Os ativos brasileiros tiveram uma sexta-feira de deterioração, resultando em uma semana negativa para a maioria deles. Mas o nível de fechamento dos mercados ficou bem longe dos piores momentos anotados durante o pregão de hoje. Com os investidores digerindo a geração de vagas abaixo do previsto no payroll dos EUA, prevaleceu, sobretudo, a cautela com os riscos locais, tanto no âmbito político quanto no fiscal. Além disso, todos evitaram tomar grandes posições antes dos feriados, na segunda nos EUA e na terça-feira, aqui no Brasil. Assim, primeiro houve um movimento de vendas generalizado, que jogou o Ibovespa para os 115 mil pontos, puxou os juros e pôs o dólar perto de R$ 5,20. E tal comportamento se devia a novas declarações, em tom de ameaça, do presidente Jair Bolsonaro sobre as manifestações a favor de seu governo, marcadas para o 7 de Setembro, e pela insatisfação com o desfecho da reforma do Imposto de Renda. Numa semana marcada por derrotas do governo no Senado e pelo impasse sobre o pagamento dos precatórios, o texto que mudou o IR, aprovado na Câmara, representou uma perda de receita superior a R$ 40 bilhões para União, Estados e municípios, reforçando o temor em relação ao rumo das contas públicas. Toda essa leitura ocorria com os mercados externos sem direção única, pois os agentes também evitaram qualquer movimento mais brusco enquanto tentavam entender o dado do mercado de trabalho e o que pode representar na estratégia do Fed, antes do fim de semana prolongado em Nova York e da reunião do BCE, na próxima quinta-feira. Mas o ajuste forte dos ativos até o meio da tarde atraiu algumas compras, principalmente na Bolsa. Ao mesmo tempo, os investidores aliviaram com o câmbio e com os juros curtos. Assim, o Ibovespa acabou tendo alta diária de 0,22%, para os 116.933,24 pontos, mas acumulando perda de 3,10% na semana. A curva de juros, apesar do leve recuo dos vencimentos curtos e intermediários nesta sexta, inclinou ainda mais com o avanço dos longos, hoje e na semana. Já o dólar teve valorização discreta de 0,03%, a R$ 5,1845, mas escapou da espiral negativa dos demais ativos desde a última sexta-feira, com queda de 0,21% de lá até hoje. Uma parte desse movimento semanal se deve justamente à perspectiva de que juros maiores para contornar a inflação elevada e os riscos fiscais favorecem operações de carry trade. Em Wall Street, enquanto S&P 500 e Dow Jones tiveram pequena baixa, o Nasdaq subiu um pouco, mas o suficiente para renovar recorde.
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