TOMBO PÓS-FED ABRE ESPAÇO PARA CORREÇÃO E BOLSA SOBE, COM DÓLAR E JUROS EM QUEDA

Blog, Cenário

Não foi propriamente uma bonança, mas depois da tempestade dos últimos dias para os ativos brasileiros, com aumento das preocupações fiscais e o endurecimento do discurso do Fed, houve espaço para algum ajuste positivo. Com isso, a Bolsa interrompeu a sequência de três quedas, o dólar se acomodou abaixo de R$ 5,70 e os juros futuros pararam de subir. Hoje, enquanto os investidores aguardavam pelo payroll dos EUA, nesta sexta, dirigentes do banco central dos EUA reforçaram a comunicação feita na ata da última reunião, ao apontarem para a possibilidade de o aumento de juros por lá começar em março. Mas como os mercados brasileiros - e também americanos - já tinham, em alguma medida, absorvido essa nova realidade na tarde de ontem, a correção pontual e técnica ao forte movimento negativo dos pregões anteriores não foi interrompida, ainda que tenha sido limitada, no caso da Bolsa. O Ibovespa, depois de perder quase 4 mil pontos de segunda até ontem, atraiu compras, ainda mais em dia de alta das commodities, e chegou a superar os 102 mil pontos, mas subiu um pouco menos, aos 101.561,05 pontos (+0,55%). O desempenho de hoje, ainda assim, ficou acima dos pares em Wall Street, onde houve alguma recuperação de Nasdaq e S&P 500 em detrimento do Dow Jones, que caiu. O movimento mais cauteloso dos agentes reflete, além do Fed, as preocupações com a disparada da variante Ômicron, que segue como pano de fundo dos negócios. De volta ao Brasil, o dólar cedeu 0,56% ante o real, a R$ 5,6800, o que não deixou de ajudar na acomodação dos juros futuros. As taxas dos DIs, que vêm refletindo com mais vigor a escalada das reivindicações do funcionalismo público por reajustes e a possível deterioração das contas públicas, cederam na ponta curta da curva e ficaram estáveis na parte mais longa, num dia de ajustes técnicos e que também contou com produção industrial e IGP-DI abaixo das previsões para aliviar o aumento das apostas num ciclo mais duro de aperto monetário.

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BOLSA

Apesar da perda de força a partir do meio da tarde, com a Petrobras (ON -0,10%, PN -0,07% no fechamento) passando então a operar sem sinal único mesmo com avanço acima de 1% para a commodity, o Ibovespa obteve hoje a primeira alta do ano, interrompendo série de três perdas que o fizeram retroceder 3,8 mil pontos entre segunda e quarta-feira ante o fechamento de 2021. Os descontos avolumam-se neste começo de 2022 na B3, com o dólar à vista tendo fechado ontem na casa de R$ 5,71 e chegado na máxima de hoje a R$ 5,7251 - no encerramento, contudo, cedeu 0,56%, a R$ 5,6800, não muito distante da mínima da sessão, de R$ 5,6720.

Assim, em dia de bom desempenho para os preços do petróleo e do minério de ferro no exterior, as barganhas disponíveis ajudaram o índice a fechar esta quinta-feira em leve recuperação, entre mínima de 100.999,85 e máxima de 102.234,71, saindo de abertura aos 101.005,80 pontos. Ao fim, com os três índices de Nova York no negativo, mostrava alta limitada a 0,55%, a 101.561,05 pontos, com giro financeiro um pouco maior do que o da quarta-feira, agora a R$ 30,7 bilhões. Na semana, no mês e no ano, o Ibovespa cede 3,11%, com retomada de 555 pontos em relação a ontem.

Além de Vale ON (+2,02%), a sessão foi favorável às ações de grandes bancos, como Itaú (PN +2,03%), Santander (Unit +1,33%) e Bradesco (PN +1,42%), as quais chegaram a devolver parte da alta perto do fim, com Nova York de novo no vermelho. Na ponta do Ibovespa, BRF (+7,05%), Lojas Renner (+5,12%) e Hapvida (+3,74%). No lado oposto, Positivo (-5,31%), Via (-4,60%) e Pão de Açúcar (-3,77%).

Em dólar, o Ibovespa subiu um pouco no encerramento de hoje, a 17.880,46, comparado a 17.682,75 pontos no de ontem quando a moeda americana à vista teve alta de 0,39%, a R$ 5,7121 no fechamento. Uma semana atrás, no fechamento de 2021, em dólar o Ibovespa estava a 18.799,19 pontos no dia 30 de dezembro, comparado a 22.937,77 pontos no fim de 2020.

Em Nova York, a quinta-feira se mostrava mista, com Dow Jones (-0,47%) no negativo pelo segundo dia após recente renovação de recordes de fechamento, enquanto S&P 500 e Nasdaq ensaiavam leve recuperação em relação às perdas de ontem, acentuadas pela ata "hawkish" do Fed divulgada naquela tarde - ao fim da sessão de hoje, também voltaram a ceder terreno, em baixa respectivamente de 0,10% e 0,13%. Amanhã, a atenção se volta para o relatório oficial sobre o mercado de trabalho dos Estados Unidos em dezembro, após a forte leitura sinalizada pelo relatório da ADP, ontem, com o dobro de vagas geradas em relação ao que se esperava.

"A ata reverberou muito nos mercados, o que se estendeu às sessões da Europa e da Ásia, hoje. A avaliação sobre a inflação nos Estados Unidos passa de transitória para persistente, o que resultou em tom mais duro assumido pelo Fed na ata de ontem, que acabou surpreendendo e se refletindo no ajuste das expectativas sobre alta de juros por lá", diz Rodrigo Franchini, sócio da Monte Bravo Investimentos.

Ele chama atenção também para a redução do balanço do Fed mais cedo do que se antevia, sinalizada ontem pela ata para não muito depois da elevação da taxa de juros de referência - a qual deve vir logo, com movimento inicial projetado agora pelo mercado para março.

De acordo com a ata de ontem, "grande parte dos participantes da reunião concordaram que logo após o primeiro movimento de alta dos juros, seria adequado que o Fed iniciasse a redução do seu balanço", aponta em nota a Guide Investimentos. "Boa parte do mercado, segundo o que precifica a curva americana, passa a acreditar que o Fed anuncie a elevação dos juros em conjunto com o fim do programa de compras de ativos (QE), em março", acrescenta. Assim, observa a Guide, os yields dos Treasuries seguiram "abrindo" pela manhã, um movimento que "diminui a atratividade de ativos de risco a nível global".

"Nova York estava em máximas e, aqui, já tínhamos caído bastante, inclusive nos primeiros dias do ano, por conta dos problemas domésticos. Hoje tivemos um alívio, com ausência de notícias ruins pelo lado local contribuindo para a recuperação, descolada do exterior. Não quer dizer que vai continuar subindo, mesmo com os descontos e a Bolsa barata", diz Flávio de Oliveira, head de renda variável da Zahl Investimentos. (Luís Eduardo Leal - [email protected])

18:21

 Índice Bovespa   Pontos   Var. % 

Último 101561.05 0.54988

Máxima 102234.71 +1.22

Mínima 100999.85 -0.01

Volume (R$ Bilhões) 3.06B

Volume (US$ Bilhões) 5.38B

18:28

 Índ. Bovespa Futuro   INDICE BOVESPA   Var. % 

Último 102510 0.83612

Máxima 103175 +1.49

Mínima 101655 -0.00

MERCADOS INTERNACIONAIS

A presidente do Federal Reserve (Fed) de São Francisco, Mary Daly, e o dirigente da distrital de St. Louis, James Bullard, reforçaram nesta tarde as percepções de que o fim do tapering e o início do novo ciclo de alta de juros pela autoridade monetária deverá se dar em março. Após a ata da última reunião de política monetária do Fed, divulgada ontem, evidenciar discussões também sobre a redução do balanço patrimonial do BC americano, o mercado intensificou as especulações sobre o momento em que isso ocorrerá, com um certo consenso de que será ainda em 2022. Agora, fica a expectativa pelos dados do payroll, que saem amanhã. Após oscilar entre altas e baixas, as bolsas de Nova York fecharam em baixa e os rendimentos dos Treasuries seguiram avançando. O dólar operou sem sinal único e o ouro caiu quase 2%. O petróleo avançou, observando especialmente crises internas em países produtores, com destaque para Casaquistão e Líbia.

Bullard afirmou hoje que o Fed pode realizar a primeira elevação do juro básico já em março deste ano, mesmo mês em que deve terminar o programa de compras de ativos adotado em meio ao choque da pandemia de covid-19. Outra medida que pode ser adotada para retirar acomodação monetária é a redução do balanço patrimonial, destacou Bullard: "Com a economia real forte, mas a inflação bem acima da meta, a política monetária dos EUA se moveu para combater mais diretamente a pressão da inflação", disse. Já Daly afirmou "parecer apropriado" acelerar o ritmo de redução de compra de ativos, o processo conhecido como tapering, para finalizá-lo até março. Seguindo as falas, as chances de elevação dos juros pelo Fed, estimadas pelo CME Group, subiram a 75%.

Como um dos resultados, os rendimentos dos Treasuries avançaram, e ao fim da tarde, a T-note de 2 anos subia a 0,877%, a T-note de 10 anos avançava a 1,732% e o T-bond de 30 anos tinha baixa a 2,082%. A escalada dos juros deve limitar os ganhos dos mercados acionários nos próximos anos, prevê a Capital Economics. Para a consultoria o S&P 500 terminará 2023 em 5.150 pontos, cerca de 10% acima do nível atual. "Esse aumento seria bastante fraco em comparação com o ganho de cerca de 27% apenas no ano passado", afirma a análise, que também elevou a previsão para o juro da T-note de 10 anos no fim de 2023, de 1,75% a 2,25%. Para a Capital Economics, setores que costumam se manter melhor em momentos de avanço dos rendimentos, como bancos, terão desempenho superior ao de empresas mais vulneráveis a esse contexto, como tecnologia.

Depois de cair mais de 3% ontem, pressionado especialmente pelas empresas de tecnologia de alta intensidade, o Nasdaq teve uma leve uma queda hoje, e caiu 0,13%, mas com destaque para o avanço da Meta (+2,56%). Já alguns bancos tiveram avanços de destaque, como Wells Fargo (+2,56%) e Bank of America (+2,01%), assim como petroleiras, que acompanharam a alta do barril. Chevron (+0,85%) e ExxonMobil (+2,35%) avançaram. Entre os destaques nas quedas, a UnitedHealth Group recuou 4,10%. Neste cenário, o Dow Jones recuou 0,47%, e o S&P 500 caiu 0,10%. Já na Europa, a queda foi generalizada, especialmente em reação à ata do Fed, publicada após o fechamento das bolsas ontem. Em Paris, o CAC 40 caiu 1,72%, enquanto o FTSE MIB recuou 1,80% em Milão.

No câmbio o dólar operou sem sinal único, com o euro recuando no fim da tarde a US$ 1,1292, o que deu impulso para o DXY, que mede a moeda americana ante seis rivais, fechar em alta de 0,15%. Para a Capital Economics, não seria "surpresa" se a recuperação do dólar parasse no curto prazo, mas a consultoria ainda espera que a força relativa da recuperação econômica nos EUA e o aperto monetário do Fed levem o dólar a subir em relação à maioria das moedas em 2022. Durante a tarde, o Banco Central da República Argentina (BCRA) anunciou a elevação da taxa de juros do país em 2 pontos bases, a 40%. O movimento vem meio às tratativa junto ao Fundo Monetário Internacional (FMI) e busca fazer frente ao avanço do dólar no país.

Já o salto nos preços do petróleo reflete "principalmente o nervosismo do mercado, à medida que a agitação aumenta no Casaquistão e a situação política na Líbia continua a se deteriorar, reduzindo a produção", aponta a Rystad Energy. Segundo a consultoria, a tensão na Ásia Central se espalhou pelos centros das cidades petrolíferas na parte oeste do país, mas até agora não impactou a produção no campo de Tengiz. O envolvimento das tropas russas pode ser uma medida eficiente para reprimir os manifestantes, mas também pode alimentar ainda mais a agitação, segundo a análise. O barril do WTI com entrega prevista para fevereiro fechou com ganhos de 2,06% (US$ 1,61), a US$ 79,46, enquanto o do Brent para março teve alta de 1,47% (US$ 1,19), a US$ 81,99. (Matheus Andrade - [email protected])

CÂMBIO

Após três pregões seguidos de alta, em que acumulou valorização de 2,44%, o dólar à vista fechou em queda na sessão desta quinta-feira (6). Analistas atribuem o movimento de hoje a ajustes técnicos e operações naturais de realização de lucros, em dia de perdas da moeda americana em relação a divisas emergentes mais ligadas ao real, como o peso mexicano e o rand sul-africano.

Contudo, a cautela fiscal doméstica, diante da escalada das reivindicações do funcionalismo público por reajuste, e a perspectiva de alta de juros nos Estados já neste primeiro semestre, reforçada pelo tom duro da ata do Federal Reserve ontem, mantêm os investidores na defensiva - o que impede o dólar de se afastar muito da linha de R$ 5,70 no curto prazo.

Embora tenha trocado de sinais pela manhã e início da tarde, a amplitude da movimentação da taxa de câmbio foi bem menor em relação a pregões anteriores, com a moeda oscilando apenas cerca de quatro centavos entre a mínima (R$ 5,6720) e a máxima (R$ 5,7251). No fim da sessão, o dólar à vista era cotado a R$ 5,6800, em queda de 0,56%. Mesmo assim, a divisa ainda acumula alta de 1,87% na semana.

"O pregão hoje foi um pouco mais tranquilo que ontem, com pouca oscilação da taxa de câmbio. Aparentemente o mercado já absorveu o tom mais duro da ata do Fed", afirma a economista-chefe do Banco Ourinvest, Fernanda Consorte, acrescentando que, a despeito do alívio hoje, a taxa de câmbio ainda permanece em um patamar elevado. "Isso reflete a possibilidade real de aumento de juros nos EUA antes do previsto, além das questões fiscais no Brasil, que ainda estão muito abertas".

Hoje à tarde, o presidente do Federal Reserve (Fed) de St. Louis, James Bullard, uma das vozes mais duras dentro do BC americano, disse que a primeira elevação dos juros pode ocorrer já em março - mês em que deve terminar o programa de compras mensais de ativos. Ecoando a ata do Fed ontem, Bullard disse que é possível começar, em breve, o processo de redução do balanço do BC americano. Ele também afirmou o mercado de trabalho - que, ao lado da inflação, é essencial para os próximos passos do Fed - está "muito robusto".

Investidores aguardam amanhã a divulgação do relatório de emprego (payroll) nos EUA em dezembro. Por ora, analistas acreditam que eventuais impactos da onda de casos de Covid-19 provocada pela variante Ômicron do coronavírus nos indicadores de emprego apareçam apenas no relatório de janeiro.

O índice DYX - que mede a variação do dólar frente a seis moedas fortes - apresentava leve alta, mantendo-se acima da linha dos 96,000 pontos, sobretudo por conta dos ganhos frente ao euro e a libra. Em relação a divisas emergentes, o dólar perdeu força frente ao rublo, ao peso mexicano, ao rand sul-africano e ao peso chileno, mais ligados ao real. A alta mais relevante foi, uma vez mais, contra a lira turca.

O diretor de operações da Câmbio Curitiba, Lucas Schroeder, ressalta que, apesar do tom mais duro do Fed, é preciso esperar a nova leva de indicadores econômicos e os impactos da variante Ômicron na economia para cravar que haverá uma alta antecipada de juros nos EUA. "O Fed foi incisivo, mas precisa de dados para fazer aquilo que sinalizou na ata. Vamos ver como vem o payroll amanhã", afirma.

Entre os indicadores americanos divulgados hoje, o índice de gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) de serviços americano caiu a 62 em dezembro, bem abaixo da previsão de analistas.

O número de pedidos de auxílio-desemprego subiu 7 mil na semana encerrada em 1º de janeiro, para 207 mil, acima das expectativas, de 195 mil.

Para Schroeder, da Câmbio Curitiba, é difícil imaginar que o dólar possa ceder para baixo de R$ 5,60, dada a expectativa pelos próximos passos do Fed e o aumento das pressões por mais gastos públicos em ano eleitoral, algo que já pode ser visto na reivindicação de reajuste de servidores públicos. "A tendência é de um dólar para cima. Hoje o mercado aproveitou para fazer ajustes, já que não tivemos notícias fortes", afirma.

O mercado também monitorou hoje a captação externa do Banco do Brasil. Segundo fontes ouvidas pelo Broadcast, o BB fechou emissão de US$ 500 milhões de papéis de 7 anos e taxa de retorno de 4,875%. A demanda teria chegado a US$ 1,5 bilhão. (Antonio Perez - [email protected])

18:28

 Dólar (spot e futuro)   Último   Var. %   Máxima   Mínima 

Dólar Comercial (AE) 5.68000 -0.562 5.72510 5.67200

Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0    

DOLAR COMERCIAL FUTURO 5717.500 -0.30514 5757.500 5702.000

DOLAR COMERCIAL FUTURO 5757.013 03/01    

JUROS

Os juros futuros terminaram a quinta-feira em queda nos vértices curtos e estáveis na ponta longa, numa sessão marcada, em boa medida, por fatores técnicos relacionados à esticada dos prêmios nos últimos dias e ao primeiro leilão de títulos prefixados do Tesouro em 2022, com estreia em grande estilo da Notas do Tesouro Nacional - Série F (NTN-F) 1/1/2033. Além do movimento de correção, a produção industrial e o IGP-DI abaixo do consenso contribuíram para o alívio das taxas, apesar do recado claro da ata do Federal Reserve ontem de que pode antecipar e reforçar a alta de juros nos Estados Unidos, e das incertezas fiscais por aqui.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 voltou a fechar abaixo de 12%, a 11,96% (regular) e 11,97% (estendida), de 12,057% ontem no ajuste, a do DI para janeiro de 2025 terminou em 11,33% (regular) e 11,325% (estendida), de 11,303% no ajuste. A do DI para janeiro de 2027 passou de 11,212% para 11,225% (regular) e 11,215% (estendida).

Pela manhã, a ponta curta operava em baixa em reação à agenda de indicadores e a longa subia, ainda com o rescaldo do impacto da ata do Fed e a expectativa pelas portarias do Tesouro. A instituição ofertou 3,5 milhões de Letras do Tesouro Nacional (LTN) e 2,5 milhões de NTN-F, sendo a maior parte (2 milhões) no vencimento para 2033, nova referência de dez anos entre os prefixados. Os lotes tiveram demanda integral e com boa parte dos papéis saindo com taxas abaixo do consenso. Foram os primeiros leilões de prefixados do ano, após um hiato nas duas últimas semanas de 2021 e com vencimento de mais de R$ 100 bilhões em LTN e pagamento de R$ 21 bilhões em cupom de NTN-F no dia 3.

Passado o leilão, as curtas ampliaram o recuo e as longas inverteram para baixo, com mínimas, mas no decorrer da tarde perderam força para encerrarem perto dos ajustes de ontem. Flávio Serrano, economista-chefe da Greenbay Investimentos, considera que o pregão hoje foi mais técnico. Na medida em que as taxas vinham muito pressionadas nos últimos dias, havia espaço para correção. "De manhã, o pessoal esperou o leilão e veio ok, então as taxas cederam", explicou. "Claro que o IGP-DI e a PIM ajudam, mas não foram drivers", completou.

A produção industrial de novembro recuou 0,2% ante outubro, na ponta oposta do que apontava a mediana positiva de 0,2%, enquanto o IGP-DI de dezembro subiu 1,25%, ante mediana das previsões de 1,54%. Especialmente o desempenho da indústria acabou por corrigir na curva as apostas de um Copom mais agressivo.

Na avaliação dos economistas da Parallaxis, com o dólar caro e os juros elevados, mais os desarranjos de oferta de insumos nas cadeias globais, a produção industrial tenderá a deteriorar num horizonte de curto a médio prazo, considerando ainda que 2022 é ano eleitoral. "O setor industrial é o que mais poderá sofrer com as políticas contracionistas, que tampouco estimulam a capacidade ociosa", avaliam.

A economista-chefe da Veedha Investimentos, Camila Abdelmalack, não considera o resultado da indústria uma decepção, por estar em linha com o que já vinham mostrando os números anteriores. Mas como os prêmios da curva já estavam bastante inflados, o dado acaba servindo de argumento para aparar exageros na precificação de Selic, resgatando apostas de corte da taxa básica entre o terceiro e quarto trimestres. "Então, a curva tem ficado nesse jogo de forças entre a atividade mais fraca e a piora na percepção de risco fiscal", comentou, referindo-se às recentes preocupações com possíveis efeitos da prorrogação da desoneração da folha de pagamentos sem respaldo de receita e a movimentação de servidores buscando reajuste salarial.

A mobilização dos funcionários públicos vai ganhando corpo - no Banco Central, segundo o sindicato dos trabalhadores da autarquia, quase metade dos 3.500 servidores já aderiu ao movimento. E trazendo implicações mais práticas, uma vez que centenas de caminhões estão parados na fronteira do Brasil com a Venezuela esperando a liberação pela Receita Federal.

No exterior, os rendimentos dos Treasuries, que vinham fazendo estrago na curva local, continuaram subindo nesta quinta-feira, ainda reverberando a ata do Fed e comentários do presidente do Fed de St. Louis, James Bullard, que fortaleceram as apostas de aumento de juros nos Estados Unidos em março. Ele admitiu que o BC americano pode realizar a primeira elevação já naquele mês, quando também termina o programa de compras de ativos. No fim da tarde, a taxa da T-Note de dez anos avançava a 1,726%. (Denise Abarca - [email protected])

18:27

 Operação   Último 

CDB Prefixado 32 dias (%a.a) 9.40

Capital de Giro (%a.a) 6.76

Hot Money (%a.m) 0.63

CDI Over (%a.a) 9.15

Over Selic (%a.a) 9.15

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