A volta do feriado para o mercado doméstico foi marcada por aversão ao risco, novamente na contramão externa. Os fatores para queda da Bolsa, com alta de dólar e juros, não chegam a ser novos, mas ganharam novos tons de incerteza desde a última sexta-feira. Por aqui, a expectativa de que a PEC dos Precatórios andaria de forma célere no Senado, vista até a semana passada, deu lugar às incertezas sobre o que mais será incluído no texto, além da possibilidade de que ele volte para a Câmara. Isso ocorre depois que o presidente Jair Bolsonaro sugeriu, ontem, abrir espaço na PEC para acomodar aumento ao funcionalismo em 2022, declaração que foi corroborada pelo líder do governo no Senado, Fernando Bezerra. Como se não bastasse a incerteza fiscal, a política monetária, aqui e no mundo, também segue no radar. Afinal de contas, enquanto diretores do BC, como Fernanda Guardado, têm dito que a autoridade monetária colocará a Selic onde for preciso para controlar a inflação, sinais de aquecimento da atividade nos EUA reacendem o debate sobre quando o Fed iniciará o aumento de juros por lá. A combinação desses fatores significa, em última instância, maior cautela com ativos brasileiros. E foi isso que aconteceu, com o Ibovespa cedendo 1,82%, aos 104.403,66 pontos. O real perdeu força, embora não tenha sido desta vez a moeda mais penalizada entre os emergentes. O dólar encerrou o dia com valorização de 0,78%, a R$ 5,4997. Já na renda fixa, o aumento do risco fiscal e a moeda dos EUA em níveis mais elevados reduziram a inclinação negativa da curva de juros, com os vencimentos curtos perto da estabilidade, mostrando divisão entre apostas de 1,5 ponto e 2 pontos de alta da Selic, e os longos acumulando prêmios. Por fim, em Wall Street, os dados conhecidos ainda pela manhã, com produção industrial e vendas no varejo americanos acima do previsto, direcionaram o otimismo dos investidores, ainda que aumentem as dúvidas sobre os próximos passos do Fed. Como reflexo, enquanto as bolsas subiram, de olho na atividade, os yields dos Treasuries ganharam força com a percepção de que o aperto monetário pode ocorrer antes do previsto.
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