INFLAÇÃO, FED E CHINA PESAM, E SEMANA TERMINA COM CAUTELA NO MERCADO DOMÉSTICO

Blog, Cenário
O noticiário da sexta-feira adicionou cautela ao mercado doméstico, fazendo com que os ativos brasileiros terminassem em viés de queda. Primeiro, mais uma vez, a piora do cenário de inflação incomoda os agentes. Os números do IPCA-15, revelados logo cedo, reverberaram o dia todo, à medida que a taxa de 1,14%, no teto das estimativas, e o índice voltando a dois dígitos em 12 meses trazem desafios adicionais ao 'plano de voo' do Banco Central. Ainda que a prescrição de alta de 1 ponto porcentual da Selic em outubro tenha sido clara, alguns agentes apontam que o próprio comunicado da quarta-feira traz margem para um ajuste mais intenso - o que fez ampliar um pouco a aposta em 1,25 pp hoje. No restante da curva de juros, a situação fiscal segue desagradando, mas o grande impulso vem do salto das taxas dos Treasuries. A sinalização - também na quarta-feira - de um tapering próximo por parte do Federal Reserve, um discurso mais duro do presidente da instituição, Jerome Powell, e efeitos sazonais fazem os juros nos Estados Unidos subirem em bloco. Na prática, essa situação traz de volta o debate da reprecificação de ativos quanto a seus retornos no longo prazo, o que estimula posições conservadoras ao redor do globo. Assim, curvas de juros e dólar foram para cima no mundo todo hoje, com igual impacto no Brasil. O dólar à vista encerrou a R$ 5,3438, valorização diária de 0,64% e semanal de 1,17%. No mercado de ações brasileiro, o dia foi de queda, por renovadas dúvidas quanto à solvência da Evergrande, que não honrou o pagamento de bônus em dólar devidos ontem. Contudo, mesmo com a queda de hoje, aos 113.282,67 pontos (-0,69%), o Ibovespa termina a semana com ganho de 1,65%, interrompendo a série de perdas que já durava três semanas. As bolsas americanas também computaram subida ante a sexta-feira passada, ajudadas por um ajuste de posições nos minutos finais da sessão de hoje.
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JUROS O IPCA-15 de setembro acima do consenso e a alta nos rendimentos dos Treasuries puxaram os juros futuros para cima o dia todo. Os longos subiram com um pouco mais de intensidade e a curva ganhou inclinação em relação a ontem, mas desinclinou na semana, quando comparada à última sexta-feira. A taxa de 1,14% veio no teto das estimativas do mercado, trazendo pressão às expectativas de inflação, já bastante deterioradas, e também deixando o quadro das apostas para a Selic na curva a termo levemente mais conservador para a reunião do Copom de outubro. A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 voltou a rodar em dois dígitos, fechando em 10,05%, de 9,955% ontem no ajuste. A do DI para janeiro de 2027 subiu de 10,353% para 10,45% e a do DI para janeiro de 2023, o mais negociado, de 8,919% para 8,96%. O DI para janeiro de 2022 terminou com taxa de 7,13%, de 7,109%. O diferencial entre os contratos para janeiro de 2023 e janeiro de 2027 ficou 149 pontos, de 144 pontos ontem e 159 pontos na sexta-feira passada. Não somente o IPCA-15 veio no teto das estimativas, como foi a maior taxa para o mês desde 1994 e levou a inflação em 12 meses para 10,05%. Trouxe ainda leitura muito ruim dos preços de abertura, como bens industriais, núcleos e pressões de energia elétrica e gasolina em destaque. No comunicado do Copom na quarta-feira, entre os argumentos utilizados para justificar o aumento de 1 ponto porcentual da Selic, para 6,25%, os diretores alegaram que esse ritmo era o mais adequado para avaliar o grau de persistência dos choques de inflação. Para o banco Goldman Sachs, o cenário de preços para 2022 está sendo contaminado por significativos custos de produção, aumento rápido de serviços, riscos fiscais, efeitos de segunda ordem generalizados e pela inércia. Com isso, a probabilidade de o Banco Central conseguir levar a inflação de 2022 para a meta de 3,5% neste momento é baixa. O mercado deve esperar pela ata do Copom e Relatório de Inflação (RI) na semana que vem para saber se, neste contexto, as intenções do BC, que até agora não parecia disposto a acelerar o ritmo de aperto da Selic para além de 1 ponto, foram alteradas. "O problema do IPCA-15 mais forte é que o comunicado já tinha contratado mais 1 ponto e as surpresas negativas com a inflação tendem a gerar mais pressão nas expectativas", disse o analista de Investimentos Renan Sujii, lembrando que na semana passada o presidente do BC, Roberto Campos Neto, havia dito que a autoridade monetária não iria mudar o plano de voo a cada dado de inflação de alta frequência. "A ata do Copom será importante para ver o detalhamento dos argumentos do BC", disse Sujii, destacando que no mercado há uma grande variância nos cenários de trajetória que a Selic deve percorrer até a taxa terminal. Na curva de juros, a precificação de Selic para o Copom de outubro subiu de 105 para 108 pontos de ontem para hoje. A probabilidade de elevação de 1 ponto caiu de entre 75% e 80% para entre 65% e 70%, enquanto a de 1,25 avançou para entre 30% a 35%, de entre 20% e 25% ontem. Os cálculos são da Greenbay Investimentos. Os juros longos foram influenciados pelo ritmo dos Treasuries, por sua vez, embalados pelas mensagens recentes do Federal Reserve de que pode iniciar o tapering em novembro. "As taxas estão subindo no mundo todo puxadas pela T-Note, que hoje bateu em 1,46%. Mas é um nível ainda historicamente baixo", disse o estrategista-chefe da Indosuez Brasil, Vladimir Caramaschi. (Denise Abarca - [email protected]) 17:36 Operação   Último CDB Prefixado 31 dias (%a.a) 6.24 Capital de Giro (%a.a) 6.76 Hot Money (%a.m) 0.63 CDI Over (%a.a) 6.15 Over Selic (%a.a) 6.15 MERCADOS INTERNACIONAIS Os mercados internacionais operavam sem um comportamento uniforme na sessão de hoje, enquanto acompanhavam os desdobramentos do caso Evergrande, após informações de que a empresa deixou de honrar compromissos e bancos credores anunciaram estar preparados para um possível calote. Paralelamente, discursos de dirigentes do Federal Reserve confirmaram a percepção de que o tapering está perto de começar nos EUA, após a sinalização dada pelo presidente da instituição, Jerome Powell, na última quarta-feira. As bolsas de Nova York fecharam sem direção única, os juros dos Treasuries e o dólar avançam. Apesar do câmbio desfavorável, o petróleo se valorizou, com o mercado precificando interrupções prolongadas na oferta do óleo nos EUA. Na visão do ING, todo o caso de resolução de débito da Evergrande está "longe de ser esclarecido". O banco holandês observa que pode haver novas reviravoltas antes de uma reestruturação completa do débito, uma vez que as autoridades chinesas parecem esperar que a gigante do setor imobiliário resolva seus desafios por conta própria. Para Jonas Goltermann, da Capital Economicas, ainda que o sentimento do mercado tenha se estabilizado após uma venda massiva dos ativos de risco na segunda-feira, o assunto continua sendo sensível e deve permanecer em foco na próxima semana. Hoje, Wall Street monitorou discursos de dirigentes do banco central americano que reforçaram a expectativa pelo anúncio do tapering. A presidente da distrital de Cleveland do Fed, Loretta Mester, disse apoiar que a redução de compra de ativos comece em novembro e termine no primeiro semestre de 2022. Ainda, em sua previsão, os critérios para que o Fed eleve a taxa básica de juros devem ser cumpridos até o fim do próximo ano. A presidente do Fed de Kansas City, Esther George, disse que já foi feito progresso substancial para que se dê o início do tapering. Para ela, há cada vez menos justificas para a manutenção do volume de compra de ativos. George ainda demonstrou certa preocupação com a taxa básica de juros e disse esperar que ela não fique baixa por mais tempo do que o necessário. Em evento do Fed hoje, Powell não fez comentários sobre política monetária, mas destacou que a economia americana está mudando "muito rápido" e que será "bastante distinta", em meio ao quadro de recuperação pós-pandemia. Em relatório, a Stifel afirma que uma mudança no ritmo de compra de ativos pelo Fed impediria um retrocesso "significativo" na atividade econômica. Além disso, iniciar o tapering daria espaço para uma eventual alta na taxa de juros. Depois de um pregão volátil, o Dow Jones fechou em alta de 0,10%, o S&P 500 avançou 0,15% e o Nasdaq caiu 0,03%. Na semana, o ganho acumulado foi de 0,62%, 0,51% e 0,02%, respectivamente. No fim da tarde de Nova York, os juros da T-note de 2 anos subia a 0,279%, o da de 10 anos avançava a 1,456% e o da T-bond de 30 anos tinha ganho de 1,983%. Apesar do tom hawkish do Fed e preocupações com a Evergrande, as commodities avançaram nesta semana. Caroline Bain, analista da Capital Economics observa que os preços do petróleo subiram em meio às preocupações de que os membros da Organização de Países Exportadores de Petróleo (Opep) estão tendo dificuldades para alcançar suas metas conjuntas de produção, o que, se mantido, provocaria um risco para os preços do óleo. Já Louise Dickson, da Rystard Energy, afirma que o mercado está precificando interrupções prolongadas de oferta e prováveis cortes de armazenamento que serão necessários para atender à demanda da refinaria. O petróleo WTI para novembro fechou em alta de 0,93% (US$ 0,68), a US$ 73,98 o barril, na New York Mercantile Exchange (Nymex), e o Brent para o mesmo mês avançou 1,09% (US$ 0,84), a US$ 78,09 o barril, na Intercontinental Exchange (ICE). Na semana, o WTI para subiu 3,00%, e o Brent, 3,65%. Também na Nymex, o ouro para dezembro fechou próximo à estabilidade, com leve avanço semanal de 0,02%. Já o cobre para o mesmo mês fechou em alta de 1,29%, e subiu 0,93% no acumulado semanal. No câmbio, o dólar se fortaleceu ante moedas rivais, em meio a um cenário misto de risco. O índice DXY, que mede a divisa americana ante seis moedas competitivas, avançou 0,32%, a 93,327 pontos. O dólar avançava a 110,78 ienes, o euro recuava a US$ 1,1718 e a libra subia a US$ 1,3669, no fim da tarde em Nova York. Teve continuidade hoje a série de discursos de líderes mundiais na ONU. O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, concentrou seu discurso na ação internacional para conter a "guerra contra a natureza", enquanto o premiê do Japão, Yoshihide Suga, disse que a mudança climática é um desafio "iminente". O enviado especial para o Clima dos Estados Unidos, John Kerr, reforçou o compromisso do país em impulsionar iniciativas para energia limpa ao redor do mundo. (Ilana Cardial - [email protected]) CÂMBIO A onda de fortalecimento global da moeda americana - que subiu tanto em relação a divisas fortes quanto emergentes - pautou os negócios no mercado doméstico de câmbio nesta sexta-feira e levou o dólar à vista a se consolidar acima do patamar de R$ 5,30, encerrando a semana com valorização acumulada de 1,17%. Esta semana foi marcada pela sinalização do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, de que o início da redução da compra mensal de bônus ('tapering') deve começar em novembro e pelos temores relacionados aos desdobramentos crise de solvência da incorporadora chinesa Evergrande sobre os mercados imobiliário e financeiro. No front doméstico, as atenções dos investidores estiveram voltadas à busca de uma solução para o pagamento de precatórios, em meio à nova proposta de PEC, e à tramitação da reforma do Imposto de Renda no Senado - ambos essenciais para seja possível compatibilizar o programa social Auxílio Brasil com o cumprimento do teto de gastos, a âncora fiscal do país. Ontem à noite, em sua tradicional live às quintas-feiras, Bolsonaro afirmou que, se a equipe econômica conseguir, o Auxílio Brasil pode até superar os R$ 300. Isso tudo em meio a um cenário econômico desafiador, marcado por aceleração da inflação e rebaixamento das expectativas para o crescimento do PIB neste ano e no próximo - o que aviva os receios de que o presidente apoie a extensão de benesses sociais em sua busca pela reeleição. Pela manhã, o IBGE divulgou que o IPCA-15 de setembro foi de 1,14%, no teto das expectativas do levantamento do Projeções Broadcast, o que levou a variação acumulada em 12 meses a 10,05%. Dada à sinalização do Copom em seu comunicado na quarta-feira (22), quando elevou a Selic de 5,25% para 6,25%, a maioria dos analistas mantém, por ora, a perspectiva de nova alta de 1 ponto porcentual da taxa básica em outubro (25 e 26). Refletindo a busca dos investidores por proteção, o dólar à vista operou em alta desde a abertura dos negócios, sempre acima da linha de R$ 5,30, e correu até a máxima de R$ 5,3549 ainda pela manhã. Depois de passar a tarde rodando na casa de R$ 5,34, a moeda americana encerrou o pregão em alta de 0,64%, cotada a R$ 5,3438 - maior nível de fechamento desde 23 de agosto (R$ 5,3820). Em setembro, o dólar acumula valorização de 3,32%. Lá fora, o dia foi marcado pela informação de que a Evergrande teria deixado de honrar o pagamento de juros programados para ontem, o que avivou os temores de eventual insolvência da incorporadora - evento cujos reflexos sobre a economia chinesa e, por tabela, mundial ainda não estão totalmente mapeados. Nas mesas de operação também foram monitoradas falas de dirigentes do Fed que ratificaram a percepção da iminência do tapering. A presidente do Federal Reserve de Kansas Citi, Esther George, disse que, com inflação "bem acima da meta" e taxa de desemprego em 5,3%, "a justificativa para continuar" com a compra mensal de ativos diminui. Já a presidente do Fed em Cleveland, Loretta Mester, afirmou que as compras de ativos já não funcionam como antes e que apoia o início do tapering em novembro, além de início da alta de juros no fim de 2022. O diretor de estratégia da Inversa Publicações, Rodrigo Natali, destaca o movimento de alta expressivo do yield da T-note de 10 anos, que atingiu hoje 1,46%, e fortalecimento do dólar nos últimos dias. "Por mais evasivo que o Fed possa ser, o fato é que estamos chegando perto do tapering, que só não vira em novembro se houver algum problema grave. O mercado está acostumado aos estímulos e isso vai mudar", diz Natali, ressaltando que a diminuição da liquidez tende a carregar recursos para os Estados Unidos e fortalecer o dólar. Natali não considera que o real possa se beneficiar do aumento da taxa Selic, já que, dada a inflação, o juro real ainda não é atraente. Além disso, os problemas domésticos, com as disputas político-institucionais, turvam o horizonte econômico e inibem a atração de recursos estrangeiros. "A verdade é que o Brasil não está no mapa do carry trade. Os grandes hedge funds tem sido bem sucedidos na própria Bolsa americana e no dólar lá fora. Pode até vir algum recurso para cá, mas nada expressivo", afirma o diretor da Inversa. No exterior, o índice DXY - que mede o desempenho do dólar em relação a seis divisas fortes - operou em alta firme, na casa dos 93,300 pontos. A moeda americana também subia em bloco na comparação com divisas emergentes e de países exportadores de commodities, com destaque para o rand sul-africano (+1,52%) - que vinha de uma performance superior a de seus pares - e a lira turca (1,29%), ainda na esteira do corte de juros pelo Banco Central da Turquia ontem. "Acreditamos que o Fed hawkish e os riscos atuais na China vão ajudar a sustentar o rali do dólar [no exterior]", afirmam, em relatório, os estrategistas de mercados do Brown Brothers Harriman (BBH) Win Thin e Ilan Solot, para quem o dólar tende a se beneficiar tanto de dados positivos da economia americana quanto de episódios de risk-off nos mercados internacionais. "Essa dinâmica esteve em presente em grande partes deste ano grande parte do ano e vemos isso continuar até o fim do ano". Na B3, o dólar futuro para outubro avançava 0,69%, a R$ 5,3490, com giro reduzido na casa de US$ 10,6 bilhões (Antonio Perez - [email protected]) 17:37 Dólar (spot e futuro)   Último   Var. %   Máxima   Mínima Dólar Comercial (AE) 5.34380 0.6441 5.35490 5.31730 Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0 DOLAR COMERCIAL 5340.500 0.52706 5359.500 5322.000 DOLAR COMERCIAL FUTURO 5333.173 22/09 BOLSA Mesmo com desempenho negativo na sessão, em que acompanhou o mal-estar externo, o Ibovespa conseguiu interromper série de perdas que já durava três semanas, desde a virada de agosto para setembro, para acumular leve recuperação de 1,65% no agregado de segunda a sexta-feira. Hoje, cedeu 0,69%, aos 113.282,67 pontos, entre mínima de 112.504,99 e máxima de 114.062,20, da abertura. O giro financeiro ficou em R$ 29,6 bilhões. No mês, o Ibovespa limita as perdas a 4,63%, que chegaram a superar 8% no pior momento de setembro - no ano, cai agora 4,82%. Após relativa distensão nos últimos dias, a retomada da percepção de risco sobre a China manteve os mercados globais na defensiva desde cedo nesta última sessão da semana, afetando o Ibovespa. Investidores globais que possuem títulos da Evergrande em dólares não receberam o pagamento de juros que deveria ter sido feito ontem. Além disso, a aversão a risco foi reforçada pela proibição da China à negociação de criptomoedas - pressionando abaixo o valor das moedas virtuais nesta sexta-feira. "O Bitcoin sofreu um grande golpe depois que o banco central da China disse que todas as transações de criptomoedas são ilegais e devem ser banidas. O Bitcoin inicialmente caiu mais de 5% e as outras moedas (virtuais) principais caíram cerca de 10%", observa em nota Edward Moya, analista de mercado financeiro da OANDA em Nova York. "Bitcoin, Ethereum e Tether foram especificamente nomeadas como criptomoedas que não podem circular na China", acrescenta o analista. Com a aversão a risco desde o exterior, setores e empresas de maior peso no Ibovespa, que mostravam ontem recuperação em geral bem distribuída, voltaram a cair hoje, ainda que moderadamente, devolvendo parte da recuperação do dia anterior, a terceira seguida. No plano doméstico, o dia também foi de ajuste na curva de juros, nos vencimentos curtos como nos longos, com mais uma leitura acima do esperado para a inflação, desta vez para o IPCA-15 de setembro, no maior nível para o mês desde 1994. "Os mesmos problemas continuam no radar à medida que nos aproximamos de outubro: inflação em alta, o 'tapering' nos Estados Unidos e a Evergrande, na China. O desconforto com a inflação talvez ajude a impulsionar a definição de questões importantes, como os precatórios e avanço nas reformas. Lá fora, o discurso do presidente do Fed, Jerome Powell, hoje, não trouxe sinal novo sobre o tapering e, na China, a injeção de recursos no sistema financeiro sugere que as autoridades podem vir a tratar a Evergrande como 'too big to fail", evitando crise sistêmica como a de 2008, nos Estados Unidos", diz Victor Licariao, líder de alocação de renda variável da Blue3. "O Ibovespa estava muito esticado para baixo, depois veio esta correção dos últimos dias, voltando para as médias, mas ainda em tendência de baixa no curto e médio prazo. O cenário continua muito desafiador, e não há muito boas notícias para contar, o que inclui a inflação, que resultou hoje em ajuste na curva de juros. O dólar futuro, considerando o vencimento mais próximo, está perto da resistência de R$ 5,358 que, se superada, pode levá-lo a R$ 5,507 (no médio prazo)", observa o analista técnico Eduardo Marzbanian, da Wise Investimentos, referindo-se ao que pode vir a ser um fator de pressão adicional sobre a Bolsa, a alta do câmbio. De acordo com o analista gráfico da Wise, considerando as médias móveis de nove semanas e de 22 semanas, tendência de alta no médio prazo para o Ibovespa depende de o índice superar o intervalo entre 117.100 e 119.400 pontos - o que, a julgar pelo que se vê hoje, permanece um tanto distante. "Há muitos fatores de incerteza pendentes, aqui e no exterior, a começar pela cautela em torno de possível 'default' na Evergrande. No Brasil, a reforma do IR, que não agradou ao mercado da forma como passou pela Câmara, ficará para o ano que vem no Senado - empurraram pra frente, o que não elimina ainda este fator de dúvida sobre o fiscal", diz Marzbanian. Assim, no curto e médio prazo, a tendência para o Ibovespa ainda é de baixa, diz o analista, apontando a linha de 107.300 pontos como suporte significativo para o índice. Se perdido, no médio prazo o Ibovespa poderia convergir para a média móvel de 200 períodos (no caso, semanas), aos 99 mil pontos, observa Marzbanian. "A perspectiva para a semana que vem ainda depende de como o governo da China vai interferir na Evergrande, e como vai ser esta recuperação (da empresa). Acredita-se que o governo está deixando sangrar para dar recado a outras empresas, para evitarem a alavancagem e altas dívidas", diz Piter Carvalho, economista da Valor Investimentos. Apesar das incertezas, o mercado financeiro ampliou o otimismo sobre o desempenho das ações no curtíssimo prazo, mostra o Termômetro Broadcast Bolsa desta sexta-feira. Entre os participantes, 72,73% acreditam em alta para o Ibovespa na semana que vem, porcentual pouco maior do que os 69,23% do Termômetro anterior, enquanto nenhum deles prevê queda. Na última pesquisa, 7,60% disseram esperar baixa para a Bolsa nesta semana. Por fim, para 27,27% o índice fechará o período entre 27 de setembro e 1º de outubro com variação neutra, ante 23,08% no levantamento passado. Entre os setores de maior peso no índice, as perdas entre os grandes bancos ficaram nesta sexta-feira entre 1,34% (Bradesco ON) e 2,79% (Unit do Santander). Vale ON (-1,55%) e siderurgia (CSN ON -3,59%, Usiminas PNA -2,16%) voltaram a terreno negativo na sessão, com a retomada de dúvidas sobre a China. Na ponta negativa do Ibovespa nesta sexta-feira, Méliuz (-7,09%), CSN (-3,59%) e Americanas ON (-3,55%). Na face positiva, destaque para Minerva (+4,52%), PetroRio (+3,87%) e JBS (+3,72%), com o setor de proteína animal, exportador, sendo favorecido pelo avanço do dólar na sessão. Em dia positivo para o petróleo, com o Brent em torno de US$ 78 por barril, Petrobras ON e PN fecharam respectivamente sem variação (estável) e em alta de 0,22%, após terem oscilado entre perdas e ganhos ao longo desta sexta-feira.(Luís Eduardo Leal - [email protected]) 17:32 Índice Bovespa   Pontos   Var. % Último 113282.67 -0.68531 Máxima 114062.20 -0.00 Mínima 112504.99 -1.37 Volume (R$ Bilhões) 2.96B Volume (US$ Bilhões) 5.54B 17:37 Índ. Bovespa Futuro   INDICE BOVESPA   Var. % Último 113720 -0.28935 Máxima 113820 -0.20 Mínima 112645 -1.23
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