e da possibilidade de alta maior de juros pelo Federal Reserve. (Antonio Perez - [email protected])
18:29
Dólar (spot e futuro) Último Var. % Máxima Mínima
Dólar Comercial (AE) 5.21850 -0.4559 5.26650 5.19570
Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0
DOLAR COMERCIAL FUTURO 5231.000 -0.79651 5284.500 5213.500
DOLAR COMERCIAL 5320.000 09/02