DÓLAR FURA R$ 5,70 COM EXTERIOR E AJUSTE, ENQUANTO BOLSA REFLETE CAUTELA E GIRO FRACO

Blog, Cenário

O dólar à vista furou hoje o importante suporte de R$ 5,70, num movimento que refletiu a desvalorização da moeda no exterior, além de um ajuste em baixa, dadas as altas recentes que aproximaram a cotação de R$ 5,755, alcançada no fechamento do segmento futuro ontem. Ao término desta quarta-feira, o dólar balcão foi cotado a R$ 5,6677 (-1,24%). O efeito da pressão gerada pela demanda de empresas, gestoras e fundos para remessas ao exterior, comum nesta época do ano, ainda existe, ponderam profissionais. O mercado absorveu as ofertas do Banco Central em leilões para rolagem e ligados ao desmonte do overhedge de instituições no exterior. Hoje, porém, a cautela menor no exterior - que olha as restrições pela variante ômicron do coronavírus, porém, ao mesmo tempo, o noticiário sobre tratamentos - foi determinante. Do lado dos dados econômicos, os Estados Unidos cresceram pouco acima do esperado, mas a incerteza gerada pela cepa e impasse na aprovação de pacotes fiscais no país já acendeu alerta e gerou cortes nas previsões para o PIB americano em 2022. As bolsas de Nova York deram continuidade aos ganhos de ontem, com o apetite dos investidores, que favoreceu também o petróleo em meio à repercussão de queda de estoque maior que o esperado. Mas esse movimento foi insuficiente para tirar o Ibovespa do negativo, ainda que o índice da B3 tenha diminuído o ritmo de baixa sustentando ao menos os 105 mil pontos. O giro fraco também penalizou a Bolsa. Cautela diante da resposta de categorias do funcionalismo, como auditores que entregaram os cargos, na esteira da aprovação do Orçamento de 2022 com reajuste apenas a policiais federais pesou no humor. O mesmo vale sobre perspectivas ruins para economia brasileira no próximo ano e dados fracos do setor externo. O Ibovespa fechou em queda de 0,24%, aos 105.243,72 mil pontos. Nos juros futuros, à espera do IPCA-15, amanhã, os investidores promoveram ajustes técnicos, sustentados também pelo risco fiscal. Mas o mercado levou em conta também leituras de que Tesouro segue sem maiores dificuldades para se financiar.

•CÂMBIO

•MERCADOS INTERNACIONAIS

•BOLSA

•JUROS

CÂMBIO

O dólar se enfraqueceu no exterior diante da maioria de pares fortes e moedas de emergentes e abriu espaço para maior valorização do real. Assim, desinflou mais de sete centavos entre a máxima e a mínima desta sessão. Internamente, a aprovação do Orçamento para 2022 na véspera, que deu pouco mais de visibilidade para o trato das contas públicas, ajudou marginalmente. Com a liquidez minguada, todas as ofertas de swap cambial do Banco Central foram totalmente absorvidas, sendo para rolagem ou mesmo para overhedge.

A queda mais aprofundada do dólar se deu na segunda etapa da sessão de negócios. A divisa americana, que chegou a tocar R$ 5,7433 na máxima intraday pela manhã, foi parar na casa dos R$ 5,6627, no vale do dia no segmento à vista. Encerrou o dia em queda de 1,24%, a R$ 5,6677. No segmento futuro, às 18h14, a moeda para janeiro recuava a R$ 5,6675, queda de 1,53%.

A despeito dos temores pelos efeitos da variante ômicron sobre as economias globais, o apetite pelo risco esteve presente nos mercados internacionais, com as bolsas da Ásia, Europa e dos Estados Unidos fechando em alta. Os contratos futuros de petróleo também seguiram essa mesma trajetória, com o barril do WTI para fevereiro subindo 2,31%, para US$ 72,76, e o do Brent para o mesmo mês avançando 1,77%, a US$ 75,29.

Carlos Lopes, economista do banco BV, explica que houve um movimento de alívio no resto do mundo, com dados favoráveis da economia americana, como o Produto Interno Bruto (PIB) melhor que o esperado, notícias de que a hospitalização por ômicron é menor que a delta e autorização de novo remédio da Pfizer. "Esse conjunto de notícias favoreceu ativos de risco, incluindo moedas de países emergentes, entre elas, o real", disse.

A demanda por compra de dólares continua, mas o mercado corrigiu hoje, uma vez que o real ficou pressionado por dias consecutivos, segundo Anilson Moretti, head de câmbio da HCI Investimentos. "A demanda por overhedge ainda existe. Se nos próximos dias o dólar à vista romper a resistência de R$ 5,75, o Banco Central pode voltar a entrar", afirma, lembrando que há uma preocupação também com a inflação doméstica. "O BC já entrou neste nível esta semana e, se bater de novo, não tem mais vendedor".

O BC divulgou que o fluxo cambial total no País estava negativo em US$ 6,261 bilhões em dezembro até o dia 17. A cifra é resultado de um fluxo comercial positivo de US$ 859 milhões e de um fluxo financeiro significativamente negativo de US$ 7,120 bilhões no período, com entradas de US$ 42,981 bilhões e saídas de US$ 50,101 bilhões. A posição dos bancos no mercado à vista passou de vendida em US$ 14,956 bilhões no fim de novembro para vendida em US$ 18,193 bilhões no período.

Amanhã será divulgado o IPCA-15 de dezembro que, para Mauro Morelli, estrategista da Davos Investimentos, requer atenção, pois, se vier abaixo do consenso pode levar a certo otimismo de que o Banco Central terá alguma folga para trabalhar. Isso, segundo ele, pode afetar positivamente juros e Bolsa. No câmbio, mexe com a percepção de risco do estrangeiro de que o Brasil fica em condições melhores. "O primeiro movimento talvez seja piora do real [pois traria uma percepção de aperto monetário mais brando], mas talvez esse movimento não seja sustentável porque o cenário para o País estaria mais positivo". (Simone Cavalcanti - [email protected])

18:24

 Dólar (spot e futuro)   Último   Var. %   Máxima   Mínima 

Dólar Comercial (AE) 5.66770 -1.2389 5.74330 5.66270

Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0    

DOLAR COMERCIAL 5659.500 -1.66797 5752.500 5656.000

DOLAR COMERCIAL FUTURO 5708.000 -1.43326 5781.000 5708.000

MERCADOS INTERNACIONAIS

Apesar do avanço além do esperado no PIB dos Estados Unidos, a percepção de que a variante ômicron do coronavírus e o impasse na aprovação do pacote de investimentos sociais e combate às mudanças climáticas desacelerarão o crescimento americano em 2022 continuou levando a revisões para baixo nas projeções dos economistas. Ainda assim, o apetite por risco se manteve nos mercados no exterior, levando as bolsas e o petróleo a fecharem com altas. O dólar se enfraqueceu ante a maioria das moedas, enquanto os rendimentos dos Treasuries operaram sem sinal único.

A Oxford Economics estima que o crescimento da economia americana vai desacelerar de 5,7% em 2021 para 4% em 2022, e vê risco de rebaixamento das estimativas caso o pacote Build Back Better, da administração Joe Biden, não seja aprovado. Já o Nomura cortou em 0,7 ponto porcentual sua estimativa de crescimento do PIB dos EUA em 2022, para 3,9%, mas elevou a projeção para 2023, de 1,9% para 2,3%.

Ainda assim, ativos de risco subiram hoje, após divulgação dos esforços dos EUA e do Reino Unido para garantir tratamentos para a covid-19, aponta Edward Moya, analista da Oanda. "Os volumes de trading continuarão caindo em direção ao feriado neste fim de semana, mas o apetite pelo risco terá dificuldade para entregar uma recuperação significativa do mercado de ações, já que a ômicron ainda representa um grande risco para muitos sistemas de saúde", aponta. Nos EUA, o descarte de lockdowns para conter a variante impulsionou os mercados. Na Europa, a situação é mais delicada, e países vem anunciando maiores medidas de restrição enquanto recordes diários de número de casos vem sendo renovados.

Em vídeo divulgado hoje, a presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, destacou a disseminação da variante ômicron do coronavírus como uma fonte de incerteza no curto prazo, ainda que a perspectiva econômica para a zona do euro nos próximos anos "pareça forte". Segundo Lagarde, a inflação na região vai desacelerar a partir de 2022, ficando em 2023 e 2024 ligeiramente abaixo da meta de 2% no médio prazo da instituição.

Em Frankfurt, o índice DAX fechou em alta de 0,95%, acompanhado do parisiense CAC 40 (+1,24%) e do londrino FTSE 100 (+0,61%). Em Nova York, o Dow Jones fechou com alta de 0,74%, o S&P 500 ganhou 1,02% e o Nasdaq avançou 1,18%. As ações da Tesla dispararam 7,49%, em dia marcado pelo anúncio do CEO da empresa, Elon Musk, de que vendeu mais papéis e que agora atingiu a meta de 10% da oferta de sua participação. Já a Pfizer subiu 1,02%, impulsionada por anúncios sobre seus tratamentos contra a covid-19.

No petróleo, a commodity ganhou mais força após o Departamento de Energia dos EUA ter apontado queda de 4,715 milhões de barris nas reservas na semana passada, além da redução esperada de 2,6 milhões de barris. Para o TD Securities, "os mercados permanecem focados no impacto potencial do vírus na demanda. No entanto, ele foi mínimo até o momento, com dados de rastreamento de voo não mostrando nenhuma queda material no total, enquanto a queda na contagem de casos na África do Sul também oferece algum otimismo". O WTI com entrega para fevereiro subiu 2,31% (US$ 1,64), para US$ 72,76, enquanto o Brent para o mesmo mês avançou 1,77% (US$ 1,31), a US$ 75,29.

Nesta sessão, os juros dos Treasuries longos recuaram, enquanto os curtos subiram. Durante a tarde, um o leilão de US$ 17 bilhões em TIPS de 10 anos registrou juro de -1,508% e demanda abaixo da média dos últimos leilões. Ao fim da sessão, o juro da T-note de 2 anos aumentava a 0,670%, enquanto o da T-note de 10 anos cedia a 1,456% e o do T-bond de 30 anos tinha queda a 1,850%.

No câmbio, a Western Union pontua que "os participantes do mercado estão preferindo moedas e classes de ativos mais arriscadas, após uma queda no sentimento de risco na segunda-feira". O índice DXY, que mede o dólar ante seis rivais recuou 0,43%. No fim da tarde, o euro avançava a US$ 1,1335 e a libra tinha alta a 1,3360. "A razão para a alta no apetite é difícil de identificar, dadas as restrições mais rígidas que foram anunciadas em toda a Europa para conter a covid-19 e as tensões geopolíticas aumentando entre a Rússia e o Ocidente", reconhece, lembrando que as condições de mercado voláteis podem continuar à medida que avançamos para as semanas menos líquidas do ano. (Matheus Andrade - [email protected])

BOLSA

Em pregão de liquidez fraca, às vésperas do feriado de Natal, o Ibovespa não conseguiu acompanhar o sinal moderadamente positivo das bolsas em Nova York, embora tenha diminuído o ritmo de perdas ao longo da tarde. Cautela diante de eventuais pressões de categorias do funcionalismo por reajuste de salários, na esteira da aprovação do Orçamento de 2022, perspectivas ruins para economia brasileira no próximo ano e dados fracos do setor externo inibiram o apetite por risco, segundo analistas.

As perdas mais fortes foram concentradas pela manhã, quando o Ibovespa operou abaixo da linha dos 105 mil pontos, registrando mínima aos 104.385,91 pontos, em queda superior a 1%. Com uma leve aceleração dos ganhos nas bolsas em Nova York na etapa vespertina, o principal índice da B3 conseguiu retomar o nível dos 105 mil pontos, embora tenha se mantido em terreno negativo. Após o leve refresco ontem, quando subiu 0,46% (vindo de uma queda de 2,03% na segunda-feira), o Ibovespa fechou o pregão em baixa de 0,24%, aos 105.243,72 mil pontos. O giro foi de R$ 18,5 bilhões, bem abaixo da média (na casa de R$ 30 bilhões). Com isso, a valorização acumulada em dezembro é de 3,27%. Se o ano terminasse hoje, o índice amargaria uma queda de dois dígitos (11,57%).

"A bolsa teve uma abertura bem fraca porque o mercado não gostou de como saiu o orçamento, que acabou dando mais peso para a questão de reajuste salarial e da verba para partidos, enquanto os recursos para investimento ficaram muito baixos", afirma o chefe de renda variável da Veedha Investimentos, Rodrigo Moliterno, acrescentando que os dados ruins das transações correntes, com déficit de US$ 6,522 bilhões em novembro, também pesaram sobre o mercado.

Aprovada na noite de ontem no Congresso, a peça orçamentária destina R$ 4,9 bilhões para o fundo eleitoral, R$ 16,5 bilhões para as emendas do relator, o chamado "orçamento secreto", e R$ 1,7 bilhão para aumento de salários de policiais federais, como pleiteado pelo presidente Jair Bolsonaro. Teme-se, contudo, que haja um efeito em cascata, com diversas categorias reivindicando reajuste, o que levaria a expansão de gastos em ano eleitoral. Essa movimentação já teve seu primeiro capítulo com os auditores da receita federal, que deram início a uma debandada (324 já teriam deixado seus cargos comissionados de chefia), alegando que o Orçamento de 2022 prevê cortes na verba destinada ao órgão e reajuste apenas a policiais.

O diretor de investimentos da BS2 Asset, Mauro Orefice, atribui a falta de fôlego do índice em grade parte à ausência de apetite por negócios, que fica evidente pelo giro bem reduzido. Ele avalia que Ibovespa está bem descontado em relação a seus pares emergentes por causa dos problemas domésticos, como a fraqueza da atividade econômica, as dúvidas sobre o tamanho do ciclo atual de aperto monetário e, sobretudo, a percepção de risco fiscal.

"A questão orçamentária ficou no radar o ano inteiro. Se tiver a perspectiva de uma trajetória fiscal um pouco mais benigna, com reformas e mais privatização, o Ibovespa pode se recuperar", diz Orefice, para quem apenas um alinhando da Bolsa local com demais emergentes levaria o índice para algo entre 125 mil e 130 mil pontos.

A queda do Ibovespa hoje poderia ter sido pior, observa Moliterno, da Veedha, não fosse a aceleração dos ganhos dos mercados em Nova York durante à tarde, em meio a notícias de que vacinas existentes são eficiente contra a variante ômicron do coronavírus. Houve também uma diminuição das perdas das ações da Petrobras, após a virada das cotações do petróleo para o campo positivo na esteira da queda acima do esperado dos estoques de petróleo nos EUA na semana passada (4,715 milhões de barris ante expectativa de 2,6 milhões).

Pela manhã, investidores digeriram a alta de 2,3% do PIB americano no terceiro trimestre (anualizado), acima da estimativa dos analistas de 2,1%. Já o índice de preços de gastos com consumo (PCE, na sigla em inglês) - medida de inflação preferida pelo Federal Reserve - subiu a taxa anualizada de 5,3%, confirmando resultados preliminares.

A despeito de temores de perda de ritmo da economia mundial por causa da variante ômicron, os bancos centrais desenvolvidos devem seguir com a retirada de estímulos monetários. A expectativa é que o BC americano encerre o programa de compra mensal de bônus em março e anuncie ao menos três altas de juros ao longo de 2022.

Para Orefice, da BS2 Asset, a mudança na política monetária americana já está incorporada aos preços e, por isso, não representa um grande risco para a trajetória das bolsas emergentes, como o Ibovespa. "Se a inflação for mais alta do que o Fed está esperando, talvez ele tenha de ser mais agressivo. Mas hoje a alta de juros parece razoavelmente precificada", diz Orefice, para quem os grande obstáculos à reação do Ibovespa são domésticos.

No setor corporativo, destaque para as ações das companhias áreas. Depois de uma manhã negativa, os papéis da Gol e da Azul ganharam força com diminuição dos temores relacionados à ômicron, dando continuidade à recuperação observada ontem. A PN da Azul subiu 1,36% e a PN da Gol, 2,02%. A maior alta da carteira teórica coube a GetNet, que anunciou ontem pagamento de Juros sobre Capital Próprio (JCP) no valor de R$ 298 milhões (bruto). As units da empresa fecharam em alta de 23,40%.

Entre as blue chips, Vale ON caiu 0,52%, na esteira de recuo de 2,62% do minério na China. Apesar da alta do petróleo, Petrobras ON fechou em queda de 0,40% e Petrobras PN perdeu 0,14%. O setor financeiro apresentou ganhos moderados, com alta de Itaú (0,38% PN) e de Bradesco (0,25% ON e 0,47% PN). (Antonio Perez - [email protected])

18:21

 Índice Bovespa   Pontos   Var. % 

Último 105243.72 -0.24281

Máxima 105711.37 +0.20

Mínima 104385.91 -1.06

Volume (R$ Bilhões) 1.85B

Volume (US$ Bilhões) 3.23B

18:24

 Índ. Bovespa Futuro   INDICE BOVESPA   Var. % 

Último 106675 0.02344

Máxima 107060 +0.38

Mínima 105640 -0.95

JUROS

Depois de dois dias de queda firme, os juros futuros terminaram sessão regular da quarta-feira com viés de alta, atribuída à persistência do desconforto fiscal - mesmo após a votação do Orçamento de 2022 - e a movimentos técnicos neste pregão pré-IPCA-15. As taxas, contudo, tiveram ímpeto de elevação menor nas horas finais, em consonância com o Relatório Mensal da Dívida de novembro, que mostrou que o Tesouro segue sem maiores dificuldades em acessar o mercado. Na estendida, o cenário de queda dos rendimentos se cristalizou na maioria dos vértices.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 passou de 11,414% no ajuste de ontem a 11,38% (regular, na mínima) e 11,37% (estendida). O janeiro 2025 subiu de 10,392% a 10,44% (regular) e 10,40% (estendida). E o janeiro 2027 foi de 10,351% a 10,38% (regular) e 10,34% (estendida).

Em termos de liquidez, como esperado pelos agentes, seguiu a diminuição gradual do volume transacionado à medida que se aproximam os feriados de Natal e ano-novo. Foram negociados 514 mil contratos do DI janeiro 2023, de 675 mil na segunda-feira e 613 mil na terça-feira; 236 mil do janeiro 2025, de 278 mil e 140 mil, respectivamente; e 73 mil do janeiro 2027, de 101 mil e 103 mil.

A liquidez um pouco mais robusta do 2025 ante a véspera pode ser atribuída à recomposição de posições no miolo da curva, depois da derrubada das taxas ontem e anteontem. Os agentes também esperam os dados do IPCA-15 de dezembro, divulgados amanhã na abertura do mercado, que deve mostrar a primeira desaceleração da taxa de 12 meses em um ano e meio.

Além da questão técnica, os profissionais de renda fixa ficaram de olho hoje nos desdobramentos da votação do Orçamento de 2022. Se, de um lado, foi bem recebido o acerto da peça ainda no ano anterior (o que não ocorreu com o Orçamento de 2021, levando à crise congressual vista nos meses de fevereiro e março), por outro, evidenciou escolhas mal recebidas pela opinião pública (como o aumento do fundo eleitoral e o reajuste a policiais federais).

A concessão do aumento a profissionais de segurança (base de apoio do Planalto) incomodou outras carreiras, que já pressionam a gestão de Jair Bolsonaro. A mais evidente foi a Receita Federal, em que técnicos fizeram entrega coletiva de cargos. Dentro do governo, conforme revelou a repórter Adriana Fernandes, aumentos salariais têm sido tratados como inevitáveis.

"Isso vai gerar uma demanda enorme por reajuste de muitas carreiras, que acumula e vira uma panela de pressão até o início de 2023", disse o economista-chefe da RPS Capital e especialista em contas públicas, Gabriel de Barros. "Se o próximo governo começar o debate da agenda econômica dando reajustes salariais para servidor, começa errado. Vai machucar o mercado, vai desancorar as expectativas."

Desta forma, as taxas do DI, especialmente na ponta mais longa, tiveram alta mais firme pela manhã. No começo da tarde, contudo, os movimentos perderam tração após a divulgação do Relatório Mensal da Dívida.

O Tesouro Nacional informou que a Dívida Pública Federal fechou novembro em R$ 5,498 trilhões, uma alta de 2,34% ante outubro. Diante da alta da Selic, a parcela de títulos atrelados à taxa subiu de 36,15% para 36,69%, bem acima do teto da meta do Plano Anual de Financiamento (PAF), cujo intervalo vai de 31% a 35%.

"Para nós que acompanhamos o leilão semanalmente, o RMD não trouxe muita novidade. O descumprimento do PAF [por causa da dívida atrelada à Selic] já não é novidade. O importante agora é o PAF de 2022, que a gente vai confrontar com os vértices colocados pelo Tesouro no primeiro trimestre, que foram relativamente mais ousados, trazendo vencimentos mais longos que o esperado", afirmou o economista-chefe da Ativa Investimentos, Étore Sanchez.

Com uma emissão líquida de R$ 84,64 bilhões, o RMD informou que a reserva de liquidez teve nova expansão, a R$ 1,096 trilhão. Na prática, com um colchão maior, o Tesouro pode colocar o pé no freio das emissões em 2022 caso as condições de mercado piorem por causa das eleições.

"Esse colchão permitiu que a autoridade ousasse nos vértices propostos no primeiro trimestre", disse Sanchez. "É por causa do horizonte nublado de 2022 que ninguém está falando de custo de manter o colchão robusto", complementou.

Para esta quinta-feira, além dos dados do IPCA-15, a agenda traz ainda o Caged de novembro e o INCC-M de dezembro. (Mateus Fagundes, colaborou Cícero Cotrim - [email protected])

18:23

 Operação   Último 

CDB Prefixado 30 dias (%a.a) 9.15

Capital de Giro (%a.a) 6.76

Hot Money (%a.m) 0.63

CDI Over (%a.a) 9.15

Over Selic (%a.a) 9.15

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