O movimento de aversão ao risco até perdeu um pouco de força em Nova York, após uma primeira etapa bastante negativa, mas a expectativa por declarações do presidente do Fed, Jerome Powell, amanhã, e pela inflação norte-americana, na quarta, continuou mantendo a cautela entre os investidores, ainda mais diante da percepção cada vez maior de que o banco central dos EUA deve mesmo aumentar os juros por lá a partir de março. Tal quadro resultou em queda das bolsas, ainda que o Nasdaq tenha conseguido virar para pequena alta de 0,05% nos minutos finais. E se o cenário externo negativo já bate em cheio nos ativos brasileiros, os problemas domésticos apenas reforçam o movimento vendedor. Afinal, a incerteza sobre o quadro fiscal continua, com a persistente pressão dos servidores por reajustes e o desencontro de discursos dentro do governo. Hoje, o ministro da Economia, Paulo Guedes, voltou de férias e recomendou ao presidente Jair Bolsonaro que não conceda reajuste a nenhuma categoria, possibilidade que já foi cogitada. Mas os policiais, única categoria que teria recursos reservados no orçamento, já mostram insatisfação com um eventual recuo do Executivo e falam em protestos. Além disso, o investidor também guarda certa cautela antes do IPCA de dezembro e de 2021, a ser conhecido amanhã. Com isso, o Ibovespa perdeu 0,75%, aos 101.945,20 pontos, depois de quase ceder o nível de 101 mil pontos no pior momento do dia. Juros futuros e dólar, por outro lado, subiram. As taxas dos DIs refletiram não apenas o ambiente fiscal brasileiro e o câmbio, como também acompanharam o avanço dos yields dos Tresuries em Wall Street. E a moeda norte-americana ganhou força globalmente, inclusive ante o real, contra quem encerrou o dia com valorização de 0,76%, a R$ 5,6743.
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MERCADOS INTERNACIONAIS
As expectativas de inflação dos consumidores nos Estados Unidos não se alteraram no último mês, de acordo com pesquisa publicada nesta tarde pelo Federal Reserve (Fed), mostrando diminuição na incerteza sobre o avanço dos preços em curto e médio prazo no país. Ao longo da tarde, parte dos movimentos inspirados no provável aperto monetário do Fed se suavizaram, com as bolsas de Nova York reduzindo perdas e o índice Nasdaq, que chegou a entrar em território de correção mais cedo, virando para o positivo nos momentos finais de pregão. Os juros longos dos Treasuries perderam impulso, mas o rendimento da T-note de 2 anos avançou à máxima do dia. O índice VIX, apontado como "termômetro do medo" em Wall Street, e que chegou a disparar mais de 20%, teve uma alta mais contida, enquanto o dólar teve ganhos mais limitados ante rivais. Já o petróleo recuou, de olho ainda no restabelecimento da produção, afetada nos últimos dias por tensões em exportadores.
A "Pesquisa das expectativas dos consumidores", do Fed de Nova York, mostrou que as medianas das expectativas de inflação para um ano e três anos à frente permaneceram, em dezembro, em 6,0% e 4,0%, respectivamente. Além disso, de acordo com o documento, as famílias relataram maior otimismo sobre as perspectivas do mercado de trabalho, com quesitos como crescimento dos rendimentos, perda de empregos e expectativas de encontrar trabalho também melhorando. As expectativas de crescimento da renda também aumentaram, atingindo um novo máximo. Na próxima quarta-feira, a publicação do índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) de dezembro nos EUA deverá ser um importante indicativo sobre a pressão inflacionária.
O mercado aguarda o início do novo ciclo de alta de juros pelo Fed, com até quatro elevações de taxa em 2022, de acordo com o cenário de instituições como Goldman Sachs e Citi. Os rendimentos dos Treasuries vêm respondendo à expectativa de aperto monetário e, neste fim de tarde, o juro da T-note de 2 anos subia a 0,902% e o da T-note de 10 anos avançava a 1,772%, enquanto o do T-bond de 30 anos recuava a 2,102%. Embora o recente aumento nos rendimentos dos Treasuries tenha causado pouco impacto no dólar, que ficou praticamente estável no último mês ante rivais, a Capital Economics avalia que a alta nos juros continuará a empurrar para cima a moeda americana este ano.
Hoje, o índice DXY, que mede o dólar ante seis rivais, subiu 0,28%, aos 95,991 pontos. Ante ao euro caiu a US$ 1,1330. O Morgan Stanley diz esperar que o Banco Central Europeu (BCE) faça sua primeira alta de juros no final de 2023, diante de um mercado de trabalho cada vez mais apertado na zona do euro, com o desemprego caindo a 6,6% no final de 2022.
Em Nova York, apesar da recuperação do índice Nasdaq, ações de grande empresas de tecnologia estiveram mais um dia de perdas Meta caiu 1,12%, acompanhada de Amazon (-0,66%) e Netflix (-0,22%). Por outro lado, a Pfizer avançou 0,93%, em dia marcado pelas informações de uma potencial disponibilidade de sua vacina adaptada à variante Ômicron do coronavírus. Ao fim da tarde, o Dow Jones recuou 0,45%, o S&P caiu 0,14% e o Nasdaq, que chegou a entrar em território de correção, subiu 0,05%. Na Europa, entre os principais índices o cenário também foi de queda, e o DAX recuou 1,13% em Frankfurt, enquanto o CAC 40 teve queda de 1,44% em Paris.
O noticiário geopolítico seguiu agitado, em semana que contará com reuniões autoridades de Rússia e EUA. Sobre a Ucrânia, Washington voltou a afirmar que espera uma solução diplomática para as tensões, e buscou contar com o apoio do Brasil. Ainda hoje, o presidente Vladimir Putin defendeu a decisão do Kremlin de enviar paraquedistas para ajudar a acabar com protestos no Casaquistão. Segundo ele, isso mostra que seu país não permitirá que forças de fora desestabilizem Estados na região. Já a União Europeia disse que condena firmemente a "retórica negativa, divisionista e inflamatória" usada pelos líderes da República da Sérvia, aliada da Rússia, durante comemorações realizadas neste domingo. Segundo o bloco, os movimentos põem em risco a estabilidade e a prosperidade do país e estão em "total contradição com a perspectiva da UE, que só pode basear-se numa Bósnia-Herzegovina única, unida e soberana".
Pressionado pelo câmbio, com as tensões em vista, e de olho ainda no restabelecimento da produção no principal campo da Líbia, o petróleo fechou em baixa. O barril do WTI com entrega prevista para fevereiro fechou com ganhos de 0,85% (US$ 0,67), a US$ 78,23 , enquanto o do Brent para março teve alta de 1,08% (US$ 0,88), a US$ 80,87 . (Matheus Andrade - [email protected])
BOLSA
Após duas sessões de recuperação parcial ante as perdas acumuladas nos primeiros dias do ano, o Ibovespa segue em terreno negativo nesta segunda semana de 2022, na sequência de retração de 2,01% ao longo do intervalo anterior. Hoje, fechou em baixa de 0,75%, aos 101.945,20, depois de testar o limite inferior dos 101 mil pontos, chegando na mínima aos 101.037,81 pontos, no começo da tarde, saindo de máxima, na abertura, aos 102.719,00 pontos. Em janeiro e no ano, a referência da B3 registra agora perda de 2,74%. O giro ficou em R$ 24,3 bilhões nesta segunda-feira.
Em Nova York, este começo de semana também foi majoritariamente negativo, com retração para o índice amplo (S&P 500 -0,14%) iniciada ainda na véspera da ata do Federal Reserve, divulgada na última quarta-feira, que também colocou o Dow Jones (hoje -0,45%) em terreno negativo desde então, vindo o blue chip de renovação de máximas históricas. Hoje, o índice de tecnologia, na ponta negativa mais cedo, virou perto do fim da sessão (Nasdaq +0,05% no fechamento).
"A Bolsa está com bons fundamentos e bem descontada, com potencial para retornar aos 107 ou 108 mil pontos no curto prazo, especialmente em setores muito descontados e que se beneficiam do ciclo de alta de juros, como os bancos", diz André Rolha, líder de renda fixa e produtos de câmbio da Venice Investimentos. Nesta segunda-feira, o desempenho positivo de ações do setor (Bradesco ON +1,31%, Itaú PN +0,93%, Unit do Santander +1,28%), embora moderado na reta final, contribuiu para segurar um pouco as perdas do Ibovespa.
Por outro lado, ele acrescenta que a perspectiva 'hawkish' para a política monetária americana, enfatizada na semana passada pelo Fed, traz desafios para os emergentes, observando que instituições como Goldman Sachs e Citi já antecipam quatro altas de juros para os Estados Unidos. O ajuste das expectativas sobre os juros de referência tem se refletido em escalada dos rendimentos dos Treasuries, com o do vencimento de 10 anos convergindo para 1,80%, aponta Rolha. No fechamento de 2021, observa Daniel Miraglia, economista-chefe da Integral Group, o yield da T-note de 10 anos estava em 1,5%.
Em relatório do time de estratégia divulgado nesta segunda-feira, o Itaú BBA projeta preço-alvo para o Ibovespa a 115 mil pontos no fim de 2022. "Esse target leva em conta um custo de capital mais elevado para as empresas este ano, assim como expectativas de lucros menores em meio a um ambiente macroeconômico desafiador", aponta o texto. "Também estão no radar as implicações do processo de elevação de juros nos EUA para mercados emergentes, especialmente para empresas de crescimento", acrescenta.
"Em termos setoriais, estamos mais otimistas com companhias ligadas a commodities e utilities, e cautelosos com tecnologia, varejo, construtoras e setor financeiro", diz o texto, dos analistas Marcelo Sá e Matheus Marques.
Amanhã, a atenção do mercado se volta para a divulgação do IPCA de 2021. "É bem capaz de fechar o ano um pouco abaixo de 10%. Mas se vai fechar a 9,99% ou a 10,01% ou 10,02% não é o grande foco do mercado agora, já voltado para as expectativas para 2022, que estão bem no topo da meta", diz Miraglia, da Integral Group.
O Itaú BBA prevê que o IPCA encerre 2022 em 5% - o Focus desta semana manteve projeção em 5,03%, acima do teto da meta deste ano, desacelerando a 3,36% em 2023, ainda superior ao centro da meta. "Sobre isso, uma eventual queda mais acelerada do que a esperada nos preços pode ser um direcionador positivo para o mercado de ações, já que pode resultar em níveis menores de juros", observa a instituição.
Na ponta positiva do Ibovespa nesta segunda-feira, destaque para Usiminas (+4,77%), Fleury (+3,74%), CSN (+3,32%) e Pão de Açúcar (+2,11%). No lado oposto, Banco Inter (Unit -8,57%), Magazine Luiza (-7,72%) e Méliuz (-5,75%). Entre as blue chips, Petrobras (ON - 0,36%, PN -0,60%) e Vale (ON -1,19%) tiveram desempenho negativo. (Luís Eduardo Leal - [email protected])
18:23
Índice Bovespa Pontos Var. %
Último 101945.20 -0.75377
Máxima 102719.00 -0.00
Mínima 101037.81 -1.64
Volume (R$ Bilhões) 2.43B
Volume (US$ Bilhões) 4.28B
18:25
Índ. Bovespa Futuro INDICE BOVESPA Var. %
Último 103155 -0.23694
Máxima 103400 0.00
Mínima 101795 -1.55
JUROS
Os juros percorreram a sessão em alta, pressionados pelos mesmos fatores que haviam feito a curva se deslocar para cima na semana passada, principalmente a aversão ao risco no exterior decorrente das apostas de antecipação no aperto monetário nos Estados Unidos. Do mesmo modo, os receios sobre o quadro fiscal doméstico continuam mantendo os prêmios elevados, dada a falta de compensação para a prorrogação da desoneração da folha de pagamentos e a mobilização do funcionalismo por reajuste salarial. Nem mesmo a possibilidade do presidente Jair Bolsonaro vetar reajustes a todos os servidores conseguiu tranquilizar o mercado. Para compor o quadro de cautela, amanhã sai o IPCA de dezembro e de 2021.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 fechou em 12,07% (regular) e 12,08% (estendida), de 11,987% no ajuste de sexta-feira, e a do DI para janeiro de 2025 subiu de 11,433% para 11,505% (regular)e 11,48% (estendida). A do DI para janeiro de 2027 encerrou em 11,39% (regular) e 11,37% (estendida), de 11,317%.
As taxas até ensaiaram uma correção em baixa na abertura dos negócios, com a acomodação das expectativas de inflação na Focus, mas viraram ainda pela manhã, acompanhando a pressão do câmbio e a escalada no rendimento dos Treasuries, com o yield da T-Note de dez anos atingindo 1,80% nas máximas e o dólar se aproximando de R$ 5,70. Mais dados hoje da economia americana acima do esperado - estoques no atacado e tendência de emprego - alimentaram a ideia de que o Federal Reserve começará a subir o juro em março e pode aplicar até quatro doses este ano, que já vinha se consolidando com a ata do Federal Reserve e a leitura do relatório de emprego de dezembro.
A equipe da Porto Seguro Investimentos destaca que a sinalização do Fed indica um desafio para os emergentes, lembrando que a grande maioria desses países é importadora líquida de capitais internacionais. "Isso significa que a mera expectativa de aperto monetário nos EUA desestimula o fluxo de entrada de recursos nessas economias, consequentemente pressionando suas moedas. Uma taxa de câmbio mais depreciada, por sua vez, acentua as pressões inflacionárias nessas regiões", diz relatório da instituição.
À tarde, as taxas desaceleraram um pouco a alta na medida em que tanto o avanço do dólar ante o real quanto o do retorno da T-Note perderam força, mas ainda assim o DI para janeiro de 2023 voltou aos 12%, após rodar abaixo disso nas duas últimas sessões. É o DI normalmente mais líquido, mas hoje o volume de contratos negociados de maneira geral, como é típico das segundas-feiras, foi abaixo da média padrão, refletindo ainda a expectativa pela agenda da semana. Além do IPCA de dezembro amanhã, o calendário traz em destaque a inflação ao consumidor nos Estados Unidos, na quarta.
Internamente, o foco do noticiário se manteve em Brasília e a questão dos reajustes para servidores se manteve na ordem do dia, dado que várias categorias seguem operando em "modo paralisação" em protesto contra a decisão de Bolsonaro de reajustar exclusivamente salários de policiais. No fim de semana, o presidente afirmou que "pode não haver reajuste para ninguém", em linha com a orientação do ministro Paulo Guedes, que alertou-o de que conceder o reajuste a apenas uma categoria vai aumentar a pressão.
O mercado, aparentemente, não comprou a ideia. "Efetivamente, a possibilidade de retroceder é difícil. O mercado parece não estar apostando neste discurso", disse o analista de Investimentos Renan Sujii. Até porque descumprir o prometido pode ter consequências. Representantes da categoria afirmaram reservadamente ao Broadcast que um possível recuo pode fazer policiais irem às ruas criticar uma "falta de compromisso" do presidente para com o órgão.
Sujii alerta ainda para efeitos econômicos da disseminação da Ômicron, que tem forçado empresas, como companhias aéreas, a reduzir a atividade por falta de mão de obra, numa economia já cambaleante. Lojistas de shoppings também estão defendendo redução no horário de funcionamento. "É um quadro diferente do de 2020, quando restringir a atividade era uma orientação dos governos. Agora, isso parte das próprias empresas pela falta de oferta de trabalhadores", explicou.
Amanhã, a agenda da semana começa a esquentar com o IPCA logo na abertura da sessão. A mediana das estimativas aponta desaceleração de 0,95% em novembro para 0,65% em dezembro. Para o ano, a mediana é de 10%, o que representará estouro da meta de inflação, cujo teto é de 5,25%. Segundo a pesquisa Focus de hoje, porém, a inflação fechou o ano passado simbolicamente abaixo de dois dígitos. A mediana caiu de 10,01% para 9,99%. A mediana para 2022 manteve-se em 5,03%, acima do teto da meta de 5%, e a de 2023 recuou de 3,41% para 3,36%, ante centro da meta de 3,25%. (Denise Abarca - [email protected])
18:23
Operação Último
CDB Prefixado 30 dias (%a.a) 9.53
Capital de Giro (%a.a) 6.76
Hot Money (%a.m) 0.63
CDI Over (%a.a) 9.15
Over Selic (%a.a) 9.15
CÂMBIO
O dólar inicia a semana em alta no mercado doméstico de câmbio, em dia marcado por fortalecimento global da moeda americana e avanço dos rendimentos dos Treasuries. Em meio a indicadores positivos da economia dos EUA, investidores incorporam aos preços dos ativos a perspectiva de uma postura mais dura por parte do Federal Reserve, com alta de juros ainda no primeiro trimestre, enquanto aguardam discurso do presidente do BC americano, Jerome Powell, amanhã (11) e divulgação do índice de preços ao consumidor (CPI) nos EUA em dezembro na quarta-feira (12).
Depois de esboçar uma alta até a linha de R$ 5,70 entre o fim da manhã e o início da tarde, ao correr até a máxima de R$ 5,6924, o dólar à vista desacelerou ao longo da segunda etapa de negócios encerrou a sessão desta segunda-feira (10) a R$ 5,6753, avanço de 0,76%. Em janeiro, a moeda acumula valorização de 1,76%.
O índice DXY - que mede a variação do dólar frente a seis divisas fortes - operou em alta ao longo do dia, superando, nas máximas, a linha dos 96 mil pontos. A moeda americana também avançou em bloco na comparação com divisas emergentes, à exceção da lira turca e do rublo, que haviam apanhado muito na semana passada e passam por uma recuperação técnica.
Além do ambiente externo desfavorável a divisas emergentes, também pesa sobre o real o desconforto com a questão fiscal. As mesas de operação monitoraram o vaivém de declarações em torno da possibilidade de o governo voltar atrás na intenção de reajustar salário de servidores federais da área de segurança, após protestos de demais categorias do funcionalismo.
Segundo apurou o Broadcast, o ministro Paulo Guedes (Economia), de volta do recesso de fim de ano, teria alertado o presidente Jair Bolsonaro de que um reajuste às forças policiais (com base em R$ 1,7 bilhão reservado no Orçamento de 2022) seria "explosivo". Para evitar a pressão do restante do funcionalismo, o melhor seria não conceder nenhum aumento. Policiais federais e líderes de associações que representam a categoria afirmaram reservadamente ao Broadcast que um possível recuo de Bolsonaro pode fazer policiais irem às ruas criticar uma "falta de compromisso" do presidente para com o órgão.
Na avaliação do líder de renda fixa e produtos de câmbio da Venice, André Rolha, embora existam motivos locais para justificar uma taxa de câmbio mais depreciada, a alta do dólar hoje está mais ligada ao ambiente externo. "Com essa expectativa de trajetória de alta de juros nos Estados Unidos e dados macroeconômicos robustos, a tendência é de valorização do dólar em todo o mundo", afirma Rolha, ressaltando que parte da pressão adicional sobre a taxa de câmbio veio após o banco Goldman Sachs aumentar sua previsão quanto ao número de elevações da taxa de juros nos EUA neste ano. "Isso pesou muito sobre o dólar e levou a taxa dos Treasuries de 10 anos e buscar 1,80% pela manhã".
Em relatório, o Goldman Sachs, que já previa três elevações da taxa básica americana (em março, junho e setembro), passou agora a projetar uma alta adicional, em dezembro. O banco chama a atenção para o fato de a última ata do Fed, divulgada na semana passada, ter revelado a discussão sobre a "normalização do balanço patrimonial", o que "transmitiu um maior senso de urgência do que esperávamos". Na semana passada, o Citi havia elevado suas estimativas de alta de juros pelo Fed de três para quatro, com a primeira em março.
"Estamos vendo uma alta dos Treasuries e valorização do dólar frente a seus pares. E um mundo assim é pior para os mercados emergentes, o que penaliza o Brasil. Os ativos estão sendo direcionados hoje pelo que está acontecendo lá fora, até porque por aqui não há grandes novidades", afirma Mauro Morelli, estrategista-chefe da Davos Investimentos. "Tem uma mudança de precificação dos ativos no mundo. A chance de alta de juros nos EUA em março está aumentando. Era de 50% na semana passada e agora está perto de 80%. A taxa da Treasury de 10 anos está em um dos maiores patamares desde o segundo trimestre do ano passado. Isso tem um reflexo muito grande nas principais moedas", afirma Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos.
Em relatório, o CIO da Tag Investimentos, Dan Kawa, ressalta que a velocidade da alta das taxas das Treasuries costuma "importar mais do que sua direção" no que se refere aos impactos nos mercados. "Assim, enquanto as taxas estiverem nesta trajetória ascendente, de maneira rápida e acentuada, estaremos susceptíveis a espasmos de maior volatilidade", afirma Kawa, acrescentando que já vê "movimentos claros e acentuados de 'estouro' de algumas 'bolhas' em alguns nichos do mercado".
Como programado, o Banco Central promoveu hoje leilão de rolagem de contratos de swap cambial que vencem em março, com a venda da oferta integral de 17 mil contratos (US$ 850 milhões) em dois vencimentos. (Antonio Perez - [email protected])
18:25
Dólar (spot e futuro) Último Var. % Máxima Mínima
Dólar Comercial (AE) 5.67430 0.76 5.69240 5.63140
Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0
DOLAR COMERCIAL FUTURO 5692.500 0.48544 5720.000 5658.000
DOLAR COMERCIAL FUTURO 5741.000 03/01