O terceiro trimestre de 2021 termina com o mercado doméstico em nível elevado de estresse, dados os impasses quanto ao destino das contas públicas. A pressão de alas do governo e do Congresso para encontrar mecanismos que garantam a extensão do auxílio emergencial trouxe um ingrediente a mais no complexo caldo que envolve o Orçamento do ano que vem. Isso porque esses grupos querem manter o benefício sob a justificativa de que o Auxílio Brasil (que ainda não saiu do papel) não abarcará todos os que hoje recebem ajuda do governo. Para isso, como revelou o Broadcast hoje à tarde, há a ideia de usar a PEC dos Precatórios (mecanismo para viabilizar o 'novo' Bolsa Família) para criar um fundamento legal para esse apoio a vulneráveis. Só que nem mesmo a resistência da equipe econômica a essa manobra acalmou o humor do investidor, sob a percepção de que a divisão no governo está se acirrando. O tom duro usado pelo secretário especial do Tesouro e Orçamento, Bruno Funchal, em eventos fechados hoje corrobora esse cenário. A investidores, ele afirmou que não assinará a prorrogação do auxílio. Não bastassem essas tensões, há também os tradicionais ajustes técnicos de fim de mês e trimestre. No câmbio, em um dia de disputa pela Ptax e rolagens de contratos no mercado futuro, a moeda à vista disparou a R$ 5,4758 na máxima à tarde com a notícia sobre o auxílio emergencial, e o Banco Central anunciou um swap extra de 10 mil contratos, integralmente absorvidos. A ação do BC trouxe relativo alívio e a divisa americana à vista terminou em R$ 5,4462 (+0,29%), ganho mensal de 5,30%. No mercado de renda fixa, o investidor teve de absorver ainda os recados do presidente do BC, Roberto Campos Neto, de que levará a Selic até onde for preciso para debelar a inflação no horizonte relevante. E mesmo com essa sinalização, a curva fechou setembro praticamente com o mesmo nível de inclinação no fim de agosto. Em relação a ontem, contudo, houve pressão nas taxas. Já o Ibovespa não conseguiu se manter no azul nesta quinta-feira e cedeu à pressão vendedora nos minutos finais. O principal índice da Bolsa terminou em 110.979,10 pontos, baixa de 0,11% na sessão, de 6,57% no mês e de 12,47% no trimestre - o segundo pior trimestre desde o início da pandemia, superado apenas por janeiro-março de 2020. No exterior, o dia, o mês e o trimestre foram de tensão e volatilidade. Com o debate de retirada de estímulos intenso, uma crise global de suprimento energético e desaceleração de crescimento na Ásia, as posições conservadoras foram escolhidas. Os principais índices das Bolsas de Nova York acumularam perdas superiores a 4% em setembro e a curva dos Treasuries inclinou-se.
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