FISCAL VOLTA A TRAZER DESCONFIANÇA, JUROS DISPARAM, DÓLAR SOBE E BOLSA CAI

Blog, Cenário

Assim como na véspera, os ativos brasileiros voltaram a apanhar. Até houve alguma volatilidade ao longo do pregão, mas o que prevaleceu na maior parte do dia foi a fuga do risco. E o mercado de juros futuros foi o que espelhou a deterioração das expectativas de forma mais contundente, com salto superior a 20 pontos em alguns vencimentos. Os DIs, assim como a Bolsa e o câmbio, são impactados pela combinação de fatores locais e externos. No Brasil, o quadro fiscal volta a preocupar, com o aumento da pressão de servidores por reajustes e manobras do governo para não compensar, junto ao INSS, a desoneração da folha de pagamentos. Para completar, se os investidores achavam que o que poderia ser mudado no teto de gastos já tinha sido feito na PEC dos Precatórios, comentários do líder do governo, o deputado Ricardo Barros, sobre possível revisão da regra diante do que chamou de "excesso de arrecadação" reacenderam os temores de mais aumento de despesas em um ano eleitoral. E se o fiscal não ajuda, o mercado automaticamente entende que o peso para ancorar as expectativas recairá todo sobre a política monetária, o que ajuda a explicar a disparada dos juros curtos e intermediários, que passam a precificar a continuidade do ritmo de alta da Selic e chances menores de afrouxamento ainda em 2022. Mas o exterior também pesa. Afinal, o avanço dos yields dos Treasuries, com apostas na antecipação do aperto monetário nos EUA, também faz crescer os prêmios de risco em emergentes como o Brasil. Nesse cenário, o dólar ganha força globalmente e também em relação ao real, contra quem registrou valorização de 0,48%, a R$ 5,6900, depois de bater em R$ 5,71 na máxima do dia. Já o Ibovespa, hoje com Nova York vacilante, engatou a segunda sessão de perdas, ao cair 0,39%, para 103.513,64 pontos. A alta do petróleo, que puxou as ações da Petrobras, apenas limitou a queda. Enquanto isso, em Wall Street, diante da percepção de que a variante Ômicron da Covid-19 trará impacto econômico limitado, o Dow Jones renovou pico histórico de fechamento, mas o S&P 500 e o Nasdaq recuaram, com as ações de tecnologia pressionadas por um rotação de setores após os recordes recentes.

•JUROS

•CÂMBIO

•BOLSA

•MERCADOS INTERNACIONAIS

JUROS

A piora na percepção de risco externo e fiscal, que ontem já pesava sobre o mercado, continuou a pressionar a curva de juros local nesta terça-feira. Todas as taxas subiram, com destaque para as de curto e médio prazos. Com as crescentes incertezas fiscais, o mercado ficou mais cético sobre uma possível desaceleração do ritmo de aperto monetário nas próximas reuniões do Copom e também com relação a um possível início do ciclo de queda da Selic ainda em 2022. Do exterior, houve influência negativa do mercado de Treasuries, em meio ao aumento nas apostas de antecipação de alta de juros pelo Federal Reserve, e da elevação das commodities, tanto agrícolas e como de energia. O dia teve ainda leilão de NTN-B e LFT do Tesouro, com vencimentos novos.

Entre os principais vértices, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 voltou a fechar na casa de 12% pela primeira vez desde o fim de novembro, em 12,04% (regular) e 12,035% (estendida), de 11,801% ontem no ajuste. A do DI para janeiro de 2025 retornou ao patamar de 11% que não era visitado desde o começo de dezembro, encerrando em 11,175% (regular) e 11,155% (estendida), de 10,822% ontem. O DI para janeiro de 2027 fechou em 11,115% (regular) e 11,095% (estendida), de 10,831% ontem.

Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos, afirma que, embora a terça-feira não tenha trazido fatos propriamente novos, o mercado passou a incorporar aumento das chances de descontrole fiscal e turbulência política de ano eleitoral, em meio à pressão de servidores por aumento salarial e a defesa, pelo líder do governo na Câmara (PP-PR), Ricardo Barros, de revisão no teto dos gastos do governo. "A curva hoje abriu muito, sem um fator direcional, mas sim com a reprecificação nos ativos a partir dos ruídos criados por Brasília", disse, referindo-se à decisão do governo de abrir no orçamento espaço para reajuste salarial exclusivamente de policiais federais.

A medida gerou revolta de outras categorias, em movimento de protesto que começou com auditores da Receita no fim do ano passado. Nos últimos dias, funcionários do Banco Central sem cargos comissionados ou previstos para substituição começaram a entregar seus postos. O mercado fica em alerta sobre eventuais impactos no funcionamento das mesas de câmbio, de mercado aberto e o Selic, embora estas nunca tenham deixado de funcionar em greves anteriores.

"Assumimos que haverá greve, não tem como, com o governo atendendo ou não os pleitos", disse Sanchez. Se o governo contemplar outras categorias, diz, será um aumento "pífio" que não evitará a paralisação. Nos cálculos do diretor-executivo da Instituição Fiscal Independente (IFI) do Senado, Felipe Salto, um reajuste salarial linear de 1% para todos os servidores federais custa de R$ 3 bilhões a R$ 4 bilhões por ano. Um aumento de 5% para o funcionalismo, como sugeriu o presidente Jair Bolsonaro no meio do ano passado, custaria entre R$ 15 bilhões e R$ 20 bilhões ao ano, conforme antecipou o Brodcast/Estadão em junho.

Foi-se o tempo em que o risco fiscal pressionava apenas os vencimentos longos. Nos últimos meses, ele tem atingindo com força também os DIs curtos, na medida em que é apontado como um importante fator no balanço de risco de inflação do Banco Central, responsável ainda por parte da desancoragem das expectativas do mercado. Nesse cenário, a curva de juros já apagou as chances de uma elevação da Selic menor do que 1,5 ponto porcentual nas reuniões do Copom de fevereiro e março, que vinham sendo embutidas a partir do cenário recessivo desenhado para 2022. Os cálculos são da Greenbay Investimentos. A probabilidade de o BC iniciar um ciclo de afrouxamento este ano agora também é vista com reservas.

Lá fora, os rendimentos dos títulos do Tesouro americano seguiram em escalada, com o yield da T-note de dez anos batendo em 1,68% nas máximas, na esteira do aumento das apostas na antecipação do início do ciclo de aperto monetário nos Estados Unidos. "Os Treasuries estão abrindo ao longo da curva, especialmente o juro real. Isso é o mercado concluindo que o Fed vai seguir numa postura dura e que a Ômicron não vai impedir", disse um economista para quem "juro real EUA abrir é a combinação mais complicada para outros mercados".

Amanhã, o Federal Reserve divulga a ata da sua última reunião, o que, para Sanchez, tende a ser um não evento, na medida em que o cenário, com novos dados da economia dos EUA e avanço da cepa Ômicron do coronavírus, mudou muito de lá para cá. "Já nasce velha, como todas as atas."

Na gestão da dívida, o Tesouro inaugurou hoje a safra de leilões do primeiro trimestre, com oferta de 950 mil NTN-B vendida integralmente, inclusive com o novo papel para 2032. Também fez leilão de LFT, com venda de 1,394 milhão de títulos para 2025 e 2028, ante oferta de até 1,5 milhão. (Denise Abarca - [email protected])

18:29

 Operação   Último 

CDB Prefixado 30 dias (%a.a) 9.28

Capital de Giro (%a.a) 6.76

Hot Money (%a.m) 0.63

CDI Over (%a.a) 9.15

Over Selic (%a.a) 9.15

Volta

CÂMBIO

Após uma primeira etapa de negócios de instabilidade e troca de sinais, o dólar à vista se consolidou em terreno positivo ao longo da tarde e, com aceleração dos ganhos no fim da sessão, encerrou em alta de 0,48%, a R$ 5,6900, acumulando valorização de 2,05% nos dois primeiros pregões de 2022.

Pela manhã, a moeda chegou a ultrapassar a linha de R$ 5,70, correndo até a máxima de R$ 5,7113 - o que alimentou especulações em torno de um eventual leilão de venda de dólares à vista pelo Banco Central. A autoridade monetária se limitou a fazer a rolagem de 17 mil contratos de swap cambial (US$ 850 milhões) que vencem em março, como programado. Já a mínima veio no início da tarde, quando o dólar desceu até R$ 5,6382 (-0,43%), em sintonia com alívio momentâneo no exterior.

Analistas atribuem o fôlego da moeda americana neste início de ano principalmente a dois fatores. No front doméstico, há o aumento da percepção de risco fiscal, em meio à pressão de servidores federais por reajuste salarial - que ganhou novo capítulo com a mobilização de funcionários do Banco Central - e a ameaças ao teto de gastos. Após o governo atender a reivindicação por aumento dos policiais, base de apoio de Bolsonaro, com previsão de R$ 1,7 bilhão no Orçamento de 2022, diversas categorias do funcionalismo passaram a pleitear reajuste.

"Não tem mais a pressão de fluxo de saída de dólares de fim de ano, mas a onda compradora continua com toda essa discussão fiscal", diz o head da tesouraria do Travelex Bank, Marcos Weigt, ressaltando as declarações ontem do líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), de que é preciso repensar o teto de gastos, e o imbróglio da compensação ao INSS do valor da desoneração da folha de pagamentos.

O segundo fator de pressão sobre o dólar são as apostas em alta de juros nos Estados Unidos já no fim do primeiro trimestre, às vésperas da divulgação da ata do mais recente encontro de política monetária do Federal Reserve. "Existe uma especulação em torno de três altas da taxa de juros nos Estados Unidos neste ano, o que tem um impacto forte no dólar, que está se valorizando no mundo todo", afirma Zeller Bernardino, especialista da Valor Investimentos.

O índice DXY - que mede o desempenho da moeda americana em relação a seis divisas fortes - chegou a subir mais de 0,20% ao longo da manhã, mas perdeu força e passou a oscilar entre estabilidade e leve alta com dados abaixo do esperado da indústria e do emprego nos Estados Unidos. Mesmo assim, manteve-se acima da casa dos 96,000 pontos, com a moeda americana tendo atingido o maior nível ante o iene em cinco anos.

Em relação a divisas emergentes, o dólar teve um sinal predominantemente positivo, com ganhos de mais de 3% frente a lira turca, dada as preocupações com a inflação e a falta de independência do Banco Central turco, e de quase 1% na comparação com o rand sul-africano, considerado par do real.

"Hoje, o real não está se desvalorizando mais que outras moedas emergentes. Está em linha com o que está acontecendo no mundo", diz Weigt, do Travelex. "A pressão compradora deve continuar. O dólar pode buscar um patamar perto de R$ 5,79 no curto prazo".

Além da expectativa pela ata do Fed amanhã, o mercado aguarda pela divulgação, na sexta-feira (7), do relatório de emprego (payroll) nos EUA em dezembro - que pode reforçar os argumentos em favor de uma alta iminente dos juros. Em nota a clientes, o ING afirma que, embora a onda de casos da variante Ômicron possa enfraquecer temporariamente a economia dos EUA, os primeiros dados divulgados em 2022 sugerem que a atividade "está fundamentalmente muito forte, com crescimento robusto e inflação", o que sustenta a expectativa de três aumentos de juros neste ano. A Capital Economics acredita que os efeitos do aumento de casos de Covid-19, fruto do avanço da variante Ômicron, sobre o mercado de trabalho devem aparecer apenas em janeiro.

Para o economista-chefe da Frente Corretora, Fabrizio Velloni, há dúvidas a respeito dos impactos da Ômicron sobre as cadeias globais e, por tabela, nos gargalos de produção que alimentam parte da alta inflacionária global. "As infecções vêm crescendo, embora a mortalidade seja mais baixa. Mas há o receio de como isso vai afetar a economia global", diz Velloni. "Com o risco de pressão sobre a inflação, investidores estão se posicionando mais em dólar, o que pressiona as moedas emergentes".

Na B3, às 18h10, o dólar futuro para fevereiro operava a R$ 5,7200, em queda de 0,06%, com giro na casa de US$ 11 bilhões. (Antonio Perez - [email protected])

18:29

 Dólar (spot e futuro)   Último   Var. %   Máxima   Mínima 

Dólar Comercial (AE) 5.69000 0.4821 5.71130 5.63820

Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0    

DOLAR COMERCIAL FUTURO 5715.500 -0.13977 5746.500 5673.000

DOLAR COMERCIAL FUTURO 5741.000 03/01    

BOLSA

Segundo dia de negócios em 2022, segundo dia de perda para o Ibovespa, que tem se mantido nos fechamentos em faixa inferior aos 105 mil pontos desde 28 de dezembro, o que corresponde a cinco sessões. Assim como ontem, a referência da B3 ficou nos 103 mil pontos, entre mínima de 103.096,26 e máxima de 104.276,32, saindo de abertura a 103.921,59. Ao fim, mostrava baixa de 0,39%, a 103.513,64 pontos, com giro a R$ 27,9 bilhões. Na semana, no mês e no ano, cai 1,25%.

De forma semelhante à vista na segunda-feira, o desempenho positivo das ações de grandes bancos (Itaú PN +2,84%, Unit do Santander +1,46%) e de Petrobras contribuiu para limitar as perdas do Ibovespa ao longo do dia. Com o petróleo em alta de 1,2% a 1,3%, e o Brent de volta à casa de US$ 80 por barril, após decisão da Opep+ de manter o aumento gradual da oferta, o avanço de Petrobras (ON +1,27%, PN +0,38%) chegou a colocar o índice em terreno positivo pela manhã e também no começo da tarde, mesmo com progressão do dólar à vista (+0,48%, a R$ 5,6900 no fechamento).

A terça-feira negativa em Nova York para S&P 500 (-0,06%) e Nasdaq (-1,33%), apesar de o blue chip Dow Jones (+0,59%) ter voltado a renovar hoje recorde de fechamento, contribuiu para segurar o Ibovespa, em dia de noticiário ainda relativamente enfraquecido, com atenção voltada, amanhã, para a divulgação da ata da mais recente reunião de política monetária do Federal Reserve. No velho continente, o índice pan-europeu Stoxx 600 renovou máxima histórica de fechamento pelo segundo dia.

"A recente alta de casos de Covid, especialmente nos Estados Unidos, não tem afetado o apetite por risco, com mortes e hospitalizações bastante controladas. O desempenho dos Treasuries na parte da tarde mostra que os investidores estão contando com aperto monetário no começo de março, enquanto o petróleo subiu com a confirmação, pela Opep, de aumento de 400 mil barris por dia para a produção em fevereiro", diz Romero de Oliveira, head de renda variável da Valor Investimentos.

"Com agenda econômica esvaziada no Brasil neste começo de ano, a volatilidade aqui ainda reflete as preocupações com a situação fiscal", acrescenta.

Apesar do bom desempenho dos índices de referência da renda variável no exterior neste começo de ano, a expectativa é de que a política monetária nas maiores economias, assim como no Brasil, fique mais restritiva em 2022, afetando o custo de oportunidade. A "alta de juros no radar" impacta, principalmente, as ações de varejo e tecnologia, observa em nota a equipe de research e estratégia da Terra Investimentos.

"Além disso, alguns pontos políticos seguem no radar, mesmo com Brasília em recesso; mercado segue acompanhando as falas do (deputado) Ricardo Barros sobre possível revisão do teto de gastos com 'excesso de arrecadação' e que o governo precisa gastar esse valor, devendo (em) parte ser usado para auxiliar na (recuperação após) tragédia da Bahia, enquanto outra parte (pode) ir para reajuste salarial dos servidores, que ameaçam greve", observa a Terra.

No Brasil, o efeito das mobilizações do funcionalismo federal por aumento de salários em 2022 pesa sobre a confiança dos investidores em relação ao fiscal. Depois dos auditores da Receita, a atenção se volta agora para outro segmento fundamental da máquina pública: os servidores do Banco Central.

Segundo o presidente do Sindicato Nacional dos Funcionários do Banco Central (Sinal), Fábio Faiad, 1.200 funcionários sem cargos comissionados ou previstos para substituição já aderiram ao movimento - mais de um terço do total de servidores na ativa (3.500) -, comprometendo-se a não assumir funções de comissão. Por sua vez, o Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal (Sindifisco) diz que 1.237 auditores entregaram cargos até esta segunda-feira (3), de um total de 7.500.

Na ponta negativa do Ibovespa nesta terça-feira, destaque para Banco Inter (Unit -13,68%), Petz (-8,91%), Banco Pan (-7,82%), Locaweb (-6,75%), CVC (-6,53%) e Natura (-6,45%). Na ponta oposta, CSN Mineração (+7,09%), Itaú PN (+2,84%), Klabin (+2,55%), Suzano (+2,18%), B3 (+2,15%) e PetroRio (+2,12%). (Luís Eduardo Leal - [email protected])

18:21

 Índice Bovespa   Pontos   Var. % 

Último 103513.64 -0.39256

Máxima 104276.32 +0.34

Mínima 103096.26 -0.79

Volume (R$ Bilhões) 2.79B

Volume (US$ Bilhões) 4.91B

18:29

 Índ. Bovespa Futuro   INDICE BOVESPA   Var. % 

Último 104385 -0.34845

Máxima 105765 +0.97

Mínima 104040 -0.68

MERCADOS INTERNACIONAIS

O índice Dow Jones renovou recorde histórico de fechamento, mas o S&P 500 e o Nasdaq recuaram nas bolsas de Nova York. O Nasdaq foi penalizado pela rotação de setores, que pressionou papéis de tecnologia, e o S&P 500 mostrou pouco fôlego após recordes recentes. Houve máximas históricas hoje em algumas bolsas europeias, com a percepção de que a variante Ômicron da covid-19 trará impacto econômico limitado. Entre os Treasuries, não houve sinal único, mas alguns retornos continuam a avançar, em meio ao aumento nas apostas de elevação de juros pelo Federal Reserve (Fed, o banco central americano) em março. O movimento dos retornos dos bônus apoiou o dólar, com o índice DXY, que mede a divisa ante uma cesta de outras fortes, em alta contida. Entre as commodities, o petróleo subiu mais de 1%, após a Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+) confirmar a expectativa e elevar apenas gradualmente a oferta nesse mercado, reafirmando acordo anterior do grupo.

Os setores de energia, com a alta do petróleo, e o financeiro - com o avanço dos retornos dos Treasuries - estiveram entre os destaques hoje em Nova York. Já tecnologia e serviços de comunicação recuaram, com alguns investidores deixando essas ações em busca de outros segmentos. Para a Capital Economics, a valorização do mercado acionário no momento está "esticada" e isso, ao lado da perspectiva de aumento nos juros por importantes bancos centrais para conter a inflação, representa neste momento um risco para a renda variável. Em relatório, a consultoria destaca que esse risco é inclusive maior do que o trazido pela variante Ômicron.

O Dow Jones fechou hoje em alta de 0,59%, em 36.799,65 pontos, o S&P 500 recuou 0,06%, a 4.793,54 pontos, e o Nasdaq caiu 1,33%, a 15.622,72 pontos. Nas praças europeias o dia foi positivo, com o índice pan-europeu Stoxx 600 em alta de 0,82%, em 494,02 pontos, máxima histórica pelo segundo dia seguido, e com recorde também da Bolsa de Paris.

Londres, por sua vez, subiu 1,63%, mesmo diante da forte onda de casos da covid-19 em países do continente e nos EUA - o Reino Unido bateu hoje recorde de registros e a média da Espanha dos últimos 14 dias também atingiu nível inédito na pandemia. Analistas em geral, porém, veem as principais economias bem posicionadas para superar esse choque, destacando o fato de que a variante parece causar menos internações e mortes, segundo os estudos e evidências até agora disponíveis. O Danske Bank diz que o risco menor de hospitalização é crucial no médio e longo prazos, já que isso poderia acelerar o fim da pandemia. No curto prazo, porém, uma alta abrupta no número absoluto de casos ameaça os sistemas de saúde, mesmo que uma parcela menor deles exija tratamento hospitalar, adverte.

No mercado de Treasuries, não houve sinal único, mas os retornos de 10 e 30 anos subiram. O juro da T-note de 2 anos caía a 0,742%, o da T-note de 10 anos avançava a 1,655% e o do T-bond de 30 anos tinha alta a 2,065%. No fim da tarde, o levantamento do CME Group mostrava 61,3% de chance de elevação de juros em março pelo Fed. Presidente da distrital de Minneapolis, Neel Kashkari afirmou hoje em artigo ver mais chance de que a inflação elevada "transitória" atual possa levar a um aumento nas expectativas para os preços no longo prazo nos EUA, para além da meta de 2% do Fed. Kashkari disse que a inflação mais elevada e persistente do que o antes previsto o levou a projetar duas altas para os juros nos EUA em 2022. A maioria das apostas do mercado até dezembro é de ao menos três elevações de 25 pontos-base neste ano. O ING afirmou em relatório que os primeiros dados do ano mostram a economia dos EUA com "crescimento robusto" e inflação, levando a três altas nos juros no ano atual.

No câmbio, o índice DXY subiu 0,05%, a 96,262 pontos. No fim da tarde em Nova York, o dólar avançava a 116,13 ienes, o euro caía a US$ 1,1285 e a libra tinha alta a US$ 1,3528. O Goldman Sachs diz prever que o dólar perca fôlego ao longo do ano, com as elevações de juros nos EUA já contabilizadas pelo mercado, mas vê riscos de alta no início de 2022 para a moeda, a depender da força da inflação, que pode fazer o Fed ser mais incisivo no aperto monetário.

Já entre as commodities, o petróleo WTI para fevereiro subiu 1,20%, a US$ 76,99 o barril, na Nymex, e o Brent para março avançou 1,29%, a US$ 80,00 o barril, na ICE. O acordo de hoje da Opep para reafirmar seu plano de elevar a oferta em 400 mil barris por dia (bpd) apoiou o quadro - o grupo tem tido dificuldades inclusive de atingir o nível combinado. Nos próximos meses, porém, a Capital Economics acredita que a Opep+ manterá suas altas na oferta, pressionando os preços. A consultoria projeta que o Brent encerre o ano em cerca de US$ 60 o barril. (Gabriel Bueno da Costa - [email protected])

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