NY GANHA FÔLEGO NO FIM, MAS NÃO IMPEDE CORREÇÃO NEGATIVA DE ATIVOS BRASILEIROS

Blog, Cenário

Depois de desabarem em grande parte do dia, as bolsas americanas foram reduzindo as perdas ao longo da tarde, a ponto de, nos minutos finais, virarem para o território positivo. Desde cedo, o investidor operava de olho na decisão do Fed, na quarta-feira, e adotava postura defensiva diante de uma eventual sinalização mais dura por parte do banco central dos EUA, uma vez que a inflação segue resistente e os gargalos na oferta ainda pressionam os preços. Ao mesmo tempo, uma série de indicadores de atividade, tanto na Europa quanto nos EUA, mostraram que a disparada de casos de covid-19 causada pela variante Ômicron teve algum efeito negativo sobre a economia. Por fim, as tensões entre a Rússia e o Ocidente não param de crescer, diante das movimentações militares russas na fronteira com a Ucrânia, fato que ajudou a derrubar o petróleo. Só que as perdas, que superaram 4% no caso do Nasdaq, atraíram compras, colocando todos os índices no azul ao final - o de tecnologia subiu 0,63%, o S&P 500 ganhou 0,28% e o Dow Jones avançou 0,29%. O Ibovespa acompanhou Wall Street durante todo o dia e até reduziu um pouco das perdas no fim, mas não conseguiu escapar do sinal negativo e recuou 0,92%, aos 107.937,11 pontos, após tocar na mínima de 106.624,28 durante a tarde. Até porque, o noticiário doméstico também não ajudou. Afinal, o presidente Jair Bolsonaro sancionou o orçamento com menos cortes do que sugeriu o Ministério da Economia e prevendo R$ 1,7 bilhão para reajuste ao funcionalismo, o que é insuficiente para atender a todas as categorias. Nesse ambiente, a busca por dólar fez a moeda tocar em R$ 5,52 durante o pregão, ainda que tenha terminado um pouco abaixo disso, a R$ 5,5032 (+0,88%). Enquanto isso, os juros futuros recuaram. Mas o movimento é muito mais técnico do que macro, uma vez que o tombo dos yields dos Treasuries em boa parte da sessão, diante da busca global por segurança, reduziu o retorno da renda fixa pelo mundo. Assim, nem mesmo o dólar mais caro, o risco fiscal e a expectativa pelo IPCA-15 impediram a retirada de prêmios da curva a termo.

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•BOLSA

•CÂMBIO

•JUROS

MERCADOS INTERNACIONAIS

A semana começou com uma forte aversão a risco, com as tensões entre Rússia e Ocidente ganhando destaque e uma reunião do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e líderes europeus para discutir a crise na Ucrânia sendo marcada para esta tarde. Em Nova York, as bolsas operaram durante todo o dia no vermelho, mas reduziram as perdas na última hora de pregão e viraram para o positivo nos últimos minutos da sessão. O S&P 500 entrou em território de correção e o Nasdaq chegou a cair mais de 4%, reflexo também da expectativa por uma postura "hawkish" do Federal Reserve (Fed) na reunião de política monetária desta semana. As commodities também foram pressionadas, com investidores buscando abrigo em ativos de segurança, caso do dólar e dos Treasuries.

Diplomacia, esforços conjuntos e sanções pendentes à Rússia devem ser debatidas na reunião entre Biden e os principais líderes europeus, disse hoje a secretária de imprensa da Casa Branca, Jen Psaki. Questionada, a representante justificou que a Ucrânia não fará parte desta conversa, uma vez que estarão apenas os principais aliados. Em outras ocasiões, porém, autoridades do país devem integrar o debate. O pentágono, entretanto, informou que cerca de 8500 militares americanos estão de prontidão caso a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) decida agir.

Sobre o Fed, a expectativa é que o banco central use o comunicado da próxima quarta-feira para "cimentar as expectativas do mercado de uma alta de 25 pontos-base em março", afirma o Nomura. "O cenário para altas adicionais depois de março segue dependente da inflação, expectativas de inflação e salários", acrescenta a instituição. O Nomura também avalia que a aceleração das conversas sobre redução do balanço patrimonial vai encorajar o Fed a finalizar o tapering mais cedo, "encerrando as compras líquidas de ativos depois do meio de fevereiro, em vez do meio de março".

O cenário pesou nas ações, que observaram ainda indicadores fracos de atividade tanto industrial como no setor de serviços nos EUA, além das expectativas em torno dos balanços corporativos. Depois de publicar resultados com perspectivas vistas como negativas, a Netflix recuou 2,58%, e, na comparação com a última semana, tem desvalorização de quase 30%. Já a IBM recuou 0,41%, com expectativas pela divulgação de seus resultados após o fechamento dos mercados. Na visão da Capital Economics, há poucas razões para pensar que as big techs se tornarão um empecilho desproporcional para os índices se o sentimento continuar a azedar. "As big techs não foram poupadas na derrota do mercado de ações de 2022, que ganhou muito mais impulso hoje. Mas o desempenho anterior em relação ao restante do Nasdaq e do S&P 500 foi, no entanto, impulsionado principalmente por lucros e não por avaliações", diz a consultoria.

Depois do tombo de mais cedo, investidores se viram incentivados à buscar barganhas.

Na hora final de pregão as bolsas diminuíram perdas e acabaram por fechar no azul. O Dow Jones subiu 0,29%, o S&P 500 avançou 0,28% e o Nasdaq teve alta de 0,63%. O bitcoin, que vem apresentando alguma correlação com o desempenho de ações de tecnologia, caia cerca de 6%, depois de despencar quase 12% durante o dia. Na Europa, as quedas foram maiores, com o DAX caindo 3,80% em Frankfurt, o CAC 40 em queda de 3,97% em Paris, enquanto o FTSE MIB caiu 4,02% em Milão, com a eleição no Parlamento para o próximo presidente italiano no radar. O avanço da covid-19 segue no radar e foi apontada como causa para os fracos desempenhos registrados pelos PMI da região.

A aversão ao risco pressionou o petróleo, e o WTI com entrega para março recuou 2,15% (US$ 1,83), a US$ 83,31, e o Brent para igual mês teve queda de 1,84% (US$ 1,62), a US$ 86,27. Já o dólar operou em alta ante a maioria das moedas, com o DXY, que mede o ativo ante seis rivais, avançando 0,29%. No fim da tarde, o euro recuava a US$ 1,1318 e a libra caia a US$ 1,3485. Já os rendimentos dos Treasuries operaram em queda, pressionados pela busca por segurança. O movimento se ampliou durante a tarde, após um leilão de US$ 54 bilhões em T-notes de 2 anos que ter demanda acima da média recente. No fim da tarde, a T-note de 2 anos caia a 0,983%, a de 10 recuava a 1,756% e o T-bond de 30 anos subia a 2,107%. (Matheus Andrade - [email protected])

BOLSA

Ao contrário do visto na semana passada, quando o Ibovespa conseguiu sustentar ganhos mesmo na contramão do exterior, hoje a referência da B3 se manteve no negativo ao longo da sessão, refletindo o aumento da aversão global a risco em semana que reserva a decisão de política monetária do Fed, o BC americano, na quarta-feira. Como pano de fundo, o temor de que um conflito militar possa vir a ocorrer entre Rússia e Ucrânia, em tensão geopolítica que envolve ainda Estados Unidos e Europa ocidental.

Ainda assim, preservando até aqui ganho de 2,97% no mês, o Ibovespa limitou as perdas na reta final da sessão, marcada por virada, para o positivo, de Dow Jones (+0,29%), S&P 500 (+0,28%) e Nasdaq (+0,63%) no encerramento. Aqui, a referência da B3 fechou em baixa de 0,92%, a 107.937,11 pontos, entre mínima de 106.624,28, menor nível intradia das últimas quatro sessões, com perda então de cerca de 2%, e máxima de 108.948,16, quase idêntica à abertura aos 108.941,15 pontos. O giro financeiro foi de R$ 35,1 bilhões, em dia no qual as perdas em Nova York chegaram a superar, durante a sessão, 4% (Nasdaq) e o petróleo teve ajuste negativo em torno de 2%.

Na Europa, o Stoxx 50 registrou queda superior a 4%, refletindo não apenas a expectativa pelo Federal Reserve e a tensão geopolítica, mas também os índices de atividade (PMI) da zona do euro e do Reino Unido, piores do que o esperado, observa em nota a equipe de Research e Estratégia da Terra Investimentos. Em desdobramento negativo para a percepção de risco sobre a evolução dos eventos no leste europeu, o governo americano determinou que famílias e parte dos diplomatas em Kiev, capital da Ucrânia, deixem o país devido à persistente ameaça de intervenção militar russa, acrescenta a Terra.

"Na semana passada, os índices americanos tiveram seu pior desempenho desde março de 2020, no início da pandemia, com perda de 5,7% considerando apenas o S&P 500", diz Rodrigo Franchini, sócio da Monte Bravo Investimentos. "A preocupação quanto a juros mais altos nos Estados Unidos vem num momento em que os resultados trimestrais de diversos setores não vieram a contento", acrescenta.

Esta semana, contudo, concentra parte relevante dos resultados trimestrais a serem anunciados nos Estados Unidos, com destaque para nomes de elevada capitalização de mercado, como Microsoft, amanhã, Tesla, na quarta-feira, e Apple, na quinta, observam em relatório a estrategista de ações Jennie Li e os analistas internacionais Vinicius Araujo e Rafael Nobre, da XP. Segundo eles, "64 empresas do S&P 500 divulgaram (resultados) e 78% delas vieram com lucros acima das expectativas, semelhante à temporada do 3º trimestre de 2021".

No entanto, alguns nomes e segmentos relevantes decepcionaram. "Além dessa pressão sobre a política monetária, também teve a divulgação dos bancos. Dos números do último trimestre, os bancos vieram pior do que no ano anterior, e também afetaram o mercado", aponta Pietra Guerra, especialista em ações da Clear Corretora, acrescentando entre as surpresas negativas a Netflix, na última sexta, quando fechou em queda de 22%, com números abaixo do esperado e projeção de desaceleração do crescimento.

Assim, desde o último dia 5, quando foi divulgada a ata da mais recente reunião do Federal Reserve, os índices de Nova York, que vinham de máximas históricas, entraram numa espiral negativa, que afetou com maior intensidade o segmento de tecnologia, concentrado na Nasdaq. Na contramão do exterior, o Ibovespa, muito descontado ao longo de 2021, aproveitou o fluxo externo em busca de descontos para tirar parte do atraso. A extensão desse movimento de recuperação na B3, porém, é fator de dúvida em ano eleitoral, normalmente volátil.

"Na quarta, teremos visão clara do que acontecerá em março, teremos a reunião do Fomc (o comitê de política monetária do Fed). A expectativa do mercado é de que não tenha mudança, mas que eles deixarão claro o início do ciclo de alta (de juros)", diz Antonio Carlos Pedrolin, líder de mesa de renda variável da Blue3.

"Aqui no Brasil, o destaque é o Orçamento sancionado por Bolsonaro. O que gera tensão: foi mantido o R$ 1,7 bilhão de reajuste para servidores, podendo se refletir nas curvas de juros. Lembrando também que na sexta os juros tiveram estresse por conta da (discussão de) PEC pra conter a alta dos combustíveis", acrescenta Pedrolin, observando que apesar de itens como IPCA-15, na quarta, Caged, na quinta, e IGP-M, na sexta, a agenda lá fora tende a dar o 'drive' para o mercado local ao longo desta semana.

Na ponta do Ibovespa nesta segunda-feira, destaque para Pão de Açúcar (+7,44%), Marfrig (+4,68%), Braskem (+3,63%), BRF (+3,39%) e Usiminas (+2,40%) Na face negativa, Magazine Luiza (-7,39%), Banco Inter (Unit -7,28%), Banco Pan (-5,88%), IRB (-5,39%), Alpargatas (-5,30%) e Locaweb (-5,11%). Entre as blue chips, o desempenho foi misto no fechamento, com Petrobras (ON +0,17%, PN +0,57%) oscilando para o positivo no fechamento e Vale ON (-1,22%) ainda no negativo. Os grandes bancos também não mostravam sinal único no encerramento, entre os quais Bradesco (PN +2,11%) e Itaú (PN -0,13%). (Luís Eduardo Leal - [email protected])

18:21

 Índice Bovespa   Pontos   Var. % 

Último 107937.11 -0.92212

Máxima 108948.16 +0.01

Mínima 106624.28 -2.13

Volume (R$ Bilhões) 3.50B

Volume (US$ Bilhões) 6.38B

18:27

 Índ. Bovespa Futuro   INDICE BOVESPA   Var. % 

Último 108995 -0.49754

Máxima 109350 -0.17

Mínima 107125 -2.20

CÂMBIO

Após perda de 1,05% na semana passada, o dólar à vista subiu no mercado doméstico de câmbio nesta segunda-feira (24), em sintonia com o movimento de fortalecimento global da moeda americana. Investidores limitaram exposição ao risco e se refugiaram no dólar em meio ao recrudescimento das tensões geopolíticas entre Ocidente e Rússia, que ameaça invadir a Ucrânia, e à expectativa pela decisão de política monetária do Federal Reserve, na quarta-feira (26).

No pior momento da sessão, o dólar chegou a tocar a casa de R$ 5,52, ao correr até a máxima de R$ 5,5247 (1,27%) no início da tarde. Em seguida, com desaceleração do ritmo de alta da moeda americana no exterior, a divisa também perdeu um pouco de fôlego por aqui, fechando a R$ 5,5032, ganho de 0,88%. Apesar disso, o dólar ainda acumula perda de 1,30% em janeiro.

O real, desta vez, não amargou o pior desempenho entre as divisas emergentes e de países exportadores de commodities, papel que coube, por motivos óbvios, ao rublo. A moeda brasileira também apresentou performance superior a de seus pares, como o peso mexicano, o rand sul-africano e o peso chileno.

"A questão geopolítica está servindo como gatilho para esse movimento de piora dos ativos. Mas acho que tem algo maior por trás, que é a expectativa pelo Fed", diz o gestor Rodrigo Knudsen, da Vitreo, ressaltando que o BC americano tem adotado uma política de transparência e tende a ser mais explícito sobre a normalização da política monetária em seu comunicado na quarta-feira. "Hoje, a Treasury de 10 anos até que está comportada, na casa de 1,70%, porque o ambiente é de risk-off".

A sanção do Orçamento de 2022 pelo presidente Jair Bolsonaro, com veto de R$ 3,1 bilhões, abaixo do pedido pelo ministério da Economia, e reserva de R$ 1,7 bilhão para reajuste de servidores não agradou o mercado, mas, de certa forma, já estava refletida nos preços dos ativos, dizem operadores. Teme-se, contudo, que eventual reajuste para servidores federais da área de segurança dê novo fôlego às reivindicações de outras categorias. Outro ponto de preocupação é a PEC que zera tributos para combustíveis e energia, cujo resultado pode ser aumento no rombo das contas públicas e, por tabela, da percepção de risco fiscal.

Embora veja a crise geopolítica e a expectativa em torno da intensidade e do "timing" da alta de juros nos EUA como fatores preponderantes para a trajetória dos ativos hoje, o economista-chefe da JF Trust, Eduardo Velho, afirma que a sanção do Orçamento, com contingenciamento abaixo do esperado, e a potencial renúncia fiscal contida na PEC dos combustíveis ajudam a pressionar o dólar.

"A política fiscal emite sinais negativos no que se refere ao aumento de gasto e renúncia de receita. A percepção é de um orçamento mais gastador e com potencial ruído caso a reserva seja usada para reajuste de policiais", diz Velho, ressaltando que, na semana passada, o real foi beneficiado pela reversão de posições compradas em dólares por parte de estrangeiros, que já teriam sido ajustadas.

Para a economista-chefe da Armor Capital, Andrea Damico, a semana passada mostrou o peso do investimento estrangeiro na formação dos preços dos ativos locais, em especial no câmbio e na bolsa. A "grande questão", diz a economista, é se esse fluxo seguirá firme apesar do risco político e eleitoral, além do ciclo de alta de juros nos EUA, que costuma abalar os fluxos para países emergentes.

Damico observa que a percepção de que o Fed "poderá ser mais agressivo na elevação dos juros e redução de seu balanço" ganhou força e já produziu "uma forte elevação dos juros reais implícitos nas curvas" de juros nos EUA.

Pela manhã, o BC vendeu US$ 500 milhões em leilão de linha, de uma oferta total de R$ 1,5 bilhão, em operação para rolar vencimento de 2 de fevereiro. Foi aceita apenas uma proposta. Já a oferta de 17 mil contratos de swap cambial (US$ 850 milhões), para rolagem dos vencimentos em março, foi totalmente absorvida. (Antonio Perez - [email protected])

18:27

 Dólar (spot e futuro)   Último   Var. %   Máxima   Mínima 

Dólar Comercial (AE) 5.50320 0.878 5.52470 5.46860

Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0    

DOLAR COMERCIAL FUTURO 5488.000 0.26491 5533.500 5476.500

DOLAR COMERCIAL FUTURO 5500.000 21/01    

JUROS

A etapa da tarde no mercado de juros foi marcada por uma queda adicional das taxas, em sintonia com o recuo dos rendimentos dos títulos do Tesouro dos Estados Unidos. Nem mesmo a subida do dólar impediu um mergulho das taxas domésticas hoje. O Orçamento de 2022, sancionado hoje, esteve no radar, com o carimbo de R$ 1,7 bilhão ao aumento do funcionalismo, ainda que sem o detalhamento de qual categoria será beneficiada. A agenda semanal é agitada, com destaque ao IPCA-15 de janeiro e a decisão de política monetária nos Estados Unidos, ambos na quarta-feira.

O contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 fechou com taxa de 11,81% (regular, na mínima) e 11,82% (estendida), de 11,887% no ajuste de sexta-feira. O janeiro 2025 caiu de 11,188% a 11,095% (regular e estendida). O janeiro 2027 passou de 11,302% a 11,20% (regular) e 11,22% (estendida). E o janeiro 2029 caiu de 11,471% a 11,37% (regular) e 11,42%(estendida).

Na Ucrânia, a situação é de tensão crescente. Hoje à tarde, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, faz uma videoconferência com líderes europeus para discutir sanções pendentes à Rússia. O governo de Vladimir Putin ameaça invadir o território ucraniano caso o país ingresse na Organização do Tratado do Atlântico Norte, entidade remanescente da Guerra Fria. O Pentágono colocou ainda 8,5 mil militares americanos de prontidão caso a Otan precise reagir.

Se pela manhã a questão da Ucrânia havia sido apenas monitorada pelos agentes no mercado de juros, à tarde acabou tomando peso maior, uma vez que os yields dos Treasuries renovavam mínimas sequenciais.

Isso ocorreu por causa da busca dos investidores por ativos de maior segurança - o que aumenta os preços dos títulos do Tesouro americano, extremamente líquidos, e, consequentemente, faz com que as taxas caiam.

"Desde a crise financeira global, pode-se argumentar que dinheiro barato abundante tem o efeito de entorpecer as reações dos investidores a notícias geopolíticas sérias. Até agora, este ano, os mercados estavam mais preocupados com a inflação e a política do Federal Reserve do que com notícias geopolíticas. No entanto, à medida que as tensões em relação a um conflito Rússia/Ucrânia aumentam, os temores de sanções dos EUA estão refletindo em forte pressão sobre os ativos", escreveram os analistas internacionais do Rabobank, em nota enviada a clientes.

Assim, no fim do dia, o juro da T-note de 2 anos caía a 0,983%, de 1,003% na sexta-feira, e o da T-note de 10 anos cedia a 1,756%, de 1,757%, influenciando na baixa vista no mercado doméstico de taxas.

Parte da aversão ao risco no mercado hoje - refletida na fuga da bolsa americana durante boa parte do dia, revertida nos minutos finais da sessão - foi creditada à reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) do Fed. A política monetária americana deve permanecer inalterada, mas é esperado um sinal mais claro de aumento de juros a partir de março e até mesmo uma discussão sobre o processo de enxugamento do balanço patrimonial.

Internamente, a agenda do dia foi vazia, mas a da semana é abarrotada de importantes divulgações econômicas. A principal delas é o IPCA-15 de janeiro, na quarta-feira, para o qual o mercado espera desaceleração a 0,45% na margem e 10,06% em 12 meses, segundo medianas de pesquisa do Projeções Broadcast. Esse é o último IPCA antes da decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de fevereiro.

Para o diretor da Wagner Investimentos, José Faria Júnior, o Copom deve mesmo entregar um aumento da Selic em 1,50 ponto porcentual, o que deve manter a parte curta da curva de juros mais acomodada. "Mas daí do [DI janeiro] 2025 adiante, a tendência ainda é para cima, enquanto o mercado não souber o que vai ser feito em termos de fiscal pelo próximo presidente", afirma.

Na seara fiscal, o Diário Oficial da União (DOU) de hoje trouxe a sanção do presidente Jair Bolsonaro ao Orçamento de 2022. Os cortes foram de cerca de R$ 3,1 bilhões, em emendas de comissão e despesas discricionárias. Mas foi sancionada uma verba de R$ 1,7 bilhão a reajuste de servidores. Só que esse recurso ainda não foi "carimbado", ou seja, não é destinado ainda a categoria alguma. O valor, contudo, corresponde ao que foi prometido pelo governo a policiais federais, base de apoio do Planalto.

O reajuste efetivo ainda dependerá de atos do Executivo. Técnicos e parlamentares esperam que o presidente deixe a decisão em "banho-maria", enquanto consolida um apoio maior para o aumento aos policiais nas próximas semanas.

Na gestão da dívida pública, amanhã o Tesouro faz leilão de LFT para 1º/3/2025 e 1º/3/2028 e de NTN-B para 15/5/2027, 15/5/2035 e 15/8/2060. (Mateus Fagundes - [email protected])

18:27

 Operação   Último 

CDB Prefixado 30 dias (%a.a) 10.11

Capital de Giro (%a.a) 6.76

Hot Money (%a.m) 0.63

CDI Over (%a.a) 9.15

Over Selic (%a.a) 9.15

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