BOLSA TEM REALIZAÇÃO DE LUCRO E CAI, ENQUANTO DI CEDE À ESPERA DE SINAL DO BC

Blog, Cenário

O investidor aproveitou o clima de espera pela decisão do Copom, após o fechamento do mercado, para realizar um pouco dos lucros acumulados nos últimos dias, o que resultou em queda da Bolsa e leve alta do dólar. Enquanto isso, os juros futuros, já precificando um aperto de 1,50 ponto porcentual da Selic hoje, tiveram rodada de devolução de prêmios, trabalhando com a possibilidade de que o Banco Central sinalize a redução do ritmo de aperto de agora em diante. Mas não foi só a política monetária que gerou ajuste dos ativos brasileiros. O quadro fiscal voltou a entrar no radar - e a ser motivo de cautela - com a volta do Congresso aos trabalhos e o surgimento de debates sobre desonerações, seja uma PEC concentrada no diesel, seja o corte linear nas tarifas de IPI, sem clareza sobre o impacto nas contas públicas. Por fim, especificamente no caso da Bolsa, a abertura da temporada de balanços, com o resultado do Santander abaixo do esperado, foi razão adicional para pressionar as ações do setor e fazer o Ibovespa ceder 1,18%, aos 111.894,36 pontos. Enquanto isso, a moeda dos EUA teve um dia volátil e terminou com pequena valorização de 0,07%, a R$ 5,2763, em linha com o comportamento em relação a outras emergentes. No exterior, as principais bolsas de Wall Street registraram ganhos, com o desempenho dos papéis da Alphabet, depois de balanço que agradou ao mercado, sendo um driver positivo. Até houve alguma volatilidade após a criação de vagas no setor privado decepcionar e mostrar que a Ômicron teve impacto sobre a economia dos EUA, aumentando a expectativa pelo payroll, na sexta. No fim, contudo, essa variável acabou tendo mais impacto sobre os Treasuries, cujos retornos recuaram.

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BOLSA

À espera dos termos do comunicado do Copom sobre a decisão de política monetária desta noite, da qual se espera elevação da Selic de 9,25% para 10,75% ao ano, o Ibovespa fez uma pausa na recuperação deflagrada em janeiro, vindo de ganhos em cinco das últimas seis sessões mesmo quando o sinal, ao contrário de hoje, não era favorável em Nova York.

Nesta quarta-feira, o índice de referência da B3 fechou em baixa de 1,18%, a 111.894,36 pontos, em sessão de perdas bem distribuídas, entre as quais as de bancos após o balanço do Santander (Unit -2,99%), na abertura da temporada de resultados do quarto trimestre de 2021 - depois do fechamento de hoje, será a vez de Cielo (ON +1,30%, terceira maior alta do Ibovespa na sessão). Entre os segmentos e ações de maior peso no índice, a exceção do dia foi mineração (Vale ON +0,56%) e siderurgia (Gerdau PN +0,77%). Na ponta do Ibovespa, Positivo (+3,57%) e Qualicorp (+1,60%), com Banco Inter (Unit -9,54%) e IRB (-9,04%) no lado oposto.

"O Santander Brasil reportou lucro líquido gerencial de R$ 3,880 bilhões no quarto trimestre de 2021, redução de 10,6% em relação ao terceiro trimestre. O banco também aprovou a distribuição de R$ 1,3 bilhão em dividendos intercalares e R$ 1,445 bilhão líquido em JCP, com data ex-dividendo a partir de 11 de fevereiro e pagamento a partir de 4 de março", aponta em nota a Nova Futura Investimentos.

Na B3, o giro ficou em R$ 30,6 bilhões na sessão e, da mínima à máxima, o Ibovespa variou entre 111.645,07 e 113.665,90, saindo de abertura aos 113.228,13 pontos. Na semana e no mês, oscila agora levemente para o negativo (-0,01% e -0,22% respectivamente), ainda acumulando retomada de 6,75% no ano.

“O consenso é de que a Selic será elevada hoje em 150 pontos-base, de forma que a atenção do mercado deve se voltar para eventuais mudanças no comunicado. Nossa percepção é de que a orientação da política tende a se manter contracionista, mas com possibilidade de alguma flexibilização nos termos do comunicado, deixando em aberto (aumentos futuros)”, diz Luciano Costa, economista-chefe da Kilima Asset, casa que aguarda outra elevação em março, de 0,75 ponto porcentual, que colocaria a Selic a 11,50%, nível que seria mantido até o fechamento do ano, e que já deixaria naquele mês a taxa de juros real entre 6% e 6,5%.

Pelo lado fiscal, contudo, a possibilidade de desonerações neste ano eleitoral tende a produzir efeito sobre o balanço de riscos do BC, que se traduziria em chance de Selic mais próxima a 12% no fim do ano, observa o economista. “São questões que estão em aberto, e o BC não tem como se antecipar a isso”, diz Costa.

No momento, a equipe econômica estuda reduzir as alíquotas do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) linearmente em 15% a 30%. De acordo com fonte ouvida pelo Broadcast, tais simulações estão na mesa, sem discussão de corte maior. A redução de 30% impactaria em R$ 24 bilhões a arrecadação de tributos, o que também diminuiria o repasse do imposto aos Estados. A ideia em discussão é reduzir a alíquota incidente sobre todos os produtos, para não beneficiar setores. Há também a discussão sobre a PEC dos combustíveis, concentrada agora no diesel.

Na B3, com a rotação vista entre as ações de crescimento para as de valor, o mês de janeiro foi impelido pela atração de fluxo, que resultou não apenas em recomposição de preços mas também em fortalecimento do real ante o dólar, após fim de ano pautado pelo 'overhedge'. “Há um ajuste natural, uma melhora em começo de ano. A questão passa a ser a extensão, a continuidade desse 'upside', o que tem de (espaço) remanescente, que não é tão grande assim”, aponta o economista da Kilima.

“A Selic não chega aos dois dígitos desde julho de 2017, e naquele ano foi a 11,25%, agora devemos voltar a 10,75%, podendo chegar aos mesmos 11,25% na reunião seguinte (de março) para o BC controlar esses movimentos (da inflação)”, diz Rodrigo Franchini, sócio da Monte Bravo Investimentos.

"Os investidores estão ansiosos para saber se já chegamos no limite superior da taxa (Selic) ou se ainda há espaço para promover novas altas. Eventual movimento inesperado do Copom tende a resultar em volatilidade na Bolsa, com incerteza para o investidor", diz Rafael Germano, especialista em renda variável da Blue3. (Luís Eduardo Leal - [email protected])

18:19

 Índice Bovespa   Pontos   Var. % 

Último 111894.36 -1.17811

Máxima 113665.90 0.00

Mínima 111645.07 0.00

Volume (R$ Bilhões) 3.05B

Volume (US$ Bilhões) 5.77B

19:32

 Índ. Bovespa Futuro   INDICE BOVESPA   Var. % 

Último 113730 1.0574

Máxima 113800 +1.12

Mínima 112405 -0.12

JUROS

Com o aumento da Selic a 10,75% consolidado e no aguardo das indicações do que o Banco Central fará adiante, o mercado de juros teve mais um dia de queima de prêmios e liquidez mais restrita. A expectativa dos agentes é de que o comunicado indique que, daqui adiante, a autoridade monetária vai reduzir a intensidade da alta. Os contratos embutem chance de elevação entre 1,00 ponto porcentual e 1,25 ponto em março e algum residual adiante.

O contrato de Depósito Interfinanceiro para janeiro de 2023 cedeu de 12,168% no ajuste de ontem a 12,13% (regular) e 12,125% (estendida). O janeiro 2025 recuou de 11,103% a 10,99% (regular) e 10,97% (estendida). E o janeiro 2027 passou de 11,102% a 10,98% (regular) e 10,95% (estendida). No caso desse último, é a primeira vez desde 3 de janeiro que a taxa de ajuste fica abaixo da marca de 11%.

Em termos de liquidez, o dia teve menos negócios, como praxe em vésperas de Copom. O janeiro 2023 movimentou 400 mil contratos, ante mais de 1 milhão na quarta-feira passada; o janeiro 2025, 221 mil contratos, ante 335 mil; e o janeiro 2027, 87 mil contratos, ante 154 mil.

Agentes do mercado de juros lembram que, devido à menor movimentação, a intensidade dos ajustes na curva acaba sendo maior. Isso explicaria, em parte, a redução dos prêmios em maior ritmo hoje em alguns vértices.

No caso dos mais curtos, sobretudo, a percepção é que os dirigentes do BC vão gradualmente colocar o pé no freio.

"O mercado está na dúvida quanto ao comunicado para ver o que vai precificar. A percepção é que talvez o Copom devesse diminuir o ritmo de alta, senão o estrago na economia seria muito danoso", observa o gerente da mesa de renda fixa da CM Capital, Jefferson Lima. Lima acredita que o BC começará a reduzir o ritmo de alta em março. A CM trabalha com uma Selic terminal de 12,25%.

O economista-chefe da Greenbay Investimentos, Flávio Serrano, lembra que, após a surpresa com o IPCA-15 na quarta-feira passada, o mercado teve uma correção, em linha com a espera da flexibilização do comunicado hoje.

"A gente acredita que a partir de março já tem espaço para reduzir a intensidade da alta. A efetividade da política monetária para a inflação de 2022 está perdendo espaço e já há uma convergência [ao centro da meta] para 2023 nos preços. Eventualmente, além de março, ainda há um espaço para uma alta em maio, mas daí deve parar", afirma Serrano.

Nos cálculos da Greenbay, a curva de juros embute cerca de 130 pontos-base de alta para o mês de março, o que dá 80% de aposta em elevação de 1,25 ponto porcentual.

No modelo do professor Alexandre Cabral, a curva aponta para 108 pontos-base de alta, ou seja, 60% de chance de um aumento de 1 pp em março e 40%, de 1,25 pp. Para maio, o residual aponta para uma Selic entre 12% (45% de chance) e 12,25% (55%). O nível de 12,25% é praticamente unânime na aposta para a virada do ano.

Para amanhã, além das atenções voltadas aos sinais do Copom, os agentes também monitorarão o leilão do Tesouro. Serão ofertadas NTN-Fs para 01/01/2029 e 01/01/2033, além de LTNs para 01/04/2023, 01/04/2024 e 01/07/2025.

O debate fiscal hoje, que tende a impactar a curva longa, acabou ficando de lado nos negócios. Mais cedo, a repórter Lorenna Rodrigues apurou que a equipe econômica estuda reduzir as alíquotas do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) linearmente em 15% a 30%.

A redução de 30% impactaria em R$ 24 bilhões a arrecadação de tributos, o que também diminuiria o repasse do imposto aos Estados. A ideia em discussão é reduzir a alíquota incidente sobre todos os produtos, para não beneficiar setores. Ficariam de fora apenas aqueles que têm "externalidade negativa", que, por exemplo, trazem prejuízos ao consumidor, entre eles cigarros e bebidas alcoólicas.

Também no âmbito fiscal, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), defendeu o avanço da reforma tributária e de uma reforma administrativa em 2022 no Congresso, apesar de o ano ser concentrado no período eleitoral. A fala ocorreu durante a sessão de abertura do ano legislativo.

Quanto aos combustíveis, o líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), disse não saber ainda que proposta será apresentada, mas ressaltou que ela sairá do Congresso. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), se mostrou aberto a debater o tema e construir uma solução conjunta com o governo. (Mateus Fagundes - [email protected])

18:23

 Operação   Último 

CDB Prefixado 30 dias (%a.a) 10.63

Capital de Giro (%a.a) 6.76

Hot Money (%a.m) 0.63

CDI Over (%a.a) 9.15

Over Selic (%a.a) 9.15

CÂMBIO

Após uma sequência de quatro pregões consecutivos de queda firme, em que acumulou desvalorização de 3,09%, o dólar à vista até esboçou um movimento mais forte de recuperação na sessão desta quarta-feira (02), chegando a romper o teto de R$ 5,30 pela manhã, mas perdeu fôlego ao longo da tarde e acabou fechando em ligeira alta, na casa de R$ 5,27.

As movimentações do real se deram, na maior parte do pregão, em sintonia com o comportamento de pares entre divisas emergentes. Investidores ajustaram posições em meio ao resultado abaixo do esperado do emprego privado nos Estados Unidos em janeiro (relatório ADP), fruto muito do impacto da variante Ômicron do coronavírus, enquanto aguardam a divulgação do relatório de emprego (payroll) na sexta-feira (04) para calibrar as apostas em torno do ritmo de normalização da política monetária americana.

No início dos negócios, o dólar chegou a recuar, descendo à mínima de R$ 5,2567 (-0,31%), com relatos de entrada de fluxo estrangeiro. Mas virou para o positivo ainda pela manhã e atingiu máxima a R$ 5,3145 (+0,79%). No fim do dia, era cotado a R$ 5,2763, alta de 0,07%. Apesar do suspiro hoje, a moeda acumula queda de 2,11% nesta semana e já recua 5,37% em 2022.

Analistas atribuem parte relevante do desempenho do real neste ano, superior a de seus pares emergentes, ao aumento das operações de carry trade, que exploram o diferencial de juros entre países. Como uma elevação da taxa Selic em 1,50 ponto porcentual pelo Copom hoje à noite é dada como certa, as atenções se voltam ao comunicado do comitê, que pode trazer sinais sobre o ritmo e a extensão do atual ciclo de aperto.

Dados do BC divulgados hoje confirmam a forte entrada de recursos externos para ativos domésticos nas últimas semanas. Em janeiro (até dia 28), o fluxo pelo canal financeiro apresentou entradas líquidas de US$ 4,897 bilhões, dos quais US$ 2,927 bilhões apenas na semana passada (de 24 a 28). Como houve saída líquida de US$ 4,108 bilhões em janeiro (até dia 28) pelo lado comercial, o fluxo cambial total no período foi positivo em apenas US$ 789 milhões.

Para o CIO da Alphatree Capital, Rodrigo Jolig, a movimentações no mercado doméstico de câmbio hoje refletem ajustes e realização de lucros - e não abalam a perspectiva de que o dólar possa continuar caindo e buscar um nível próximo a R$ 5,00.

Jolig vê a taxa de juros real doméstica, seja qual for a magnitude da alta da Selic hoje e no próximo Copom, como grande trunfo do real, por atrair capital externo para a renda fixa. Ele pondera que, com as taxas embutidas na curva de juros doméstica, o custo do hedge cambial ficou mais alto, o que desestimula estrangeiros a montar posições defensivas no mercado de dólar futuro.

"É preciso ver como os ativos de risco vão se comportar com as decisões do Fed. Aqui o BC pode aumentar os juros em mais 200 ou 250 pontos-base. A aposta mais 'hawkish' para o Fed também é de uma alta desse tipo [entre 200 e 250 pontos-base]. Então, não é por diferencial de juros que o Brasil vai deixar de ser atraente", diz Jolig. "Além disso, esse movimento de 'rotation' das carteiras que vimos em janeiro, com investidores saindo das ações das techs para commodities, ainda pode continuar mais um pouco".

Reflexo do desempenho do dólar frente a uma cesta de seis divisas fortes, o índice DXY, que havia experimentado forte alta na semana passada, teve o segundo dia de perdas, operando abaixo da linha dos 96,000 pontos. O euro ganhou força na esteira da leitura recorde de inflação ao consumidor na Zona do Euro (taxa anualizada de 5,1% em janeiro, frente à expectativa de 4,3%), o que aumenta as expectativas para a decisão de política monetária do Banco Central Europeu (BCE) amanhã (03).

O relatório ADP mostrou eliminação de 301 mil empregos nos EUA em janeiro, enquanto se previa geração de 200 mil vagas. Segundo analistas, esses dados revelam pressões na oferta de mão de obra, o que pode desencadear pressões salariais e, por tabela, resultar em mais resistência da inflação. Em todo caso, grande parte da perda de empregos se deu no setor de hospitalidade, o mais afetado pela nova onda de infecções causada pela Ômicron.

Com a provável volta de geração de vagas em fevereiro, a expectativa de que o Federal Reserve vá embarcar em um processo de normalização da política monetária, com alta de juros (a partir de março) seguida por início da redução de seu balanço patrimonial. A perspectiva de uma elevação inicial de 0,50 ponto porcentual da taxa, que havia ganhando força na semana passada, se mostra, contudo, menos provável.

Na avaliação do economista-chefe da JF Trust, Eduardo Velho, o resultado do relatório ADP reforça o cenário de que Fed "não será tão agressivo" no ciclo total de ajuste dos juros, o que tira um pouco de força da moeda americana frente a divisas fortes, enquanto, por aqui, já não haveria tanto espaço para apreciação do real. "Os resultados fiscais de 2021 já foram absorvidos e não devem contribuir para revalorização do real nas próximas semanas", afirma Velho.

Em relação ao Copom, Velho diz que o comitê não deveria se comprometer com manutenção do ritmo de alta em março, embora considere uma nova elevação de 1,5 ponto na próxima reunião como o caminho mais prudente, tendo em vista a resistência das expectativas de inflação. Um cenário de desaceleração do aperto monetário em março, com alta da Selic em 1 ponto, seria compatível, segundo o economista, "com um ajuste gradual dos juros nos EUA e sem correção robusta" da Bolsa. (Antonio Perez - [email protected])

18:23

 Dólar (spot e futuro)   Último   Var. %   Máxima   Mínima 

Dólar Comercial (AE) 5.27630 0.0664 5.31450 5.25670

Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0    

  5297.500 -0.07545 5350.000 5290.500

MERCADOS INTERNACIONAIS

Após a divulgação de indicadores nos Estados Unidos sugerindo impacto da variante Ômicron na economia americana, especialmente o relatório da ADP, que registrou queda nas vagas do setor privado em janeiro, os juros dos Treasuries recuaram, assim como o dólar. O mercado espera agora a divulgação do payroll de janeiro do país nesta sexta-feira, quando os dados deverão oferecer maiores indicações sobre o mercado de trabalho e a postura que será adotada pelo Federal Reserve (Fed). Neste cenário, as bolsas de Nova York tiveram uma sessão volátil, sendo impulsionadas especialmente pelo avanço da Alphabet, que subiu mais de 8% após a divulgação de seu balanço ontem. Em dia de decisão da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+), que manteve sua postura para a produção, o petróleo fechou em leve alta. No cenário da commodity, seguem ainda as tensões entre Rússia e Ucrânia, com destaque hoje para a mobilização de tropas pelos EUA na Europa Oriental.

A ADP apresentou fechamento de 301 mil vagas no setor privado nos EUA, enquanto analistas esperavam um avanço. Para o BMO Capital Markets, a leitura destaca o potencial da Ômicron de distorcer os dados do payroll na sexta-feira. Entretanto, há a percepção de que os investidores entendem que este é apenas um impacto temporário e presumivelmente será revertido em fevereiro. Lazer e hospitalidade sofreram o maior revés após ganhos substanciais no quarto trimestre de 2021. Seguindo a divulgação, os rendimentos dos Treasuries oscilaram e, ao fim da tarde, a T-note de 2 anos recuava a 1,149%, a de 10 caía a 1,776% e o T-bond de 30 anos tinha baixa a 2,115%. Para Edward Moya, analista da Oanda, "investidores mudaram seu foco para o relatório de inflação da próxima semana, que deve mostrar que os americanos ainda estão lutando contra a alta dos preços. Outra leitura de inflação de 7% continuará a pressionar o Fed a um primeiro aumento de taxa mais forte". Segundo ele, em Wall Street, "os investidores estão se concentrando no que tem sido uma temporada de balanços principalmente positiva, ignorando os dados negativos da ADP".

A Apple e a Alphabet tornaram o mercado mais otimista em relação à temporada de balanços isso "se deve em grande parte porque alguns desses gigantes da tecnologia ainda estão apresentando resultados impressionantes, apesar dos problemas contínuos da cadeia de suprimentos", aponta Moya, que lembra ainda que quase quatro em cada cinco empresas entregaram resultados em linha ou melhores que o esperado nesta temporada.

Ontem, a Alphabet apontou avanço na receita do quarto trimestre de 32% em relação ao período anterior, além de outras sinalizações vistas como positivas por investidores, impulsionando uma alta de 7,52%. Por outro lado, a PayPal despencou 24,59%, depois de relatar uma série de problemas para a sua operação. Outra queda de destaque foi da Spotify, que caiu 6,23%, enquanto as disputas sobre conteúdos ligados à desinformação na plataforma prosseguem. Por fim, o Dow Jones subiu 0,63%, o S&P 500 avançou 0,94% e o Nasdaq teve alta de 0,50%. Já na Europa, os índices foram mistos, com o CAC 40 subindo 0,22% em Paris e o DAX recuando 0,04% em Frankfurt.

Na região, o destaque foi a inesperada aceleração do CPI anual da zona do euro para o nível recorde de 5,1% em janeiro, o que aumenta a pressão para que o Banco Central Europeu (BCE) retire estímulos. A Capital Economics avalia que o BCE deverá encerrar suas compras liquidas de ativos por completo este ano e se preparar para começar a elevar juros no começo de 2023, ou "talvez antes". Um dos efeitos foi o euro impulsionado antes da reunião de amanhã da autoridade monetária. No fim da tarde, a moeda comum subia a US$ 1,1310. Outro BC que divulgará decisão monetária amanhã é o Banco da Inglaterra (BoE, na sigla em inglês). O TD Securities projeta votação unânime por um aumento da taxa de juro a 0,50% ao ano. Neste cenário, a libra avançava a US$ 1,3557. Assim, o DXY, que mede o dólar ante seis moedas fortes, teve baixa de 0,47%.

O movimento deu algum impulso ao petróleo, em sessão na qual a commodity chegou a ter alta mais forte seguindo a decisão da Opep+. Mas os "preços começaram a cair depois que declarações de produtores destacaram preocupações de que um excedente de petróleo ainda esteja nos cartões este ano", aponta o TD Securities. O WTI para março subiu 0,07% (US$ 0,06), a US$ 88,26, enquanto o Brent para abril avançou 0,35% (US$ 0,31).

Uma potencial adoção de sanções contra a Rússia "sem dúvida causaria uma escassez em pontos de entrega, já que o óleo de xisto americano e outros produtores não estão em condições de preencher a lacuna", diz o TD Securities, que prevê o preço do petróleo em US$ 100 caso os riscos relacionados ao conflito "se materializem". Hoje, os EUA decidiram enviar 3 mil soldados à Europa, a fim de reforçar a defesa de aliados no continente. A decisão foi vista como "destrutiva" por autoridades russas. (Matheus Andrade - [email protected])

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