A decisão e o comunicado do Fed vieram dentro do que se esperava. Taxas mantidas, fim do tapering em março, nada muito claro sobre quantas altas de juros ocorrerão em 2022 e previsão de reduzir o balanço patrimonial em algum momento depois do começo do aperto monetário. Foi uma festa: bolsas nas máximas, dólar em queda, juros perdendo força. Afinal, era tudo que o mercado vinha colocando nos preços nos últimos dias. Mas a alegria foi fugaz, pois o presidente do Fed, Jerome Powell, tratou de colocar as cartas na mesa. Sinalizou nominalmente março como possibilidade para aumento de juros, disse que o BC dos EUA fará de tudo para que a inflação não fique "enraizada" e afirmou que há espaço para subir as taxas sem afetar o mercado de trabalho. Ou seja, os juros altos não comprometeriam a outra meta do Fed, que é o pleno emprego. Para arrematar, disse que a redução do balanço patrimonial será mais rápida do que foi em vezes anteriores. Ou seja, se o comunicado foi neutro, Powell subiu o tom e pôs fim à euforia. Assim, as bolsas dos EUA, que chegaram a bater máximas e a subirem mais de 2% após a decisão, terminaram quase todas em queda. Só o Nasdaq conseguiu sustentar pequeno ganho de 0,02%. Ao mesmo tempo, os juros dos Treasuries e o índice DXY, que mede o dólar ante uma cesta de moedas fortes, renovaram máximas. E o Brasil não escapou ileso, ainda que a Bolsa pareça seguir num mundo paralelo. O dólar, que renovou mínimas até R$ 5,39, em linha com o apetite global pós-Fed, voltou a ganhar corpo, até terminar com valorização de 0,11%, a R$ 5,4411. Os juros futuros, que já acumularam prêmios ao longo do dia com o IPCA-15 acima do previsto e terminaram a sessão regular antes das declarações de Powell, passaram a subir com bastante intensidade na sessão estendida, sobretudo nos vértices intermediários e longos. O Ibovespa até perdeu um pouco de fôlego, mas nada perto do que foi visto nos demais ativos. Até porque, a alta das commodities voltou a puxar diversos papéis de peso na Bolsa, o que limitou uma devolução maior dos ganhos. Assim, depois de superar os 112 mil pontos na máxima do dia, o principal índice da B3 acabou com ganho de 0,98%, aos 111.289,18 pontos, acumulando ganhos de mais de 6% no mês.
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•CÂMBIO
•JUROS
•BOLSA
MERCADOS INTERNACIONAIS
O Federal Reserve (Fed) cumpriu a expectativa e manteve os juros nesta tarde, mas disse em seu comunicado que "será apropriado subir a taxa de juros em breve", com o presidente do BC americano, Jerome Powell, comentando em coletiva de imprensa que o "foco sobre a alta de juros em março, se as condições forem apropriadas". O Fed mencionou riscos à perspectiva econômica, como a onda atual de casos de covid-19 e o risco de surgimentos de novas variantes do coronavírus, mas continua a avaliar que a atividade e o mercado de trabalho mostram força, enquanto a inflação está elevada. Powell não se comprometeu com um ritmo no aperto monetário, mas disse haver "muito espaço" para altas sem afetar o mercado de trabalho, além de enfatizar compromisso para impedir que a inflação fique "enraizada". Nas bolsas de Nova York, houve reação volátil ao Fed, com ampliação inicial das altas, seguida por perda de fôlego e fechamento majoritariamente em queda. Já os juros dos Treasuries e o índice DXY, que mede o dólar ante uma cesta de moedas fortes, renovaram máximas em meio a declarações de Powell. Entre as commodities, o petróleo registrou ganhos, com riscos geopolíticos no radar, diante de renovadas tensões entre Moscou e EUA por causa do risco de invasão da Rússia à Ucrânia.
A Capital Economics notou em relatório que a variante Ômicron "claramente não mudou nada" na avaliação dos dirigentes, que apenas mencionam seu impacto sobre o setor de serviços, mas ainda em um quadro em geral de recuperação econômica e mercado de trabalho forte, com inflação elevada. O CIBC concordou que o Fed "preparou o terreno" para a elevação no próximo encontro. Nas apostas monitoradas pelo CME Group, no fim desta tarde 97,4% eram de alta de 25 pontos-base e 2,6% de elevação de 50 pontos-base em março, quando logo antes da decisão estavam em 84,8% e 5,0%, respectivamente. Havia ainda, antes do Fed, 10,3% de apostas de manutenção de juros, agora inexistentes. A Capital Economics espera quatro altas de juros neste ano, enquanto o ING diz que elas serão "ao menos quatro". Já o CIBC projeta quatro elevações de 25 pontos-base neste ano e outras três em 2023.
Powell comentou também que haverá "ao menos mais duas reuniões" para discutir a redução do balanço, mas voltou a dizer que isso será feito mais rápido que na última vez. No comunicado, o Fed disse que o balanço começará a ser reduzido após o início do ciclo de alta de juros.
Se a reação inicial ao Fed nas bolsas foi de ampliação dos ganhos, durante a coletiva de Powell o quadro mudou claramente. Powell enfatizou o problema da inflação e a tarefa do Fed de levá-la à meta de 2%, além de dizer que os atuais problemas nas cadeias de produção podem perdurar até 2023. O presidente do BC americano disse que existe o risco de que a inflação fique elevada por mais tempo que o esperado, embora esse não seja seu cenário-base. Nos mercados acionários, o Dow Jones fechou em queda de 0,38%, em 34.168,09 pontos, o S&P 500 recuou 0,15%, a 4.349,93 pontos, e o Nasdaq teve alta de 0,02%, a 13.542,12 pontos, este com reação nos minutos finais do dia.
Já entre os Treasuries, os retornos renovaram máximas diante do Fed. No fim da tarde em Nova York, o juro da T-note de 2 anos subia a 1,127%, o da T-note de 10 anos avançava a 1,855% e o do T-bond de 30 anos, a 2,177%.
O dólar também foi impulsionado pelos sinais do BC. O DXY exibia alta de 0,57%, em 96,945 pontos, perto de seu fechamento. No horário citado, o dólar subia a 114,58 ienes, o euro recuava a US$ 1,1243 e a libra tinha baixa a US$ 1,3459.
Entre as commodities, o petróleo WTI para março fechou em alta de 2,04%, a US$ 87,35 o barril, na Nymex, e o Brent para abril, contrato mais líquido, subiu 1,79%, a US$ 88,74 o barril, na ICE. O contrato para março do Brent chegou a superar os US$ 90 o barril hoje, em quadro de apetite por risco e temores sobre a oferta global, em meio às tensões entre Moscou e potências ocidentais, sobretudo os EUA. O governo americano e a União Europeia falaram que pretendem privilegiar a diplomacia, mas não descartam sanções caso Moscou invada o território ucraniano. (Gabriel Bueno da Costa - [email protected])
CÂMBIO
Após passar a maior parte da tarde em queda firme e ter rompido pontualmente o piso de R$ 5,40, o dólar à vista ganhou força na reta final da sessão desta quarta-feira (26) e fechou em leve alta, na casa de R$ 5,44. O tropeço do real nos minutos finais do pregão se deu em meio a uma aceleração dos ganhos da moeda americana no exterior, enquanto investidores assimilavam declarações mais duras do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, sobre o processo de normalização da política monetária americana.
Espelho do desempenho do dólar frente a uma cesta de seis divisas fortes, o índice DXY saltou mais de 400 pontos, para a casa de 96,400 em poucos minutos, e as taxas dos Treasuries renovaram máximas, com a T-note de 10 anos na linha de 1,84%. A moeda americana também acelerou os ganhos em relação a divisas emergentes e de exportadores de commodities.
Com mínima a R$ 5,3936 e máxima a R$ 5,4579, o dólar à vista fechou a R$ 5,4411, em alta de 0,11%. O real, ressalte-se, sofreu menos que seus pares em meio a onda de fortalecimento da moeda americana lá fora. No acumulado de janeiro, o dólar à vista ainda acumula queda expressiva, de 2,42%.
As reações do mercado às manifestações do BC americano foram distintas. O comunicado foi recebido de forma tranquila e, por aqui, o dólar chegou até a romper, momentaneamente, R$ 5,40. Como esperado, o Fed acenou com alta dos juros em breve. O fim da compra mensal de bônus, contudo, virá só no início de março.
Já o discurso de Powell foi interpretado como mais duro. O presidente do BC destacou as pressões inflacionárias, ao dizer quer "há risco de que a inflação possa ser mais persistente do que o esperado" - e afirmou que, "se as condições forem apropriadas", os juros devem subir em março. Ele reiterou também que o processo de enxugamento da liquidez deve ser mais rápido que no pós-crise de 2008. Powell se esquivou em relação ao ritmo de elevação da taxa básica, algo que "depende dos dados", mas disse que há muito espaço para subir os juros sem afetar o mercado de trabalho.
Na avaliação do economista-chefe da JF Trust, Eduardo Velho, o comunicado do BC americano veio em um tom moderado, afastando temores de uma postura mais dura em relação a trajetória da taxa de juros, o que explica a reação inicial amena dos ativos de risco. "Mas o Powell foi mais hawkish, mostrando uma preocupação com a inflação que não estava nem no comunicado nem em seu discurso anterior. Isso provocou uma correção das bolsas americanas e fortaleceu o dólar", diz Velho, ressaltando que o mercado provavelmente passará a projetar "no mínimo" quatro altas da taxa de juros nos EUA ao longo deste ano. "A questão é se vai ser tudo isso. Vejo um receio grande do Fed com uma correção muito acentuada das bolsas americanas e o impacto muito forte dos juros nas empresas".
A economista-chefe da Veedha Investimentos, Camila Abdelmalack, vai na mesma linha e afirma que a fala de Powell dá a impressão de que o Fed está "muito mais preocupado com a inflação do que estava na reunião de dezembro", o que fez o dólar ganhar força na comparação com seus pares e encurtou o fôlego do real. "O dólar é a moeda que fundamenta a precificação dos investimentos, porque é um ativo global. Como o Federal Reserve 'manda' na moeda, o mundo todo olha de perto a condução da política monetária", afirma.
Por aqui, o IPCA-15 de janeiro, acima das expectativas, não apenas reforça a perspectiva de alta de 1,50 ponto porcentual da Selic na reunião do Copom na próxima semana como sugere uma aperto maior e mais prolongado da política monetária - o que, em tese, dá suporte ao real. Juros mais elevados tendem a atrair recursos para a renda fixa e operações de 'carry trade', além de encarecerem o custo do hedge e desestimularem apostas mais contundentes contra a moeda brasileira.
O IPCA-15 subiu 0,58% no mês passado, desaceleração frente a dezembro (0,78%), mas acima da mediana de Projeções Broadcast (0,45%). A abertura do índice, com pressão em preços de bens e difusão elevada causaram preocupações. Com o resultado, o IPCA-15 acumulou alta de 10,20% em 12 meses.
Para Velho, da JF Trust, o dólar pode até subir um pouco em relação ao real amanhã, mas não deve ter fôlego para voltar ao patamar de R$ 5,70 nos próximos dias, dado que boa parte do discurso de Powell já foi incorporada aos preços hoje e há apetite de estrangeiros por ativos domésticos. "O fluxo pode mudar, é claro. Mas, pelos fundamentos, a taxa de câmbio pode até voltar um pouco, embora não muito abaixo de R$ 5,40", diz o economista. "Uma alta mais forte do dólar só se houver um descalabro na inflação americana e o mercado precificar taxa de juros de 3% nos Estados Unidos". (Antonio Perez - [email protected])
18:33
DI DE 1 DIA DI DE 1 DIA DI DE 1 DIA
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JUROS
A surpresa com o IPCA-15 de janeiro, tanto no índice quanto em sua difusão provocou, nos juros futuros, uma cristalização das apostas de alta de 1,50 ponto porcentual da Selic na semana que vem e fez o mercado trabalhar com uma taxa terminal mais próxima de 12,25%. Com isso, a curva acumulou prêmios na parte curta, mas teve queda dos intermediários adiante. A queda nos contratos mais longos durante a sessão regular também refletiu o conjunto de informações do Tesouro Nacional, que divulgou o Relatório Mensal da Dívida e o Plano Anual de Financiamento, com destaque ao robusto colchão de liquidez do País. No intervalo entre as sessões regular e estendida, o Federal Reserve divulgou sua decisão de política monetária e, durante a coletiva de imprensa do presidente da instituição, Jerome Powell, as taxas todas saltaram às máximas, dado o discurso 'hawkish' dele.
O IBGE informou, logo na abertura dos negócios, os dados do IPCA-15 de janeiro, com surpresas amargas. O índice desacelerou menos do que o projetado pelo mercado, de 0,78% em dezembro a 0,58% em janeiro, bem longe da mediana do mercado (0,45%). O índice de difusão, segundo a ASA Investments, saltou de 68,9% a 74,4%, mostrando a resiliência da inflação doméstica, a despeito de a percepção do mercado não ter sido esta até ontem mesmo.
Assim, diversas instituições reviram suas projeções de inflação, prevendo ainda um cenário amargo para os preços ao longo do ano.
O Itaú Unibanco e o Banco ABC Brasil ajustaram suas estimativas anuais de IPCA de 5,0% para 5,3%. O Credit Suisse passou de 6,0% para 6,2%. O UBS BB elevou a projeção para janeiro de 0,45% a 0,55%, mas manteve o call de 4,25% no ano. Na AZ Quest, o estimado para janeiro foi de 0,38% a 0,45%, mas sob viés de alta.
"A leitura do IPCA-15 reforça nossa expectativa de alta de 1,5 ponto porcentual da taxa Selic na reunião do Copom da semana que vem, com o Banco Central devendo ainda manter uma postura firme para evitar maior desancoragem nas expectativas de inflação", escreve o economista do ABC Brasil Daniel Lima.
Nos DIs curtíssimos, a aposta de elevação da Selic em 1,50 ponto porcentual se tornou unânime. Com base nos dados do ajuste, a curva apontava chance de 78% da Selic encerrar 2022 em 12,25%, contra 22% em 12,00%. Mas com o avanço das taxas na estendida, a aposta passou a ser de 94% em 12,25% e 6% em 12,50%.
No princípio da tarde, novo volume de informações veio a impactar o mercado de juros, desta vez os contratos médios e longos. Inicialmente a reação foi tímida, mas o discurso da autoridade quanto à tranquilidade na colocação da dívida em 2022 fez as taxas marcarem mínimas.
O Tesouro informou que a Dívida Pública Federal fechou 2021 em R$ 5,613 trilhões. Em dezembro, houve emissão líquida de R$ 67,91 bilhões, o que ajudou a robustecer o colchão de liquidez, que subiu a R$ 1,185 trilhão.
O órgão publicou ainda as diretrizes do Plano Anual de Financiamento (PAF) de 2022. A previsão é de que o estoque da dívida fique entre R$ 6 trilhões e R$ 6,4 trilhões. A meta é levar o prazo médio para o intervalo de 3,8 anos a 4,2 anos e buscar manter níveis prudentes de recursos em caixa.
Em entrevista, o subsecretário da Dívida Pública do Tesouro Nacional, Otávio Ladeira, destacou que o porcentual de vencimentos da dívida em 12 meses está dentro do nível considerado "ótimo" e que houve recuperação importante do prazo médio da dívida. Segundo ele, a estrutura de vencimentos "melhorou bastante" ano passado. Já o secretário do Tesouro, Paulo Valle, disse que o colchão de liquidez robusto dá conforto ao órgão de optar por não colocar títulos em momentos de mercado volátil.
O economista-chefe da Ativa Investimentos, Étore Sanchez, avaliou o PAF como "relativamente ousado", uma vez que os números sugerem uma utilização grande do colchão de liquidez ao longo de 2022, de ao menos R$ 400 bilhões. "Deste modo os volumes semanais esperados devem cair drasticamente, ficando muito aquém das emissões observadas em alguns momentos de 2021", disse.
Mas todo esse cenário nos juros mudou na sessão estendida. Falas de Powell foram consideradas "duras" pelos agentes mundo afora, tanto em termos de política monetária quanto em preocupações com a inflação. Ele admitiu que "se as condições forem apropriadas", o foco da autoridade monetária está sobre o início da alta de juros em março.
Powell disse ainda que o Fed deve se mover mais rápido na redução do balanço do que no processo monetário pós-crise de 2008, mas que dará informações sobre isso "no tempo apropriado". Ele também afirmou que há um risco com as cadeias internacionais de produção e a crise no Leste Europeu, o que pode causar inflação alta por mais tempo que o esperado, embora não seja o cenário-base.
Assim, o contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 subiu de 11,847% no ajuste de ontem para 12,015% (regular) e 12,085% (estendida). O janeiro 2025 foi de 11,033% para 11,04% (regular) e subiu a 11,16% na estendida. O janeiro 2027 recuou de 11,172% a 11,09% (regular) e saltou a 11,235% na estendida. (Mateus Fagundes, com colaboração de Cícero Cotrim e Marianna Gualter - [email protected])
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Operação Último
CDB Prefixado 30 dias (%a.a) 10.24
Capital de Giro (%a.a) 6.76
Hot Money (%a.m) 0.63
CDI Over (%a.a) 9.15
Over Selic (%a.a) 9.15
BOLSA
O desfecho sem surpresas da aguardada primeira reunião do Fed em ano do qual se espera elevação de juros e retirada de estímulos foi recebido a princípio com alívio pelos investidores globais, trazendo um pouco mais de lenha para a recuperação do Ibovespa, que já vinha ocorrendo em janeiro mesmo nos dias mais negativos em Nova York. À tarde, a referência da B3 tocou o cume do dia aos 112.694,60 pontos (+2,26%) minutos após o comunicado do Fed, mas depois perdeu força, ainda antes do início da entrevista coletiva do presidente do BC americano, Jerome Powell - que acabou por colocar os índices de NY no negativo no fechamento, à exceção do Nasdaq (+0,02%), com perdas entre 0,15% (S&P 500) e 0,38% (Dow Jones).
O cenário "altamente incerto", que exige adaptação e respostas em conformidade, mencionado por Powell na parte final da entrevista, tirou Wall Street de bons ganhos na sessão para perdas que chegaram à casa de 1% no pior momento. "Há risco de que a inflação possa ser mais persistente do que esperado", reconheceu o presidente do Fed, em parte da entrevista lida pelo mercado como bem mais "hawkish" do que o preâmbulo, aparando também a retomada do Ibovespa.
Na máxima intradia desta quarta-feira, o índice da B3 foi ao maior nível desde 19 de outubro passado, quando havia saído de abertura aos 114,4 mil pontos. Ao fim, mostrava alta de 0,98%, a 111.289,18 pontos, agora no melhor nível de encerramento desde 18 de outubro (114.428,18 pontos), saindo hoje de abertura aos 110.206,50, quase equivalente à mínima do dia, de 110.204,45 pontos. Na semana, os ganhos estão agora em 2,15%, enquanto os do mês vão a 6,17%. Reforçado, o giro foi a R$ 40,2 bilhões na sessão.
O comitê de política monetária do Fed indicou hoje que pretende começar a reduzir o balanço de ativos após o início do ciclo de alta do juro básico. Em comunicado, informou que a redução ocorrerá ao longo do tempo, "de forma previsível", principalmente ajustando os valores reinvestidos de pagamentos recebidos de ativos mantidos na Conta de Mercado Aberto do Sistema (SOMA, na sigla em inglês).
"O comunicado divulgado após a reunião reforçou a visão de que a primeira elevação dos juros deve ocorrer na próxima reunião (de março), em provável alta de 0,25pp, além do fim do programa de compra de ativos no início de março", diz Paula Zogbi, analista da Rico Investimentos.
"Veio tudo dentro do previsto, com elevação de juros a partir do mês de março, conforme o mercado já vinha precificando. No entanto, o comunicado não traz pistas de como será esse processo de elevação da taxa de juros, se serão três aumentos em 2022 ou além disso", diz Camila Abdelmalack, economista-chefe da Veedha Investimentos, chamando atenção também para a condução do processo de redução do balanço da instituição, sobre a forma como virá a ser feita.
Na entrevista coletiva após a decisão desta quarta-feira, a princípio Powell apontou não ser possível destacar agora o ritmo de alta dos juros, observando que o Fed, mais uma vez, será guiado pelos dados. "Estaremos prontos para ajustar o balanço de acordo com as circunstâncias", disse também o presidente do Fed, de forma um tanto evasiva.
Por outro lado, ele reiterou o compromisso do BC americano de não permitir que a inflação se enraíze. "No tempo apropriado, vamos dar mais informações sobre a redução do balanço", acrescentou Powell, observando também que o "juro será ajustado com comunicação adequada" e que "vamos ter ao menos mais duas reuniões para discutir redução de balanço", em tom "dovish" de agrado do mercado.
Contudo, a falta de uma diretriz muito clara contribuiu para que os três índices de ações em Nova York murchassem ao longo da entrevista do presidente do Fed, o que levou o Ibovespa a chegar a devolver mais da metade do entusiasmo visto logo após o comunicado desta quarta-feira. A parte final da entrevista de Powell foi lida pelo mercado em tonalidade bem 'hawkish', especialmente no momento em que se referiu à forte inflação nos Estados Unidos e a incertezas pendentes no cenário, que exigem adaptabilidade do Federal Reserve.
Em si, "a decisão do Fed veio em linha com a expectativa do mercado. Optou pela manutenção dos juros e reiterou sinal de que o ciclo de elevação de juros começa em março, com o compromisso de que atuará de forma apropriada e previsível, o que se refletiu em pouco efeito sobre o câmbio durante a sessão regular", diz Cristiane Quartarolli, economista do Banco Ourinvest. Hoje, o dólar à vista fechou em leve alta de 0,11%, a R$ 5,4411.
Depois, "as declarações do presidente do Fed foram mais duras e o mercado virou", observa a economista, destacando a referência feita por Powell no sentido de que "a pressão nos preços poderá ser mais persistente". "Com isso, o mercado entende que a alta dos juros por lá poderá ser mais intensa. Por isso, a virada no comportamento do dólar agora", acrescenta Quartarolli.
No Brasil, o mercado segue atento também ao comportamento da inflação, especialmente pela ponderação entre renda fixa e variável suscitada pelo processo, ainda em curso, de elevação da Selic - hoje foi a vez de conhecer, pela manhã, o IPCA-15 referente a janeiro, a 0,58%, ante 0,78% em dezembro.
"O IPCA-15 é uma ótima aproximação para o fechamento do mês. Em janeiro, teve desaceleração, mas veio acima do que o mercado esperava. ´Temos uma inflação ainda crescente, mas a taxas mais baixas, mês a mês. Podemos esperar novas quedas à frente, caso a política 'hawkish' do BC faça efeito aqui, como se espera que fará nos próximos meses", diz Davi Lelis, sócio da Valor Investimentos.
Na ponta do Ibovespa nesta quarta-feira, destaque para Grupo Soma (+9,76%), Petz (+7,33%) e Méliuz (+6,91%). No lado oposto, Braskem (-4,17%), Americanas ON (-3,51%) e JBS (-3,13%). Entre as blue chips, com o Brent negociado hoje na casa de US$ 90 por barril, Petrobras ON e PN subiram respectivamente 2,93% e 2,67%, com Vale ON em alta de 0,29% no fechamento. Os bancos responderam bem à perspectiva de juros maiores e retirada de estímulos nos Estados Unidos, alinhando-se na maioria em alta após o Fed, à exceção de BB ON (-0,96%) entre os grandes bancos. (Luís Eduardo Leal - [email protected])
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Índice Bovespa Pontos Var. %
Último 111289.18 0.98491
Máxima 112694.60 +2.26
Mínima 110204.45 0.00
Volume (R$ Bilhões) 4.01B
Volume (US$ Bilhões) 7.39B
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Índ. Bovespa Futuro INDICE BOVESPA Var. %
Último 112080 1.15523
Máxima 113265 +2.22
Mínima 111390 +0.53