Os sinais de pacificação sinalizados pelo presidente Jair Bolsonaro ontem tiveram fôlego curto, influenciando na virada dos mercados domésticos no começo da tarde. Um dia depois da carta - redigida com ajuda do ex-presidente Michel Temer - acenando com bandeira branca, Bolsonaro afirmou que os atos do 7 de Setembro não foram em vão. Ainda que essas falas tenham de ser colocadas em contexto (foram feitas a apoiadores do chamado 'cercadinho', para quem o chefe do Planalto já deu suas declarações mais radicais), o fato é que ocorre o que alguns agentes já temiam desde ontem: o presidente seguirá em sua comunicação errática, ora agradando a base fiel, ora os que pedem moderação. No mercado, a cautela se impõe também pelas prometidas manifestações de domingo, nas quais direita e ex-apoiadores de Bolsonaro marcharão com boa parte da esquerda. A tentativa desses grupos é de ampliar a pressão para que o presidente da Câmara, Arthur Lira, abra o processo de impeachment. Neste caldeirão, o dólar à vista subiu mais de 1,5% na semana e terminou a sexta-feira em R$ 5,2671 (alta diária de 0,76%), ainda longe contudo da máxima semanal (de R$ 5,3347 ontem). A Bolsa encerrou em 114.285,93 pontos (na mínima), recuo diário de 0,93% e semanal de 2,26%. E os juros futuros acabaram sendo influenciados por uma questão técnica desse mercado: caíram em relação ao ajuste de ontem, mas subiram ante o pregão estendido da véspera. No DI, destaque ainda para desinclinação da curva na semana, isso porque os vencimentos curtos foram muito afetados pelo IPCA forte e a sensação dos agentes de que o Banco Central terá de ser ainda mais duro para atingir seus objetivos. No exterior, a semana termina também com tom majoritariamente negativo ao risco, com uma piora adicional no fim da sessão. Embora a aproximação dos líderes dos EUA, Joe Biden, e da China, Xi Jinping, tenha agradado, o investidor ainda teme os efeitos da variante delta no crescimento mundial.
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