CAUTELA ANTES DO FED GANHA CORPO À TARDE E DÓLAR VAI A MAIOR NÍVEL DESDE ABRIL

Blog, Cenário

A cautela voltou a dominar os mercados nesta tarde e, a exemplo de ontem, o exterior sofreu deterioração adicional na segunda etapa e carregou junto os ativos domésticos. O motivo para tal movimento também é basicamente o mesmo da véspera, com a diferença de que a postura defensiva antes da reunião do Fed, nesta quarta, ganhou uma razão adicional: outro índice de inflação nos EUA, desta vez o PPI, veio acima do previsto. Assim, quanto mais perto do encontro do BC dos EUA, mais o investidor tenta se proteger, o que resultou em queda generalizada das bolsas em Wall Street, com avanço do dólar, sobretudo ante emergentes. Afinal, o mercado, que já trabalha com a possibilidade de aceleração do 'tapering', começa a colocar nos preços chances maiores de um aperto monetário antes do previsto na maior economia do mundo. Com tudo isso ganhando corpo ao longo do pregão, os efeitos da ata 'hawkish' divulgada pelo Banco Central do Brasil, logo cedo, e da queda maior do que o previsto nos serviços, em outubro, foram diluídos. Como resultado, apesar de a curva de juros ter mantido alguma desinclinação, os vencimentos curtos acabaram perto dos ajustes, enquanto os longos caíram, mas bem menos do que sinalizavam mais cedo. Até porque, em meio à deterioração externa, o câmbio e o noticiário fiscal, com o imbróglio sobre a PEC dos Precatórios e eventual reajuste a policiais, não ajudaram. A moeda dos EUA voltou a fechar perto das máximas, ao subir 0,35%, a R$ 5,6937, no maior valor desde 13 de abril. E o Ibovespa praticamente repetiu o roteiro de ontem, com a diferença de que a virada para o vermelho ocorreu bem antes. Seja como for, se mais cedo voltou a tocar nos 109 mil pontos, o resultado final foi um recuo de 0,58%, aos 106.759,92 pontos, com queda generalizada entre os papéis, inclusive de Petrobras. A estatal, que anunciou hoje corte no preço dos combustíveis, também sofreu influência da desvalorização do petróleo, diante das preocupações com o impacto da variante ômicron sobre a demanda.

•CÂMBIO

•MERCADOS INTERNACIONAIS

•JUROS

•BOLSA

CÂMBIO

A piora do humor externo ao longo da tarde, com aceleração das perdas das bolsas em Nova York e aumento dos ganhos da moeda americana frente a divisas emergentes, acabou respingando no mercado doméstico de câmbio. Após operar em queda firme pela manhã, quando chegou a descer até o patamar de R$ 5,61, sob impacto de leilão de linha realizado pelo Banco Central e do tom duro da ata do Copom, o dólar à vista ganhou força na etapa vespertina e, na máxima, chegou a se aproximar da linha de R$ 5,70.

Na véspera da decisão de política monetária do Federal Reserve, que deve anunciar a aceleração da redução de compras mensais de bônus (tapering) e trazer novas projeções dos membros da instituição para a trajetória da taxa de juros, investidores se acautelaram e reduziram a exposição a ativos de risco. Há também certa apreensão com o impacto da disseminação da variante ômicron sobre a atividade econômica, em especial na Europa.

Em meio a um ambiente externo já desafiador, não pegou bem por aqui a notícia de que a agência de classificação Fitch ter reafirmado o rating soberano do Brasil em BB-, mas com perspectiva negativa pretextando o aumento do risco fiscal, diante da mudança da deterioração das perspectivas para as contas públicas com a mudança na regra do teto de gastos na PEC dos Precatórios.

Com oscilação de cerca de oito centavos entre a mínima (R$ 5,6190) e a máxima a (R$ 5,6981), o dólar à vista encerrou a sessão desta terça-feira (14) a R$ 5,6937, alta de 0,35%, emendando o quarto pregão seguido de valorização e no maior valor desde 13 de abril (R$ 5,7176).

"O mercado continua na expectativa de que o Fed vá acelerar o tapering amanhã e começar o aperto monetário nos Estados Unidos antes de junho do ano que vem. Isso acaba prejudicando as moedas emergentes", afirma a economista e estrategista de câmbio do Banco Ourinvest, Cristiane Quartaroli, acrescentando que o rebaixamento da perspectiva da nota do Brasil pela Fitch contribuiu para a alta do dólar por aqui à tarde.

Nos EUA, a inflação continua a surpreender para cima, o que estimula as apostas em um Fed mais duro. Pela manhã, foi divulgado que o índice de preços ao produtor (PPI, na sigla em inglês) subiu 0,8% em novembro, superando as estimativas dos analistas, de 0,5%. O núcleo do PPI, que exclui os voláteis preços de alimentos e energia, avançou 0,7% na mesma comparação, ante projeção de acréscimo menor, de 0,4%. A inflação acima do esperado ajudou a dar mais força ao dólar no exterior. O índice DXY - que mede a variação do dólar frente a seis divisas fortes - operou em alta firme ao longo da tarde, na casa dos 96,500 pontos, perto das máximas.

Operadores ressaltam que o real até se comportou bem ao registrar perdas inferiores a de seus pares emergentes, como o rand sul-africano e o peso mexicano. Boa parte da resistência do real hoje é atribuída a movimento de ajustes técnicos, com realização de lucros, e a atuação do Banco Central, que tem provido liquidez para fazer frente a remessa de recursos de fim de ano.

Depois de venda US$ 1,592 bilhão em leilões de venda à vista na sexta-feira e ontem, o BC colocou hoje US$ 500 milhões em leilão de oferta de linha (da oferta de US$ 1 bilhão).Foi vendida a oferta total de 15 mil contratos (US$ 750 milhões) para rolagem dos vencimentos programados para fevereiro.

"Essa atuação do BC ajudou a amenizar um pouco a pressão de alta do dólar. Com o leilão de linha hoje, ele ajuda a aliviar o caixa dos bancos, que precisam devolver linhas e já não encontram tanta liquidez no exterior para fazer operações", afirma o gerente de câmbio da Treviso Corretora, Reginaldo Galhardo.

Galhardo vê o dólar oscilando em uma banda informal entre R$ 5,50 e R$ 5,70, de acordo com o apetite por risco no exterior, a demanda por remessas e a percepção de risco fiscal doméstico. As intervenções do BC podem não trazer um alívio permanente para a taxa de câmbio, mas têm o poder de modelar as flutuações e podem ter evitado que o dólar rompesse os R$ 5,70, diz Galhardo.

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, reiterou hoje que o BC atua no mercado de câmbio para eliminar problemas de liquidez, e não como linha auxiliar da política monetária. "Se existe a percepção de que a intervenção está indo além, as pessoas procuram outro instrumento de hedge (proteção).Vemos claramente que intervenção cambial exagerada causa danos no mercado de juros, porque as pessoas deixam de se proteger no dólar e vão se proteger nos juros longos”, afirmou Campos Neto, em debate sobre política monetária realizado pelo Tribunal de Contas da União (TCU).

Divulgada pela manhã, a ata do Copom reiterou o tom duro do comunicado do comitê na semana passada, quando a Selic foi elevada em 1,50 ponto porcentual, para 9,25% ao ano. Apesar da expectativa de uma Selic terminal em dois dígitos, na casa de 11% ou 12%, é cedo para avaliar a atratividade para operações de carry trade, dado que ainda é preciso saber o tamanho e o ritmo de aperto monetário nos EUA.

No front político, a expectativa é pela votação ainda hoje da parte da PEC dos Precatórios alterada pelo Senado no plenário da Câmara. Um dos temas em questão é a vigência do limite para pagamento das sentenças judiciais. O Senado limitou o pagamento de precatórios até 2026, e não mais até 2036, como havia sido inicialmente aprovado pelos Deputados.

O Broadcast apurou com fontes que líderes da Câmara fecharam uma negociação para retirar a data, em uma estratégia para enviar o texto direto para promulgação, garantindo um espaço fiscal de mais R$ 43,8 bilhões no Orçamento de 2022, além dos R$ 62,2 bilhões já garantidos com a mudança no cálculo do teto de gastos. (Antonio Perez - [email protected])

18:25

 Dólar (spot e futuro)   Último   Var. %   Máxima   Mínima 

Dólar Comercial (AE) 5.69370 0.3454 5.69810 5.61900

Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0    

DOLAR COMERCIAL 5708.000 0.13157 5719.500 5640.000

DOLAR COMERCIAL FUTURO 5724.907 26/11    

MERCADOS INTERNACIONAIS

A expectativa pela decisão de política monetária do Federal Reserve (Fed) amanhã, a última do ano, seguiu dominando a atenção de investidores, que antecipam uma aceleração no ritmo de redução de estímulos pela autoridade. O provável avanço do tapering pesou em Nova York, e as bolsas encerraram o dia com quedas. Outro efeito foi uma alta do dólar ante a maioria das moedas, em semana que conta ainda com a decisão de política monetária de outros importantes bancos centrais, como BCE, BoE e BoJ. De olho em uma potencial postura hawkish do Fed, os rendimentos dos Treasuries subiram. Entre as commodities, o petróleo fechou em queda, após a Agência Internacional de Energia (AIE) cortar previsões de crescimento da demanda global em 2022, citando impactos da variante ômicron do coronavírus.

A publicação hoje do índice de preços ao consumidor (PPI, na sigla em inglês) dos Estados Unidos subindo mais rápido do que o esperado, com avanço de 0,8% na comparação mensal e 9,6% na anual, "segue uma série de outros dados de inflação mostrando preços subindo no ritmo mais rápido desde o início dos anos 1980" no país, avalia o Citi. O banco projeta agora uma alta do índice de gastos com consumo (PCE, na sigla em inglês) de novembro de 0,46% na comparação mensal, com o núcleo de inflação acelerando para 4,6% na comparação anual, a leitura ano a ano mais forte desde 1989. O PCE é a indicação preferida pelo Fed para a inflação no país, e o Citi avalia que a mensagem dos dados é clara: "a inflação está correndo à taxa mais forte em pelo menos 30 anos". A pressão sobre os preços é mais generalizada e menos "transitória" do que os dirigentes do Fed esperavam, conclui o banco.

Segundo a Fitch, a questão é generalizada, e taxa de inflação global aumentou muito mais do que a maioria dos analistas esperava. A inflação média em todos os países avaliado pela agência aumentou para 5,1% em outubro, ante 1,9% no final de 2020. Segundo relatório, essa é a taxa mais alta desde outubro de 2008. Com a escalada da inflação, a expectativa é que o Fed aumente as taxas de juros em setembro de 2022, enquanto o Banco da Inglaterra (BoE) faça isso já em dezembro de 2021, ambos muito mais cedo do que o esperado, diz a Fitch. Neste cenário, os rendimentos dos Treasuries avançaram hoje, a no fim da tarde, o retorno da T-note de 2 anos subia a 0,660%, o da T-note de 10 anos avançava a 1,441% e o da T-bond de 30 anos tinha alta a 1,821%.

As bolsas de Nova York operaram pressionadas, e, no fechamento, o Dow Jones caiu 0,30, S&P 500 recuou 0,75% e o Nasdaq teve baixa de 1,14%. As ações de tecnologia tiveram algumas das principais baixas, com a Microsoft cedendo 3,26%, Alphabet (-1,32%), Apple (-0,80%), Facebook (-0,22%) e Tesla (-0,82%), após o CEO Elon Musk vender mais cerca de 934 mil ações da companhia ontem. Com o anúncio de que a Toyota irá investir US$ 35 bilhões em veículos elétricos na próxima década, a Ford recuou 1,86%. Na Europa, a maioria dos principais índices também teve queda, com destaque para o DAX, que caiu 1,08% em Frankfurt.

Com as perspectivas de aperto, o dólar operou em alta ante a maioria das moedas. O destaque, mais uma vez, foi a lira turca, que teve forte queda com expectativas sobre a decisão de política monetária do banco central local na quinta-feira. O mercado segue desconfiado da ingerência do presidente Recep Tayyip Erdogan. De acordo com o ING, dado que a intervenção cambial está sendo usada agora, "o mercado estará à procura de ver se a Turquia assinará qualquer contrato adicional de linhas de swap com outros bancos centrais". No fim da tarde, o dólar saltava a 14,3970 liras turcas. O ativo americano subia a US$ 1,12570 euros, e o índice DXY, que mede a moeda ante seis rivais, fechou em alta de 0,26%.

O câmbio pressionou o petróleo, em dia no qual o mercado também foi marcado pela notícia de que a AIE reduziu sua previsão de demanda global por óleo em 100 mil barris por dia (bpd) em 2021 e 2022. A projeção de oferta foi cortada no mesmo nível. O WTI com entrega para janeiro fechou em baixa de 0,79% (US$ 0,56), a US$ 70,73 o barril, enquanto o Brent para o mês seguinte cedeu 0,93% (US$ 0,69), a US$ 73,70. (Matheus Andrade - [email protected])

Volta

JUROS

A curva de juros manteve à tarde o movimento de desinclinação desencadeado pelos eventos da manhã - ata do Copom hawkish e resultado fraco dos serviços em outubro -, mas com taxas longas reduzindo a queda e as curtas praticamente estáveis. A postura defensiva veio principalmente do exterior, em meio ao aumento da cautela com a reunião do Federal Reserve amanhã, mas o noticiário fiscal também foi monitorado na etapa vespertina. Os ajustes à agenda econômica da terça-feira - que ainda teve a Petrobras anunciando redução no preço da gasolina - reforçaram as apostas para a Selic na curva, com o mercado voltando a enxergar espaço para alta de mais de 150 pontos-base no Copom de fevereiro.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 fechou a sessão regular em 11,47% e a estendida em 11,49%, de 11,494% ontem, e a do DI para janeiro de 2025 passou de 10,592% para 10,46% (regular e estendida). A taxa do DI para janeiro de 2027 encerrou em 10,36% (regular) e 10,37% (estendida), de 10,491%.

A piora na percepção dos agentes à tarde se deu também no câmbio e nas ações, mas o segmento de juros foi o que menos sentiu. As taxas longas, que pela manhã chegaram a recuar 30 pontos-base, fecharam a etapa regular com alívio de pouco mais de 10 pontos, enquanto as curtas voltaram para os ajustes, mesmo com o Copom reiterando na ata o tom duro do comunicado da semana passada. No documento, os diretores afirmam terem concluído "que o ciclo de aperto monetário deverá ser mais contracionista do que o utilizado no cenário básico por todo o horizonte relevante" diante da desancoragem das expectativas de inflação em relação à metas.

Como destaca a Tendências Consultoria, a frase fornece uma referência da visão atual do BC quanto à trajetória futura da Selic necessária para conduzir a inflação de volta às metas. À época da reunião, a Selic na pesquisa Focus, utilizada pelo BC nos modelos, era de 11,75% no pico de 2022, 11,25% ao final de 2022 e 8,0% ao término de 2023. "A avaliação da autoridade monetária é que as taxas praticadas deverão ser superiores a estas", afirma o economista Silvio Campos Neto, para quem o Banco Central necessita manter um discurso mais duro, a fim de estancar a deterioração das expectativas, principalmente para os horizontes mais longos.

Mas a consultoria manteve sua estimativa de que a taxa chegará a 11,5% e assim ficará até o fim de 2022, em função da perspectiva de melhora do quadro inflacionário e da atividade enfraquecida. Duas notícias desta terça-feira vão ao encontro dessa percepção. A Petrobras anunciou redução no preço da gasolina nas refinarias em 3% a partir de amanhã, com alívio estimado pelos economistas em até 0,08 ponto porcentual no IPCA entre dezembro e janeiro.

Além disso, o IBGE informou que o volume de serviços prestados em outubro caiu 1,2% na margem, além do que indicava a expectativa mais pessimista da pesquisa do Projeções Broadcast (-1,1%). O indicador vem na sequência de números muito ruins da indústria e do varejo, reforçando o ceticismo com a atividade no último trimestre do ano. "O dado foi muito impactante em termos de PIB. Apesar do tom mais firme da ata e comunicado do Copom contra a inflação, os dados de atividade apontam chance do País ir para a recessão em 2022", afirma o estrategista-chefe do Banco Mizuho, Luciano Rostagno, que manteve sua previsão de Selic terminal de 11,25% até março.

Nesse contexto, ainda que a ata tenha sugerido que a Selic de 11,75% pode não ser suficiente para a convergência da inflação, pesquisa do Projeções Broadcast com 32 instituições mostra que a mediana das previsões para a taxa básica segue em 11,75%. Na curva de juros, porém, de acordo com Rostagno, a precificação para o Copom de fevereiro é de 157 pontos-base, o que significa 72% de probabilidade de elevação de 150 pontos-base e 28% de chance de aperto de 175 pontos. A curva tem ainda Selic terminal de 12,37% e em 11,54% para o fim de 2022.

O movimento de alívio de prêmios da ponta longa será desafiado nesta quarta-feira a depender dos sinais do Federal Reserve, ainda que em boa medida já esteja embutida nos ativos uma ampliação do tapering para a casa dos US$ 30 bilhões mensais. A expectativa pelo comunicado e pela entrevista de Jerome Powell depois do encontro levou o mercado a reduzir a exposição ao prefixado no fim do dia.

No radar, esteve ainda o noticiário fiscal. Segundo apurou o Broadcast Político, líderes da Câmara fecharam uma negociação para manter o limite de pagamento dos precatórios da União na PEC, mas sem data para vigência dessa limitação, retirando o prazo de duração do subteto até 2026. Com isso, o subteto poderia ficar válido até 2036, como inicialmente costurado pela Câmara. O entendimento, no entanto, ainda precisa ser consolidado e fica à mercê de interpretação, de acordo com técnicos ouvidos pelo Broadcast Político.

Além disso, o ministro da Justiça, Anderson Torres, propôs ao governo federal um reajuste a policiais com custo de R$ 2,8 bilhões para os cofres públicos apenas em 2022, ano em que o presidente Jair Bolsonaro pretende buscar a reeleição. Até 2024, o custo total será de R$ 11 bilhões. (Denise Abarca - [email protected])

18:24

 Operação   Último 

CDB Prefixado 30 dias (%a.a) 9.15

Capital de Giro (%a.a) 6.76

Hot Money (%a.m) 0.63

CDI Over (%a.a) 9.15

Over Selic (%a.a) 9.15

BOLSA

Após uma manhã tentando se firmar no positivo, o Ibovespa se rendeu à cautela externa pré-reunião do Federal Reserve (Fed), amanhã, e terminou o pregão novamente no negativo, abaixo dos 107 mil pontos. Embora a expectativa de que a inflação possa começar a ceder - após uma ata do Copom com tom mais firme e também com dados recentes de atividade mais fraca - tenha sustentado o índice em terreno positivo na primeira etapa de negócios, a percepção dos operadores ouvidos pelo Broadcast é de que uma lista de fatores que inspiram cautela ganhou a queda de braço na bolsa brasileira hoje.

Além da decisão de política monetária americana, o comportamento negativo das commodities hoje, a reiteração do rating brasileiro, mas com perspectiva negativa, pela agência de classificação de risco Fitch Ratings e a sinalização de juro alto por um tempo prolongado no cenário doméstico pesam no comportamento dos ativos hoje. Assim, o índice fechou em queda de 0,58%, aos 106.759,92 pontos, mais perto da mínima do dia (106.444,53) que da máxima (109.147,66).

"De manhã, tínhamos taxa de juros caindo com força e Ibovespa descolando de Nova York. Tivemos ata hawkish do Copom de manhã, o que pressionou os juros. Porém, mais tarde, tivemos Fitch reiterando rating soberano (do Brasil) em BB- com perspectiva negativa, citando riscos ficais, inflação e volatilidade do real. Acabou pesando bastante contra o índice (...) e passamos a acompanhar o exterior e a expectativa com o Fomc nos EUA", resume o analista da Guide Investimentos Rodrigo Crespi.

Amanhã, o Fed deve anunciar uma mudança no ritmo e na intensidade da redução dos estímulos monetários sobre a economia. E, ainda, deve sinalizar quando iniciará uma redução dos juros. A decisão é monitorada com cautela pelos mercados globais, uma vez que tem potencial de mudar o fluxo dos investimentos ao redor do mundo, afetando sobretudo países emergentes. Nos EUA, S&P500 e Nasdaq encerraram o dia com queda de 0,74% e 1,14, respectivamente, e Dow Jones caiu 0,30%.

"Na reunião de amanhã, existe uma possibilidade de o Fed ser um pouco mais duro. Se ele já entendeu que o termo transitório (em relação à inflação) pode ser aposentado, o impacto prático é a redução de estímulos antes do previsto e num número maior do que o esperado. E, com isso, temos redução da liquidez global. E países emergentes têm uma fuga de capital, uma vez que é investimento de maior risco, mais especulativo", explica Josias de Matos, especialista em finanças na Toro Investimentos.

Aqui, a indicação do Banco Central e do presidente da instituição, Roberto Campos Neto, de que pretende manter os juros em patamar elevado até que os preços e as expectativas de inflação estejam ancorados teve reações diferentes dentro do mercado. Se por um lado os bancos sustentaram alta, com as ações ON e PN do Bradesco subindo mais de 1%, setores dependentes de crédito, como varejo e imobiliário, sofreram.

O destaque negativo é para as construtoras, com o índice setorial imobiliário derretendo 2,93%. "Se vc tem BC firme, juros mais altos, para o mercado imobiliário isso é complicado. É um setor muito alavancado, precisa muito de crédito para novos financiamentos. E quando a gente fala de Fundos Imobiliários, o juro alto na renda fixa atrapalha e gera uma fuga de capital", completa Matos, da Toro.

As ações do varejo também seguem sofrendo com a perspectiva de juro alto, sobretudo as ligadas ao e-commerce. Os papéis das Lojas Americanas caíram cerca de 2% e a Magazine Luiza, 5,12%. "As empresas do e-commerce são negociadas com múltiplos altos, isso significa que nessas empresas o valor está muito relacionado ao lucro que ela vai dar no futuro. Mas como você esse lucro tem que ser trazido para valor presente, com juros altos o valor desse lucro é mais baixo. Isso explica porque essas empresas de e-commerce acabam performando mal", explica Fernando Siqueira, gestor da Infinity Asset.

As ações ligadas a commodities também tiveram desempenho fraco hoje, com o barril de petróleo em novo dia de queda. O valor do óleo responde principalmente ao corte na projeção de crescimento na demanda global pela Agência Internacional de Energia (AIE), por conta das preocupações com a variante ômicron do coronavírus. Com isso, o barril do WTI para janeiro fechou em baixa de 0,79% e o Brent para fevereiro teve queda de 0,93%. A variação negativa teve efeito nos papéis da Petrobras, que caíram mais de 1%, tanto ON quanto PN, impactados também pelo anúncio de redução no preço do combustível feito pela empresa.

A queda no minério na China, de 2,01%, também segurou o avanço das siderúrgicas e metalúrgicas. A Vale, ação de maior peso no Ibovespa, fechou estável, em queda de 0,01%.

Apesar da queda de hoje, o Ibovespa mantém alta no mês, de 4,75%. Na semana, contudo, acumula um recuo de 0,93%. Com os investidores à espera da decisão do Fed amanhã, o giro financeiro foi relativamente baixo, em R$ 25,8 bilhões. (Bárbara Nascimento - [email protected])

18:24

 Índice Bovespa   Pontos   Var. % 

Último 106759.92 -0.58054

Máxima 109147.66 +1.64

Mínima 106444.53 -0.87

Volume (R$ Bilhões) 2.59B

Volume (US$ Bilhões) 4.59B

18:25

 Índ. Bovespa Futuro   INDICE BOVESPA   Var. % 

Último 106575 -1.17762

Máxima 109255 +1.31

Mínima 106425 -1.32

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