Nem precisa muito para o investidor comprar Brasil. Bastaram sinalizações sobre responsabilidade fiscal, vindas do presidente da Câmara, Arthur Lira, e um dia sem tensão adicional entre os poderes da República para a Bolsa brasileira subir quase 2,5%, o real ter a melhor performance do dia entre os pares e a curva de juros entregar prêmios, a ponto de o DI para janeiro de 2027 voltar a ser negociado na casa de um dígito em grande parte do pregão. E tudo isso foi se retroalimentando. Afinal, o dólar mais barato alivia os preços, que resulta em prêmios de risco menores nos juros, o que acaba puxando papéis atrelados ao consumo ou aliviando a dívida de empresas na Bolsa. O exterior positivo, com recordes de S&P 500 e Nasdaq, completou o cenário positivo desta terça-feira. Tudo começou ainda pela manhã, quando Lira disse que não haverá quebra do teto de gastos e que a PEC dos Precatórios estará dentro da regra. No mesmo evento, organizado pela XP, avisou que a reforma do Imposto de Renda não entraria na pauta desta semana, mas que o relatório da reforma administrativa, sim, deve ser apresentado nos próximos dias. O investidor aproveitou a fartura de sinais profícuos e, num dia de recordes também em Nova York, tomou risco por aqui. O Ibovespa encerrou o dia com forte alta de 2,33%, aos 120.210,75 pontos - maior nível desde 13 de agosto. O dólar, que ontem chegou a operar na casa de R$ 5,40 diante do real, hoje teve desvalorização de 2,23% ante a moeda brasileira, a R$ 5,2622 - menor valor desde o mesmo 13 de agosto. E no caso dos juros futuros, o Tesouro deu um empurrão adicional para o alívio, antes mesmo da abertura. Antecipou o anúncio do leilão de títulos e voltou a ofertar lote menor de NTN-B, para evitar especulações ou sancionar prêmios maiores. Deu certo: as taxas dos DIs caíram em bloco e a curva a termo perdeu inclinação. Para coroar o dia, com a ajuda de ações do setor de energia, que subiram na esteira do petróleo, S&P 500 e Nasdaq renovaram máximas de fechamento, apesar do avanço contido. Sinais de melhora na pandemia da covid-19 na China apoiaram a tomada de risco, enquanto os investidores aguardam pela sexta-feira, quando o presidente do Fed, Jerome Powell, pode dar sinalização sobre o processo futuro de redução gradual nas compras de ativos.
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