AJUSTE EM REFORMA DO IR FAZ BOLSA IGNORAR CAUTELA EXTERNA E RETOMAR OS 128 MIL PTS

Blog, Cenário
O ajuste no texto da reforma do Imposto de Renda, antecipado pelo Broadcast no início da tarde, mudou o rumo do Ibovespa, que se descolou do comportamento vacilante dos pares em Wall Street e emendou o segundo pregão seguido de ganhos, desta vez de 0,45%, aos 128.167,74 pontos. Além de reduzir a alíquota-base para o Imposto de Renda Pessoa Jurídica a 2,5%, o relator da proposta, deputado Celso Sabino (PSDB-PA) devolveu a isenção de tributação para fundos de investimento imobiliário, o que levou os papéis do setor e também de shoppings, bastante usados na composição desses veículos de investimento, a renovarem máximas. As ações dos bancos, que oferecem esses investimentos, surfaram a mesma onda e também chegaram a subir em bloco, mas fecharam sem sinal único. O dólar chegou a bater mínimas ante o real assim que o texto do relator foi divulgado, mas o comportamento global da moeda, pressionada pela inflação ao consumidor dos EUA acima do projetado, limitou a força da divisa brasileira. A tônica do mercado cambial, aliás, foi esse jogo de forças entre o movimento global do dólar e fatores domésticos, como a perspectiva de entrada de recursos no Brasil com a lista de IPOs dos próximos dias, além da desmontagem de algumas apostas contra o real. Assim, depois de muita volatilidade, a moeda americana terminou com leve alta de 0,13%, a R$ 5,5,1809. O câmbio comportado não impediu, contudo, o avanço dos juros futuros, principalmente os de longo prazo. Além do predomínio do movimento externo sobre a curva, onde os yields dos Treasuries foram pressionados pelo CPI americano e ganharam ainda mais força após um leilão de T-Bonds de 30 anos com demanda abaixo da média, o parecer da reforma, com perda de arrecadação gerada pelos cortes nas alíquotas, trouxe algum desconforto pelo lado fiscal. Por fim, em Nova York, após algum vaivém dos principais índices acionários, que vinham de recordes históricos na véspera, o ajuste em queda prevaleceu, com os investidores avaliando o risco de o Fed reduzir estímulos antes do previsto após mais um dado inflacionário acima do previsto.
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BOLSA O Ibovespa emendou o segundo ganho após alternância de altas e baixas nos últimos dias, tendo guinado para o positivo ainda no começo da tarde, quando, em entrevista ao Broadcast, o relator do projeto de reforma do Imposto de Renda, Celso Sabino (PSDB-PA), antecipou que manterá a isenção para fundos de investimento imobiliário, em infraestrutura e logística. Sabino disse, contudo, que conservará a taxação de 20% para lucros e dividendos, que ele considera já ter sido bem assimilada pelas empresas. Apesar de os índices de Nova York terem se unificado em baixa ainda no meio da tarde, em dia de inflação ao consumidor nos EUA no maior nível em 13 anos em junho, o que reforça a preocupação quanto ao momento de eventual recalibragem na concessão de estímulos monetários, o Ibovespa encontrou força para se descolar e fechar a sessão em alta de 0,45%, aos 128.167,74 pontos, após progressão de 1,73% no dia anterior, que havia sido a maior, em porcentual, desde o dia 7 de maio. Hoje, com giro financeiro limitado a R$ 28,0 bilhões no encerramento, oscilou entre mínima de 126.441,10 e máxima de 128.420,39, à tarde, tendo iniciado a sessão aos 127.594,35 pontos. Na semana, avança 2,18%, enquanto no mês os ganhos vão a 1,08% e, no ano, a 7,69%. Ao retomar os 128 mil pontos, o Ibovespa fechou hoje no maior patamar desde 24 de junho, quando havia encerrado aquela sessão aos 129.513,62 pontos, na véspera do anúncio da proposta original do governo para a reforma do IR, que resultaria, no dia seguinte, em queda de 1,74% para o índice de referência da B3. Na entrevista ao Broadcast, o relator da reforma do IR disse também que o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), colocará o texto em votação assim que houver "consenso", e ressaltou que as mudanças deverão ser aprovadas ainda neste ano, para que possam valer em 2022. De acordo com fontes, a recalibragem do IRPJ agradou à Febraban - hoje, o presidente da entidade, Isaac Sidney, esteve reunido com o ministro da Economia, Paulo Guedes, e o secretário da Receita Federal, José Tostes Neto, para conversar sobre a reforma. Lira disse que o parecer preliminar pode ser votado ainda nesta semana, se houver "ambiente e convergência". O relator apresentou o relatório aos líderes hoje e a proposta passa agora a ser debatida com as bancadas da Câmara. "A continuar no ritmo que foi hoje, o texto da reforma tributária do Imposto de Renda pode estar pronto para ser votado esta semana", afirmou nesta terça-feira Lira. Ele disse também que a proposta é "neutra, justa e moderna". Com os desdobramentos em torno da reforma, as ações de grandes bancos, que contribuíam para segurar o Ibovespa mais cedo, chegaram a mudar de direção em bloco, mas encerraram o dia com sinal misto, entre perda de 0,43% (BB ON) e ganho de 0,61% (Itaú PN). Ao fim, o dia se mostrou positivo para as commodities (Petrobras PN +0,61%, Vale ON +0,59%) e para as ações de siderurgia (Usiminas PNA +1,33%, CSN ON +1,00%). Na ponta do Ibovespa, Hypera subiu 6,36% e Hering, 5,56%, com Embraer (-2,94%) e Cemig (-2,06%) na face oposta do índice. Em resposta à perspectiva de manutenção da isenção de IR nos fundos de investimento imobiliário, as ações de administradoras de shoppings, como BR Malls (+2,63%) e Multiplan (+2,86%) se alinharam às campeãs do dia - destaque também para JHSF (+3,16%). "Na apresentação do parecer preliminar do deputado Celso Sabino, os fundos imobiliários não serão tributados, permanecendo a redução da alíquota de 20% para 15% no ganho de capital. Essa notícia, em especial, impulsionou o setor de construção e shoppings, uma vez que os fundos são usados como uma forma de financiamento", observa Rafael Ribeiro, analista da Clear Corretora. "O relator também aprofundou a redução do IRPJ para empresas de todos os regimes tributários", acrescenta o analista. "A alíquota, hoje de 15%, será reduzida para 5% em 2022 e para 2,5% a partir de 2023. O adicional de 10% para maiores empresas (lucros superiores a R$ 20 mil por mês) está mantido no substitutivo preliminar. Desta forma, na prática, para grandes empresas que excedem R$ 20 mil de lucro mensal, a alíquota vai cair para 12,5%", diz Ribeiro. "Além da questão dos fundos imobiliários, que conta bastante, o cenário ainda é de recuperação para o PIB no segundo semestre, com revisões não só das previsões sobre o nível de atividade como também para a inflação, o que tem se refletido nos DIs. Tivemos nova melhora do desempenho de serviços, o que, mantida a vacinação e sem agravamento relacionado a variantes do coronavírus, contribui para este viés positivo. Há ainda muito o que vir com relação à reforma (do IR), pode vir até melhor do que o esperado, com desidratação da primeira proposta do Guedes", diz Thiago Raymon, head de estratégia da Wise Investimentos. (Luís Eduardo Leal - [email protected]) 17:32 Índice Bovespa   Pontos   Var. % Último 128167.74 0.44979 Máxima 128420.39 +0.65 Mínima 126441.10 -0.90 Volume (R$ Bilhões) 2.79B Volume (US$ Bilhões) 5.40B 17:36 Índ. Bovespa Futuro   INDICE BOVESPA   Var. % Último 128705 0.15953 Máxima 128945 +0.35 Mínima 126820 -1.31 CÂMBIO Em um dia de agenda carregada, com divulgação do índice de preços ao consumidor (CPI) nos Estados Unidos em junho e o anúncio do parecer da proposta de reforma tributária por aqui, a volatilidade marcou os negócios no mercado de câmbio doméstico, com o dólar trocando de sinal várias vezes ao longo do pregão, para terminar a sessão em leve alta. De um lado, havia a pressão altista vindo de fora, com o fortalecimento global da moeda americana, após o CPI de junho, de 0,9%, ter vindo acima do esperado (0,5%, segundo Projeções Broadcast), o que aumentou as apostas de que o Federal Reserve (Fed, o Banco Central americano) possa antecipar o início da redução de compra de títulos (tapering). O mercado aguarda amanhã apresentação presidente do Fed, Jerome Powell, no Congresso americano para calibrar as expectativas. Na contramão, jogaram a favor do real a estimativa de entrada forte de recursos para aberturas de capital de empresas na B3 (IPO), a perspectiva de alta mais intensa da taxa Selic por aqui, após declarações ontem no fim do dia do diretor de Política Monetária do Banco Central, Bruno Serra, e a recepção tranquila ao parecer da reforma da tributária, do deputado Celso Sabino (PSDB-PA), antecipado pelo Broadcast. No fim do dia, prevaleceu o sinal positivo. Com máxima de R$ 5,2227 (pela manhã) e mínima de R$ 5,1491 (à tarde, logo após divulgação do parecer de Sabino), o dólar encerrou a sessão em alta de 0,13%, a R$ 5,1809. No acumulado do mês, a moeda americana acumula valorização de 4,18%. Vale destacar que o fechamento no mercado de câmbio doméstico se deu bem no momento em que o índice DXY - que mede o desempenho da moeda americana ante seis divisas fortes - batia na máxima do dia, na casa dos 92,800 pontos. O dólar também subia mais de 1% em relação ao peso mexicano, considerado par do real. Segundo operadores, as dúvidas sobre a política monetária americana, os ruídos políticos domésticos, embora tenham ficado em segundo plano nos últimos dias, e o próprio receio quanto ao desenlace da reforma tributária ainda mantêm o real pressionado no curto prazo. O parecer do deputado Sabino preservou a tributação de 20% sobre lucros e dividendos, mas trouxe uma redução mais aguda a alíquota base do Imposto de Renda de Pessoas Jurídicas (IRPJ), manteve a isenção para dividendos distribuídos entre empresas e para fundos imobiliários - pontos que agradaram os investidores. O economista-chefe da Integral Group, Daniel Miraglia, ressalta que a queda da tributação sobre os fundos imobiliários é positiva, o que acabou contribuindo para o desempenho dos ativos brasileiros hoje. "Mas isso não quer dizer o mercado gostou do parecer. De dez bodes que tinham na sala, dois saíram. Ainda existem muitas dúvidas", afirma Miraglia, para quem o mercado poder "ir melhorando" à medida que mais pontos ruins da reforma fiquem pelo caminho. "Quanto mais distante da proposta inicial do governo a reforma ficar, melhor para o mercado". Operadores também destacam que o mercado estaria tecnicamente mais leve, após uma zeragem mais forte de posições vendidas em dólar ao longo da semana passada, quando a moeda americana superou R$ 5,30. Isso teria impedido que as altas do dólar pela manhã desencadeassem ordens de 'stop loss', o que poderia ter dado fôlego adicional à moeda americana. Na B3, os estrangeiros liquidaram ontem posições compradas em 22.755 contratos de dólar futuro (US$ 1,13 bilhão), tendo os fundos locais e os bancos na contraparte, segundo dados compilados pela Renascença Corretora. Na pesquisa mensal do Bank of America com gestores e investidores da América Latina, caiu de 85% para 66% a fatia dos que acreditam em dólar deve terminar o ano abaixo do nível de R$ 5,10, embora tenha sido mantida perspectiva de que o real vai ter desempenho melhor que outras moedas. O estrategista-chefe da Avenue Securities, Willian Castro, ainda vê uma janela favorável a ativos brasileiros nos próximos meses. As pressões inflacionárias nos Estados Unidos parecem transitórias e devem se dissipar. O Federal Reserve pode até ver espaço para começar reduzir mais cedo o ritmo de compra de ativos, mas não deve haver uma mudança repentina no discurso em relação à política monetária, avalia. "A liquidez deve continuar alta por algum tempo ainda. As taxas dos Treasuries subiram, mas continuam ainda baixas", afirma Castro. "Eu acho que ainda existe uma janela favorável por aqui, com a reabertura da economia. Depois, vai vir a eleição presidencial, com um cenário binário, o que vai gerar muita instabilidade", afirma Castro. Na B3, o dólar futuro para agosto trabalhava perto da estabilidade, com variação de 0,07%, negociado a R$ 5,1870, com giro na casa de US$ 14 bilhões. (Antonio Perez - [email protected]) JUROS Os juros fecharam a terça-feira em alta, mais acentuada nos vencimentos longos, refletindo a grande influência do ambiente externo sobre a curva local. Pela manhã, as taxas já subiam em função da inflação americana acima do esperado e do bom desempenho mostrado pelo setor de serviços em maio, além do leilão de NTN-B com oferta absorvida integralmente. À tarde, o movimento ganhou força com o aumento da pressão nos Treasuries, por sua vez, em reação ao leilão de T-Bonds de 30 anos. O parecer da reforma do Imposto de Renda (IR), apresentado hoje pelo relator Celso Sabino (PSDB-PA), esteve em segundo plano, mas a perda de arrecadação gerada pelos cortes nas alíquotas, a princípio, traz desconforto pelo lado fiscal. A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2022 fechou em 5,84%, de 5,829% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2023 subiu de 7,329% para 7,44%. O DI para janeiro de 2025 encerrou com taxa de 8,43%, de 8,375%, e a do DI para janeiro de 2027 passou de 8,773% para 8,85%. O spread entre os DIs para janeiro de 2022 e janeiro de 2027 avançou de 295 pontos-base ontem para 301 pontos. O exterior respondeu, em boa medida, pelo ganho de inclinação na curva, inicialmente com o índice de inflação ao consumidor nos EUA que subiu 0,9% em junho, levando a inflação anual a 5,4%, maior nível desde 2008, e depois com a disparada dos yields dos Treasuries. A percepção é de que o resultado do CPI pode antecipar os planos de retirada dos estímulos monetários pelo Federal Reserve e, até mesmo, o timing para a subida dos juros, o que afetará o fluxo para mercados emergentes. Para o banco holandês ING, o dado dificulta a sustentação da narrativa do Fed de que os números mais elevados são meramente transitórios. Ainda, crescentes pressões de custos para as empresas, advindos de problemas na cadeia de suprimentos, tendem a ser repassadas num ambiente de demanda robusta. "O caso de um aumento no juro em 2022 é forte", disseram os economistas. Nesta quarta e quinta-feira, o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, prestará depoimento ao Congresso americano. "Pela manhã, o CPI 40 pontos-base acima do esperado jogou água no chope e à tarde, tivemos uma abertura importante na curva dos Treasuries. O sentimento para os emergentes é de aversão ao risco. Vamos sofrer", resumiu o trader de renda fixa da Sicredi Asset Danilo Alencar. Além do CPI, pesou sobre a curva americana o leilão de US$ 24 bilhões em T-Bonds de 30 anos. A taxa bid-to-cover, um indicativo da demanda pelos títulos, ficou abaixo da média recente. O retorno da T-Note de dez anos, referência para os juros locais, chegou a 1,43%, ante nível de 1,36% ontem. Por aqui, os destaques foram a Pesquisa Mensal de Serviços (PMS) e o parecer da reforma do IR, que favoreceram uma postura mais defensiva em juros na medida em que podem ter impacto negativo sobre a inflação e a área fiscal. O volume de serviços em maio subiu 1,2% ante abril, acima da mediana das estimativas (+1,0%) e com revisão em alta no dado de abril ante março de 0,7% para 1,3%. Foi o melhor resultado na margem desde 2011 e o setor já opera 0,2% acima dos níveis pré-pandemia. "O volume de serviços cresce pelo segundo mês consecutivo no segundo trimestre, o que corrobora bom ritmo do PIB e a expectativa de alta de 1 ponto da Selic no Copom de agosto", afirma o economista-chefe da JF Trust, Eduardo Velho. Na reforma do IR, as alterações propostas no parecer indicam redução de carga tributária em R$ 30 bilhões, com compensação bancada, segundo o relator, pelo ganho de arrecadação gerado pela recuperação da economia e crescimento maior do PIB, além da economia vinda dos supersalários e redução de incentivos fiscais. Sabino disse que teve o apoio do ministro da Economia, Paulo Guedes. Para o coordenador do Observatório de Política Fiscal do Ibre/FGV, Manoel Pires, a redução da alíquota base do IRPJ de 10% para 2,5% (no fim do processo, em 2023) é desproporcional e deve impactar bastante as contas do governo. "A redução ficou elevada e deve levar à perda de arrecadação em um País que tem déficit fiscal elevado." O leilão de NTN-B teve demanda integral pela oferta de 1,8 milhão de títulos para 15/8/2026 (500 mil), 15/8/2030 (1 milhão) e 15/5/2055 (300 mil). A operação, segundo a Necton Investimentos, teve risco (DV01) 179% acima do leilão anterior de mesmos vencimentos. A demanda firme pode estar relacionada à terceira etapa da migração da NTN-B 2026 e ao rebalanceamento dos fundos IMA-B, programados para o dia 15. Como lembra a Necton, 25% do estoque de NTN-B 15/08/2026 sairá do índice IMA-B 5+ para o IMA-B 5 e os fundos que tenham benchmark em IMA-B devem ajustar suas carteiras. Nesse processo, a corretora estima que as maiores demandas na compra são, respectivamente, pelas NTN-B 2026 e a NTN-B 2055 e, de venda, NTN-B 2022, 2023, 2024 e 2025. (Denise Abarca - [email protected]) 17:35 Operação   Último CDB Prefixado 30 dias (%a.a) 4.45 Capital de Giro (%a.a) 6.76 Hot Money (%a.m) 0.63 CDI Over (%a.a) 4.15 Over Selic (%a.a) 4.15 MERCADOS INTERNACIONAIS Os rendimentos longos dos Treasuries passaram a operar em alta durante a tarde após um leilão de T-bonds de 30 anos, que registrou demanda abaixo da média. O avanço nos juros teve como um dos efeitos a valorização do dólar, em sessão na qual a moeda americana já operava com ganhos ante a maioria das moedas, impulsionada pelo índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) dos EUA, que veio acima da expectativa de analistas em junho. A alta nos rendimentos também teve como impacto uma maior pressão nas bolsas de Nova York, que fecharam em queda depois de os índices S&P 500 e Nasdaq renovarem recorde intraday no começo da tarde. A publicação dos dados de inflação reforçou o debate sobre as perspectivas para a retirada de estímulos por parte do Federal Reserve (Fed), incluindo a possibilidade de alta nos juros. A inflação continuou a surpreender nos EUA e subiu a 5,4% em 12 meses, no maior nível desde agosto de 2008. O fator central do salto foi uma alta mensal de 10,5% nos preços dos carros usados. A escassez de chips utilizados pelas montadoras tem dificultado a fabricação de veículos novos, que ficaram mais caros. Com isso, aumentou a demanda pelos usados. "Outra surpresa para cima na inflação sugere impactos mais generalizados dos problemas da cadeia de abastecimento e levanta mais questões sobre a rapidez com que esses fatores desaparecerão em meio à forte demanda", avalia o CIBC. A Capital Economics ressalta que os efeitos temporários, como os da reabertura econômica, vão desaparecer eventualmente, mas pondera que os aumentos de salário no país, que têm potencial para elevar o consumo, podem impedir uma queda maior do núcleo da inflação. Em discurso hoje, o presidente do Fed de Richmond, Thomas Barkin, reconheceu que a pressão salarial faz parte da equação da alta de preços. Neste cenário, o debate sobre alta dos juros pelo Fed dominou a agenda dos analistas, conforme mostrou reportagem publicada pelo Broadcast às 14h40. Nos juros dos Treasuries, a consultoria espera um avanço do retorno da T-note de 10 anos ao longo dos próximos anos, "conforme a inflação elevada se mostre mais persistente do que o em geral esperado". A análise mantém previsão de que o juro da T-note de 10 anos avance a 2,50% no fim de 2023, mas projeta agora que esse avanço ocorra de forma mais gradual do que anteriormente. "Nós prevemos que ele chegue a 1,75% e 2,25% no fim de 2021 e 2022, respectivamente, de previsões anteriores de 2,25% e 2,50%", diz. Os juros longos operavam em baixa mais cedo, tendência que foi revertida após o Departamento do Tesouro dos EUA realizar um leilão de US$ 24 bilhões em T-bonds de 30 anos que registrou retorno de 2,000% e demanda abaixo da média, segundo a BMO Markets. Neste cenário, ao fim da tarde, o rendimento da T-note de 2 anos subia a 0,264%, o da T-note de 10 anos avançava a 1,415% e o do T-bond de 30 anos tinha alta a 2,036%. Nas bolsas de Nova York, as ações "inicialmente desprezaram um forte início de safras de lucros e negociaram em baixa" após a inflação "enervar alguns investidores", aponta Edward Moya, analista da Oanda, lembrando que aumentam as expectativas de que o Fed terá que reconhecer que a inflação mais alta permanecerá. Entre os balanços, Moya viu "números sólidos" do Goldman Sachs, que caiu 1,19%, e "ganhos mistos" do JPMorgan, que recuou 1,39%. Já a PepsiCo teve resultados "espetaculares", e subiu 2,31%. "A barra está muito alta para a temporada, e dados os picos de valorização das ações de tecnologia, serão necessárias várias surpresas para manter os principais índices atingindo novos recordes", projeta o analista. Como resultado, o Dow Jones caiu 0,31%, o S&P 500 recuou 0,35%, e o Nasdaq teve queda de 0,38%. Na Europa, os principais índices seguiram a cautela. Em Frankfurt, o DAX caiu 0,01%, em Paris, o CAC 40 também teve recuo de 0,01%, e em Londres, o FTSE 100 também caiu 0,01%. Já o dólar foi ainda mais impulsionado durante a tarde, movimento que já vinha ocorrendo após a perspectiva de alta nos juros estimular a moeda americana. O índice DXY, que mede a variação do dólar ante seis pares, fechou em alta de 0,53%, aos 92,752 pontos. No fim da tarde em Nova York, o euro tinha queda a US$ 1,1782, a libra cedia a US$ 1,3815 e o dólar subia a 110,59 ienes.O rand sul-africano recuou perto de 2% ante o dólar, chegando ao menor nível em três meses, em mais um dia marcado pela convulsão social no país, e que segue a prisão do ex-presidente Jacob Zuma. Apesar da alta do dólar, que pressiona o petróleo, a commodity avançou, levando em conta que o mercado "pode ficar muito mais apertado rapidamente e isso pode significar que a recente retração pode ter chegado ao fim", segundo Edward Moya. Com a leitura de uma demanda crescendo mais rápida que a oferta, o WTI com entrega prevista para agosto avançou 1,55% (+US$ 1,15), a US$ 75,25, enquanto o do Brent para setembro fechou em alta de 1,77% (+US$ 1,33), a US$ 76,49. (Matheus Andrade - [email protected])
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