MERCADOS ACOMODAM TENSÃO COM TREASURIES, MAS DÓLAR TEM ALTA GLOBAL COM FED

Blog, Cenário
Recuperação técnica define o dia dos mercados financeiros. Após a disparada da véspera, em meio a preocupações com impasse do teto da dívida dos Estados Unidos, inflação e expectativas de aperto monetário, os juros dos Treasuries fecharam em queda nesta sessão e o dólar encontrou suporte, numa alta global. Falas dos principais banqueiros centrais do mundo estiveram no radar, com preocupações sobre os gargalos de oferta e decorrente pressão inflacionária. O presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, reforçou que o tapering deve ter início em breve, mas demonstrou certa preocupação com a relação entre inflação e emprego. Neste cenário, nas bolsas de Nova York, o fechamento foi sem uma direção única, com o Dow Jones e S&P 500 em alta, mas Nasdaq, em baixa. Internamente, após alternar altas e baixas, num intervalo pequeno, o dólar assumiu a trajetória de alta, puxado pelo exterior. No entanto, o real, que costuma sofrer ainda mais por causa dos problemas fiscais e políticos domésticos, mostrou resiliência, daí um fechamento da moeda americana levemente positivo. No encerramento, o dólar à vista foi cotado a R$ 5,4303, com leve ganho de 0,11%. A mudança de sinal do câmbio à tarde acabou limitando a recuperação do Ibovespa. O índice fechou o dia em alta de 0,89%, aos 111.106,83 pontos, vindo de tombo de 3,05% no dia anterior, o maior desde 8 de setembro. Dados domésticos considerados positivos, como a deflação vista no IGP-M, além dos números do Caged e do setor público consolidado, ajudaram a apoiar o ganho na B3. Nos juros futuros, houve devolução discreta de prêmios de risco, favorecida pela melhora de humor no exterior. Ainda, o mercado está à espera do desenrolar da questão dos precatórios, Auxílio Brasil e reforma do Imposto de Renda no Senado e, na agenda econômica, do Relatório de Inflação (RI) amanhã.
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MERCADOS INTERNACIONAIS Reunidos nesta tarde, os presidentes dos maiores bancos centrais do planeta - Federal Reserve (Fed), Banco Central Europeu (BCE), Banco da Inglaterra (BoE) e Banco do Japão (BoJ) - destacaram suas preocupações com o avanço inflacionário, em meio a restrições de ofertas que ainda podem afetar o ritmo de recuperação econômica. Jerome Powell, do Fed, entretanto, reiterou sua posição sobre dar início ao tapering em breve, enquanto a Casa Branca segue tentando evitar uma paralisação do governo em meio ao impasse sobre o teto da dívida no Congresso americano. As bolsas em Nova York oscilaram entre leves altas e baixas durante o pregão e fecharam sem sinal único. Os juros dos Treasuries também apresentaram certa volatilidade e chegaram ao fim da tarde em baixa. O dólar, porém, se fixou em alta e pesou sobre as commodities, com o petróleo ainda sendo pressionado pelo aumento dos estoques nos EUA. Na conversa sobre política monetária durante o Fórum do BCE, Powell ainda disse que sua maior preocupação neste momento é que haja uma tensão entre a meta inflacionária e o objetivo de máximo emprego nos Estados Unidos. O avanço do mercado de trabalho está sendo monitorado com atenção por ter reflexos sobre a data de início para o tapering. O dirigente americano considerou "frustrante" que as restrições de ofertas, que pressionam a inflação, ainda não tenham melhorado significativamente. Assim como Powell, que tende a classificar a alta na inflação americana como transitória, a presidente do BCE, Christine Lagarde, afirmou que não há razão para não esperar que o salto nos preços seja temporário e que a instituição deve ficar alerta para garantir que as expectativas inflacionárias continuem bem ancoradas. Para ela, as restrições de oferta têm piorado. Na contramão, o presidente do BoE, Andrew Bailey, disse não haver um período definido para distinguir entre um movimento temporário ou permanente. Ele pontuou que a política monetária não tem como controlar a inflação se esta é causada pelos gargalos na oferta. Questionado, Bailey evitou responder sobre previsões para elevações de juros pelo BoE. Principal dirigente do BoJ, Haruhiko Kuroda afirmou que a economia japonesa pode retornar ao nível pré-pandemia ainda no fim deste ano ou no começo de 2022. Para os EUA, Powell disse que a perspectiva econômica é positiva no médio prazo, mas que ainda há uma incerteza "alta" causada pela pandemia. Comentários de outros dirigentes do Fed ao longo do dia também estiveram no radar dos investidores, que ainda acompanharam mais um capítulo das discussões sobre o teto da dívida americana, ainda sem solução. A Casa Branca afirmou que o Congresso precisa aprovar a medida e que não há um plano B. Na avaliação do TD Securities, os mercados podem ficar "agitados" se os democratas continuarem a buscar apoio bipartidário para a aprovação. Para o banco, a elevação da dívida se dará pelos democratas, antes do dia D, por meio do mecanismo de reconciliação. Em Nova York, o Dow Jones subiu 0,26%, o S&P 500 avançou 0,16% e o Nasdaq registrou baixa de 0,24%. Na avaliação de Edward Moya, da Oanda, apesar dos riscos financeiros, é difícil ser pessimista nas ações de Wall Street. "Os catalisadores de baixa variam: Evergrande, a escassez de energia, os persistentes problemas da cadeia de suprimentos, as crescentes preocupações com as margens das próximas rodadas de ganhos e a incapacidade do governo de encerrar o confronto sobre o drama do teto da dívida até o último momento possível". Para ele, ainda assim, os investidores querem apenas se concentrar na recuperação econômica global, com a queda no número de casos de covid-19 e avanço da vacinação. Os retornos dos Treasuries oscilaram ao longo do dia, mas caíam no fim da tarde em Nova York. O juro da T-note de 2 anos caía a 0,289%, o da T-note de 10 anos recuava a 1,528% e o da T-bond de 30 anos tinha baixa a 2,075%. Com a ampla gama de incertezas no ar, o dólar foi beneficiado. O índice DXY avançou 0,61%, a 94,338 pontos, enquanto o dólar subia a 112,00 ienes, o euro caía a US$ 1,3419 e a libra tinha queda a US$ 1,3532, diante de dificuldades de abastecimento de energia no Reino Unido que podem pesar na economia. Pressionados pelo fortalecimento da divisa americana, os contratos futuros do petróleo fecharam em queda. O aumento semanal de 4,578 milhões de barris nos estoques da commodity nos EUA também contribuíram para o recuo. Na New York Mercantile Exchange (Nymex), o WTI para novembro caiu 0,61% (US$ 0,46), a US$ 74,83 o barril, enquanto o Brent para dezembro recuou 0,33% (US$ 0,26), a US$ 78,09 o barril, na Intercontinental Exchange (ICE). (Ilana Cardial - [email protected]) Volta BOLSA A mudança de sinal do câmbio à tarde contribuiu para que o Ibovespa limitasse a recuperação parcial observada desde cedo, em dia de alguma retomada do apetite por ações também no exterior, apesar das dúvidas que ainda cercam o comportamento da inflação vis-à-vis o ritmo de recuperação das maiores economias, especialmente Estados Unidos e China, em um contexto de restrição de oferta que tem resultado em pressão sobre preços. Assim, o Ibovespa fechou o dia em moderada alta de 0,89%, aos 111.106,83 pontos, vindo de tombo de 3,05% no dia anterior, o maior desde os 3,78% cedidos no pós-Independência, em 8 de setembro. Hoje, oscilou entre mínima de 110.124,71, da abertura, e máxima de 112.028,32 pontos, com giro financeiro a R$ 30,7 bilhões na sessão. No mês, faltando apenas o pregão de amanhã, acumula perda de 6,46%, colocando a do ano a 6,65%. Na semana, cede até aqui 1,92%. Nas últimas cinco sessões, o Ibovespa alternou ganhos e perdas, refletindo grau maior de incerteza sobre o cenário externo, que se acrescenta às dúvidas internas, especialmente quanto ao fiscal. Hoje, o ajuste técnico foi favorecido não apenas pela relativa recuperação nos mercados acionários do exterior, mas também por uma série de dados domésticos, divulgados pela manhã: a deflação vista no IGP-M, além dos números do Caged e do setor público consolidado, bem recebidos pelo mercado. "A discussão sobre o aumento da inflação em um cenário de menor crescimento em várias economias tem se intensificado, começando a haver revisão de crescimento em alguns países, para baixo, com destaque para China e Estados Unidos. Como são duas grandes potências, acaba impactando o fluxo de investimentos para outros países, principalmente para as economias emergentes, entre as quais Brasil. A discussão sobre aumento de juros nos Estados Unidos antes do esperado, já em 2022, acaba resultando também em 'fly to quality', o que contribui para depreciação maior da nossa moeda", observa Cristiane Quartaroli, economista do Banco Ourinvest. Nesta quarta-feira, o dólar à vista, que cedia terreno até o começo da tarde, voltou a subir, ainda que levemente, fechando o dia em alta de 0,11%, a R$ 5,4303, vindo ontem de seu maior nível de encerramento desde 4 de maio - na máxima de hoje, foi a R$ 5,4464. Em evento do Banco Central Europeu (BCE) com autoridades monetárias dos principais BCs do mundo, o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, atribuiu hoje o atual avanço da inflação à combinação de demanda robusta e restrições de oferta, acrescentando que o Fed continua a monitorar "cuidadosamente as expectativas de inflação". Ele disse também que a perspectiva para a economia americana é positiva no médio prazo, embora ainda haja incerteza quanto à pandemia. Segundo Powell, a inflação ficará "bem acima" da meta nos Estados Unidos nos próximos meses, antes de começar a perder fôlego. O presidente do Fed também se referiu ao que seria sua maior preocupação no momento: a possibilidade de tensão entre a meta inflacionária e o outro objetivo perseguido pelo BC americano, o de assegurar máximo emprego no país. Powell observou que o fato de as restrições de oferta, que elevam preços, ainda não terem melhorado significativamente é algo "frustrante". "Os BCs têm dado boa orientação ao mercado sobre a direção da política monetária na fase em que estamos agora, de 'pré-anúncio do anúncio' da retirada de estímulos e posterior elevação de juros, especialmente nos Estados Unidos. BCs de economias emergentes, entre os quais o do Brasil, já vêm se antecipando a esse movimento, elevando juros. Se olharmos os DIs futuros, os longos estão caindo hoje, no que talvez seja um sinal de que haja muita gordura na curva de juros", diz Alexandre Brito, sócio da Finacap Investimentos. "Na Bolsa, o que houve de recuperação hoje esteve mais concentrado no índice de materiais. A recuperação é ainda tímida em relação ao que se teve de correção, e considerando que os fundamentos das empresas não têm correspondido aos preços: a Bolsa continua barata. Se pegarmos o 'valuation' de empresas como Itaú, Vale e Petrobras, estão em níveis vistos em grandes crises como a de 2008 (nos EUA), a da própria pandemia ou mesmo na recessão de 2016 (no Brasil)", acrescenta Brito. Nesta quarta-feira, mesmo com o petróleo em baixa moderada na sessão, Petrobras ON e PN conseguiram fechar o dia em alta, respectivamente, de 1,51% e 1,59%. Com leve recuperação do minério de ferro na China, que tem oscilado nas últimas sessões entre ganhos e perdas após correção acentuada ao longo de setembro, Vale ON encerrou o dia em alta de 1,27%, limitando ganho em torno de 2% observado até perto do fim da sessão. Usiminas PNA avançou 6,15%, Gerdau PN, 1,84%, e CSN ON, 0,94%. Os grandes bancos mostraram ganhos de até 1,81% (Bradesco PN), também moderados em direção ao fechamento do dia. Na ponta do Ibovespa, destaque para Braskem (+9,06%), à frente de JBS (+6,22%) e Usiminas (+6,15%). No lado oposto, mais uma vez Banco Inter (Unit -2,84%, PN -3,70%), seguido hoje por WEG (-1,97%) e Banco Pan (-1,93%). "No início do pregão, o Ibovespa foi aos 112 mil pontos, depois se acomodou aos 111 mil, com dólar estável à tarde. O Caged acima do esperado ajudou hoje, assim como a deflação pelo IGP-M. O cenário é positivo, porém com cautela, e o cenário externo ainda merece muita atenção", diz Everton Medeiros, especialista em renda variável da Valor Investimentos. (Luís Eduardo Leal - [email protected]) 17:32 Índice Bovespa   Pontos   Var. % Último 111106.83 0.89261 Máxima 112028.32 +1.73 Mínima 110124.71 0.00 Volume (R$ Bilhões) 3.07B Volume (US$ Bilhões) 5.67B 17:37 Índ. Bovespa Futuro   INDICE BOVESPA   Var. % Último 111290 1.14514 Máxima 112195 +1.97 Mínima 110500 +0.43 CÂMBIO A sessão desta quarta-feira (29) foi marcada por mais uma rodada de amplo fortalecimento global do dólar a despeito da recuperação parcial hoje das Bolsas em Nova York, após as perdas expressivas de ontem. Na rabeira entre as divisas emergentes nos últimos tempos, muito por causa dos problemas fiscais e políticos domésticos, o real hoje foi destaque positivo da turma. Apesar da alta de mais de 0,60% do índice DXY (que mede o desempenho da moeda americana frente a seis divisas fortes) e dos ganhos de mais de 1% frente o peso mexicano e o rand sul-africano, considerados pares da moeda brasileira, o dólar mostrou fôlego reduzido no mercado doméstico. Com trocas de sinais ao longo do dia, a moeda americana chegou até a furar a barreira dos R$ 5,40, descendo até a mínima de R$ 5,3929 (-0,58%) no início da tarde. Na máxima, registrada também no período vespertino, o dólar atingiu R$ 5,4464 (+0,41%). No fim do dia, a divisa era cotada a R$ 5,4303, em alta de 0,11%. Em que pese o vaivém das cotações, a oscilação se deu em um intervalo pequeno, de cerca de cinco centavos. A moeda americana agora acumula valorização de 1,62% na semana e de 5% em setembro. Segundo analistas, as disputas em torno da formação da última taxa Ptax de setembro, amanhã, e fatores técnicos no mercado futuro deram algum fôlego à moeda brasileira. Nunca é demais lembrar que o real vinha tendo o pior desempenho entre as divisas emergentes nos últimos tempos, o que ajuda a explicar a resistência da moeda brasileira hoje. Além disso, comenta-se que o mercado está tecnicamente mais leve. Dados da corretora Renascença mostram que ontem os fundos locais reduziram ontem suas posições vendidas em dólar futuro em 18,800 contratos (US$ 940 milhões), tendo estrangeiros e bancos na contraparte. Avaliava-se nas mesas de operação nos últimos dias que o mercado de câmbio estava muito pressionado justamente por desmonte de apostas vendidas dos fundos, o que turbinava o dólar futuro. Dados positivos da economia doméstica também teriam amenizado as pressões sobre a taxa de câmbio hoje. O Banco Central informou pela manhã que o setor público consolidado teve superávit primário de R$ 16,729 bilhões em agosto, enquanto a mediana de Projeções Broadcast era de déficit de R$ 10,6 bilhões. Do lado da inflação, boa notícia com queda de 0,64% do IGP-M em setembro, após alta de 0,66% no mês anterior. Já o Caged apontou geração líquida de 372.265 vagas em agosto, acima do esperado (330 mil vagas, segundo Projeções Broadcast). Pela manhã, o mercado absorveu hoje a oferta total de 14 mil contratos (US$ 700 milhões) do leilão extra de swap cambial (para o overhege dos bancos), o que, segundo operadores, ajuda a dar alguma sustentação ao real no curto prazo. "O dólar teve uma forte queda em um momento muito por conta do swap para o overhedge dos bancos. Mas esses leilões não são suficientes para conter a moeda americana, que voltou a subir", afirma Zeller Bernardino, especialista em câmbio da Valor Investimentos, ressaltando que ainda é grande a "incerta dos investidores por conta do risco fiscal". O mercado segue de olho na tramitação da PEC dos Precatórios, essencial para que o governo coloque em pé o Auxílio Brasil em 2022 (nova versão do Bolsa Família), e monitora os rumores de extensão do auxílio emergencial, cuja fonte de receita (crédito suplementar) fica fora do teto de gastos. Em fala na Comissão que analisa a PEC dos Precatórios, o secretário especial de Tesouro e Orçamento do Ministério da Economia, Bruno Funchal, disse que o governo tem capacidade de pagar as dívidas judiciais e que o desafio, em relação aos Precatórios, é "compatibilizar as despesas com o teto de gastos". Segundo Funchal, colocar o teto em xeque por causa do crescimento das despesas obrigatórias (precatórios) "não é o caminho". Segundo o diretor da Wagner Investimentos, José Faria Júnior, com os impasses no Congresso em torno da agenda econômica e o DXY na casa dos 94 pontos, não há como o dólar por aqui se manter abaixo de R$ 5,30. "O mais importante é que o dólar siga abaixo de R$ 5,52, a linha de tendência de longo prazo. Caso rompa, pode voltar a mirar novamente a região de R$ 5,70", diz Faria, acrescentando que a oferta de swaps extras é suficiente apenas para cobrir a demanda relacionada ao overhedge dos bancos. No exterior, as atenções estiveram voltadas à fala do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, em encontro de banqueiros centrais. Powell repetiu que a alta da inflação é transitória e reiterou que a economia americana está perto de atingir o progresso substancial necessário para o início da redução da compra mensal de bônus (tapering), o que fez o DXY atingir às máximas do dia. Mais uma vez, Powell tentou dissociar a diminuição dos estímulos ao momento de alta dos juros, que ainda "está longe de ocorrer". Depois da forte alta nos últimos dias, as taxas dos Treasuries apresentaram leve recuo hoje, embora tenham se afastado das mínimas após fala de Powell, com o yield da T-note de 10 anos na casa de 1,52%. Na B3, o dólar futuro para outubro era cotado a R$ 5,4255, queda de 0,13%, com giro na casa de US$ 15,7 bilhões. (Antonio Perez - [email protected]) 17:37 Dólar (spot e futuro)   Último   Var. %   Máxima   Mínima Dólar Comercial (AE) 5.43030 0.1106 5.44640 5.39290 Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0 DOLAR COMERCIAL 5426.500 -0.11045 5447.000 5391.500 DOLAR COMERCIAL FUTURO 5452.000 0 5471.000 5416.000 JUROS Os juros futuros tiveram um pequeno alívio nos prêmios de risco, proporcionado pela melhora de humor no ambiente internacional, e fecharam em queda, mantendo o comportamento dos Treasuries como principal parâmetro. Os rendimentos dos títulos do Tesouro americano operaram a maior parte do dia em baixa, mas mostraram volatilidade no meio da tarde, o que levou as taxas locais a reduzirem sensivelmente o recuo, também na esteira da virada do dólar para cima. Internamente, o clima é de compasso de espera pelo desenrolar da questão dos precatórios, Auxílio Brasil e reforma do Imposto de Renda no Senado e, na agenda econômica, pelo Relatório de Inflação (RI) amanhã, ainda que dados fiscais ontem e hoje tenham fornecido algum viés de alívio. Há, também, expectativa em relação aos combustíveis, depois do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), afirmar que discutirá com líderes projeto de redução do ICMS sobre os preços. Como as taxas haviam subido por quatro sessões consecutivas, houve acúmulo de alguma gordura na curva, e a trégua da aversão ao risco no exterior deu a senha para um ajuste, que chegou a ser de mais de 10 pontos nas mínimas do dia no trecho longo, mas depois perdeu fôlego. "A curva hoje está bem em linha com o mercado global. Os Treasuries pioraram à tarde, depois que Powell falou da inflação e os mercados acabaram reagindo", disse o gestor de renda fixa da Sicredi Asset, Cássio Andrade Xavier. Durante o Fórum do Banco Central Europeu (BCE), realizado hoje, o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, notou que a inflação nos EUA deve ficar "bem acima da meta nos próximos meses", mas perderá fôlego adiante, prevendo perspectiva positiva no médio prazo, mas com elevada incerteza. Disse ainda que a economia está perto de atingir progresso substancial necessário para o tapering, mas que elevação da taxa básica de juros ainda está longe de ocorrer. "O risco é a inflação alta [nos Estados Unidos] persistir por mais tempo. A discussão passa a ser o ritmo de redução da liquidez via títulos que será adotado e o timing da primeira alta dos juros", comentou, em relatório, o sócio e economista-chefe da JF Trust, Eduardo Velho. Em reação às falas de Powell, a T-note de 10 anos, que chegou a rodar a 1,47% nas mínimas pela manhã, recuperou o nível de 1,5% à tarde. E, assim, o contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro 2022 passou de 7,196% a 7,180%, a do janeiro 2023 recuou de 9,175% a 9,120%, a do janeiro 2025 caiu de 10,275% a 10,21% e a do janeiro 2027 foi de 10,673% a 10,57%. Na cena interna, impasses fiscais seguiram à mesa. Um dos principais, a questão dos precatórios, foi tema de audiência pública no Congresso hoje à tarde. Nela, o secretário especial do Tesouro e Orçamento, Bruno Funchal, defendeu a PEC que trata do pagamento dessa dívida e disse que ela é compatível com o teto. "O crescimento dos precatórios não está compatibilizado com o do orçamento, que segue o teto de gastos. Os precatórios saíram muito da normalidade. Não era previsível, saiu do padrão", afirmou. Na mesma linha, o deputado Hugo Motta (Republicanos-PB), relator da PEC dos Precatórios, disse hoje que "não é razoável" sair de um gasto de aproximadamente R$ 30 bilhões para uma fatura próxima a R$ 90 bilhões, como previsto para 2022. "Não estamos aqui para resolver problema deste governo, mas do País", disse Motta. "Temos de deixar a política da porta para fora", afirmou o relator. O mercado espera ainda sinais mais claros de qual será o desfecho do Auxílio Brasil e do Imposto de Renda. Para viabilizar o novo programa social, a aposta do governo é aprovar a PEC dos Precatórios e a reforma do IR (que enfrenta resistência no Senado). Ao mesmo tempo, há pressão para prorrogação do auxílio emergencial a quem recebe o benefício atualmente, mas não se enquadra nos critérios do 'novo' Bolsa Família. Mas se o futuro traz imprevisibilidade, dados fiscais de curto prazo animam o sentimento de risco. Os resultados do Governo Central e do Setor Público Consolidado surpreenderam, o primeiro com um déficit menor do que esperado e o segundo, com superávit calcado na arrecadação forte de Estados e municípios. "Os números fiscais de curto prazo seguem positivos", pontua a estrategista-chefe da MAG Investimentos, Patricia Pereira. "Mas a incerteza da manutenção do teto, precatório, risco de renovação de auxílio, acaba pesando mais", pondera. (Denise Abarca - [email protected] e Mateus Fagundes - [email protected]) 17:37 Operação   Último CDB Prefixado 30 dias (%a.a) 6.24 Capital de Giro (%a.a) 6.76 Hot Money (%a.m) 0.63 CDI Over (%a.a) 6.15 Over Selic (%a.a) 6.15
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