ATIVOS LOCAIS FECHAM SEMANA COM PERDAS POR RISCO FISCAL E POLÍTICO ANTES DE FERIADOS

Blog, Cenário
Os ativos brasileiros tiveram uma sexta-feira de deterioração, resultando em uma semana negativa para a maioria deles. Mas o nível de fechamento dos mercados ficou bem longe dos piores momentos anotados durante o pregão de hoje. Com os investidores digerindo a geração de vagas abaixo do previsto no payroll dos EUA, prevaleceu, sobretudo, a cautela com os riscos locais, tanto no âmbito político quanto no fiscal. Além disso, todos evitaram tomar grandes posições antes dos feriados, na segunda nos EUA e na terça-feira, aqui no Brasil. Assim, primeiro houve um movimento de vendas generalizado, que jogou o Ibovespa para os 115 mil pontos, puxou os juros e pôs o dólar perto de R$ 5,20. E tal comportamento se devia a novas declarações, em tom de ameaça, do presidente Jair Bolsonaro sobre as manifestações a favor de seu governo, marcadas para o 7 de Setembro, e pela insatisfação com o desfecho da reforma do Imposto de Renda. Numa semana marcada por derrotas do governo no Senado e pelo impasse sobre o pagamento dos precatórios, o texto que mudou o IR, aprovado na Câmara, representou uma perda de receita superior a R$ 40 bilhões para União, Estados e municípios, reforçando o temor em relação ao rumo das contas públicas. Toda essa leitura ocorria com os mercados externos sem direção única, pois os agentes também evitaram qualquer movimento mais brusco enquanto tentavam entender o dado do mercado de trabalho e o que pode representar na estratégia do Fed, antes do fim de semana prolongado em Nova York e da reunião do BCE, na próxima quinta-feira. Mas o ajuste forte dos ativos até o meio da tarde atraiu algumas compras, principalmente na Bolsa. Ao mesmo tempo, os investidores aliviaram com o câmbio e com os juros curtos. Assim, o Ibovespa acabou tendo alta diária de 0,22%, para os 116.933,24 pontos, mas acumulando perda de 3,10% na semana. A curva de juros, apesar do leve recuo dos vencimentos curtos e intermediários nesta sexta, inclinou ainda mais com o avanço dos longos, hoje e na semana. Já o dólar teve valorização discreta de 0,03%, a R$ 5,1845, mas escapou da espiral negativa dos demais ativos desde a última sexta-feira, com queda de 0,21% de lá até hoje. Uma parte desse movimento semanal se deve justamente à perspectiva de que juros maiores para contornar a inflação elevada e os riscos fiscais favorecem operações de carry trade. Em Wall Street, enquanto S&P 500 e Dow Jones tiveram pequena baixa, o Nasdaq subiu um pouco, mas o suficiente para renovar recorde.
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BOLSA Vindo de ganho de 2,22% acumulado no período anterior, o Ibovespa chega ao final da semana com perda de 3,10%, no que foi seu pior desempenho desde o intervalo entre 22 e 26 de fevereiro, quando cedeu 7,09%. Hoje, o índice da B3 virou no fim da sessão para fechar em leve alta de 0,22%, a 116.933,24 pontos, tendo atingido na mínima intradia desta sexta-feira, aos 115.582,88 pontos, o menor nível desde 19 de agosto (114.801,00), que havia sido o mais baixo desde 29 de março. Nas três primeiras sessões de setembro, o Ibovespa acumula perda de 1,56% no mês, levando as do ano a 1,75%. Forte, o giro financeiro foi a R$ 45,9 bilhões no encerramento desta sexta-feira. Saindo de abertura a 116.678,61 e chegando na máxima da sessão aos 117.395,53 pontos, o desempenho refletiu, em boa parte do dia, a cautela para o fim de semana, aqui e no exterior, com feriado na segunda-feira nos Estados Unidos, pelo Dia do Trabalho, e, na terça, no Brasil, em celebração da Independência que o presidente Jair Bolsonaro trata como "ultimato", após uma longa série de eventos que contribuíram para atiçar os ânimos contra e a favor do governo desde a deliberação - e derrota na Câmara - do voto impresso, precedida por passagem de tanques pela Praça dos Três Poderes e a Esplanada dos Ministérios. "A próxima semana deve ser agitada, com uma série de novos dados econômicos, aqui e fora, mas começará com baixa liquidez, devido ao feriado nos Estados Unidos, seguido, aqui, do 7 de setembro, que este ano resultou em bastante cautela, com as tensões políticas", diz Virgilio Lage, especialista da Valor Investimentos. "A despeito de todo imbróglio interno e do possível temor em relação a manifestações no 7 de setembro, a taxa de câmbio terminou o dia estável. Considerando que o dólar, de maneira geral, perdeu força hoje no mercado para emergentes, por conta do payroll pela manhã: os dados do mercado de trabalho nos Estados Unidos vieram mais fracos do que o esperado e acabaram trazendo fraqueza para a moeda americana em relação a divisas emergentes. Aqui, se estabilizou a R$ 5,18, mesmo com a tensão política. Olhando pra frente, as questões internas continuarão tendo peso maior do que o ambiente internacional", diz Fernanda Consorte, economista-chefe do Banco Ourinvest. A cautela reflete também, entre outros fatores, a avaliação em geral negativa sobre a reforma do IR aprovada esta semana na Câmara dos Deputados, que contribui para aguçar a percepção de piora do fiscal, apesar da promessa de efeito "neutro", sustentada ao longo do processo de negociação e votação. No Senado, derrotas colhidas na noite de quarta-feira pelo governo na minirreforma trabalhista e em votação sobre planos de saúde de estatais, que pode dificultar a privatização dos Correios, alimentam a visão de que o desgaste do Planalto solta o freio para iniciativas contrárias ao interesse do governo, faltando pouco mais de um ano para o primeiro turno da eleição presidencial. E, para fechar, a semana conheceu também uma nova tarifa vermelha, de "escassez hídrica", que reforça temores sobre a inflação e lança sombra sobre a retomada econômica, na eventualidade de cenário extremo, de racionamento de energia. Neste contexto, o mercado corrigiu o excesso de otimismo com as ações para o curtíssimo prazo no Termômetro Broadcast Bolsa desta sexta-feira. Entre os participantes, a expectativa de alta para o Ibovespa na semana que vem caiu para 61,54%, de 84,62% na pesquisa anterior. A percepção de estabilidade saltou de 7,69% para 30,77% e a de queda manteve-se em 7,69%. Por outro lado, no exterior, o relatório sobre o mercado de trabalho nos Estados Unidos trouxe resultados bem abaixo do esperado pelo mercado, com criação de 235 mil vagas de trabalho em agosto, de acordo com o Departamento de Trabalho, ante projeção a 750 mil, observa Túlio Nunes, especialista da Toro Investimentos. "O relatório pode balizar as próximas ações do Federal Reserve, do qual se esperava desaceleração do programa de compra de ativos e, em consequência, menor estímulo monetário", acrescenta. Na B3, "o Ibovespa aos 116 mil pontos, e com diversas ações em níveis de 2020, de fato, chama atenção para compra. Mas, sem dúvida, a expectativa de crescimento que gerou revisão para cima nas projeções para o Ibovespa perdeu muita força. O nível atual sugere ao menos repique e manutenção, por ora, do patamar - voltar para os 130 mil parece algo bem difícil, vendo a projeção de crescimento e a curva de juros", diz Rafael Ribeiro, analista da Clear Corretora. Durante participação em evento nesta sexta-feira, o secretário especial de Tesouro e Orçamento do Ministério da Economia, Bruno Funchal, reconheceu que uma das fontes de volatilidade do mercado é a questão fiscal, mas ponderou que "muito dessa questão fiscal é ruído". "Político e fiscal estão alinhados com as dúvidas internas. Para o estrangeiro, tem também o meio ambiente", citou. Funchal disse acreditar que os eventuais candidatos à Presidência da República em 2022 não vão querer desorganizar as contas públicas. Segundo ele, desde a instituição do teto de gastos, estão ficando claros os benefícios da consolidação fiscal, em que o teto é o principal instrumento. Funchal avaliou também que o tamanho do reajuste que poderá ser concedido ao Auxílio Brasil, a reformulação do Bolsa Família, dependerá muito da solução encontrada para a questão dos precatórios. E destacou que a proposta mais ampla sobre precatórios, que está sendo discutida por várias instituições do governo, não vai no caminho de romper teto dos gastos públicos. Na ponta positiva do Ibovespa nesta sexta-feira, destaque para empresas de varejo, como Magazine Luiza (+4,94%), Lojas Americanas (+4,15%) e Assaí (+3,53%). No lado oposto, Embraer cedeu 4,48%, Banco Inter, 3,89%, e PetroRio, 3,30%. Entre as blue chips, os grandes bancos registraram perdas entre 0,24% (BB ON) e 1,37% (Unit do Santander), limitadas no fechamento mas, ainda assim, estendendo a forte correção de ontem, quando estiveram entre os maiores perdedores devido ao fim de JCP (juros sobre capital próprio) e à criação da tributação de dividendos, na reforma do IR que passou pela Câmara. O desempenho de hoje foi misto para o setor de siderurgia (CSN ON +1,72%, Gerdau PN -0,04%) e para utilities (Eletrobras PNB +1,94%, Cemig PN -0,58%), assim como para Vale (ON +0,07%) e Petrobras (PN -1,02%, ON +0,04%), com parte dos papéis respondendo de forma mais intensa na guinada do Ibovespa bem perto do fim da sessão, de giro forte. (Luís Eduardo Leal - [email protected]) 17:32 Índice Bovespa   Pontos   Var. % Último 116933.24 0.21955 Máxima 117395.53 +0.62 Mínima 115582.88 -0.94 Volume (R$ Bilhões) 4.59B Volume (US$ Bilhões) 8.88B 17:34 Índ. Bovespa Futuro   INDICE BOVESPA   Var. % Último 116575 -0.51205 Máxima 118340 +0.99 Mínima 116090 -0.93 JUROS Os juros longos cumpriram mais uma jornada em alta, a quinta consecutiva no caso dos vencimentos a partir de 2027. Após operarem pressionados para cima durante a tarde, os curtos e intermediários fecharam entre queda e estabilidade em meio a ajustes técnicos no fim do dia. As taxas em geral começaram os negócios em baixa reagindo ao payroll fraco nos Estados Unidos, mas inverteram o sinal a partir do fim da manhã, refletindo a postura defensiva do investidor na véspera do fim de semana seguido de feriados nos Estados Unidos e no Brasil, sendo que o daqui, na terça-feira, promete ser tenso pelas manifestações pró e contra o governo. Declarações do presidente Jair Bolsonaro em tom de ameaça ao Supremo Tribunal Federal (STF) ampliaram o clima de cautela, num dia em que também a reforma do Imposto de Renda aprovada na Câmara continuou pesando nos negócios. A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 fechou em 8,665%, de 8,676% ontem, e a do DI para janeiro de 2025 subiu de 9,786% para 9,83%. O DI para janeiro de 2027 terminou com taxa de 10,30%, de 10,204%. No saldo da semana marcada por PIB e produção industrial fracos, derrotas do governo no Congresso e proposta de Orçamento considerada "peça de ficção", dada a falta de solução para os precatórios, a curva teve ganho de inclinação em torno de 35 pontos-base. O spread entre os DIs janeiro de 2023 e janeiro de 2027 fechou em 163 pontos, de 127 pontos na sexta-feira passada. O economista-chefe da Necton Investimentos, André Perfeito, afirma que hoje foi um dia tipicamente marcado pela chamada preferência pela liquidez nos ativos. "Ninguém vai querer dormir posicionado, com feriados aqui e nos Estados Unidos à frente", afirmou. Na segunda-feira, os mercados em Wall Street estarão fechados em função do feriado do Dia do Trabalho. Ainda, como os dias 7 e 8 marcam o início do Ano Novo Judaico, muitos players devem ficar de fora dos negócios até meados da semana. "O prêmio de risco dialoga com o mal-estar político apesar do payroll abaixo do esperado", explica Perfeito. O relatório de emprego norte-americano mostrou criação de 235 mil vagas em agosto, muito menos do que apontava a mediana de 750 mil, tornando a perspectiva de início do 'tapering' mais incerta. Aqui, nesta sexta, Bolsonaro, convocando mais uma vez apoiadores a participar dos atos de 7 de setembro, disse que as manifestações serão um "ultimato" a "duas pessoas" que estariam atrapalhando o governo, sem citar diretamente os ministros do STF, Luis Roberto Barroso e Alexandre de Moraes. Para o analista líder da Control Risks para Brasil, Mário Braga, a potencial presença de manifestantes armados nos atos eleva as ameaças à segurança do STF. “Mesmo que as manifestações no próximo 7 de setembro ocorram majoritariamente de maneira pacífica, devem elevar os já altos níveis de polarização e instabilidade política no País”, destaca. A piora da percepção de risco institucional atingiu um mercado já bem machucado pelas preocupações com cenário fiscal, acentuadas ontem com a reforma do IR. Cálculos do Instituto Fiscal Independente (IFI) do Senado apontam que a reforma terá custo para União estimado em R$ 52,2 bilhões em três anos. "A reforma exemplifica bem o que é o custo político de não se discutir as coisas de forma serena e ordenada, que tem sido descontado dos ativos", disse Perfeito, lembrando que o texto passou de forma atabalhoada, no susto. O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, voltou hoje a falar sobre responsabilidade fiscal no que se refere aos projetos de ampliação de programas sociais e que a condução da política monetária fica mais complexa diante do momento de incerteza em relação à economia brasileira. “Mas o BC tem de pensar que a nossa missão é atingir a meta, entregar a meta de inflação, isso é o elemento mais importante para garantir a estabilidade com crescimento sustentável de curto, médio e longo prazo”, disse ao participar do Finanças Mais, organizado por Broadcast, Estadão e Austin Rating. A segunda-feira promete ser um dia de oscilações contidas nas taxas não só em função do feriado americano, mas também pelo compasso de espera pelo 7 de Setembro. Nesse contexto, resta saber como ficará a demanda no leilão de NTN-B que o Tesouro antecipará por causa do feriado na terça. O secretário especial de Tesouro e Orçamento do Ministério da Economia, Bruno Funchal, disse hoje que o governo está se preparando com medidas que reforçam o colchão de liquidez para momentos de maior volatilidade. “O Tesouro tirou um pouco o pé do acelerador das emissões, mas sabemos que precisamos captar”, avaliou. (Denise Abarca - [email protected]) 17:33 Operação   Último CDB Prefixado 31 dias (%a.a) 5.54 Capital de Giro (%a.a) 6.76 Hot Money (%a.m) 0.63 CDI Over (%a.a) 5.15 Over Selic (%a.a) 5.15 CÂMBIO A cautela marcou os negócios no mercado de câmbio na tarde desta sexta-feira e, uma vez mais, impediu que o real se beneficiasse da fraqueza global da moeda americana, justificada hoje pelos dados do relatório de emprego (payroll) nos Estados Unidos, que alimentam a expectativa de que o Federal Reserve será bem cuidadoso na retirada dos estímulos monetários. Pela manhã, na esteira da divulgação do payroll, a moeda americana desceu até a mínima de R$ 5,1328 (-0,93%). Aos poucos, o dólar se recuperou e passou a tarde entre estabilidade e ligeira alta. Já na última hora de negócios, a moeda americana ganhou novo impulso e marcou a máxima da dia, a R$ 5,1955 (+0,24%). No fim da sessão, arrefeceu e era cotado a R$ 5,1845 (+0,03%). Na semana, o dólar acumula leve queda, de 0,21%. A despeito do ambiente favorável a moedas emergentes, investidores se acautelaram e optaram por remontar posições defensivas às vésperas do feriado do Dia do Trabalho nos EUA (6 de setembro) - que deve secar a liquidez por aqui - e do Dia da Independência no Brasil (7 de setembro), marcado por manifestações a favor de Jair Bolsonaro, o que pode esquentar a temperatura da crise política institucional, se o presidente subir ainda mais o tom das críticas ao Supremo Tribunal Federal (STF). Em Tanhaçu, na Bahia, onde foi assinar contrato de concessão de uma ferrovia, Bolsonaro disse que as manifestações de 7 de setembro serão um "ultimato" a "duas pessoas", que estariam "usando a força do poder para dar outro rumo" para o País, no que foi entendido como um recado velado aos ministros do STF Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso. Analistas comentam que os ruídos políticos e o desconforto com as contas públicas, que cresceu após a aprovação da reforma do Imposto de Renda pela Câmara dos Deputados, desencorajam apostas na apreciação do real. O próprio secretário especial do Tesouro e Orçamento do Ministério da Economia, Bruno Funchal, reconheceu que a reforma do IR leva à perda de cerca de R$ 20 bilhões em arrecadação para o governo central e que ainda é preciso encontrar uma solução para a questão dos precatórios e do reajuste do Bolsa Família, rebatizado de Auxílio Brasil. Nas mesas de operação, a avaliação é que o dólar permanece abaixo de R$ 5,20 por de uma conjunção de três fatores: ambiente externo favorável a divisas emergentes, fluxo cambial positivo, com exportações robustas, e a perspectiva de uma alta mais forte e prolongada da Selic, o que estimula a entrada de capitais para operações de arbitragem entre o diferencial de juros interno e externo. Em participação no evento Finanças Mais, organizado por Broadcast, Estadão e Austin Rating, o presidente do Banco Central, Roberto Campos, reconheceu hoje que a condução da política monetária se torna mais desafiadora por causa de choques (internos e externos), crise hídrica e ruídos políticos, mas reafirmou que a missão da autarquia é "entregar a meta de inflação". O operador Hideaki Iha, da Fair Corretora, nota que, por ora, não há clima para montagem de posições mais contundentes tanto a favor quanto contra o real, o que explica a oscilação modesta da moeda no acumulado da semana. "Com o juro alto e fluxo, é difícil ficar muito comprado (apostar na alta do dólar). De outro lado, com essa questão política, o problema fiscal e agora a crise hídrica é difícil a apostar no real", afirma Iha, que vê como "natural" o fato da moeda brasileira não acompanhar o desempenho positivo de outras divisas emergentes. "O dólar até cai com fluxo e o exterior, mas não consegue se sustentar em baixa porque as pessoas recompõem as posições defensivas ao longo da tarde." Nos Estados Unidos, o payroll mostrou criação de 235 mil vagas em agosto, bem abaixo das expectativas (750 mil vagas), o que provocou um mergulho súbito do dólar no exterior. Mas logo a queda da moeda americana foi moderada, com investidores digerindo informações complementares, como a alta do salário médio por hora e a queda, embora prevista, da taxa de desemprego para 5,2%. Além disso, o resultado da geração de empregos em julho foi revisada para cima, de 953 mil para 1,053 milhão. Para a economista do Banco Ourinvest Cristiane Quartaroli, os dados do mercado de trabalho, com criação de vagas bem baixo do esperado, embaralham as apostas sobre os próximos passos do Fed em relação aos estímulos monetários. "Isso fragilizou a moeda norte americana aqui hoje cedo. Mas ao longo da tarde prevaleceu o ambiente político interno diante da proximidade das manifestações de 7 de setembro", afirma a economista, ressaltando que o giro mais reduzido também contribuiu para a leve pressão sobre o dólar no Brasil. Não se sabe qual o impacto do avanço da variante Delta sobre a dinâmica da economia americana, algo que tem sido mencionado pelo Federal Reserve, e também como será a reação dos trabalhadores americanos com o término do auxílio do governo a uma parte da população, na semana que vem. Nunca é demais lembrar que o presidente do Fed, Jerome Powell, sublinhou em diversas ocasiões que a recuperação do mercado de trabalho é essencial para o "timing" retirada de estímulos. Não seria descabido o Fed iniciar a redução da compra mensal de títulos apenas em dezembro. Iha, da Fair, chama a atenção para os efeitos negativos de uma eventual desaceleração da economia global, por causa da perda de fôlego tanto dos Estados Unidos quanto da China, nas divisas emergentes. "Por enquanto, essa questão dos estímulos beneficiar as moedas emergentes. Mas uma piora da economia global pode diminuir o apetite por risco e provocar uma mudança nesse quadro", afirma. Na B3, o dólar futuro para outubro era negociado a R$ 5,2065 (+0,03%), com giro reduzido, na casa de US$ 11 bilhões. (Antonio Perez - [email protected]) 17:34 Dólar (spot e futuro)   Último   Var. %   Máxima   Mínima Dólar Comercial (AE) 5.18450 0.0251 5.19550 5.13280 Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0 DOLAR COMERCIAL 5215.500 0.20173 5219.500 5150.000 DOLAR COMERCIAL FUTURO 5214.000 0.15367 5214.000 5214.000 MERCADOS INTERNACIONAIS As bolsas de Nova York exibiram quadro misto após o payroll, mas o Nasdaq teve fôlego para mais um recorde histórico de fechamento. Os juros dos Treasuries tampouco firmaram sinal único, com analistas ponderando em geral que o Federal Reserve (Fed) pode esperar mais para levar adiante a redução nas compras de bônus (tapering), diante da geração de vagas pior do que o previsto em agosto nos Estados Unidos. No câmbio, o dólar recuou ante outras moedas principais, mas isso não foi suficiente para apoiar o petróleo, que teve queda com foco em potenciais riscos para a demanda. Ainda no noticiário, o presidente da França, Emmanuel Macron, afirmou em evento sobre o meio ambiente que seu país não importa mais soja fruto do desmatamento, "sobretudo da Amazônia", em mais uma mostra das dificuldades por um acordo comercial entre União Europeia e Mercosul. Analistas em geral e o próprio presidente Joe Biden colocaram a culpa na geração de vagas abaixo do esperado em agosto (235 mil novos postos, ante previsão de 750 mil na mediana do Projeções Broadcast) na variante delta da covid-19. Para parte dos economistas de bancos e consultorias, aumentou a incerteza sobre o momento do tapering, enquanto alguns deles afirmavam que a redução nas compras de bônus demorará mais a começar, ficando para dezembro ou mesmo o início do próximo ano. O Citi diz acreditar que o anúncio sobre o tapering ficará para novembro, mas diz em relatório que o dado de mais cedo mostrou não uma demanda fraca por trabalhadores, mas sim um mercado de trabalho "apertado", com a taxa de participação da força de trabalho estagnada. "A mensagem de mais longo prazo para os dirigentes do Fed é hawkish, já que a carência de trabalhadores continuará a gerar pressão inflacionária", acredita o banco. O Credit Suisse diz acreditar que a onda atual de casos da covid-19 nos EUA está perto do pico, o que sugere melhora do payroll no curto prazo. Já a Pantheon avalia que o pico de novos casos ainda não chegou e diz esperar fraqueza também no dado de setembro. Em meio às avaliações, as bolsas de Nova York não firmaram sinal único, com o Nasdaq mostrando um pouco mais de fôlego e o S&P 500 oscilando perto da estabilidade. O Dow Jones fechou em baixa de 0,21%, em 35.369,09 pontos, o S&P 500 caiu 0,03%, a 4.535,43 pontos, e o Nasdaq subiu 0,21%, a 15.363,52 pontos. Investidores também faziam ajustes nas carteiras antes de feriado com mercados fechados na segunda-feira nos EUA. Entre os Treasuries, os retornos mais longos subiram, enquanto o da T-note de 2 anos ficou perto da estabilidade. No fim da tarde em Nova York, o juro da T-note de 2 anos caía a 0,204%, o da T-note de 10 anos avançava a 1,324% e o do T-bond de 30 anos tinha alta a 1,943%. No câmbio, o dólar em geral recuou após o payroll. No horário citado, o dólar caía a 109,66 ienes, o euro avançava a US$ 1,1889 e a libra tinha alta a US$ 1,3874. O índice DXY, que mede o dólar ante uma cesta de moedas fortes, recuou 0,21%, a 92,035 pontos. Mesmo com o dólar fraco, o petróleo recuou no dia. Em parte ajustando ganhos da semana, os contratos também reagiram aos dados do dia, que continuam a justificar certa cautela sobre o ritmo da retomada na demanda futura. O WTI para outubro fechou em queda de 1,00%, a US$ 69,29 o barril, na Nymex, e o Brent para novembro recuou 0,58%, a US$ 72,61 o barril, na ICE. Ainda no noticiário, o presidente da França afirmou que seu país não importa mais soja que seja fruto do desmatamento, "sobretudo na Amazônia", durante evento sobre o meio ambiente em Marselha. Mais adiante em sua fala, comentou que o país europeu está em "fase de transição" no tema, mas defendeu a "soberania alimentar". Ele ainda disse que a presidência da França na União Europeia, no primeiro semestre de 2022, deve ser ocasião para trabalhar pela redução de pesticidas e na "luta contra o desmatamento importado". Macron não tocou diretamente na questão do potencial acordo comercial entre Mercosul e a UE, mas a divergência no meio ambiente é apontada como um dos principais entraves para a concretização da iniciativa. No mesmo evento, o vice-presidente da Comissão Europeia, Frans Timmermans, defendeu uma "abordagem positiva" com autoridades do Brasil sobre a Floresta Amazônica, não apenas em nível federal, mas também com governos locais, e também a importância de se levar em conta os aspectos econômico e social na questão. (Gabriel Bueno da Costa - [email protected])
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