As derrotas do governo no Congresso e as incertezas sobre o que elas podem significar em termos de andamento das reformas, num ambiente de economia emitindo sinais de fraqueza, descolaram completamente os ativos locais dos externos. A Bolsa, por exemplo, tombou mais de 2%, enquanto os índices de ações em NY tiveram leve alta e, no caso de S&P 500 e Nasdaq, até recorde. A curva de juros empinou e o real, ao contrário de outros emergentes, perdeu espaço para o dólar. O Ibovespa, que cedeu 2,28%, aos 116.677,08 pontos, apanhou duplamente. Ontem, o Senado não apenas derrubou a minirreforma trabalhista encabeçada pelo governo, como revogou uma proposta que desmontava regras que estabeleciam limites para gastos de estatais com planos de saúde para empregados. Na prática, isso significa mais gastos das empresas públicas e pode simplesmente inviabilizar a privatização dos Correios e mostra que o Executivo terá bastante dificuldade com pautas no Senado. Na Câmara, por outro lado, foi aprovado, até de forma inesperada, o projeto de reforma do Imposto de Renda. O fim dos juros sobre capital próprio e a incidência de tributação sobre dividendos acertou em cheio as ações brasileiras, sobretudo de bancos, com peso relevante no Ibovespa. E a redução da alíquota original de 20% para 15%, após um destaque votado hoje, não ajudou muito. Até porque, se alivia um pouco o investidor em bolsa, pode ter efeito negativo na arrecadação, pois a redução do imposto de renda para pessoa jurídica já havia sido aprovada. Ou seja, aumenta o risco fiscal. E os juros reagiram a isso agregando mais prêmios, a ponto de a taxa para janeiro de 2027, referência entre os vencimentos longos, voltar para os dois dígitos. O câmbio foi o ativo com reação mais moderada ao quadro de deterioração local. Até porque, em meio à onda de enfraquecimento global do dólar, juros mais altos no Brasil podem representar oportunidade de 'carry trade'. Com isso, a moeda dos EUA encerrou com pequena queda de 0,03% ante a brasileira, a R$ 5,1832. Enquanto isso, num ritmo paralelo, os ativos em Wall Street se moveram positivamente à espera do payroll, amanhã, que pode ajudar os investidores a entenderem melhor em que ritmo e quando o Fed pode reduzir os estímulos nos EUA.
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